quinta-feira, 30 de março de 2017

"Não desista, nah, nah, nah
Eu não desistirei, nah, nah, nah
Me deixe te amar..."
– Let Me Love You (Justin Bieber ft. DJ Snake)



Cheryl passou pelas portas deslizantes do desembarque parecendo uma super modelo baixinha com saltos de 20 centímetros. Um homem alto e musculoso de terno escuro vinha logo atrás dela empurrando um carrinho com bagagens enormes que eu supus serem dela.
A viagem de ida até o aeroporto foi um pouco torturante, por mais que eu tenha sentado na frente do Range Rover com Harry e tivesse mantido uma conversa legal com ele durante o percurso, um silêncio perturbador nos atacava da parte de trás do carro, onde Liam estava calado e com olhos petrificados, como se pudesse matar um de nós dois a qualquer momento.
Mas nada se comparou a ver Liam abrir os braços para receber Cheryl e beijá-la bem no meio do aeroporto lotado. Fiquei um pouco deprimida e muito chateada, por mais que não tenhamos ficado sozinhos nesses dias, não significa que eu não o ame mais, e vê-lo com Cheryl é como enfiar um pouco mais fundo à faca que já estava encravada em meu coração.
Harry me puxou para o seu lado ao ver minhas feições entristecidas e me abraçou carinhosamente. Ele é tão doce, porque eu não posso simplesmente amá-lo, é tão mais fácil do que sempre voltar para montanha-russa sentimental que eu sou quando estou com Liam.

– Olá, queridos! – disse Cheryl quando os dois se aproximaram de nós. 
– Cheryl, fez uma boa viagem? – perguntou Harry educadamente e se inclinou para dar dois beijos na face dela, eu fiz o mesmo e forcei um sorrisinho.
– Ah, sim! Uma viagem maravilhosa, de fato. Obrigada por me receber, Harry, você é um amor!
– Imagina, o prazer é nosso – disse Harry, me abraçando mais forte, dando a entender que ele e eu somos os anfitriões de Cheryl, ela olhou para mim friamente com um sorriso tão falso quanto o meu.
– Bem, obrigada. Eu não quero incomodar, vou passar a maior parte do tempo trabalhando, de qualquer forma. E nem precisam se preocupar com um quarto a mais, ficarei bem no quarto em que Liam estiver! – ela disse puxando Liam para perto dela e sorrindo para ele, meu estômago se embrulhou e eu tive que desviar os olhos da cena patética.
– Bom, tudo bem. Vamos jantar então? Tem um lugar aqui perto que nós adoramos! – disse Liam, um pouco constrangido.
– Vamos! Onde quer ir? – perguntou Harry, virando-se para mim, Liam pigarreou e eu dei a palavra a ele.
– Vamos ao restaurante brasileiro de ontem, a comida de lá estava deliciosa – ele disse, assenti, concordando com ele.
– Sim, ok. Vamos até lá, então – concordou Harry.
– Desculpe, querido, você disse "restaurante brasileiro"? – perguntou Cheryl afetadamente.
– Sim, foi o que ele disse – me meti, falando afetadamente, como ela, mas um pouco mais irônica e acrescentando um sorriso doce.
– Amor, você sabe que não gosto de comida brasileira – ela fez beicinho, me ignorando e voltando-se para Liam, revirei os olhos e bufei, Harry tossiu falsamente, escondendo sua irritação.
– Não se preocupe, querida – Harry disse, velando a voz irritada com um falso tom meigo, o que me fez rir. – Ele servem saladinhas lá, você não precisa comer como o resto de nós.

Cheryl olhou para nós dois com os olhos semicerrados, então decidiu não rebater, sabiamente lembrando que somos os seus anfitriões. Então ela deu de ombros, jogou a alça da bolsa de dez mil libras no ombro e se empertigou, pronta para ir. Também não discutimos, rapidamente marchamos até o estacionamento e nos acomodamos no Range Rover de Harry.
Os seguranças de Cheryl – encontramos mais dois no estacionamento –, nos seguiram em um Land Rover blindado todo preto. Quando nós quatro nos sentamos em uma mesa ao ar livre, na parte externa do restaurante, eles ficaram ao nosso redor, sérios e de óculos escuros, atentos a qualquer movimento brusco, até mesmo à garçonete que veio nos atender. Foi ridículo, fiquei envergonhada, porque até mesmo ao sair com todos os rapazes juntos, nós não precisávamos de três armários gigantes revistando as garçonetes que nos atendiam.
Liam e Harry perceberam o quão irritada fiquei com aquilo e Harry tentou me animar, me fazendo beber caipirinhas uma atrás da outra e pedindo doces brasileiros de todos os tipos para experimentarmos. 
No fim da noite, quando voltamos para casa, eu já estava trocando as pernas e me apoiando em Harry, enquanto Cheryl nos seguia fazendo careta e resmungando com Liam sobre qualquer bobagem que ela ache remotamente importante.
Não assistimos Full House naquela noite, Harry me levou para o meu quarto e se despediu com um beijo doce e meloso. Odiei Cheryl mais ainda por me privar do meu momento com os rapazes.
Consegui dormir tão rápido que até pensei que tinham me dado algumas doses de tranquilizantes de cavalo, dormi como uma pedra a noite inteira e pela manhã acordei junto com o sol. A cama estava confortável e por um segundo esqueci da presença indesejável de Cheryl na casa.
Me arrastei para fora da cama determinada a não ficar perto de Cheryl durante todo o dia, vou com Harry à gravadora e vai ser um bom dia, nós vamos nos divertir e eu vou aproveitar esse tempo junto a ele. Tomei um banho gelado para espantar o calor de LA e vesti um short curto, uma camisa leve com mangas compridas e calcei um par de all star com desenhos que eu adoro.
Trotei escada abaixo cantarolando uma musiquinha deliciosa do Justin Bieber, entrei na cozinha e Harry estava sentado à mesa de costas para mim, o abracei apertado e ele levantou a cabeça e eu lhe dei um beijo na testa.

"Don't you give up, na na na..." – cantarolei no ouvido de Harry, ele sorriu.
"I won't give up, na na na..." – ele cantou de volta, me fazendo sorrir.
"Let me love you..." – finalizei, ele me puxou e eu sentei em seu colo.
– Bom dia, meu amor –  ele sussurrou todo apaixonado, me fazendo amolecer e ficar toda enamorada.
– Bom dia, querido – lhe dei um selinho demorado e peguei sua xícara de chá preto para dar um gole.
– Está pronta? – assenti e ele encheu outra xícara com chá preto. – Coma pra gente ir.

Harry não me deixou sair de seu colo, tomamos café agarradinhos com Diana sorrindo discretamente enquanto arrumava a cozinha.
O jardim na frente da casa parecia mais florido do que o normal quando Harry me puxava pela mão até a garagem. Aguardamos a porta da garagem se abrir completamente e então tivemos a vista de seus dois carros milionários,  Harry se virou para mim com um sorriso sapeca nos lábios.

– Qual vamos usar hoje? – perguntou ele.
– Vamos de Ferrari? Por favor! – pedi docemente, batendo as pestanas e fazendo charminho, não precisei de muito, ele já estava convencido de usar a linda Ferrari.
– É claro, amor. Vamos lá! – ele pescou a chave da Ferrari de um pequeno armário do lado da porta da garagem e nós entramos no carro. – Pode mandar uma mensagem para o Liam avisando que eu deixei a Range Rover para ele usar? Aqui – ele me entregou o celular e eu deslizei o dedo pela tela, desbloqueando-a e indo até as mensagens, digitei um aviso rápido ao Liam e devolvi o telefone ao Harry.
– Você vai me deixar dirigir hoje? – perguntei inocentemente, Harry gargalhou alto, me fazendo rir também. – Bem, não custa tentar – murmurei amuada e liguei o rádio, ele ligou o carro e esticou a mão para apoiá-la em minha coxa.

Para nossa sorte a música do Justin Bieber, Let Me Love You, começara a tocar, era a mesma música que Harry e eu cantamos na cozinha e logo nós dois já estávamos cantando juntos de novo. Harry estava todo sorrisos, seus lábios pareciam congelados em um gigantesco sorriso de 10.000 watts e seus dedos só se afastavam da minha coxa apenas o suficiente para ele trocar a marcha do carro.
Puxei um pouco o cinto de segurança e me sentei de lado no banco de couro para admirar Harry, ele me olhou por poucos segundos e então voltou a olhar para as ruas asfaltadas em direção à saída do condomínio. Seu cabelo estava crescendo e, ao que tudo indica, Harry pretende deixá-lo crescer mais uma vez. Eu prefiro ele de cabelo curto, ele fica mais másculo, com mais cara de homem, mas o cabelo longo dele é tão lindo, não tem como não gostar também. Estiquei o braço e toquei os fios curtos e sedosos, ele fechou os olhos e apoiou a cabeça em minha mão, soltando um suspiro doce, então abriu os olhos e continuou a olhar para frente com um leve rubor nas bochechas.

– Vai deixar a juba crescer novamente? – perguntei, ele sorriu.
– Sim, pretendo. Da última vez eu consegui arrecadar um belo dinheiro para a caridade com o cabelo que cortei, quero fazer isso de novo, quantas vezes forem possíveis até eu ficar careca – ele disse e nós rimos, não consigo ver Harry careca, só consigo imaginá-lo como um daqueles senhores com muito cabelo grisalho na cabeça.
– Você tem um coração tão grande, Hazza, é comovente! – murmurei enamorada, encostando a cabeça no banco e admirando-o mais um pouco, suas bochechas coraram novamente.
– Olha quem fala – ele disse e me encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar para a rua. – Mas vamos falar de outra coisa. Me diga, como se sente com a chegada de Cheryl?
– Ah, meu Deus! – resmunguei, ele riu. – Estou péssima, ela drena toda a minha energia, só consigo sentir nojo quando estou perto dela. Sinto nojo do jeito como ela se porta, do jeito que Liam se porta quando está perto dela, do jeito como ela precisa de mil seguranças para cuidar dela quando na verdade ela não precisa de nem um! – desabafei, Harry balançou a cabeça concordando comigo. – E o Liam, sabe, eu o amo, mas ele fica tão estranho perto dela, parece um robô, faz todas as vontades dela e as emoções dele somem, até mesmo o senso de humor dele desaparece, isso me enfurece, me faz odiá-la muito.
– E vocês têm se visto? Você e ele? Quero dizer, a sós, vocês tem se visto a sós? – perguntou Harry, sua voz e expressão estavam cautelosos e eu percebi seu nervosismo enquanto esperava a responta.
– Não. Na verdade não nos vemos a sós desde que chegamos aqui, você tem tomado todo o meu tempo – murmurei e acariciei a coxa dele ternamente, ele tentou conter um sorriso mas falhou.
– Que bom, é ótimo ouvir isso – ele disse e segurou minha mão, levou aos lábios e a beijou carinhosamente.

Nós seguimos cantarolando músicas junto ao rádio e logo Harry estava estacionando em frente ao estúdio da Columbia Records, a nova gravadora em que Harry está trabalhando junto com Liam.
Pelo pouco que sei, percebi que Harry está trabalhando em um trabalho solo, assim como Liam, mas no momento ele está focando toda a sua energia em uma banda que ele descobriu recentemente e eu estou louca para conhecer e ver o potencial dessa banda.
Harry e eu saímos do carro, ele acionou o alarme e nós seguimos em direção à entrada, ele esticou a mão e eu a segurei, saímos do calor de LA e entramos no ambiente muito bem refrigerado da gravadora. Logo na entrada havia uma recepcionista que cumprimentou Harry com um imenso sorriso e uma piscadela flertante, fechei a cara para ela, que a fez se recompor e encarar a tela do computador a sua frente. Harry fingiu não perceber, mas seguiu todo convencido e radiante, me apresentando a todos que cruzavam o nosso caminho.
Nós fomos até a lanchonete, Harry parou um pouco na entrada e passou o olhar pelo local, quando localizou o que procurava ele me arrastou em direção a uma mesa rodeada por quatro rapazes vestidos com jeans surrados e camisetas de rock.

– Meninos! Como estão? – disse Harry e os rapazes se levantaram para nos cumprimentar. – Eu trouxe uma pessoa muito especial para conhecer vocês. Tess, esses são Jeremy, Taylor, Zac e Josh. Caras, essa é Tess Blane, a minha namorada e uma cantora muito talentosa, a propósito – disse ele e eu o encarei assustada, de onde ele tirou isso? Por que ele falou isso?
– Olá rapazes! – cumprimentei a todos com um aperto de mão e um beijo na bochecha, tentando ignorar a apresentação de Harry.
– Cantora é? – disse um dos caras, Zac se não me engano. – Que coincidência, estamos procurando uma cantora. A nossa última foi embora com o namorado para o Caribe – ele bufou e os rapazes riram, sorri e balancei a cabeça, meio sem jeito.
– E foi exatamente por isso que eu trouxe-a para conhecê-los, por que não vamos até o estúdio e gravamos alguma coisa para ver como vocês se saem juntos? – propôs Harry, todos concordaram, exceto eu. Fiquei completamente perdida, porque Harry não me avisara de sua intenção antes? Me pegar de surpresa assim não é legal. – Amor? – chamou Harry, demorei um pouco, então acabei cedendo e seguindo-os até o estúdio privado que Harry alugara somente para os rapazes.

Enquanto os quatro rapazes se acomodavam dentro da cabine de som, arrumando e afinando os seus instrumentos, eu puxei Harry para um canto e o questionei sobre a história de cantar, ele apenas sorriu e me abraçou.

– Ah, vamos, linda. Você tem uma voz incrível, eles estão precisando de uma voz feminina, por que não juntar o útil ao agradável? Sem falar que vou poder ficar mais perto de você! – ele disse e eu tive que concordar, era uma boa ideia afinal.
– Tudo bem, mas só vamos fazer um teste, não vou prometer nada – rebati, ele assentiu e me beijou rapidamente antes dos rapazes nos chamarem e avisarem que já estavam prontos.

Logo descobri os sobrenomes e os instrumentos que cada um deles toca; Taylor York é guitarrista, Josh Farro também toca guitarra, Zac Farro é o baterista e Jeremy Davis toca baixo, todos eles são vocalistas, o que me ajudaria muito se déssemos certo.
Para minha surpresa, Harry provou conhecer muito bem a mesa cheia de botões. Eu fiquei dentro da cabine com os rapazes e pedi a eles que tocasse uma música que eu conhecia, no começo fiquei meio tímida, mas não demorou para que eu me soltasse. A vibe dos caras é muito boa, eles tocam bem e são carismáticos, eles me ajudaram a me soltar e cantaram comigo a musica Use Somebody, do Kings Of Leon.



Não precisei de muito tempo para começar a imaginar como seria o meu futuro cantando com esses caras e, segundo a minha imaginação, parecia bem agradável. Eles me entendem, sabem da nota que eu preciso na hora que eu preciso, eles acompanham os meus high-notes e me ajudam a afinar onde eu preciso de mais ajuda. Harry também pareceu gostar da nossa harmonia.
Quando finalizamos a música, Josh apontou para Harry e, com um sorriso gigantesco nos lábios, ele disse:

– Cara, você é o melhor empresário do mundo! – e todos concordaram com ele, eu apenas olhei para Harry e lhe mandei uma piscadela, ele pareceu radiante e muito orgulhoso.

Quando todos concordaram que nós cinco combinamos muito bem, Harry nos pediu para gravar algumas músicas que ele tinha escrito para a banda. Passamos um longo e divertido tempo ali.
Na hora do almoço nós pedimos pizza e comemos sentamos no chão formando uma roda no lado de dentro da cabine de som. Jeremy estava dedilhando suavemente um violão e nós conversávamos enquanto saboreávamos a deliciosa pizza de frango com catupiry.

– Eu já estou planejando tudo em minha cabeça – disse Harry –, vai ser maravilhoso! 
– Já estou até vendo como vai ser – riu Taylor, divertido com a animação de Harry.
– Não, é sério, vai ser incrível! Eu vou colocar vocês no topo! Vou fazer de vocês estrelas, eu prometo! – gritou Harry, super animado, ele se inclinou em minha direção e eu segurei seu rosto e o beijei ternamente, tentando acalmá-lo um pouco.
– Tente respirar, Styles – murmurou Jeremy, dedilhando suavemente no violão uma melodia que eu conhecia.
"Your hand fits in my like it's made just for me..." – cantei calmamente, Harry sorriu e apoiou o queixo na mão enquanto me olhava cantar. – "But bear this in mind it was meant to be..." 
"And I'm joining up the dots with the freckles and your cheeks..." – cantou Taylor. – "And it all makes sense to me..."
"I won't let these little things slip out of my mouth..." – cantei e Harry jogou um pedaço de pizza na boca sem desviar os olhos de mim enquanto eu cantava para ele. – "But if it's true, oh it's you, it's you they add up to, I'm in love with you and all your little things..."

Por alguns minutos a sala pareceu sumir, os rapazes pareceram sumir, só havia o Harry e eu ali, eu cantando para ele e ele mastigando pizza, mas mesmo com ele mastigando parecia tudo muito romântico, muito bonito. Eu estava cantando uma música dele para ele e ele parecia nunca ter ouvido a música antes, me olhando com aqueles lindos olhos verdes embaçados com nuvens de esperança, de amor.
Quando o violão parou de emitir melodia o encanto foi desfeito e nós voltamos à sala junto dos rapazes. Mas o sorriso de Harry ainda estava me atraindo para ele, os olhos dele ainda estavam me chamando silenciosamente.
É gostosa demais a sensação de estar se apaixonando por alguém que também está apaixonado por você.




sábado, 25 de março de 2017

"Isso torna seus lábios, tão beijáveis
E seu beijo, imperdível
Seus dedos, tão tocáveis
E seus olhos, irresistíveis..."
– Irresistible (One Direction)



A casa parecia mais silenciosa que o normal quando acordei de manhã. A sala de tv – onde eu havia dormido novamente – estava no mais perfeito silêncio, a tv estava desligada e eu estava sozinha deitada sobre as almofadas e o colchão de casal que os rapazes colocaram no chão para dividirmos.
Me espreguicei demoradamente e fiquei longos minutos de preguiça embaixo do edredom, até criar coragem para me esticar e pegar o controle, liguei a tv para colocar no noticiário da manhã e tentei assistir, mas logo perdi o interesse e me levantei.
Procurei no primeiro andar inteiro e não encontrei ninguém, então decidi visitar Diana na cozinha, ela estava lavando a louça do café da manhã e já estava preparando o almoço, apesar de Liam não comer conosco e Harry e eu estarmos comendo fora a maior parte da semana, mas hoje acho que vamos ficar em casa e prestigiar a comida de Diana, ela sorriu ao me notar e me mandou sentar e eu obedeci prontamente.

– Bom dia, Diana – cumprimentei ainda com a voz arrastada de sono, ela sorriu.
– Bom dia, querida, dormiu bem?
– Uhum, muito bem. É incrível como aquele colchão é confortável, mesmo com dois tanques de guerra roncando em cada ouvido meu – brinquei e ela riu.
– Ah, eu não sei como vocês aguentam dormir naquele colchão, no chão, no frio e no aperto daquela sala de tv, sendo que cada um têm quartos grandes, confortáveis e camas enormes. Juro que um dia ainda descubro como conseguem – ela disse risonha, assenti, mas ela não entende o quanto é confortável dormir no meio daqueles dois. É aconchegante e quente. Eu adoro.
– Eu não sei, nós adoramos conversar até tarde e assistir, então nem ao menos notamos o desconforto – dei de ombros e sorri sem jeito.
– Eu entendo. Harry está tão mais animado desde que vocês chegaram, é adorável. Ele acorda sorrindo e cantarolando, cada vez que o vejo ele está sorrindo de orelha a orelha, ele não está mais tão sozinho desde que estão aqui. Só o vejo feliz assim quando sua irmã ou a senhora Anne vem visitá-lo.
– É, ele fica trancado nessa mansão sozinho enquanto todos sentem tanto a falta dele lá em Londres, eu não o entendo. Mas é muito bom estar aqui, eu estava sentindo tanta a falta dele – murmurei pensativa, Diana tentou esconder um sorrisinho maroto e eu entendi bem a indireta, é como se ela quisesse gritar aos quatro ventos que sabia bem o quanto eu sentia falta dele, já que eu estava montada em seu colo na sala de tv, beijando-o como se o mundo fosse acabar no minuto seguinte. Senti minhas bochechas corarem de vergonha e mudei de assunto imediatamente.
– Então, Diana. Por onde andam os homens dessa casa, afinal?
– O Sr. Payne foi para a gravadora e voltará para o jantar, e o Harry foi com ele, mas acho que volta para almoçar, ele disse que não quer deixá-la sozinha por muito tempo, mas também não queria acordá-la cedo – disse Diana e eu assenti. Ela encheu uma xícara com água quente e me entregou, coloquei um saquinho de chá Twinnings dentro e esperei o chá se dissolver, colorindo a água de marrom.
– Bem, então o que posso fazer se não esperar? – murmurei e bufei, Diana riu.


Adocei meu chá e o tomei devagar enquanto me perdia em pensamentos. Conversei por mensagem com Zayn e também conversei um pouco com Diana, a ajudei a preparar o almoço e estava quase desistindo de esperar por Harry quando ouvimos a porta da frente fechar ruidosamente.

I think I'm gonna lose my mind, something deep inside me, I can't give up. I think I'm gonna lose my mind... – ouvimos Harry cantarolar docemente, a voz parecia se aproximar cada vez mais e meu coração começou a palpitar fortemente no peito, não contive um sorriso ao ouvi-lo cantar distraidamente a música Fireproof, uma das minhas preferidas da banda. – I think I'm gonna lose my mind, I roll and I roll till I'm out of luck, Yeah I roll and I roll till I'm out of luck.

Sem ao menos notar, Diana e eu estávamos sorrindo uma para outra, feito bobas, enquanto ele cantarolava a música.
Ele chegou na porta da cozinha no instante em que começou o refrão, ele caminhou até mim ainda cantando e me tomou em seus braços, me abraçando e me fazendo girar pela cozinha, numa dança desajeitada ao som de sua voz.

'Cause nobody knows you baby the way I do – ele cantou afinadamente. – And nobody loves you baby the way I do – ele juntou nossos rostos e sua testa tocou a minha enquanto ele cantava para mim, com os olhos fixos nos meus. – It's been so long, Maybe you were fireproof, 'Cause nobody saves me baby the way you do – Harry finalizou e então me beijou apaixonadamente, me fazendo derreter em seus braços. Ouvimos os aplausos alegres de Diana e nos separamos.

Harry fez uma reverência exagerada para ela e voltou a me abraçar, eu o apertei entre os meus braço e enfiei o nariz no seu pescoço, inalando seu cheiro maravilhoso.

– Bom dia, querida. Sentiu a minha falta? – ele perguntou, sua voz grossa e melodiosa em meu ouvido.
– Mais do que eu esperava, pra falar a verdade – murmurei e ele riu.
– Que ótimo, isso é um boa notícia – ele disse animado e me beijou mais uma vez.
– O que vamos fazer hoje? – perguntei quando ele me soltou para se aproximar de Diana, ele deu-lhe um beijo na bochecha e espiou dentro das panelas.
– Eu não sei, o que quer fazer? Estou livre o dia inteiro. Podemos sair depois de comer esse delicioso ensopado de carne – ele disse abrindo um gigantesco sorriso ao encontrar a panela com o ensopado muito cheiroso que Diana estava fazendo, ela riu. – Ah, não, espere. Temos que acompanhar Liam às 7 ao aeroporto – Harry virou-se para mim, como se tivesse acabado de lembrar de algo.
– Ah é? Quem está chegando? – perguntei receosa, temendo ouvir o nome da noiva de Liam.
– Cheryl, ela está vindo a negócios e pediu para ficar aqui conosco, não pude negar – ele deu de ombros, como se estivesse se desculpando, neguei com a cabeça e soltei uma suspiro resignado.
– Deus nos ajude! – resmunguei e ele riu. – Preciso arranjar o que fazer imediatamente, não posso arriscar ficar de bobeira enquanto ela também estiver aqui.
– Não se preocupe, ela virá a trabalho, não ficará vagando pela casa afim de importuná-la, meu bem – ele disse, caminhando até mim e me abraçando. – Mas se quiser, eu terei que começar a ir à gravadora regularmente. Estou promovendo uma nova banda e vou precisar ficar mais perto de todo o negócio. Você pode me acompanhar, vai ser divertido, vou apresentá-la aos caras e você ouvirá uma boa música e conhecerá pessoas legais, vai se distrair.
– Parece uma boa ideia – falei ficando na ponta dos pés –, eu topo! – concordei e lhe dei um selinho, ele sorriu e eu o beijei de novo.

Harry me levou para passear na praia em Malibu depois do almoço, nós tomamos sol, nadamos, tiramos fotos, nos divertidos a tarde inteira e no final da tarde nós voltamos para casa para nos arrumarmos para ir buscar a Cruella De Vil no aeroporto. Deus me perdoe, mas aquela mulher me lembra muito a Cruella De Vil, dos 101 Dálmatas, ela é toda magra, alta, e tem aquele olhar tenebroso de que adoraria maltratar alguns filhotinhos de cachorros.
Eu tomei um bom e relaxante banho gelado, para tirar o sal da praia, então vesti uma roupa que me fizesse sentir poderosa e gata, não estava nervosa, imagina, eu apenas queria estar apresentável diante da rainha do gelo. Cheryl sempre parece estar acima de nós, meras mortais, seus olhos gélidos me olham de cima abaixo quando me vê e isso me irrita profundamente. Desta vez, pelos menos, terei Harry ao meu lado, então acho que irei segurar a barra tranquilamente.
Bati duas vezes na porta antes de receber o convite para entrar no quarto de Harry. Ele estava em frente ao espelho de corpo inteiro e abotoava o cinto da calça jeans, estava sem camisa e eu pude ter a bela visão de seu peitoral tatuado e largo no espelho, fiquei alguns longos segundos admirando-o enquanto ele sorria para o meu reflexo atrás dele no espelho. Um lindo sorriso, cheio de dentes brancos perfeitamente alinhados e contornados por lábios finos e rosados que me dava vontade de morder e chupar a cada vez que o via sorrir.
Harry virou-se de frente para mim e abriu os braços para me receber, envolvi meus braços ao redor de seu pescoço e fiquei na ponta dos pés para beijá-lo, juntei nossos lábios lentamente em um selinho rápido e estalado, então mordisquei seu lábio docemente, sugando-o de mansinho logo em seguida, ele sorriu e seu lábio escapou de meus dentes.

– Hummm, isso é covardia – ele sussurrou, agarrando o lóbulo da minha orelha com os dentes e chupando com força, me fazendo arrepiar.
– Tenha misericórdia – murmurei revirando os olhos, fazendo-o rir.
– Preciso terminar de me vestir – ele disse, de olhos fechados e suspirando quando meus lábios chegaram ao seu pescoço cheiroso e liso.
– E que tal terminar de se despir? – perguntei inocentemente, levantando os olhos para encará-lo, ele riu e me pegou no colo, entrelacei minhas pernas em sua cintura e o apertei entre minhas coxas, enquanto suas mãos desciam até a minha bunda para me sustentar.
– Você só está propondo isso porque sabe que temos um compromisso! – ele falou entre dentes, colando sua boca na minha.
– Você não sabe de nada – brinquei, rindo quando ele mordeu meu pescoço.

Harry me colocou no chão, mas continuou com os braços ao meu redor e os lábios exigentes colados nos meus, meus dedos estavam em seus cabelos curtos, acariciando e puxando levemente os fios sedosos.
Foi quando ouvimos a porta do quarto ser aberta e, antes que pudéssemos nos desvencilhar um do outro, Liam entrou chamando Harry e parando de falar no meio da frase, chocado com a visão de nós dois.

– Harry, você... – ele olhou para nós dois, em seguida olhou para fora do quarto, como se estivesse pensando em sair e fingir que não viu nada, mas voltou a olhar para nós com uma expressão séria e nada amigável. – Que porra é essa?
– E aí, mano? Pensei que a gente iria te buscar na gravadora, chegou cedo – disse Harry tranquilamente, ainda me abraçando.
– É, cheguei – disse Liam secamente. – Vou tomar um banho, saímos em dez minutos.


Ao dizer isso, Liam saiu do quarto e bateu a porta com força, me lançando um último olhar fuzilante.




segunda-feira, 20 de março de 2017

"Não posso tomar minhas próprias decisões
Ou tomar qualquer uma com precisão
Bem, talvez você deva amarrar-me
Então eu não vou aonde você não queira que eu vá..."
– Playing God (Paramore)



Acordei de repente ouvindo vozes, Harry estava sentado ao meu lado, ainda estávamos na sala de tv, e Diana pairava em pé na nossa frente. Liam não estava em nenhum lugar à vista. Esfreguei os olhos e Harry percebeu que eu acordei, Diana continuava a falar com um ligeiro sotaque do Sul dos Estados Unidos, talvez do Tennessee ou do Alabama, não sou muito boa em identificar sotaques, principalmente Americanos.

– O Sr. Payne pediu para avisar que passará o dia no estúdio novamente, mas que deve chegar a tempo do jantar, ele parecia tão cansado, pobrezinho, tentei fazê-lo comer, mas ele não parava de falar de malditos hamburguês do Buger King, acho que ele comeu alguns e não caíram muito bem – falou Diana, Harry riu e acariciou meus cabelos, sorri para ele e ele se inclinou para me dar um beijo na bochecha.
– Bom dia, linda – ele sussurrou, Diana não pareceu notar, pois continuou a falar.
– Ah, senhor, o que será para o café hoje? Fiz um bolo de chocolate ontem à noite, mas se achar muito doce eu posso preparar um café da manhã completo no estilo britânico, faço rapidinho. Oh, bom dia, querida, dormiu bem? Perdoe-me, acho que a acordei – ela disse ao me notar de olhos abertos, sorri e neguei com a cabeça.
– Não, você não me acordou, está tudo bem. Acho que vamos adorar o bolo de chocolate, não precisa se preocupar em preparar o café – murmurei um pouco rouca, ele sorriu e balançou a cabeça veemente.
– É, só o bolo está ótimo, Diana, um pouco de café e chá Twinnings também, por favor – disse Harry, ela abriu um sorriso largo.
– Sim, senhor. Vou preparar agora mesmo, em 10 minutinhos estará tudo pronto para vocês, querem que eu traga aqui?
– Não, não precisa, nós vamos até a cozinha. Obrigado, Diana – disse Harry e Diana se retirou quase saltitando. Ela é adorável e tão cheia de energia.

Bocejei e me espreguicei, Harry abaixou um pouco o volume da tv, que transmitia o noticiário da manhã, e se deitou ao meu lado, ele abriu o braço e me puxou para perto, me aconchegando em seu peitoral. Harry enterrou o rosto em meu pescoço e respirou fundo. Os limites estão tênues desde o beijo que lhe dei ontem à noite, mas é tão gostoso me aconchegar nele.
Seus braços me apertaram um pouco mais forte, fazendo a camisa que eu usava como vestido levantar e mostrar mais as minhas coxas, Harry percebeu e sorriu marotamente.

– Bom dia, linda – ele repetiu, eu sorri.
– Bom dia, meu bem – respondi preguiçosamente.

Harry me encarou por longos minutos, não me senti nem um pouco incomodada, porque aqueles dois olhos verdes tão claros pareciam cheios de segredos que eu estava disposta a desvendar, e o sorrisinho que despontava nos cantos de seus lábios pequenos e avermelhados – de tanto ele morder – me parecia muito beijável.

– Eu sei que é muito cedo – ele sussurrou, a voz rouca e muito sexy. Como diabos eu poderia resistir a essa voz, esse sorriso e esses olhos? –, mas eu queria te falar uma coisa.
– Pode dizer, querido – murmurei no mesmo tom baixinho, era uma conversa íntima e nossa, ninguém podia nos ouvir, falávamos mais baixo que a tv.
– Ontem à noite... Quer dizer... Eu... – ele gaguejou, sorri e ergui a mão para acariciar sua bochecha, ele corou levemente e sorriu também. – Na verdade eu queria te dizer que eu sei sobre você e o Liam – ele falou e eu estanquei na hora, surpresa, meus olhos se arregalando e minha mão parando de acaricia-lo. Eu esperava ouvir tudo, menos isso.
– Como você sabe? – perguntei beirando o pânico, ele continuou sorrindo docemente, aquecendo o frio que me tomou quando ele revelou o meu segredo.
– Ontem à noite eu vi a marca do seu batom no pescoço dele, não foi muito difícil deduzir o resto, sabe – ele disse e deu de ombros, fechei os olhos e me xinguei mentalmente, mas os abri novamente quando senti seus dedos acariciando o meu pescoço. – Eu estou um pouco confuso agora. Mas gosto de como estamos e não quero que acabe.
– Eu também gosto, querido. Por que acha que vai acabar? – perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
– Ontem, quando você me beijou, eu senti como se fosse a primeira vez que você me permitia ir além das brincadeiras, entende? Eu nunca tive coragem de beijá-la ou ao menos tentar, porque tinha o Liam, o Zayn e o Cam. Mas desde que você chegou aqui e eu a beijei pela primeira vez eu não conseguia mais manter minhas mãos longe de você, e você parecia corresponder, meio acanhada, mas correspondia mesmo assim. No entanto, quando vi a marca dos seus lábios no pescoço de Liam, eu entrei em pânico, percebi na hora que era tudo coisa da minha cabeça, que você não estava inteiramente comigo, vocês voltaram e ele logo terminaria tudo com Cheryl para vocês ficarem juntos. Pensei nisso a noite inteira, fiquei completamente desanimado, mas tinha que manter as aparências. E quando você se virou e eu a beijei, você parecia mais entregue, mais disposta a me dar uma chance, quando você me devolveu o beijo eu tive certeza que eu ainda estava no páreo e eu decidi ganhar a maldita corrida mesmo que o meu cavalo fosse o mais lerdo, velho e adoentado. Só que agora, à luz do dia, com a sombra de Liam pairando sobre nós, eu não tenho mais certeza se tenho chance, Tess. Eu estou bem confuso agora, porque você me toca como se me quisesse, me olha como se eu fosse o melhor e meu coração se enche de esperanças. Me dá uma luz, Tess, por favor, estou enlouquecendo de tanto pensar – ele sussurrou, os dedos trilhando e acariciando o meu pescoço e clavícula sem parar, seus olhos admirando intensamente os meus olhos, minha boca e os lugares que seus dedos tocavam.
– Eu não posso te dizer muito, Harry. A única coisa que consigo pensar é que eu gosto de como estamos e eu tô me entregando aos poucos, não deveria, mas estou. Eu também sinto esperança em nós – murmurei acariciando seu lábio vermelho, ele sorriu e eu perdi o fôlego.
– Isso é o suficiente, linda. Só de saber que há esperança eu já me sinto muito bem. Mas e o Liam? – ele perguntou e eu não soube responder.

Na ausência das palavras eu me inclinei para mais perto dele e beijei seus lábios, senti o gosto de sua pele e gemi de felicidade. Suas mãos desceram até a minha cintura e me envolveram, puxando-me para mais perto dele, passei meus dedos pelo seu cabelo, enrolando-os em meus dedos, sentindo a maciez dos fios sedosos.
Eu me senti inebriada com o seu aroma, o cheiro de sua pele misturada com um restinho de seu perfume; me senti consumida pela sua língua voraz acariciando a minha e suas mãos curiosas apertando e me puxando para mais perto e para cima dele. Encaixei minhas pernas em cada lado de seu quadril e as mãos dele agarram minha cintura, me puxando para baixo, pressionando-me contra o seu membro duro.
Gemi contra seus lábios, em resposta ele me mordeu lenta e deliciosamente, instigando-me mais ainda.
Com uma calça de pijama de moletom e apenas a minha calcinha nos separando, eu pude senti-lo completamente e, Deus, parecia grande. Precisei de todas as minhas forças para não arrancar a camisa que usava como vestido e me entregar para ele ali mesmo, no chão da sala de tv.
Por sorte, ou não, Diana nos interrompeu com uma tosse muito falsa. Me senti tão envergonhada ao vê-la de pé na porta que eu me escondi embaixo do lençol enquanto ela falava, com as bochechas vermelhas, que o café estava pronto.
Com as bochechas coradas eu puxo a camisola para baixo e sigo Harry até a cozinha, sentamo-nos um ao lado do outro em volta da mesa com café, chá, bolo e frutas. Diana tem a delicadeza de se retirar da cozinha, nos deixando mais à vontade e me poupando de ficar mais constrangida. Vou precisar de um tempinho para me recuperar dessa vergonha de Diana.
Depois do café, Harry e eu subimos para o quarto dele, onde passamos o dia inteiro conversando e assistindo todas as temporadas de Full House, a minha série preferida no mundo inteiro, transmitida inicialmente no final da década de 80 – e vulgarmente traduzida para Três É Demais, no Brasil.
À noite, por volta das 7 horas, Liam bateu na porta do quarto e se meteu entre a gente na cama gigante de Harry. Ele parecia detonado, mas feliz.

– Nossa, estou faminto. Vamos sair pra comer? – ele perguntou, enfiando a mão por baixo do cobertor e segurando a minha mão, não contive um sorrisinho.
– Aonde pretende ir? – perguntou Harry.
– Nada muito sofisticado, vamos a algum restaurantezinho pequeno em algum lugar escondido nessa cidade, onde ninguém nos aborreça – murmurou Liam.
– Concordo, vou me trocar! – falei e pulei da cama, correndo até o meu quarto.

Tomei um banho rápido e vesti um vestido curto de mangas compridas, para o caso do clima esfriar. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo com algumas mechas soltas para modelar o rosto e passei uma sombra clara nos olhos, fiz uma linha fina com delineador, aumentei os cílios com rímel e passei um gloss labial rosa. Peguei uma bolsa pequena para guardar a maquiagem e a carteira, calcei meu par favorito de botas e saí para encontrar os rapazes na sala, já arrumados com shorts, tênis e camisetas leves, que previsíveis.

– Então, rapazes, o que acham de visitarmos o Café Brasil? Ouvi dizer que é um ótimo restaurante brasileiro e eu estou morrendo de vontade de beber um Guaraná Antárctica  – pedi já sentindo o gostinho delicioso do refrigerante brasileiro, os rapazes riram.
– Ótima ideia, faz tempo que não como comida brasileira – concordou Harry.
– E fica aqui peto, logo ali em Venice. Boa ideia, Scar – disse Liam e se aproximou para me dar um beijo na testa, os olhos de Harry faiscaram ao ver e eu me afastei sutilmente de Liam, totalmente envergonhada e sem saber o que fazer, então apenas sorri e apressei os dois.

Harry estacionou o Range Rover em frente ao restaurante de cores vibrantes e aparência acolhedora na Venice Boulevard. Decidimos nos acomodar do lado de fora em uma das mesas de quatro lugares de vime com pedras de mármore, as cadeiras também eram de vime com almofadas fofas nos assentos, nos acomodamos e logo uma garçonete simpática vestindo verde e amarelo apareceu para nos cumprimentar.

– Boa noite, pessoal, sejam bem-vindos ao Café Brasil, onde há a verdadeira refeição caseira ao seu dispôr – disse a garçonete e todos rimos, inclusive ela. – Aqui estão os cardápios e, se me permitem, eu recomendo a feijoada brasileira, é o prato que mais sai e os clientes adoram.
– Sim, por favor – murmurei contente, os rapazes me olharam e riram.
– Eu acho que respondo por nós três quando digo que queremos feijoada regada a muito Guaraná Antárctica, por favor – disse Harry e Liam e eu assentimos, a garçonete sorriu radiante. – E de entrada, enquanto esperamos, pode nos trazer pães de queijo, por favor.
– Sim, senhor. Só um minuto – disse a garçonete e foi buscar nossos refrigerantes e pães de queijo.

Os rapazes olhavam os cardápios animados e eu já sabia o que pedir para nos animar, quando a garçonete voltou trazendo dois cestos tamanho médio com cerca de cinco pães de queijo grandes e suculentos dentro e três latinhas de guaraná antárctica, eu a pedi para nos trazer três caipirinhas e os rapazes comemoraram.

– Um brinde ao Brasil, precisamos voltar lá o quanto antes – disse Liam erguendo sua latinha de refrigerante. Harry e eu brindamos com ele e saboreamos os deliciosos pães de queijo, que tinham um sabor melhor do que eu me lembrava.

Mais tarde, quando voltamos para casa e eu já estava dentro do meu pijama, os rapazes e eu nos reunimos novamente na sala de tv e continuamos assistindo a Full House, já estávamos no finalzinho da segunda temporada e ainda falta mais seis temporadas para terminarmos.





quarta-feira, 15 de março de 2017

"Venha e chore um rio por mim
Oh, chore um rio por mim
Eu chorei um rio por você..."
– Cry Me A River (Michael Bublé)



Os assessores de Harry enviaram uma grande e luxuosa limousine para nos levar ao local da pré-estreia. Eu me sentia uma princesa no vestido Elie Saab que estava usando, era rodado e cor de vinho e eu ficava muito bem perto dos dois rapazes de smoking.
Durante o percurso até o local da pré-estreia, chegamos ao assunto da pré-estreia em outros países. Harry disse que deixou claro para todos que só frequentaria a pré-estreia de Los Angeles e a estreia em Londres, daqui a dois meses, então ele não viajará de país em país para divulgar o filme, isso ficará à encargo dos outros atores. O que significa que só usarei um vestido bonito hoje à noite e, possivelmente, na estreia em Londres, por isso tenho que aproveitar!

– É cansativo demais viajar de um lado ao outro do mundo só para andar no tapete vermelho, posar para fotógrafos e dar entrevistas. É quase como se fosse uma turnê da banda, só que sem toda a diversão. Então eu deixei logo claro que colocassem o Tom Hardy para ir às pré-estreias em outros países enquanto eu cobria a de Los Angeles e a estreia em Londres. E eles concordaram, sabem que eu preciso descansar um pouco antes de toda a loucura da banda e do filme voltarem – ele deu de ombros e Liam assentiu, concordando com ele.
– É realmente muito trabalho por quase nada, já que você só comparece à pré-estreia para entrevistas e fotos, porque o filme você não vai assistir mil vezes seguidas – concordou Liam, eu assenti e alisei a organza do meu vestido distraidamente.
– Está tão quietinha, o que está havendo, baby? – perguntou Harry.
– Ah, nada. Eu só estou me lembrando das suas cenas no trailer do filme, acho bom pararmos pra comprar lencinhos em alguma drogaria, porque eu vou chorar rios – murmurei, na verdade estava meio apreensiva com todo o lance de fotos e entrevistas com Harry, mas também estava com medo de me debulhar em lágrimas durante a transmissão do filme. Harry sorriu carinhosamente e me deu um beijo na testa, me puxando para mais perto dele e me abraçando.
– Não se preocupe, linda. Tenho um lencinho comigo, eu sempre tenho um à mão – ele disse todo cavalheiresco, o que me fez rir.
– E você acha que um lencinho de algodão será suficiente para secar todas as lágrimas que irei derramar durante a sua cena de afogamento? Ah Harry, querido, está subestimando os 80% de água que há em meu corpo! – falei sarcástica, os rapazes riram e o motorista se virou para nos avisar que chegamos, respirei fundo e alisei o vestido novamente.
– Hora do show, pessoal – disse Liam e então saiu do carro.

Harry saiu logo em seguida e ficou parado na porta, com a mão erguida para me ajudar a sair da limousine, segurei firme em sua mão e coloquei um pé para fora seguido do outro, me concentrando totalmente em não tropeçar e passar vergonha na frente de todas as câmeras que disparavam sem parar.

– Respire, querida, apenas respire. Você está maravilhosa – sussurrou Harry em minha orelha quando posamos para o primeiro fotografo, sorri e me encostei mais um pouco nele, sentindo o seu braço ao meu redor me dando apoio. – Sorria, vamos lá, você pode fazer melhor que isso – ele brincou e cutucou minhas costelas me fazendo cócegas, me curvei para frente rindo e ele se curvou junto comigo, rindo também.
– Você é um grande idiota – murmurei tentando mover os lábios minimamente e sorrindo.
– Harry, Harry! GQ Magazine – gritou uma jornalista no meio de muitos outros que chamavam por Harry, tentando conseguir algumas respostas, nos aproximamos deles e Harry respondeu a alguns deles, sempre com um lindo sorriso nos lábios.
– Vocês estão juntos? – perguntou um.
– Harry, não o incomoda o fato de Tess já ter namorado Liam, o seu amigo e colega de banda que está prestigiando-o aqui hoje? Vocês ficaram um bom tempo juntos, não é Tess? – engasguei com essa pergunta de outra mulher, um loira muito séria, mas continuei sorrindo.
– E quanto ao Zayn? Vocês já se envolveram romanticamente, Tess? O que acha disso, Harry? – gritou um rapaz.
– Vou ir direto ao ponto – disse Harry. – Tess e eu estamos juntos sim. O fato de ela e Liam terem namorado por alguns anos não me incomoda nem um pouco, até porque Liam irá se casar em breve e nós somos todos grandes amigos – ouch! Essa doeu em mim, precisava lembrar que ela vai se casar com a Cheryl? – Mais alguma pergunta? – perguntou Harry, todas as mãos se ergueram. – Em relação ao filme? – todas as mãos se abaixaram. – Então tudo bem, foi um prazer falar com vocês esta noite, até mais! – despediu-se Harry e me puxou para entrarmos no salão em que será transmitido o filme.

O salão era enorme e mesas elegantes estavam dispostas por ele, todas viradas para um grande telão digno de cinema na maior parede do salão. Harry e eu nos juntamos a Liam em uma mesa de três lugares, mas antes cumprimentamos algumas pessoas pelo caminho, inclusive os diretores do filme, Christopher Nolan e Leslie Norman, e um dos atores, Mark Rylance, que se esvaiu em elogios ao Harry enquanto conversávamos brevemente.
Harry e eu nos sentamos com Liam e fomos ineditamente servidos de champanhe e whisky, Harry pediu ao garçom para trazer margaritas para mim e ele assentiu, ele era uma rapaz jovem, bonito, loiro, de olhos castanhos e maxilar quadrado, bem lindo mesmo, e o sorriso dele era adorável. Percebi o sorriso porque toda vez que ele me trazia outra margarita ele sorria daquela forma encantadora. E toda vez que ele se retirava eu via Harry e Liam fazerem caras feias.
Quando o filme começou a rodar no telão, bebidas continuaram rolando junto com petiscos e canapés refinados, deixei de prestar atenção no garçom bonitinho para focar no filme e a cada minuto eu cutucava Harry, querendo saber que horas ele iria aparecer, ele ria e garantia que logo.
Quando Harry apareceu pela primeira vez eu contive um gritinho e me virei animada para olhá-lo ele riu e me deu um selinho rápido, para manter as aparências, suponho, mas seus lábios tinham um delicioso gosto adocicado do champanhe misturado com o gosto forte do whisky, eu não me contive e segurei seu rosto para beijá-lo mais uma vez, sua mão agarrou minha nuca e ele prolongou o beijo. Por um minuto eu só senti o gosto de seus lábios, os sons ao redor sumiram. Liam sumiu.
Então eu caí em mim e nos separei, olhei para os olhos claros de Harry e o vi sorrir. Desviei o olhar para o rapaz ao lado dele e meu coração pesou, Liam estava mortalmente sério, fingindo prestar atenção no filme, mas eu notei o seu maxilar cerrado e as sobrancelhas se unindo acima dos olhos, deixando transparecer que ele está bravo.
Depois desse pequeno impulso, eu decidi me manter focada no filme para me distrair dos lábios de Harry, que estavam adoravelmente rosados por causa das mordidas constantes que ele dava nos próprios lábios.
Não precisei me esforçar muito, o filme era muito envolvente e emocionante e nos primeiros 20 minutos do filme Harry já tirava o lenço do bolso interno do paletó e me entregara para eu secar as lágrimas que escapavam do meu rosto, sempre com um sorrisinho carinhoso e um beijo em minha testa.
Eu aguentei firme até a parte em que o soldado que o Harry representa, Alex, tenta subir à bordo de um dos barcos que irá resgatá-lo, mas outro soldado o empurra, pois a capacidade do barco já está ultrapassada e afundaria com mais peso, então ele começa a afundar na água e a se afogar e eu começo a me desesperar, as lágrimas escorrendo pelo o meu rosto ao ver o sofrimento de Harry na imensa tela, na minha cabeça eu sei que não é ele, e sim o personagem, mas no meu coração as imagens são reais e dolorosas demais para aguentar, então eu me viro e escondo o rosto no peitoral de Harry que me abraça mais forte e eu o sinto rir.

– Tudo bem, querida, é só um filme, não é de verdade – ele sussurrou em meu ouvido, sua voz rouca dançando pelos meus tímpanos e aquecendo o meu coração.
– Eu sei, mas é demais pra eu ver, não aguento – murmurei em resposta, ele riu e me apertou mais entre seus braços.
– Tudo bem, então não vai querer ver as próximas partes – ele diz e eu concordo, porque sei que são partes em que ele sofre e eu definitivamente não consigo olhar para a tela novamente até que os créditos finais do filme começam a rolar.

Quando as luzes do salão se acendem e os aplausos reverberam por todo o local, eu me sinto um pouco culpada por não ver o final do filme, mas prometo a mim mesma que o verei quando lançar e eu puder ter uma cópia para assistir sozinha, então poderei chorar livremente e abraçar o meu travesseiro e então ligar para Harry e garantir que ele está bem. Talvez eu até mesmo assista com ele, aí não precisarei ligar, pois saberei que ele está bem. A ideia me faz rir.
Novas rodadas de champanhe são servidas, e margaritas para mim. Eu vou ao banheiro retocar a maquiagem e quando volto Harry e Liam já estão parabenizando e se despedindo de alguns conhecidos, como atores e os próprios diretores do filme.
Passa de 11 da noite quando voltamos para dentro da limousine, eu estou emocionalmente acabada, por causa de todo o choro, e fisicamente faminta, os rapazes também, então concordamos em passar em um Burger King no caminho de casa.
Infelizmente a limousine não passa no drive-through, então temos que sair do carro e entrar na lanchonete quase vazia para comprarmos os nossos hamburguês com batata-frita para viajem.
Os rapazes tiraram fotos com duas pessoas que estavam lanchando e com dois atendentes que sorriram de orelha a orelha ao reconhecê-los. Eu bati as fotos e sorri educadamente, tentando ignorar o ronco cada vez mais alto que vinha do meu estômago.

– Bem, isso parece gostoso – murmurou Harry quando eu abri o meu lanche, ainda estávamos na limousine e já estávamos desembrulhando a comida que serviria tranquilamente um batalhão do exército, mas que comeríamos esta noite e, possivelmente, amanhã de manhã.
– Pedi com queijo e bacon extra, está muito bom – murmurei depois de dar uma mordida, eu ofereci a ele e ele riu e deu uma mordida.
– Nossa, eu estava morrendo de fome – resmungou Liam de boca cheia, Harry e eu concordamos com ele. – Por que eles nunca servem comidas de verdade nesses eventos?
– Por que canapés e azeitonas temperadas saem mais barato que um chefe profissional gritando com os garçons – murmurou Harry, nós três acenamos com a cabeça, concordando pensativamente.
– Deus, isso está muito bom! – sussurrei olhando para o meu hambúrguer com reverência.

Nem bem acabamos de comer a primeira rodada e o motorista avisou que havíamos chegado, os rapazes juntaram todos os sacos de comida e eu consegui tirar uma caixinha de hambúrguer e outra de batata frita do meio e dei ao motorista antes de sair da limousine, ele sorriu agradecido e nos desejou boa-noite.
Nos acomodamos na sala de tv da mansão de Harry e fizemos uma maratona de Full House enquanto devorávamos todo o lanche gorduroso e delicioso do Burger King. Quando finalmente estávamos satisfeitos eu juntei toda a bagunça e levei para a cozinha, enquanto os rapazes forravam o chão da sala de almofadas para terminarmos de assistir a 1ª temporada.
Adormeci no meio dos dois, enquanto caía lentamente num sono tranquilo ainda pude ouvir a voz do Tio Jesse contando a história de como conhecera uma garota, mas Joe a roubara dele.




sexta-feira, 10 de março de 2017

"Bem, vou tentar, sim, apenas um pouco mais
Para eu não perder ele para mais ninguém
Hey! Esperei por tanto tempo por alguém tão suave
Não vou perder minha chance, não, não quero perder
Se isto for um sonho não quero que ninguém me acorde..."
– Try (Janis Joplin)




Depois de uma longa e divertida noite assistindo a filmes do Adam Sandler e comendo rolinhos primavera e yakisoba com Liam e Harry, e conversando com o Zayn por telefone até adormecer, fui obrigada a acordar às 8 da manhã para sair com Harry afim de encontrar roupa para a pré-estreia de hoje à noite de seu filme.
Não reclamei por acordar cedo, afinal estava ansiosa pra sair com Harry e me preparar para hoje à noite, me arrumei toda animada e desci para tomar café com Harry e Liam.
Cumprimentei os dois e fui apresentada à cozinheira de Harry, Diana, uma mulher de meia idade de cabelos negros e pele morena, olhos castanhos enormes e cílios maiores ainda, ela aparenta estar por volta dos 30 anos e é linda. Me sentei à mesa entre os dois e logo fui servida, por Diana, de chá de hortelã e biscoitos caseiros com gotas de chocolate, estava me sentindo no céu.


– Então, vai fazer o que hoje, Liam? – perguntou Harry, levantei os olhos para Liam e ele abaixou a xícara de café.

– Vou até a gravadora, é provável que eu passe o dia inteiro lá, mas eu chego a tempo de me arrumar para ir com vocês à estreia – explicou Liam.

– Então podemos esperá-lo? – perguntou Harry, Liam assentiu. – Ótimo, nós vamos sair – Harry segurou minha mão e deu tapinhas carinhosos nela, em resposta eu mordi outro biscoito – e encontrar algo bonito para exaltar a beleza dessa garota.

– Boa ideia, estou louca para usar aqueles vestidos longos e maravilhosos que as atrizes usam em estreias – suspirei sonhadora e os rapazes riram.

– E vai. Vamos encontrar algo à sua cara – garantiu Harry, eu ri e comi outro biscoito.



Deixamos Liam comendo e enviando e-mails na companhia de Diana e fomos até a garagem escolher entre o belíssimo Range Rover Evoque branco ou a Ferrari vermelha lacradora de Harry, depois de muito insistir eu consegui convencê-lo a usarmos a Ferrari.

É inacreditável que ele tenha um Range Rover e uma Ferrari na casa de LA, e tenha um Bugatti Chiron e outro Range Rover na casa de Nova York, e um Audi R8 V10 Spyder, uma Mercedes Benz SLR-MCLaren e mais um Range Rover na casa oficial dele em Londres, esse cara tem mais carros do que eu tenho sapatos!

Quando o questionei sobre a quantidade de Range Rovers em sua posse, Harry apenas deu de ombros e disse que são carros seguros e passam facilmente pela multidão sem chamar atenção, e que são ótimos para dias em que ele quer se manter anônimo.

Coitadinho.

Somente no mundo dos multimilionários um Range Rover do ano passa despercebido. A nova geração é tão foda, mas tão foda, que vejo pessoas virando pescoços quase 360º quando passa um na rua, eu sou uma dessas pessoas.

Mas tudo bem, no mundo dos ricos um Range Rover passa despercebido pelas ruas cheias de carros caros e até mesmo raros, mas no meu mundo, um Range Rover do ano é um artigo de luxo a ser admirado, mesmo que de longe.

Se eu faço um estardalhaço danado só de ver um Range Rover, então imagine a nuvem em que eu repousei ao dar de cara – e entrar dentro – da Ferrari 612 GTO super-híper-fodástica de Harry, eu quase tive uma síncope. Juro.

Fiquei ofegante, meu coração batia tão rápido que achei que fosse saltar pela minha boca, eu apertei tanto a mão de Harry que – ele me mostrou depois – os dedos ficaram com marcas roxas. Tentei pedir civilizadamente a ele – mentira, implorei de joelhos desesperadamente – para deitar-me sobre o capô para algumas fotos, mas ele recusou veemente, alegando que eu só poderia deitar em cima de algum carro caríssimo dele se estivesse usando uma lingerie super sexy e ele usando nada, onde poderíamos transar loucamente e depois ele fumaria um cigarro enquanto eu me aninharia em seu peitoral musculoso e tatuado, tentei alegar que ele nem se quer fumava, mas ele me cortou e disse que seria um cigarro imaginário.

Depois de todo o drama – a paixão louca que senti pela Ferrari e a vontade súbita de aceitar transar com o Harry em cima dela –, nós finalmente nos acomodados no carro e colocamos os cintos de seguranças, Harry virou a chave e o motor roncou, arrepiando todos os pelos dos meus braços e me excitando completamente. Foi inevitável conter gritinhos de alegria e alguns pulinhos também. Eu parecia uma garotinha dando a primeira volta na roda-gigante com o primeiro namoradinho, estava eufórica e super, super excitada.



– Eu nunca a vi tão feliz – Harry riu e acelerou em direção à saída do condomínio.

– Eu sei, mas você também nunca me levou para dar uma volta de Ferrari – comentei divertida, a voz saindo fina de tanta animação a medida que acelerávamos na autoestrada. – Com os Range Rovers eu já me acostumei, afinal são os que vocês mais usam, inclusive o Zayn, mas fala sério, eu só ouvia boatos de Ferraris e Mercedes e Bugattis. Esse carro, devo chamá-lo assim? – perguntei retoricamente, Harry começou a responder mas eu o interrompi – Não! Essa máquina potente e absolutamente maravilhosa não chega nem aos pés de um dos Ranger Rovers, limousines e Astras que eu já vi na vida. Você vai me deixar dirigi-la? Sim, por favor, por favor, Harry. Deixei-me dirigi-la, por favor – quiquei no banco implorando e choramingando enquanto Harry gargalhava de tanto rir.

– Meu bem, você não vai tocar nessa máquina, sinto muito, mas ela é muito potente para as suas lindas e delicadas mãozinhas – ele disse e segurou a minha mão e a beijou enquanto os olhos ficavam na estrada e a outra mão no volante.

– Não! – choraminguei como uma criança, ele riu e desviou o olhar rapidamente para mim.

– Nem adianta, sou imune ao seu charminho. Se contente em ficar aí no banco do passageiro, ou seminua no capô, você escolhe – ele piscou rapidamente para mim e voltou a olhar a estrada.

– Nossa, você chega a soar bem machista quando fala assim – resmunguei e cruzei os braços, definitivamente parecia uma criança agora.

– Não é a minha intenção, estou apenas brincando, você sabe o que eu acho de pessoas machistas e não estou nem perto de ser assim – ele rebateu, ainda com um lindo sorriso brincalhão nos lábios.

– Eu sei, não falo sério. Eu sei que está brincando. Agora cale a boca e dirija, se me permite vou ligar o rádio e fingir que você é o meu chofer particular – falei fingindo falsa arrogância, Harry riu e assentiu.



Eu liguei o rádio e estiquei as minhas pernas sobre as coxas dele. Harry trocou a marchar e repousou a mão em minha canela, acariciando ternamente ao som de Closer, do The Chainsmokers e Halsey. Ele entendeu a referência, apesar de não estarmos em seu Range Rover.



“So baby pull me closer in the backseat of your Rover...” – cantarolamos juntos ao som do rádio.

– Hummm – ele gemeu e eu ri. – Me lembre de contratar um motorista para eu poder te agarrar no banco de trás do meu Rover – ele capturou uma das minhas mãos e novamente a beijou, mantendo os olhos sempre na rua.



Ri e apertei o salto da minha bota em sua coxa, como uma reprimenda, mas também uma carícia.

Estou acostumada com os flertes gratuitos de Harry, desde que nos conhecemos que flertamos descaradamente, mas sempre foi tudo uma brincadeira pouco inocente, nunca passamos de promessas pois sempre houve Liam e Zayn e, claro, Cam. Mas agora Harry acha que não há nenhum deles no caminho, apesar de haver, sim.

Sinto que apesar de toda a brincadeira e as promessas explícitas, os toques dele estão ficando mais frequentes, não é ruim, gosto do toque dele, mas não vai acontecer nada mais, não agora que eu tenho Liam de volta, ele pode não saber, mas eu sou inteiramente do Liam.

Harry estacionou o carro em uma vaga vazia em frente a uma loja da Carolina Herrera, estávamos em uma rua cheia de lojas de roupas e calçados de grife, tudo era muito caro, com toda certeza, se não me engano essa deve ser a famosa Rodeo Drive, a avenida cheia de lojas de grife. Decidi então que faria Harry comprar o vestido mais barato que encontrássemos, claro que também teria que ser bonito, eu não queria fazê-lo passar vergonha na primeira pré-estreia de seu primeiro filme, mas também não queria fazer um buraco em sua conta bancária.

Ao sairmos do carro e caminharmos de mãos dadas para dentro da loja, senti muitos olhos sobre nós, olhos e câmeras também. É óbvio que têm muitos turistas nesta parte da cidade apenas esperando para encontrar pessoas famosas, e Harry simplesmente se entregou de bandeja ao vir até aqui e ainda desfilar pela rua segurando a minha mão. Tenho certeza que foi de propósito, já que concordamos que iremos fingir ser um casal.

Fomos atendidos por mulheres altas e esguias impecavelmente arrumadas, que direcionavam sorrisos gigantescos para Harry. Muitas vezes tive que abraçá-lo, segurar sua mão, apoiar-me nele para deixar claro para elas que ele não estava ali sozinho, Harry achou tudo muito engraçado, pensando na possibilidade de eu estar com ciúmes, quando na verdade eu só queria deixar claro que não iria sair dessa história como corna, sendo namorada dele de verdade ou não.

Tivemos muito trabalho para encontrar alguma coisa, visitamos muitas lojas, fizemos uma pausa para o almoço em um restaurante lotado que precisava de reservas, mas graças ao Harry conseguimos uma mesa mais rápido do que conseguimos dizer a palavra “otorrinolaringologista”, e voltamos à busca pelo vestido perfeito logo depois de comermos.

No fim da tarde, faltando apenas 3 horas para a festa, achamos um perfeito Elie Saab com corpete de veludo que me caiu muito bem. Harry insistiu que era aquele, apesar de eu reclamar por ser muito caro, depois de muita briga e risadas arranjamos saltos e uma bolsinha que combinavam e garanto que saiu mais caro do que o apartamento que os meus pais pagavam para mim antes de eu me mudar para a casa de Cam.

Chegando em casa, cada um seguiu para seu quarto para se arrumar, antes de entrar no meu eu passei no quarto de Liam, mas ele ainda não havia chegado, então entrei no meu, tomei um banho demorado, me perfumei dos pés à cabeça, usei o secador para modelar o cabelo, me maquiei e, enfim, me vesti. Fiquei absolutamente maravilhosa, uma gata, gostosa pra caralho. O que um vestido caro e algumas horas sendo paparicada não faz com a autoestima de uma mulher, em!

Quando estava me olhando pela última vez no espelho ouvi batidas na porta, virei-me e vi Liam entrar de fininho no meu quarto, ele sorria marotamente e trazia uma caixinha preta pequena nas mãos.



– Oi, meu amor. Uau! – ele estancou ao me ver, seu queixo caído e seus olhos percorreram todo o meu corpo, não contive um sorriso e dei uma voltinha para ele ver melhor, quando meus olhos voltaram a vê-lo ele já estava a um passo de distância de mim e me abraçou, colando o corpo, muito bem vestido por um smoking feito sob medida para ele, ao meu. – Você está de tirar o fôlego, sinto uma tremenda inveja de Harry, que irá tê-la como companhia a noite inteira.

– Não precisa sentir inveja, baby, quando voltarmos eu o encontro no seu quarto e então você poderá tirar este vestido caríssimo – murmurei docemente e depositei um beijo casto em seu pescoço, deixando uma marca vermelha dos meus lábios, ele suspirou e sorriu.

– Me parece uma ótima ideia, querida – ele segurou meu queixo e me beijou docemente, em seguida se afastou o suficiente para colocar a caixinha preta de veludo entre nós. – Mas antes, quero te dar uma coisa para usar hoje à noite.

– Hummm, por favor seja um anel de brilhantes, por favor seja um anel de brilhantes – brinquei em tom de sarcasmo, ele riu e balançou a cabeça.

– Ainda não, mas quem sabe um dia – ele disse, bastante sério, o que me fez parar de sorrir e engolir em seco. Não é uma má ideia, quem sabe um dia, mas por enquanto não consigo se quer pensar em me juntar a alguém, principalmente casar. E ainda tem o fato de que ele deu um anel à outra mulher e ainda está comprometido com ela.

– Quem sabe – murmurei quando o silêncio se estendeu entre nós.

– Mas, por enquanto, quero ver você com isto – ele abriu a caixinha e sorriu, vi um colar bastante conhecido repousado sobre a almofada de algodão, olhei para o pescoço de Liam e lá estava a corrente com a segunda parte do pingente de quebra-cabeça.

– Você o guardou – suspirei comovida e ele assentiu. – Eu não acredito. Nossos colares! – rapidamente juntei o cabelo e tirei o colar que estava usando, virei-me de costas para Liam e o deixei colocar em meu pescoço a corrente de prata que ele me dera alguns anos antes, quando começamos a namorar. – É tão lindo quanto eu me lembrava – murmurei segurando o pingente, Liam terminou de prendê-lo e deslizou a mão pelos meus ombros, descendo até a minha cintura e puxando-me de encontro a ele, prendi a respiração ao senti-lo grudado a mim.

– É sim. Nós somos. Juntos somos perfeitos – ele sussurrou em meu ouvido.




Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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