sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"E, querida, te amarei até termos 70 anos
E, baby, meu coração ainda vai se apaixonar como se tivéssemos 23
Penso em como as pessoas se apaixonam misteriosamente
Talvez só o toque de uma mão
Oh, eu, me apaixono por você todos os dias
E só quero dizer que estou apaixonado..."
— Thinking Out Loud (Ed Sheeran)



Quando Harry se afastou eu tive de manter a calma e tentar recuperar o fôlego, ele se inclinou para frente e se apoiou nos joelhos, como se houvesse acabado de correr uma maratona e parasse para tomar ar.

— Porra, você é a pessoa mais cega que eu já conheci na minha vida toda — falou ele, depois de longos cinco minutos.
— Não imaginei... — sussurrei chocada, por reflexo levei os dedos até os meus lábios, provavelmente vermelhos pelo ataque impiedoso de Harry.
— Preciso ir — falou se recompondo e voltando a se direcionar ao banheiro, agarrei sua mão novamente e o puxei de volta para mim, segurei seu rosto entre minhas mãos e o beijei apaixonadamente, aproveitando os poucos segundos que teria.
— Não vá, por favor, não vá! Não vá. — repeti diversas vezes, a cada vez eu lhe dava um selinho estalado e demorado.
— Eu... — murmurou de olhos fechados. — Não vou. — suspirou enfim.
— Ah, que ótimo — falei contente, ele abriu os olhos e sorriu timidamente.
— O que acabou de acontecer? — perguntou divertido, mas levemente preocupado.
— Eu induzi você a ficar — respondi beijando ao longo de seu queixo e maxilar, ele sorriu.
— Isso eu sei, mas... Sei lá... Isso tudo... — gaguejou confuso. — Somos irmãos, isso não é... Errado? — murmurou e eu afastei minha cabeça para poder olhá-lo nos olhos.
— Você acha errado? — perguntei intrigada, ele olhou-me fixamente, seus olhos brilhando.
— Não. Nada na minha vida nunca pareceu tão certo antes — falou ele, pude sentir a sinceridade transbordando de suas palavras e meu coração se derreteu por completo.
— Que ótimo, porque eu penso o mesmo — murmurei extasiada.

Harry sorriu largamente e segurou-me firme, ele me levantou e eu entrelacei minhas pernas ao redor de sua cintura, prendendo-me a ele rapidamente, ele riu e nos direcionou até a cama, então se jogou na mesma, caiando por cima de mim.

— Você não vai mais ver aquele idiota, vai? — perguntou Harry, de repente ele voltou a ficar sério.
— Ver eu até vou, mas nada vai acontecer, eu prometo — tranquilizei-o, mas ele fez uma careta mesmo assim.
— Nossos pais vão surtar se souberem o que aconteceu aqui — disse Harry, sério e pensativo.
— Eu sei, eles vão — sussurrei temerosa.
— É melhor não contarmos nada, pelo menos por enquanto — sugeriu ele.
— Sim, eu também acho — concordei distraída enquanto encarava seus lindos olhos claros, ele sorriu e se inclinou para me beijar.
— Ótimo, vamos descer e tomar café, estou com fome — murmurou ele, já se levantando.

Harry foi ao banheiro, antes de entrar ele se abaixou e recolheu as roupas que deixara cair quando me beijou, então desapareceu por alguns minutos, o bastante para que eu vestisse o meu robe e separasse uma roupa para vestir.
Quando ele saiu do banheiro, com os cabelos molhados e já de roupa trocada, eu enfiei-me lá e tomei um banho quente e rápido, em seguida vesti-me e passei uma base no rosto — a fim de esconder as olheiras de uma noite mal dormida — e um lápis preto nos olhos.
Voltei ao quarto, mas Harry havia sumido, guardei meu celular no bolso do short jeans e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim, desci as escadas cantarolando uma música qualquer e sentindo uma paz de espírito que eu não sentia desde que vi Harry Styles pela primeira vez.
No começo, ao ver meu suposto irmão, eu pensei que deveria ser um engano, meus sentimentos se embaralharam assim que eu saí fora de casa e vi aquele lindo rapaz acompanhando o meu pai. Eu repreendia a mim mesma por ser tão idiota a ponto de me apaixonar pelo meu próprio irmão, desde o começo tentei dar ordem ao que eu sentia, mas era uma confusão grande na minha cabeça e no meu coração; tentei ouvir a minha razão várias vezes, mas sempre seguia pelo caminho mais tortuoso — ou pecaminoso — que havia, que era dar voz a esse sentimento ridículo e impossível.
Agora que eu sei que o sentimento é recíproco, sinto como se houvesse tirado o peso do céu dos meus ombros, enfim a paz e a felicidade me aquecem a alma e eu sei que, neste exato momento, eu poderia fazer chover em um deserto, pois ele gosta de mim com a mesma intensidade que eu gosto dele.
Ao chegar na cozinha, a primeira coisa que notei foi minha mãe acomodada em uma cadeira em frente a um prato de panquecas cheirosíssimas cobertas de melado, Harry estava cozinhando despreocupadamente enquanto murmurava alguma canção do momento.
Não me surpreendi por vê-lo cozinhando, afinal, sei que ele é muito bom nisso, eu me surpreendi por ver que minha mãe cedeu seu lugar em frente ao fogão para ele, eu sempre pedi para que ela me deixasse cozinhar, mas ela sempre arrumava uma desculpa para me expulsar da cozinha, pois esse é seu habitat natural, como ela mesmo diz.
Ainda boquiaberta me sentei ao lado de America Underwood. Meu Deus, é ela mesma, não foi abduzida por alienígenas e nem sofreu uma lavagem cerebral, pois ela sorriu docemente para mim e afagou meus cabelos, como sempre faz toda manhã.

— Bom dia, querida, você precisa provar essas panquecas, estão divinas — comentou mamãe, ocupando-se em cortar as panquecas e levar uma garfada à boca.
— Ah, sim, acho que vou provar, mas... Que diabos a fez ceder o fogão? — perguntei divertida, Harry riu, mas não se virou para nós.
— Ah, Harry achou que eu merecia desfrutar ao menos uma refeição sem ter de cozinhar, ele é um amor, querida, você sabe disso — explicou ela, deliciada com a comida.
— Sim, ele é, mamãe — concordei sorridente, ainda abismada com a proeza de Harry.
— Panquecas, baby? — perguntou Harry, olhando de relance para mim por cima do ombro.
— Sim, por favor, Curly — concordei tentando soar o mais natural possível, de qualquer forma mamãe está acostumada com nossas demonstrações de carinho e acha-as bem fraternais.
— Saindo... — avisou ele, colocando três panquecas no prato e colocando-o na minha frente, logo ele preparou um prato para si mesmo e se sentou ao meu lado.

Molhei minhas panquecas com calda de chocolate e fiz o mesmo com as dele, que agradeceu enquanto enchia nossas canecas de café preto com leite.
Depois do café nós conversamos por cinco minutos com minha mãe, até ela não aguentar mais e se levantar para arrumar a cozinha, minha mãe é obcecada por limpeza, odeia quando a casa está desarrumada e odeia mais ainda quando tem visita e a casa está desarrumada, felizmente Harry não é considerado mais uma visita.
Ela nos expulsou da cozinha e Harry e eu nos acomodamos no sofá da sala, joguei minhas pernas em cima das deles e assistimos a um programa legal sobre ciganos no canal TLC, se chamava Meu Grande Casamento Cigano, até que não era ruim.
Por volta das dez da manhã Niall abriu a porta da frente e entrou sem a menor cerimônia, este é outro que também não é mais considerado uma visita. Ele se jogou ao meu lado no sofá e me beijou na bochecha, em seguida bateu a mão com a do Harry, em um high-five¹ bem estranho e torto.

— Então, vão passar a manhã de preguiça? — perguntou Niall.
— É o que pretendíamos, mas algo me diz que você não vai deixar — resmungou Harry.
—Não é que esse algo está certo?! — ironizou Niall, me fazendo rir.
— Tudo bem, Nialler, o que pretende? — perguntei divertida.
— Ah, sei lá, está tendo um show básico lá na praça, como todo sábado, acho que a banda se chama With The Lights Off, vi alguns vídeos dos caras no youtube e parece ser boa, eu tinha a esperança que vocês me acompanhassem, já que os rapazes estão ocupados com toda a organização desse showzinho — tagarelou Niall, Harry gargalhou exageradamente para provocá-lo.
— De que rapazes está falando? — perguntou Harry.
— Zayn, Louis e Liam, você sabe disso — resmungou Niall ficando levemente corado.
— Nós vamos, sim, Nialler, vamos lá, quero ver essa bandinha — murmurei me levantando e puxando Harry comigo, ele gemeu contrariado.
— Não, não vamos, por favor — resmungou manhoso.
— Ah, vamos lá, Hazza, vai ser legal! — encorajou Niall.
— Arr, tudo bem, vamos lá — concordou Hazza, pondo-se de pé e passando o braço pelos meus ombros.

Harry e Niall costumam provocar um ao outro desde que se conheceram, mas eles são bons amigos, se divertem juntos e Niall talvez seja o único cara por quem Harry nunca sentiu ciúmes, agora eu realmente entendo que o que ele sentia era ciúmes e não "instinto protetor de irmão mais velho", como eu costumava pensar.
Niall nos guiou animado e ansioso até o parque, onde montaram um palco pequeno para que bandas pudessem se apresentar todo final de semana, para trazer um pouco de diversão e lazer para a cidade, foi o que o prefeito disse.
Enquanto caminhávamos lentamente pelo sol fraco até Sefton Park, um dos muitos parques municipais de Liverpool, Niall nos explicou que a banda era formada por quatro rapazes canadenses, por enquanto ainda estavam na fase de covers, portanto iriam cantar músicas aleatórias de diversos artistas do momento, achei melhor assim, pois tenho mais chances de cantar junto com eles.
Em frente ao palco havia cerca de 50 pessoas, alguns vizinhos e outros desconhecidos, a banda afinava os instrumentos no palco e pude ver os amigos de Niall — Zayn, Louis e Liam — ali perto para auxiliar os rapazes, eles são voluntários e, junto com uma grande equipe, auxiliam os musicistas que se apresentam aos finais de semana no Sefton Park. 
Harry ficou tenso ao ver Liam e abraçou-me com mais força, acariciei sua mão para tranquilizá-lo, mas não adiantou muito.
Sefton Park é um lugar lindo, agradável e relaxante, é verde, florido e tem o ar puro que todo parque deve ter, é o parque mais próximo da minha casa, portanto é o meu favorito.
Várias pessoas se acomodavam na grama verde e bonita, algumas mães colocavam seus filhos em cima de toalhas de piquenique ou mantas quentes, mas eu não havia me lembrado de trazer alguma toalha, para nossa sorte Zayn e Louis se aproximavam para cumprimentar Niall, e eles traziam uma toalha quadriculada verde de piquenique.

— Olá, que bom que vieram, trouxemos toalha para vocês — anunciou Louis, sorrindo largamente e dando um curto abraço em Niall e apertando minha mão e de Harry.
— O show vai começar em cinco minutos, depois podemos tomar um sorvete, tudo bem? — ofereceu Zayn, entregando a toalha para mim.
— Claro, vai ser ótimo — concordou Niall, olhando para Harry e eu, ambos confirmamos com um aceno de cabeça.
— Tudo bem, divirtam-se, e Mav, Liam mandou um oi — disse Louis antes de sorrir e ir embora com Zayn.
— "Liam mandou um oi" — resmungou Harry depois que eles foram embora. — Aquele babaca não vai dizer mais um 'ai' depois que eu quebrar a mandíbula dele — ameaçou Harry trincando os dentes e cerrando os punhos, fiquei chocada com o tamanho de sua raiva.
— Ei, Harry, acalme-se — pedi segurando seu rosto entre minhas mãos, desviando seu olhar do palco para mim. — Vamos ter uma manhã agradável e você tem que se controlar, por favor — murmurei decidida, ele sorriu fracamente.
— Tudo bem, vou me controlar — concordou ele, Niall nos assistia intrigado enquanto estava deitado sobre a toalha de piquenique.
— Harry, você precisa de calmantes, ou sedativos de cavalo — provocou Niall quando nos sentamos ao lado dele.
— Cala a boca, Horan — ameaçou Harry, mas agora tinha um ar divertido de um rapaz provocando o amigo.

Harry acomodou-se atrás de mim, para que eu pudesse me apoiar nele, Niall continuou deitado ao nosso lado, com as mãos atrás da cabeça para que pudesse ver o palco.
Niall nos olhou de relance e sorriu zombeteiro, provocando Harry mais uma vez ele disse:

— Cara, você é um gay.
— E por que eu sou um gay? — perguntou Harry indiferente, ocupando-se em brincar com as tirinhas do meu cardigan.
— Vocês parecem um casal, sempre pareceram, mas aí você vai e dá uma de gay, então fica na cara que são só irmãos — disse Niall, sorrindo largamente.
— E o que foi que eu fiz que dá a entender que sou gay? — perguntou Harry, agora prestando atenção em Niall.
— Com uma garota linda feito a Mavis nos seus braços, você fica ocupado em brincar com o cardigan dela? Fala sério, ou você é idiota, ou é gay — brincou Niall.
— Ou é apenas meu irmão... — murmurei divertida.
— Não estrague tudo, Mav, deixe-me deixá-lo irritado — reclamou Niall.
— Vocês dois não crescem — devaneei rindo.

Ficamos todos quietos quando finalmente um dos quatro rapazes falou no microfone, ele apresentou os companheiros, disse o nome da banda e anunciou a primeira música que iriam tocar, tentei guardar o nome de cada um deles — Brandon, Matti, Julian e Andrew —, até que eles eram atraentes.

(Apresentando os rapazes: Andrew [no piano], Julian [no baixo, ou guitarra, não sei], Brandon [vocal principal] e Matti [o becking vocal loiro].)

Aplaudi junto com todos, eles cantam bem e tem uma harmonia legal, são uma banda boa e acho que posso até acompanhá-los.
Eles cantaram mais algumas músicas, uma em especial eu achei muito boa, ela pertence à uma banda chamada 5 Seconds Of Summer e eu acho que os rapazes fizeram um bom trabalho com o cover.


(Novamente, da esquerda para direita: Julian [violão], Brandon [vocal], Andrew [baixo/guitarra, ñ sei] e Matti [vocal/tambor (sei lá o que é isso)].)


O show durou aproximadamente quarenta minutos e foi muito legal.
Os rapazes se despediram com uma reverência para o público, o que achei fofo, e se retiraram com seus instrumentos. Esperamos que o público se dispersasse e logo Louis, Liam e Zayn vinham em nossa direção.

— Sorvete agora? — propôs Zayn.
— Com certeza, vamos lá — concordou Niall.

Liam esticou a mão para mim, temerosa por causa de Harry, aceitei relutante e ele me puxou para ficar de pé, ele se inclinou para me beijar e eu virei o rosto delicadamente, ele ficou confuso, mas deixou passar e Harry logo estava em pé ao meu lado.

— Vamos logo comprar esse sorvete pro irlandês — resmungou Harry, segurando minha mão e me puxando para longe de Liam.
— Finalmente algo decente saiu da boca do cupcake — comemorou Niall, nos seguindo sorridente.

Os rapazes engataram em uma conversa divertida e descontraída, evitei veemente o olhar intrigado de Liam enquanto conversava com os rapazes.
Harry segurou minha mão possessivamente até chegarmos à sorveteria, nos sentamos em uma mesa enquanto os rapazes foram comprar sorvete, Harry se inclinou em minha direção e, quando estava perto o suficiente do meu ouvido, sussurrou:

— Eu vou acabar perdendo a paciência, por que não vamos logo embora? — falou calmamente, mas pude sentir sua irritação.



                                                    

¹- High-Five é um gesto, ou cumprimento, presente em diversas culturas, que ocorre quando duas pessoas tocam suas mãos no alto, simbolizando parceria.


Hey girls, como estão?
Bem, pra começar, obrigada pelos comentários anteriores e
novamente eu estou sem novidades rsrs 
Então, me contem as de vocês.
Comentem pra mim, pleaseee.
Amo vocês <3 

2 comentários:

Sou como uma escritora, lanço o livro para ser comprado;
Vocês são os compradores e os comentários o pagamento u.u
Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3

Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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