segunda-feira, 24 de julho de 2017


"Seu amor me pegou
Cê bateu tão forte com o teu amor
Nocauteou, me tonteou
Veio à tona, fui à lona, foi K.O..."
– K.O. (Pabllo Vittar)



Depois do sofá, nós passamos pelo corredor, pelo o meu banheiro e terminamos a noite em minha cama. Já passava de 3 da manhã quando Zeus começou a arranhar a minha porta, chorando para entrar, Liam e eu rimos e ele se levantou, vestiu a cueca e foi abrir a porta para o nosso amigo.

— Bom garoto, agora já para a cama — murmurou Liam, todo sorridente.
— Oi bebê — suspirei quando Zeus pulou na cama e se aninhou ao meu lado, coladinho em mim.

Liam deitou-se atrás de mim e me abraçou, encaixando suas pernas nas partes de trás das minhas e seu rosto em meu pescoço, ele passou a mão por cima da minha cintura e coçou as orelhas de Zeus.


♂♀♂♀

Eu ainda dormia quando ouvi a campainha tocar insistentemente, gemi alguns palavrões baixinho e escondi o rosto no travesseiro, senti os braços de Liam me soltarem e ele sair da cama, passei o braço ao redor de Zeus e o abracei, tentando voltar a dormir. Mas não consegui, ouvi Liam gritar meu nome e tive que me levantar. Vesti meu roupão de seda para cobrir minha nudez e fui ver o que Liam queria.

— Zeus, vem comigo, garotão — chamei ao abrir a porta do quarto, Zeus desceu cambaleante da cama e me seguiu trotando alegremente até a sala. — O que houve? — murmurei chegando à sala.

Liam estava em pé de braços cruzados próximo à porta fechada; andando de um lado para o outro em minha sala estava Harry, sério e impaciente, até mesmo bravo, a julgar pela cara dele. Zeus sentou-se no sofá e fitou Harry impassivo, que parou de andar e ficou me encarando. Sorri graciosamente para ele.

— Oi Harry — murmurei e sentei-me em meu sofá, Harry se virou para continuar me encarando e Zeus achegou-se e aninhou-se ao meu lado todo pomposo, como se quisesse causar inveja em Harry.
— Oi Hayley — ele disse secamente, Liam continuava nos assistindo de braços cruzados junto à porta. — Eu vim buscá-la para levá-la ao médico, esqueceu? Combinamos isso na semana passada.
— Ah, meu Deus! Sim, me desculpe. Eu vou colocar uma roupa, é rapidinho — pulei do sofá e lhe dei um beijo na bochecha para amenizar o seu mau-humor, funcionou, seu rosto se iluminou e ele exibiu um pequeno sorriso.

Corri de volta para o quarto e procurei em meu guarda-roupa uma roupa quente para ir ao médico, logo Liam apareceu, ainda de cueca; talvez seja por isso que o humor de Harry estava tão azedo. Ele procurou a própria roupa, a vestiu e ficou ao lado da porta me observando de braços cruzados. Depois de pronta eu peguei o meu celular em cima da mesinha de centro e joguei dentro da minha bolsa, peguei também o celular de Liam e apertei o botão para ver a hora, mas me deparei com uma foto minha e de Zeus na cama como descanso de tela, o encarei surpresa e não contendo um sorriso, ele também se rendeu e sorriu.

— Coloca a senha 2908 — ele instruiu, fiz o que ele mandou e me deparei com outra foto minha e de Zeus como papel de parede.
— Em vez de dormir você anda tirando foto dos outros, é? — perguntei divertida, ele riu.
— Dos outros, não! — ele rebateu, se aproximando lentamente de mim e me tomando em seus braços. — Só de quem me faz bem.

Liam me beijou e eu tive que resistir ao impulso de jogá-lo em minha cama. Seu beijo é tão bom, me faz levitar e sonhar, me faz querer um futuro com ele, só com ele. E isso não faz o meu estilo, por isso eu me afastei e terminei de me arrumar para sair com Harry.

— Ele é um dos seus amigos, não é? — perguntou Liam de repente, parei para encará-lo um segundo, mas logo voltei a pentear o cabelo.
— Sim, ele é.
— Eu não sou do tipo que gosta de compartilhar, Hayley — ele disse baixinho, havia raiva em sua voz e os pelos da minha nuca se eriçaram.
— Você fala como se eu fosse sua. Uma pessoa só compartilha algo se for seu. Eu não sou sua propriedade, Liam.
— Eu pensei que a gente tivesse algo — ele murmurou irritado.
— Eu já te expliquei como funciona os meus relacionamentos, pensei que você tivesse entendido — falei impaciente, ele assentiu.
— E eu entendi, mas depois desse fim de semana eu pensei que até mesmo você notaria que o que a gente têm é especial.
— Todos os rapazes com quem eu fico acham que o que temos é especial, eu já estou cansada de ter que explicar para todos vocês que eu gosto de cada um de vocês, é por isso que é especial — dei de ombros e Liam soltou um suspiro irritado.
— Esse papo não vai funcionar comigo, Hayley. Você pode enrolar eles, sejam lá quantos forem, mas a mim você não enrola — ele falou sério, se aproximando para me encarar de perto, seus olhos brilhavam, eu pude enxergar raiva, talvez até decepção, mas decepção é um sentimento que eu já estou acostumada a ver nos olhos desses caras.
— Eu não estou enrolando ninguém, baby — sussurrei erguendo a mão para acariciar seu lindo rosto, Liam recuou um pouco, mas não o suficiente para sair de meu alcance. — Eu só gosto demais de vocês para escolher apenas um.
— Fica comigo, você sabe que quer isso. Nós nos demos muito bem, Hayley, você não precisa dos outros, você tem a mim — ele disse, com a voz cheia de emoção, eu sorri ternamente e lhe dei um selinho casto.
— Você é incrível e eu odiaria perdê-lo, mas se você não gosta ou entende o meu estilo de vida, então você pode ir embora — falei o mais suave possível, para que ele não interpretasse mal a minha frase.
— E se eu for? — ele perguntou magoado.
— Eu não irei atrás de você, se é o que está pensando. Você tem o direito de me deixar, se quiser, mas não espere que eu vá correndo te pedir para voltar.
— Eu não vou a lugar algum — ele disse por fim. Cheguei a suspirar aliviada. — Mas também não vou desistir de te ter só pra mim. Eles são apenas um passatempo, eu sou a pessoa certa pra você. Você sabe disso!
— Só nos conhecemos há uma semana, como pode ter tanta certeza? — perguntei divertida.
— Eu apenas tenho — ele respondeu decidido.

Dei mais um beijo em Liam e peguei minha bolsa, voltamos para a sala e Harry estava brincando com Zeus, é impossível não simpatizar com esse grande cachorrão.

— Vamos, Hazza? — pergunto docemente, ele concorda e olha para Liam, que está atrás de mim.
— Ele vai ficar aqui? — perguntou Harry, Liam sorriu.
— Vou. Algum problema? — provoca Liam.
— Nenhum — diz Harry secamente, nem parece que há alguns dias Liam salvou a vida dele, ou quase isso. — Vamos logo, Ley.

Harry deixou a minha casa e provavelmente ficou esperando no corredor, eu dei um beijo em Liam e ele me abraçou.

— Vou fazer o almoço, volte logo — ele disse docemente, me fazendo sorrir.
— Ok. Até mais bebê — murmurei afagando o pelo de Zeus, que virou a barriga para cima, esperando que eu o coçasse, mas tive que ir atrás de Harry.

Harry e eu pegamos o elevador em silêncio, ele mexia em um chaveiro nervosamente, suspirava, me olhava pelo espelho do elevador e suspirava novamente, parecia exausto e triste.

— O que foi, querido? — perguntei docemente, me aproximando e passando os braços ao redor de sua cintura, ele me abraçou de volta e repousou o queixo no topo da minha cabeça.
— Nós não precisamos de mais um cara envolvido nesse rolo, Hayley — ele sussurrou e me apertou mais forte.
— Eu gosto dele e Zeus é adorável — rebati passivamente, Harry riu secamente e revirou os olhos.
— Se o lance é com o cachorro, então eu te dou um, você não precisa transar com aquele bombeiro! — resmungou Harry, foi a minha vez de revirar os olhos.
— Primeiro: eu não posso ter um cão no meu apartamento, segundo: eu gosto mesmo do Liam, então você pode, por favor, não fazer drama? — murmurei usando um tom de voz amável que sempre convence Harry.

Ele suspirou se rendendo e as portas do elevador se abriram. Ao chegarmos na rua eu notei uma moto linda na vaga de estacionamento do prédio, Harry sorriu largamente e girou o chaveiro no dedo.

— Você sabe que eu sempre quis ter uma Harley V Rod Muscle — disse Harry, colocando o capacete e montando na moto —, com o dinheiro do seguro da outra moto e mais um pouco das minhas economias eu consegui essa belezura — ele sorriu orgulhosamente e esticou a mão para me ajudar a subir na moto.
— É maravilhosa, Harry, simplesmente linda, meus parabéns — falei sorridente apertando os braços ao redor de sua cintura.

A moto de Harry era maravilhosa, nós deslizamos por entre os carros parados no trânsito caótico de uma manhã de segunda-feira em Londres e chegamos ao consultório do meu médico antes das 8 da manhã. Fomos os primeiros a entrar na sala de espera vazia, nos sentamos nos bancos acolchoados e logo a recepcionista apareceu sorridente, ela nos desejou bom-dia e pegou o telefone para falar com o doutor. Cinco minutos depois eu já estava dentro do consultório dele e ele examinava minunciosamente os pontos em minha barriga, e, para ser sincera, eu não achava que os tiraria logo, estavam avermelhados e isso não é um bom sinal.

— Hayley, o que você andou aprontando para seus pontos estarem tão inflamados? — perguntou o médico, um pouco preocupado enquanto limpava os meus pontos com algodão embebecido em alguma substância que ardia muito.
— Nada de mais, doutor. Na verdade eu só ingeri um pouco de bebida alcoólica nos primeiros dias, mas eu juro que depois disso eu cuidei muito bem do meu ferimento, tive até mesmo ajuda de um bombeiro — falei docemente, ele apenas balançou a cabeça e me lançou um olhar de repreensão.
— Bom, já que você não conseguiu cuidar tão bem assim dos seus pontos, você vai demorar mais do que eu pretendia para removê-los. Vou pedir que você volte aqui na semana que vem e cuide bem deles. Vou lhe dar mais um atestado. Você tem que ficar de repouso, Hayley, nada de álcool ou qualquer alimento reimoso, eu vou fazer uma lista com o que você não pode ingerir — disse o doutor, então ele se afastou para prescrever a minha dieta e eu abaixei a blusa e me levantei da maca.

O meu médico fez questão de chamar Harry para encarregá-lo de cuidar de mim, como se eu fosse uma criança de 5 anos de idade que não sabe cuidar de si mesma!
Depois de muito blah blah blah, Harry e eu enfim deixamos o escritório e seguimos para o meu trabalho para entregar o meu atestado de mais uma semana. Esperei Harry na Starbucks do outro lado da rua enquanto ele foi resolver o problema com a minha empresa. Parei no fim da fila para pedir um café e vi Grant andando à vontade atrás do balcão, mexendo na máquina de café e sorrindo largamente para todos os clientes. Grant é lindo e simpático, ele é o melhor vizinho que eu poderia querer, mas abrir um espaço para ele na minha vida iria enlouquecer os meus rapazes.
Grant me viu no fim da fila e acenou para que eu me aproximasse, um pouco envergonhada por furar fila eu segui com um sorrisinho tímido até chegar a ele.

— Olá, o que vai querer hoje, baby? — perguntou Grant, sorrindo doce e galanteadoramente, não resisti e sorri também.
— Café com leite, o leite gelado, por favor — pedi derretida, ele riu e assentiu.
— Não me sinto bem furando a fila descaradamente assim – murmurei divertida quando Grant me entregou a minha bebida.
— Não esquenta com isso, querida. Por que você mofaria na fila se você me tem aqui? — Grant piscou e sorriu, ri e abri a bolsa para pegar minha carteira, mas Grant fechou a cara quando viu. — Nem pense em me ofender dessa maneira, Hayley Catter.
— Mas... Eu só ia pagar pela bebida — sussurrei tentando segurar o riso, Grant balançou a cabeça furiosamente e bufou.
— Me dê seu número e isso cobre tudo — ele rebateu, abrindo um sorriso travesso.
— Você não existe, Grant — ri e me inclinei sobre a bancada para lhe dar um beijo na bochecha.
— Isso é um não? — ele perguntou sorridente, me virei para sair e rebolei os quadris faceiramente, quando me virei para vê-lo ele ainda sorria e esperava minha resposta.
— Continue tentando, baby — falei minha frase rotineira e ele gargalhou.

Esperei um pouco na calçada, embaixo da fina garoa, até Harry aparecer sorridente e satisfeito. Ele passou um braço ao meu redor e balançou os cabelos, espirrando algumas gotículas de água em mim.


— Está frio e úmido aqui, vamos lá pra casa? — ele perguntou docemente e juntou minhas mãos em concha para aquecê-las com uma bufada de ar, foi adorável vê-lo fazer isso.
— Suas mãos são sempre tão frias, eu ainda vou comprar-lhe um lindo par de luvas — ele sussurrou examinando minhas mãos e então a mim, sorri e lhe dei um selinho demorado. Harry é sempre tão atencioso e adorável, ele é o mais romântico entre os cinco rapazes e sempre me faz suspirar perto dele.
— Está frio aqui. Vamos pra sua casa — concordei sorrindo, ele assentiu e montou na moto.

Fizemos uma rápida corrida até o apartamento que Harry divide com a irmã, Gemma.
Gemma Styles é uma pessoa maravilhosa, mas ela tem um pé atrás comigo, na verdade ela é muito simpática, mas dá pra sentir que ela não gosta muito de mim. Harry me disse uma vez que ela não concorda com o tipo de relacionamento que temos, por isso ela não gosta de mim. Talvez ela ache que eu estou enrolando o irmão dela, eu também não gostaria de mim se fosse ela.
Gemma estava na cozinha batendo as panelas e cantarolando uma música qualquer, quando entramos. Ela esticou o corpo até nos ter sob sua visão e sorriu para a gente.

— Olá, pessoas. Vocês vão almoçar comigo? — ela perguntou e voltou a se esconder na cozinha, Harry e eu fomos até lá e Harry pegou duas garrafas na geladeira, uma cerveja e um refrigerante.
— Sim, claro — concordou Harry e me entregou uma cerveja.
— Eu não vou poder, sinto muito — dei de ombros e remexi a boca antes de dar um gole no meu refrigerante.
— Vai ficar me devendo essa— rebateu Gemma e virou a cabeça para me oferecer um sorriso brincalhão.
— E você pode me cobrar a qualquer hora.

Gemma e Harry começaram a discutir sobre o que Gemma tinha feito ontem à noite e eu fiquei rindo dos dois, até ouvir o meu telefone tocar, corri de volta à sala e o peguei dentro da bolsa. Niall chamando.

— Nialler, oi! — falei seguindo para a varanda.
— Ley, que saudade — ele disse animado.
— Nem me fale, tem o quê, três semanas que a gente não se fala? — perguntei sorridente, o sorriso de Niall é tão contagiante que até mesmo através do celular gruda em meu rosto.
— Sim, desculpe, estive passando umas férias com a minha família na Irlanda. Mas estou de volta e louco para te ver — ele disse animado, meu coração acelerou e um arrepio de empolgação ultrapassou o meu corpo.
— Estou louca para vê-lo também. Amanhã à noite, então. Você vai estar no bar? — perguntei, Niall é guitarrista de uma banda indie que se apresenta às terças e quintas no bar de Zayn.
— Com certeza, nos vemos lá. Dedicarei uma música à você — ele disse galanteador e quase pude visualizá-lo piscando um olho para mim e sorrindo largamente. Esse homem é maravilhoso.
— Vou contar com isso, querido. Beijo.
— Beijo.

Ao desligar eu vi que tinha recebido uma mensagem de Liam — "Almoço pronto. Vou precisar requentar ou você chega antes que o Zeus devore a sua parte?" — rindo feito uma criança voltei à sala e peguei minha bolsa. Encontrei Harry e Gemma na cozinha, ambos conversando amigavelmente.

— Harry, eu preciso ir. Nos vemos depois? — murmurei, não querendo tirá-lo da vibração gostosa que emanava dos dois.
— Nada disso. Eu a levo em casa — ele disse e deu um beijo na testa de Gemma. — Volto em dez minutos.
— Tchau, Gem! — acenei e ela me mandou um beijo antes de Harry e eu deixarmos o apartamento.

Levou menos que dez minutos para Harry me deixar em frente ao prédio onde moro, eu desci da moto e prendi o capacete com um elástico atrás de Harry.

— Até mais, baby — ele ronronou me puxando pelo braço e me dando um selinho gostoso.
— Nos vemos depois.

Despedi-me dele com mais um beijo demorado e então entrei no prédio, peguei o elevador e entrei em minha casa. Zeus estava muito bem acomodado em meu sofá assistindo ao filme "Dez Coisas Que Eu Odeio Em Você", com o lindo Heath Ledger. Me joguei ao lado dele e cocei atrás de suas orelhas, ele abanou o rabo e acomodou a cabeça em meu colo.

— Zeus? Quem chegou? — gritou Liam da cozinha, Zeus levantou as orelhas e a cabeça, ouvindo o chamado de seu dono, levei o dedo aos lábios pedindo pra ele ficar quieto, mas Zeus soltou um latido alto e eu me encolhi toda. — Zeus? — gritou Liam novamente, mas dessa vez sua voz estava se aproximando. Me joguei no chão da sala e fiquei deitada no chão para ele não me ver.

Zeus pulou do sofá e deitou ao meu lado, me olhando com a cabeça inclinada para o lado, sem entender nada. Fiz algumas caretas para ele sair, mas ele botou a língua molhada para fora e lambeu meu rosto inteiro.
Ouvi uma risada alta e virei de barriga para cima, dando de cara com um Liam super gostoso, sem camisa e literalmente brilhando, ele estava radiante e divertido com a minha situação. Passei o casaco pelo rosto para tentar limpá-lo, mas Zeus aproveitou a minha baixa guarda e lambeu a minha orelha; resmunguei alguns palavrões e Liam esticou a mão para me ajudar a levantar.

— O que diabos você está fazendo no chão? — perguntou Liam, se controlando para não gargalhar novamente.
— Eu estava brincando com o Zeus — menti, Zeus pulou de volta no sofá e deitou a cabeça sobre as patas e ficou a nos observar quietinho.
— Ah — Liam riu e me deu um selinho demorado, ouvimos Zeus rosnar baixinho e ambos o encaramos assustados. — Foi mal, amigão, mas eu a vi primeiro! — rebateu Liam e eu ri.




segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Eu estou me apaixonando por você
Oh, eu não sei lidar com isso
Meu coração está batendo forte
As emoções querem sair..."
– Fallin' For You (Colbie Caillat)




O sol estava se pondo quando decidimos dar uma olhada nos arredores de onde nossas barracas estavam. Encontramos uma cachoeira maravilhosa, que eu prometi a mim mesma que pularia nela no dia seguinte; encontramos também um lago bem próximo às barracas, onde poderíamos aproveitar a água para beber e cozinhar.
No caminho de volta os rapazes foram juntando gravetos e folhas secas para fazermos uma fogueira, Anne nos contou histórias de terror e nós vimos um filhote de veado correr bem perto de onde nossa barraca estava. Zeus ia farejando o caminho à nossa frente, com o rabo balançando o tempo inteiro.
Me abaixei para pegar um pedaço de madeira um pouco grande para contribuir com a fogueira e Liam rapidamente o pegou das minhas mãos.

— Nem pense nisso, mocinha. Você não pode levantar peso — ele disse e me deu um beijo na testa.
— Como se isso fosse muito pesado — murmurei irônica, ele riu.

Os rapazes acenderam a fogueira e todos nos sentamos ao redor em cadeiras reclináveis, James e Anne dividiram um cobertor e Liam e eu dividimos outro, Zeus deitou-se junto aos nossos pés para se esquentar. Pegamos alguns marshmallows e prendemos em gravetos para assar. Os rapazes começaram a contar histórias de terror para tentar assustar Anne e eu, mas tudo o que conseguiam era nos fazer rir.
Quando ficou frio demais para continuar, os garotos apagaram a fogueira e nós fomos para as barracas, Liam me abraçou e puxou um cobertor grosso para cima de nós, seus lábios encontraram os meus e meu corpo se acendeu, minhas mãos trilharam seu peitoral por baixo do casaco e a mão dele descia pelas minhas costas, acariciando a minha pele quente, quando sua mão finalmente chegou a minha bunda uma bola de pelos com pernas se meteu entre nós dois, nos separando a contragosto. Liam começou a rir enquanto eu resmungava de brincadeira.

— Zeus é um pouco ciumento — desculpou-se Liam, me fazendo rir.

E nós dormimos de mãos dadas, com o Zeus entre nós que nem um bebê.
Mas, mesmo com um cão grande e barulhento entre nós, eu dormi muito bem; os dedos de Liam eram longos e quentes e seu braço passava por cima de Zeus para me abraçar, sua mão repousava em minha cintura com certa possessividade e, pela primeira vez na vida, eu não me importei de pertencer a alguém.
Os meus sonhos foram doces e Zeus corria com a língua de fora e o rabo inquieto nele; Liam, em certo momento, jogava a cabeça para trás e soltava uma gargalhada maravilhosa, enquanto eu dançava para lá e para cá com Zeus me abraçando com suas patas dianteiras.
Eu não me importaria de continuar sonhando com Liam e Zeus, mas foi impossível continuar dormindo quando a claridade invadiu a cabana e Zeus começou a choramingar insistente para sair da barraca e correr atrás de alguns pássaros que comiam as nossas sobras de ontem. E ele só parou quando Liam se levantou e abriu o zíper da barraca, libertando o cão para ir brincar e fazer suas necessidades.
Liam voltou a deitar e me puxou para junto dele, encaixando suas pernas atrás das minhas e o seu rosto em meu pescoço, ele me deu um beijo casto ali e aninhou o rosto em mim até achar uma posição agradável para voltar a dormir.
Quando Liam começou a ressonar baixinho, a névoa de sono se dissipou e eu então percebi que estávamos de conchinha. Droga! Eu não durmo de conchinha com ninguém, é uma posição de casal, quero dizer, de casal de verdade. Nem Zayn conseguiu persuadir-me a dormir de conchinha, isso é ridículo e assustador.
Mais assustador ainda foi perceber que eu não queria sair dali, eu queria continuar sentindo os braços de Liam ao meu redor e sua respiração em minha bochecha; queria continuar sentindo o corpo dele encaixado ao meu, como se tivéssemos sido moldados exatamente daquele jeito; e queria continuar sentindo sua mão sobre a minha, com os seus dedos entrelaçados aos meus.
Era loucura, eu sabia disso, mas eu não pude evitar o arrepio gostoso que percorreu o meu corpo traidor, e nem os pensamentos bregas que brotaram em minha mente. Liam estava entrando em minha cabeça de um jeito que ninguém nunca conseguira antes.


♂♀♂♀


O primeiro sonho que eu tivera com Liam fora maravilhoso, mas o segundo fora um pesadelo arrepiante. Tá legal, talvez eu esteja exagerando, mas que me assusta, com certeza assusta!
É que eu não sou uma das maiores fãs dos vestidos brancos com véu e grinalda, ou de um padre, ou de um noivo e um tapete vermelho me levando até ele, menos fã ainda dos quatro padrinhos muito familiares ao lado de Liam, que supostamente era o noivo em meu sonho. Zayn, Harry, Louis e Niall; lado a lado ao lado de Liam, eles eram os padrinhos e todos estavam com cara de enterro, vestidos de preto e com rosas vermelhas nas mãos.
Esse sonho só me fizera lembrar de uma coisa: eu não via Niall há bastante tempo, então eu precisava ligar para ele assim que retornasse à Londres, talvez até ir a um show dele em alguma noite no bar do Zayn.
Quando voltei à plena consciência, Liam já não estava mais comigo na barraca, o que foi um grande alívio para mim, já que o sonho ainda me apavorava e eu precisaria de algum tempo para me recompor.
Me sentei no colchão fino e cocei os olhos, tentando acordar. Ouvi latidos e imaginei que Zeus deveria estar correndo atrás de qualquer coisa que se mova, ou é mais provável que Liam esteja brincando com ele; confesso que só de pensar em vê-los brincando, ou tirar fotos deles brincado, me animou bastante.
Coloquei uma gotinha de pasta de dente na boca, para tirar o mau-hálito, peguei minha necessaire e minha câmera e saí da barraca. 
Acertei na mosca, Liam e James estavam brincando com Zeus, eles jogavam um disco entre si enquanto Zeus corria de um lado para o outro tentando alcançar o disco no ar. E quando ficava impaciente o cachorrão latia para o dono em reprimenda, como se estivesse brigando por não deixarem ele pegar o disco. Tirei algumas fotos deles e logo me juntei a Anne junto à fogueira, ela tinha colocado uma chaleira cheia de água para esquentar e tinha colocado saquinhos de chá dentro de quatro canecas.

— Bom dia, Anne — murmurei apertando mais o casaco de Liam que eu vestia, ventava pouco, mas estava frio.
— Bom dia, Ley. Dormiu bem? — ela perguntou sorridente, a vida no campo combina bem com ela.
— Sim, melhor do que imaginava, e você?
— Também dormi bem. Os garotos estavam querendo ir dar uma olhada naquela cachoeira, o que acha? — ela encheu a minha xícara com água, em seguida encheu as outras três.
— Acho ótimo, estou namorando aquela água desde ontem — nós rimos e eu beberiquei o meu chá.
— Você vai entrar na água com esse frio? — parei para pensar um pouco e então assenti, Anne riu. — Você é corajosa.
— Em Londres não há cachoeiras como aquela, então temos que aproveitar — rebati divertida, Anne concordou.

Enquanto os rapazes tomavam chá eu fui até a barraca pegar o meu celular, que estava com a bateria quase acabando, e voltei para junto deles, que conversavam sobre qual cachorro James deveria ter.

— Um Husky é um ótimo amigo, além de ser um cão de guarda também — disse Liam.
— É, eu sei, mas um rottweiler protege melhor a casa, não? Talvez um pastor alemão — murmurou James, Liam balançou a cabeça e riu.
— Não desmereça o trabalho do meu velho, Jay — reclamou Liam, acariciando o pelo de Zeus, que estava aninhado junto à ele. — É ele quem cuida da minha casa quando eu faço plantões intermináveis à noite.
— Não estou desmerecendo o trabalho dele, pelo contrário, estou apenas vendo as minhas opções.

Enquanto eles debatiam amigavelmente, eu mandei uma mensagem curta para Niall: "Vejo você terça à noite? xx Hayley.", minhas mensagens sempre são curtas, não falo mais do que o necessário, pelo menos não quando posso fazer isso pessoalmente.
Sentei-me ao lado de Liam e continuei escutando o debate dele com o meu irmão, até que Niall respondeu a mensagem.

"Ah, apareceu a margarida. Que bom que se lembra de mim, baby. Por que não podemos nos ver hoje? Estou com saudades. Xx Niall."
"Estou acampando, volto na segunda."
"Aonde está acampando?"
"Isso importa? Você pergunta como se fosse vir até aqui, o que está fora de questão."
"Eu iria se eu soubesse aonde você está." — ele rebateu insistente, o que me fez sorrir. Liam olhou para a mensagem, vi um brilho perpassar seus olhos e ele voltou a falar com o meu irmão, porém um pouco mais irritado que antes.
"Por isso mesmo não direi. Até terça."
"Até, baby. Xxxx"

Depois que todos terminaram o café, Anne e eu fomos até as barracas colocar biquínis e então nós quatro — e Zeus — caminhamos até a cachoeira linda que vimos ontem.
Tivemos que descer com cuidado uma ribanceira de pedras para chegar à cachoeira, o que não fizemos ontem, ficamos apenas olhando lá de cima, como se a cachoeira estivesse dentro de um enorme buraco; agora de perto a cachoeira parecia mais linda ainda, com a água caindo e formando um arco-íris perto das rochas, era absolutamente lindo.
Liam estava mais preocupado comigo do que com Zeus, se bem que Zeus pulava as pedras tranquilamente com graça e perfeição, enquanto eu ficava de braços abertos tentando manter o equilíbrio e não cair de bunda nas rochas pontiagudas. Antes que eu piscasse Zeus já tinha pulado dentro da água e estava nadando feliz da vida, como se já tivesse nascido dentro d'água; Liam por fim riu e pediu que eu pulasse em suas costas para que chegássemos logo com os outros até a margem da água.
Como fizemos uma boa caminhada, chegamos todos com calor, James foi o primeiro a tirar o casaco e pular na água de bermuda, Anne logo arrancou a roupa e foi se refrescar com ele.
Anne nadou até James e os dois começaram a se beijar na água, mas pararam para ver Zeus nadando próximo a eles.


Zeus chegou à margem e veio se sacudir perto de Liam e eu, que reclamamos pois ainda estávamos vestidos. Aproveitando a oportunidade ele tirou a roupa e ficou só de bermuda, eu fiquei só com o meu biquíni e Liam resolveu examinar os meus pontos, aproveitando também para por as mãos em minha cintura e beijar minha barriga, um pouco acima do machucado.

— Está bem melhor e bem menos avermelhado — ele disse sorridente.
— Graças a você, sr. Bombeiro — brinquei ficando na ponta dos pés para dar-lhe um selinho.

Liam me ergueu nos braços e eu entrelacei minhas pernas ao redor de sua cintura, ele começou a caminhar para dentro da água e eu gritei quando a água fria tocou minha bunda, Zeus começou a latir e correu para vir brincar conosco.
Nadamos bastante, até ficarmos com as mãos e os pés enrugados, e quando ficamos com fome nós comemos barrinhas de cereais que Liam e eu compramos em um mercado de beira de estrada. Fizemos guerra de água, jogamos bolinhas para o Zeus pegá-las, tomamos banho na cascata da cachoeira, namoramos, namoramos e namoramos bastante; mas a cada vez que Liam me tocava eu só sentia vontade de me esconder com ele dentro de alguma gruta e despi-lo, eu nunca ficara tanto tempo sem transar com alguém que eu gostava, e eu definitivamente gosto do Liam.
Nós voltamos para o acampamento quando a noite já caía, os rapazes acenderam a fogueira e ficamos nos esquentando ao redor dela enquanto Liam fritava salsichas para fazermos cachorro-quente.
Depois que todos estavam satisfeitos e com uma cerveja na mão, exceto eu, que estava com uma caneca de chá, Liam trouxe o nosso colchão para fora da barraca e nós dois nos deitamos de barriga para cima para olhar o céu estrelado.
James e Anne sumiram dentro da barraca deles e Zeus se aninhou ao meu lado e eu acariciei o seu pelo macio. Liam dera um banho nele com direito a shampoo e tudo antes de sairmos da cachoeira, para que ele não ficasse fedendo, e eu passei bons 40 minutos secando o pelo dele com uma toalha, agora ele estava seco e cheiroso novamente.

— É difícil eu conhecer uma mulher que se dê tão bem com o Zeus — disse Liam e bebericou sua cerveja.
— É mesmo? Não consigo acreditar, ele é tão simpático — murmurei coçando a orelha do cachorro lindo aninhado com a cabeça em minha barriga.
— Ele é simpático com quem ele quer e com quem ele gosta. Eu tinha uma namorada que Zeus não podia vê-la que começava a rosnar e latir, no fim de tudo ela me traiu e eu deixei o Zeus rasgar as roupas dela — contou Liam com um sorriso divertido, Zeus bufou como se concordasse com o dono.
— Nossa, então eu acho que você deveria confiar mais nele — murmurei e bocejei, estava tarde.
— Ah, eu confio. Eu confio minha vida a ele todos os dias — disse Liam, virando-se de lado e passando o braço por minha cintura para acariciar a orelha de Zeus. — E ele já me deu a certeza que eu preciso em relação a você — ele disse sorridente, fiquei vermelha, mas estava com sono demais para rebater, então apenas suspirei e adormeci aquecida entre Liam e Zeus.

Pela manhã, o sol resolvera nos dar o ar da graça e eu e Anne decidimos ficar à beira do lago tomando sol e tentando pegar uma cor, os rapazes tomaram banho, brincaram com o Zeus, comeram bobagens e depois, quando ficaram entediados, vieram nos atormentar. Passamos o dia nesse ciclo maravilhoso e divertido, e quando a noite caiu nós ficamos novamente em volta da fogueira, tomando cerveja — ou chá, no meu caso — e contando histórias engraçadas e de terror. Essa é a nossa última noite no acampamento e amanhã cedo vamos voltar para Londres, o fim de semana passara muito rápido e acampar foi uma ideia incrível. 
Eu confesso que torcia, para a nossa última noite, que Liam enfim tomasse uma atitude e me levasse para cama, eu fiquei convencida de que isso aconteceria quando ficamos apenas nós dois na cabana e o clima começou a esquentar, mas mais cedo do que eu pensava — e queria —  Zeus entrou na cabana e eu fiquei com o gostinho de Liam na boca e o corpo em chamas.


♂♀♂♀

A viagem de volta para Londres foi tranquila, James e Anne dormiram a maior parte do tempo, enquanto eu fiquei acordada com Liam, apesar de não ter dormido bem ontem à noite. Liam deixou o casal na casa de Anne e seguiu para a minha casa.
Era fim de tarde de um domingo chuvoso, mas quando Liam e Zeus entraram em meu apartamento e se esparramaram em meu sofá eu me senti leve e feliz como em um dia fresco de outono.
Eles pareciam estar no lugar certo, relaxados e felizes, um abanando o rabo e o outro sorrindo para mim, todo carinhoso com a mão estendida, me chamando para sentar em seu colo.
Com os braços em volta de mim, Liam tocou meu pescoço com o nariz e suspirou, me fazendo arrepiar, ele riu e me deu um beijo casto no canto esquerdo do meu queixo. Fechei os meus olhos para sentir melhor o seu toque, ele tinha um cheiro inebriante de ar fresco e perfume masculino.
Levei minha mão a sua nuca e acariciei os cabelos curtos de Liam, enquanto ele beijava lentamente o meu pescoço, maxilar e lábios, instigando-me e fazendo o desejo brotar em meu ventre, lembrando-me que nós dois temos assuntos pendentes.
Quando os lábios de Liam encontraram os meus, ele foi nos deitando no sofá, Zeus soltou um ganido irritado e pulou para o outro lado do sofá, nos deixando com o espaço livre.
Liam arrancou o casaco e a camisa antes de deitar seu corpo sobre o meu, ele me ajudou a tirar o suéter e a calça de moletom que eu usava. A sala ainda estava fria, o aquecedor fora ligado há pouco e por isso minha pele ficou arrepiada quando fiquei nua embaixo do corpo maravilhoso de Liam, mas eu não sentia frio, não mesmo, eu sentia um desejo incontrolável pelo Adônis que me beijava no meu sofá, eu só queria sentir o seu corpo fundido ao meu da forma mais carnal e primitiva possível.


Resultado de imagem para tumblr_m1scfgsYCg1rnjpufo1_500

Depois do sofá, nós passamos pelo corredor, pelo o meu banheiro e terminamos a noite em minha cama. Já passava de 3 da manhã quando Zeus começou a arranhar a minha porta, chorando para entrar, Liam e eu rimos e ele se levantou, vestiu a cueca e foi abrir a porta para o nosso amigo.

— Bom garoto, agora já para a cama — murmurou Liam, todo sorridente.



domingo, 9 de julho de 2017

"A gente briga por bobeira demais
A gente pira, o tempo vira por bobeira demais
O amor é bandeira de paz
Mas se não der, vai em paz, meto o pé..."
– Deixe me ir (1Kilo)



Grant, o rapaz que trabalha na Starbucks, estava no elevador, ele é o meu vizinho do andar de cima. Ele vestia calça jeans e uma camisa, ambos pretos, era o seu uniforme de trabalho. Ele abriu um sorriso de flerte ao ver-me segurar a porta, James entrou no elevador e eu também, Grant esperou as portas se fecharem antes de falar alguma coisa.

— Café hoje, meu bem? — ele perguntou me lançando aquele olhar charmoso.
— Hoje não, querido. Estou de atestado, então não vou trabalhar até segunda ordem — sorri e ele assentiu, erguendo uma sobrancelha curioso.
— Você está bem? — ele perguntou.
— Agora, eu estou. Mas eu sofri um acidente de moto e estou de atestado, nada grave — dei de ombros e ele assentiu mais uma vez.
— Que bom, então. Mas não se preocupe, eu trago o seu café à noite — ele piscou para mim e as portas do elevador se abriram no primeiro andar. Nós três saímos do prédio.
— Seria muita gentileza sua — ri e lhe dei um beijo na bochecha.
— Até mais, meu bem — ele acenou para James e eu e seguiu pela calçada em direção ao ponto de ônibus, James e eu fomos pelo caminho oposto.
— Mais um amigo seu? — perguntou Jay, sorrindo malicioso para mim.
— Um amigo, de fato, mas não do jeito que você pensa. Apesar de ter pensado muito a respeito, acho que ainda não é hora de jogar Grant na área legal da nossa amizade — pisquei e meu irmão riu.
— Eu penso que ele já queria estar nessa área há tempos — rebateu James.

Caminhamos lado a lado, nos provocando e rindo por quinze minutos até chegarmos ao bar de Zayn, a porta da frente estava fechada, como era de se esperar às 10 da manhã, mas a porta dos fundos estava aberta e nós entramos por lá. Dava para ouvir o som da tv ligada no noticiário e eu saquei que Zayn devia estar cuidado da administração do bar.
James olhava a tudo atento e sorridente, ou ele gostara do lugar ou estava rindo antecipadamente pelo chilique e a bronca que Zayn vai me dar.
Zayn só notou a nossa presença quando James sentou-se em um banco do lado oposto do balcão em que ele estava e eu dei a volta no balcão para ir para o lado dele. Ele ficou mortalmente sério ao me ver. Respirei fundo e preparei a mente para o que estava por vir, mas ele não falou nada. Absolutamente nada.

— Você está bravo? — perguntei inocentemente, ele bufou.
— O que você acha?! — ele perguntou retoricamente.
— Olha, o que acha de ao menos uma vez nós esquecermos essa ceninha deprimente de ciúmes e pularmos pro sofá do seu escritório? — reclamei irritada, vi um brilho malicioso em seu olhar, mas ele estava mais bravo que isso e eu não fiz a proposta a vera.
— Sem gracinhas, Hayley.
— Qual é, Zayn! Se você for me encher o saco porque eu estava com o.. — ele me interrompeu com um resmungo raivoso:
— Com o Louis, aquele babaca!
— Então eu vou embora — continuei. — Não estou no clima pra isso.
— Não, tudo bem.Vamos deixar isso pra lá — recuou Zayn, segurando minha mão e me puxando para seus braços, sorri aliviada e o abracei. — Mas eu acho que você deveria pensar bastante em uma coisinha.
— O quê? — perguntei receosa, Zayn me deu um sorriso malicioso e cheio de si, aí têm!
— Você pode ficar com quem quiser, mas no fim do dia você sempre volta pros meus braços. Isso não significa nada pra você? — ele disse e eu me afastei um pouco dele. 

Ele está certo. Talvez seja por isso que ele ache que têm direito a ter ciúmes, porque eu dou motivos!
Que droga, não. Eu volto pra ele depois de um dia cheio porque ele é o meu melhor amigo, ele me ouve e me aconselha e me abraça, me dá um carinho especial que eu amo. É só isso!

— Não força a barra — sussurrou James para Zayn, que o encarou confuso, mas assentiu.
— Você é o meu melhor amigo, é só isso, Zayn! — murmurei me apoiando no balcão e olhando para as minhas mãos, ouvi Zayn bufar de indignação.
— Que porra de amigo eu sou, Hayley?
— Você é o meu amigo, deixa as coisas assim, que merda! — esbravejei impaciente, James se encolheu visivelmente.
— Você enrola a gente, Hayley. Tem medo de compromisso e se envolve com o máximo de caras possível para que os outros não te obriguem a assumir um relacionamento. Mas me diz, qual é a dificuldade em me assumir como seu amigo? — perguntou Zayn, esperando que eu respondesse.
— Nenhuma.
— Então por que é tão difícil dizer namorado ao invés de amigo?
— Porque eu não quero! — gritei secamente, Zayn ficou quieto. — Isso não é pra mim, você sabe melhor que ninguém, então para de me pressionar! Não funcionou com os outros e não vai funcionar com você. Aceite ou me deixe, simples assim.

Zayn balançou a cabeça e voltou à suas anotações no caderno do bar. Eu, por minha vez, procurei uma garrafa de tequila embaixo do balcão e encontrei uma aberta, enchi um copo de shot para mim e o virei, James ficou me assistindo quietinho, enquanto Zayn continuava a escrever e escrever no bendito caderno. Quando eu já enchia o meu terceiro shot, James tirou a garrafa da minha mão e bebeu o copo que eu enchi, o encarei magoada e ele deu de ombros.

— Já chega, você está com pontos aí na sua barriga, isso não vai te fazer bem.
— Pelo contrário, me faria muito bem! — resmunguei.
— Chega! Eu vou deixar você em casa antes que seus pontos rompam por causa da bendita tequila — disse Zayn emburrado, ele guardou o caderno e a papelada que estava mexendo e pegou as chaves do carro e do bar.
— Mas eu não quero ir para casa — rebati, James revirou os olhos e tampou a garrafa de bebida.
— Que parte do: Você tem que ficar de repouso, você ainda não entendeu, Hayley? — perguntou Zayn.

Com muita relutância eu deixei que Zayn me levasse para casa. James recusou a carona e disse que ia visitar uns amigos, então Zayn e eu, ambos mortalmente calados, fomos para a minha casa sozinhos.
Por mais bravo que Zayn estivesse, eu sabia que ele não me deixaria sozinha, ficaria comigo até a hora que ele teria que voltar ao bar. E por mais brava que eu estivesse, não pediria que ele fosse embora e não deixaria ele ir sem que eu fosse junto.
Por isso, assim que entramos em meu apartamento, ambos já tínhamos esquecido que estávamos bravos um com o outro. Nos deitamos em meu sofá e ficamos abraçados o dia inteiro assistindo à comédias românticas na tv. E foi como se nunca tivéssemos brigado. Como sempre.


♂♀♂♀

A campainha tocou e eu acordei, estava sozinha na minha sala, tinha um bilhete curto em cima da minha mesinha de centro: "Bar. Até à noite. xx Z", ouvi batidas na porta. Me levantei com dificuldade, pois meus pontos ardiam, e fui atender.
Liam estava parado do outro lado do corredor, encostado na parede, aguardando. Sorri ao vê-lo e ele retribuiu o sorriso, se aproximando para me cumprimentar.

— Oi — ele disse sorridente.
— Olá, quer entrar? — perguntei, ele assentiu.
— Está sozinha?
— Completamente — ri e fechei a porta, apontei para o sofá e ele se acomodou, subi as escadas até a cozinha, mas no primeiro degrau eu soltei um gemido involuntário.
— O que houve? — perguntou Liam em alerta.
— Nada demais, só os meus pontos que estão doendo um pouco — murmurei abrindo a geladeira e pegando uma lata de suco e uma garrafinha de cerveja. Chega de bebida alcoólica para mim, acho que a tequila foi o suficiente para me deixar com dor.
— Deixe-me dar uma olhada — ele pediu quando eu lhe entreguei a cerveja.

Levantei a minha blusa e Liam se aproximou para ver os meus pontos, ele respirou fundo e balançou a cabeça.

— Estão inflamados, você tem álcool 70? — assenti e me virei para ir buscar, mas ele segurou minha mão.
— Deite e fiquei quietinha, eu vou buscar. Aonde está?
— No espelho do banheiro, a primeira porta à esquerda no corredor.

Liam seguiu pelo corredor e voltou minutos depois com algodão, o álcool e analgésicos. Ele sentou na ponta do sofá ao meu lado e levantou minha blusa novamente, expondo os 17 pontos em minha barriga. Liam ensopou o algodão com álcool e passou sobre o meu ferimento, apertei seu braço e prendi a respiração, ardia demais!

— Shiiiu! Quieta, moça. Você vai ficar bem logo — ele murmurou docemente e me deu um selinho demorado antes de se levantar e ir até a cozinha.

Liam parecia tão à vontade, ele circulava tranquilamente pelo meu apartamento como se conhecesse o lugar muito bem. Esse parecia o lugar ideal para ele.
Ele voltou logo com um copo de água em uma mão e os analgésicos na outra, ele me fez tomar dois comprimidos e depois pegou sua cerveja e se acomodou ao meu lado.
Na tv passava um filme antigo da década de 80, Clube dos Cinco. Eu amo esse filme. Liam também. Nós comentamos o filme do começo até o fim e rimos bastante, quando o filme acabou os meus pontos já não ardiam tanto e estavam bem menos avermelhados.
Liam ligou para um restaurante chinês e nós jantamos às 1 da manhã, rindo e brincando como se nos conhecêssemos há anos e não há poucos dias.

— Sabe, eu percebi que em casa é quase impossível você ficar de repouso — ele murmurou e jogou parte do seu biscoito da sorte na boca, franzi a testa e ri.
— Como assim? Eu estou de repouso agora — defendi-me, ele sorriu e balançou a cabeça.
— Você me entendeu! — ele disse. — Você está com esses pontos há um dia e meio e já conseguiu inflamá-los.
— Tudo bem, doutor. O que me sugere?
— Vamos acampar? Eu conheço um lugar ao Norte que seria maravilhoso. Eu peguei minhas duas semanas de férias e estava pensando em ir acampar na beira do lago, você pode ir comigo e descansar... ficar de repouso... me beijar — ele murmurou erguendo uma sobrancelha e sorrindo.
— Me parece um bom plano, mas se eu quiser passar duas semanas com você de pés pro alto, então eu preciso voltar na segunda e pegar um novo atestado — falei não contendo um sorriso.
— Podemos partir amanhã de manhã, ou hoje — nós rimos, já passava de 2 da manhã —, e voltamos na segunda, aí se quiser podemos escolher outro lugar para acampar.
— Parece ótimo, vamos acampar onde? — perguntei animada.
— Em Ambleside, no condado de Cumbria, são seis horas de viajem, mas vale a pena — ele sorriu largamente e juntou o nosso lixo. — Great Langdale.
— Dizem que é um dos locais de acampamento mais romântico — falei divertida erguendo as sobrancelhas, Liam ficou um pouco corado, mas logo levantou-se e foi até a cozinha jogar nosso lixo na lixeira.
— Pois é. Então, eu posso passar aqui para buscá-la amanhã? — ele perguntou, me olhando por cima do balcão da cozinha.
— Claro que sim, que horas?
— Às 9, aí a gente chega lá por volta das três ou quatro da tarde. Antes de sairmos da cidade podemos passar em algum supermercado e comprar algumas bobagens e tal.
— Vai ser ótimo — falei sorridente, então me lembrei de James. — Uh, meu irmão pode ir conosco? 
— Claro, pode sim, eu acho que o lugar é grande o suficiente para nos perdermos e ficarmos sozinhos um pouco — ele piscou para mim e eu ri.

Liam não passou a noite comigo, o que eu não gostei nem um pouco, a noite fora muito solitária e James só chegara às 7 da manhã com uma cara radiante de quem havia transado. Harry e Zayn chegaram junto com ele e eu não pude dar atenção a nenhum deles, pois estava arrumando a minha mochila gigante de acampamento.

— James, arrume uma mochila, vamos acampar e só voltamos segunda — gritei jogando alguns casacos na mochila, Harry e Zayn, que se davam bem, estavam conversando na sala e ambos me olharam de olhos arregalados quando eu disse isso.
— Que história é essa, Ley? — perguntou Harry.
— Eu vou acampar em Great Langdale, meu amor — falei animada e lhe dei um beijo no rosto.
— Mas você precisa ficar de repouso, garota! — reclamou Harry, Zayn riu e caiu preguiçoso em meu sofá.
— E eu vou justamente para ficar de repouso, já que em casa eu não paro um segundo.
— No bar muito menos — concordou Zayn, Harry balançou a cabeça em descrença.
— E quem vai te levar? — perguntou Harry, ainda relutante em concordar.
— Liam vai conosco, ele conhece o lugar e foi ele quem propôs que fôssemos — murmurei dobrando uma calça de moletom e guardando na mochila.
— O bombeiro? — guinchou Zayn, empertigando-se rapidamente e me lançando um olhar irritado. Lá vamos nós de novo...
— Ele mesmo. Rapazes, vocês podem por favor me ajudar ao invés de me atrapalhar? — pedi jogando um par de sapatos para Harry, ele me encarou irritadiço mas guardou-os dentro da mochila.
— Então você vai passar a semana inteira com ele em Cumbria? — perguntou Zayn.
— Sem dúvidas, querido — concordei passando ao lado dele e dando-lhe um beijo na cabeça.
— Ele ao menos sabe da sua vida? De como você controla os seus relacionamentos? — quis saber Zayn, apontando para si mesmo e Harry, bufei e revirei os olhos, que droga.
— Sim, ele sabe. E, assim como vocês, aceitou e concordou com o meu estilo de vida. Vamos ver se ele aguenta mais tempo que vocês antes de começar a me encher o saco — murmurei irritada.

Os dois continuaram reclamando em meu ouvido, até que eu terminei de arrumar a minha mochila e fui tomar banho antes que Liam chegasse.
Quando terminei de me arrumar, James já estava com a própria mochila na sala e uma garota também estava com ele e os rapazes. Logo descobri que ela se chamava Anne Berry, que meu irmão tinha passado à noite na casa dela e que ela iria acampar conosco. Achei ótimo, mais companhia para nós. James foi tomar banho e terminar de se arrumar enquanto esperávamos Liam chegar.
Harry e Zayn, por sua vez, passaram os longos minutos tentando me fazer mudar de ideia e ficar em casa, mas eu os expulsei antes que Liam chegasse. E ficamos apenas Anne e eu conversando na sala e nos conhecendo melhor, aparentemente ela e meu irmão estão saindo há alguns meses.
Eu peguei a minha câmera Nikon na minha bolsa e pedi a Anne para tirar uma foto dela. Tenho um hobbie que sempre me acalma e esse hobbie é fotografia, com o dinheiro do meu primeiro salário eu comprei uma câmera profissional e desde então não me desgrudo mais dela.
A campainha tocou e eu fui atender ainda com a câmera na mão, quando vi o sorriso de Liam o primeiro impulso que tive foi de tirar uma foto dele, o segundo foi segurar o grande Husky Siberiano que pulara em meu colo todo animado.

— Uau! Que lindo, quem é esse garotão? — perguntei divertida, entreguei minha câmera para Liam e me abaixei para acariciar e brincar com o cachorro.
— Esse é o Zeus, e ele te amou, esse é um bom sinal — Liam piscou para mim e se sentou no sofá oposto ao que Anne estava, apresentei os dois e Zeus me deixou para pular no sofá ao lado de Liam. Aí outro que se sente à vontade em minha casa!
— Anne vai conosco, tudo bem? — perguntei pegando a minha câmera com Liam e ajustando o zoom para tirar outra foto dele com Zeus.
— Sem problema! — ele sorriu e beijou Zeus, eu bati a foto na hora certa.
— Ótimo, vou chamar o James — deixei os dois e fui até o banheiro, bati na porta algumas vezes e James saiu já pronto.

Liam pegou a minha mochila, James a dele e a de Anne e nós descemos, o carro de Liam estava estacionado junto à calçada e assim que ele abriu as portas Zeus correu para dentro e aconchegou-se em cima de um cobertor no banco de trás.
Depois de guardar as mochilas no bagageiro, Liam e eu nos acomodamos nos bancos da frente.

— Zeus, abra espaço pro casal — disse Liam, Zeus ergueu a cabeça, em seguia a abaixou novamente, relutante. — Zeus!



Por fim Zeus cedeu e James e Anne acomodaram-se ao lado dele, e nós pudemos começar a viagem.


♂♀♂♀

Liam e James terminaram de montar as barracas, enquanto Anne e eu estávamos muito bem acomodadas em cadeiras reclináveis com um cobertor grosso nos aquecendo. Anne era uma garota muito doce e legal; ela é um furacão, conversa e pula e ri e é a animação em pessoa, ao contrário do meu irmão, mas eu acho que James acalma o furacão que é Anne, porque quando ele se aproxima, Anne fica calma e sossegada. No entanto, quando James está por perto, todos ficam calmos.
O sol estava se pondo quando decidimos dar uma olhada nos arredores de onde nossas barracas estavam. Encontramos uma cachoeira maravilhosa, que eu prometi a mim mesma que pularia nela no dia seguinte; encontramos também um riacho bem próximo às barracas, onde poderíamos aproveitar a água para beber e cozinhar.


Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Cupcakes Visitantes ♫♫

Translate

Talk to me!!

Instagram

Instagram

Seguidores

Agenda!