segunda-feira, 20 de março de 2017

"Não posso tomar minhas próprias decisões
Ou tomar qualquer uma com precisão
Bem, talvez você deva amarrar-me
Então eu não vou aonde você não queira que eu vá..."
– Playing God (Paramore)



Acordei de repente ouvindo vozes, Harry estava sentado ao meu lado, ainda estávamos na sala de tv, e Diana pairava em pé na nossa frente. Liam não estava em nenhum lugar à vista. Esfreguei os olhos e Harry percebeu que eu acordei, Diana continuava a falar com um ligeiro sotaque do Sul dos Estados Unidos, talvez do Tennessee ou do Alabama, não sou muito boa em identificar sotaques, principalmente Americanos.

– O Sr. Payne pediu para avisar que passará o dia no estúdio novamente, mas que deve chegar a tempo do jantar, ele parecia tão cansado, pobrezinho, tentei fazê-lo comer, mas ele não parava de falar de malditos hamburguês do Buger King, acho que ele comeu alguns e não caíram muito bem – falou Diana, Harry riu e acariciou meus cabelos, sorri para ele e ele se inclinou para me dar um beijo na bochecha.
– Bom dia, linda – ele sussurrou, Diana não pareceu notar, pois continuou a falar.
– Ah, senhor, o que será para o café hoje? Fiz um bolo de chocolate ontem à noite, mas se achar muito doce eu posso preparar um café da manhã completo no estilo britânico, faço rapidinho. Oh, bom dia, querida, dormiu bem? Perdoe-me, acho que a acordei – ela disse ao me notar de olhos abertos, sorri e neguei com a cabeça.
– Não, você não me acordou, está tudo bem. Acho que vamos adorar o bolo de chocolate, não precisa se preocupar em preparar o café – murmurei um pouco rouca, ele sorriu e balançou a cabeça veemente.
– É, só o bolo está ótimo, Diana, um pouco de café e chá Twinnings também, por favor – disse Harry, ela abriu um sorriso largo.
– Sim, senhor. Vou preparar agora mesmo, em 10 minutinhos estará tudo pronto para vocês, querem que eu traga aqui?
– Não, não precisa, nós vamos até a cozinha. Obrigado, Diana – disse Harry e Diana se retirou quase saltitando. Ela é adorável e tão cheia de energia.

Bocejei e me espreguicei, Harry abaixou um pouco o volume da tv, que transmitia o noticiário da manhã, e se deitou ao meu lado, ele abriu o braço e me puxou para perto, me aconchegando em seu peitoral. Harry enterrou o rosto em meu pescoço e respirou fundo. Os limites estão tênues desde o beijo que lhe dei ontem à noite, mas é tão gostoso me aconchegar nele.
Seus braços me apertaram um pouco mais forte, fazendo a camisa que eu usava como vestido levantar e mostrar mais as minhas coxas, Harry percebeu e sorriu marotamente.

– Bom dia, linda – ele repetiu, eu sorri.
– Bom dia, meu bem – respondi preguiçosamente.

Harry me encarou por longos minutos, não me senti nem um pouco incomodada, porque aqueles dois olhos verdes tão claros pareciam cheios de segredos que eu estava disposta a desvendar, e o sorrisinho que despontava nos cantos de seus lábios pequenos e avermelhados – de tanto ele morder – me parecia muito beijável.

– Eu sei que é muito cedo – ele sussurrou, a voz rouca e muito sexy. Como diabos eu poderia resistir a essa voz, esse sorriso e esses olhos? –, mas eu queria te falar uma coisa.
– Pode dizer, querido – murmurei no mesmo tom baixinho, era uma conversa íntima e nossa, ninguém podia nos ouvir, falávamos mais baixo que a tv.
– Ontem à noite... Quer dizer... Eu... – ele gaguejou, sorri e ergui a mão para acariciar sua bochecha, ele corou levemente e sorriu também. – Na verdade eu queria te dizer que eu sei sobre você e o Liam – ele falou e eu estanquei na hora, surpresa, meus olhos se arregalando e minha mão parando de acaricia-lo. Eu esperava ouvir tudo, menos isso.
– Como você sabe? – perguntei beirando o pânico, ele continuou sorrindo docemente, aquecendo o frio que me tomou quando ele revelou o meu segredo.
– Ontem à noite eu vi a marca do seu batom no pescoço dele, não foi muito difícil deduzir o resto, sabe – ele disse e deu de ombros, fechei os olhos e me xinguei mentalmente, mas os abri novamente quando senti seus dedos acariciando o meu pescoço. – Eu estou um pouco confuso agora. Mas gosto de como estamos e não quero que acabe.
– Eu também gosto, querido. Por que acha que vai acabar? – perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
– Ontem, quando você me beijou, eu senti como se fosse a primeira vez que você me permitia ir além das brincadeiras, entende? Eu nunca tive coragem de beijá-la ou ao menos tentar, porque tinha o Liam, o Zayn e o Cam. Mas desde que você chegou aqui e eu a beijei pela primeira vez eu não conseguia mais manter minhas mãos longe de você, e você parecia corresponder, meio acanhada, mas correspondia mesmo assim. No entanto, quando vi a marca dos seus lábios no pescoço de Liam, eu entrei em pânico, percebi na hora que era tudo coisa da minha cabeça, que você não estava inteiramente comigo, vocês voltaram e ele logo terminaria tudo com Cheryl para vocês ficarem juntos. Pensei nisso a noite inteira, fiquei completamente desanimado, mas tinha que manter as aparências. E quando você se virou e eu a beijei, você parecia mais entregue, mais disposta a me dar uma chance, quando você me devolveu o beijo eu tive certeza que eu ainda estava no páreo e eu decidi ganhar a maldita corrida mesmo que o meu cavalo fosse o mais lerdo, velho e adoentado. Só que agora, à luz do dia, com a sombra de Liam pairando sobre nós, eu não tenho mais certeza se tenho chance, Tess. Eu estou bem confuso agora, porque você me toca como se me quisesse, me olha como se eu fosse o melhor e meu coração se enche de esperanças. Me dá uma luz, Tess, por favor, estou enlouquecendo de tanto pensar – ele sussurrou, os dedos trilhando e acariciando o meu pescoço e clavícula sem parar, seus olhos admirando intensamente os meus olhos, minha boca e os lugares que seus dedos tocavam.
– Eu não posso te dizer muito, Harry. A única coisa que consigo pensar é que eu gosto de como estamos e eu tô me entregando aos poucos, não deveria, mas estou. Eu também sinto esperança em nós – murmurei acariciando seu lábio vermelho, ele sorriu e eu perdi o fôlego.
– Isso é o suficiente, linda. Só de saber que há esperança eu já me sinto muito bem. Mas e o Liam? – ele perguntou e eu não soube responder.

Na ausência das palavras eu me inclinei para mais perto dele e beijei seus lábios, senti o gosto de sua pele e gemi de felicidade. Suas mãos desceram até a minha cintura e me envolveram, puxando-me para mais perto dele, passei meus dedos pelo seu cabelo, enrolando-os em meus dedos, sentindo a maciez dos fios sedosos.
Eu me senti inebriada com o seu aroma, o cheiro de sua pele misturada com um restinho de seu perfume; me senti consumida pela sua língua voraz acariciando a minha e suas mãos curiosas apertando e me puxando para mais perto e para cima dele. Encaixei minhas pernas em cada lado de seu quadril e as mãos dele agarram minha cintura, me puxando para baixo, pressionando-me contra o seu membro duro.
Gemi contra seus lábios, em resposta ele me mordeu lenta e deliciosamente, instigando-me mais ainda.
Com uma calça de pijama de moletom e apenas a minha calcinha nos separando, eu pude senti-lo completamente e, Deus, parecia grande. Precisei de todas as minhas forças para não arrancar a camisa que usava como vestido e me entregar para ele ali mesmo, no chão da sala de tv.
Por sorte, ou não, Diana nos interrompeu com uma tosse muito falsa. Me senti tão envergonhada ao vê-la de pé na porta que eu me escondi embaixo do lençol enquanto ela falava, com as bochechas vermelhas, que o café estava pronto.
Com as bochechas coradas eu puxo a camisola para baixo e sigo Harry até a cozinha, sentamo-nos um ao lado do outro em volta da mesa com café, chá, bolo e frutas. Diana tem a delicadeza de se retirar da cozinha, nos deixando mais à vontade e me poupando de ficar mais constrangida. Vou precisar de um tempinho para me recuperar dessa vergonha de Diana.
Depois do café, Harry e eu subimos para o quarto dele, onde passamos o dia inteiro conversando e assistindo todas as temporadas de Full House, a minha série preferida no mundo inteiro, transmitida inicialmente no final da década de 80 – e vulgarmente traduzida para Três É Demais, no Brasil.
À noite, por volta das 7 horas, Liam bateu na porta do quarto e se meteu entre a gente na cama gigante de Harry. Ele parecia detonado, mas feliz.

– Nossa, estou faminto. Vamos sair pra comer? – ele perguntou, enfiando a mão por baixo do cobertor e segurando a minha mão, não contive um sorrisinho.
– Aonde pretende ir? – perguntou Harry.
– Nada muito sofisticado, vamos a algum restaurantezinho pequeno em algum lugar escondido nessa cidade, onde ninguém nos aborreça – murmurou Liam.
– Concordo, vou me trocar! – falei e pulei da cama, correndo até o meu quarto.

Tomei um banho rápido e vesti um vestido curto de mangas compridas, para o caso do clima esfriar. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo com algumas mechas soltas para modelar o rosto e passei uma sombra clara nos olhos, fiz uma linha fina com delineador, aumentei os cílios com rímel e passei um gloss labial rosa. Peguei uma bolsa pequena para guardar a maquiagem e a carteira, calcei meu par favorito de botas e saí para encontrar os rapazes na sala, já arrumados com shorts, tênis e camisetas leves, que previsíveis.

– Então, rapazes, o que acham de visitarmos o Café Brasil? Ouvi dizer que é um ótimo restaurante brasileiro e eu estou morrendo de vontade de beber um Guaraná Antárctica  – pedi já sentindo o gostinho delicioso do refrigerante brasileiro, os rapazes riram.
– Ótima ideia, faz tempo que não como comida brasileira – concordou Harry.
– E fica aqui peto, logo ali em Venice. Boa ideia, Scar – disse Liam e se aproximou para me dar um beijo na testa, os olhos de Harry faiscaram ao ver e eu me afastei sutilmente de Liam, totalmente envergonhada e sem saber o que fazer, então apenas sorri e apressei os dois.

Harry estacionou o Range Rover em frente ao restaurante de cores vibrantes e aparência acolhedora na Venice Boulevard. Decidimos nos acomodar do lado de fora em uma das mesas de quatro lugares de vime com pedras de mármore, as cadeiras também eram de vime com almofadas fofas nos assentos, nos acomodamos e logo uma garçonete simpática vestindo verde e amarelo apareceu para nos cumprimentar.

– Boa noite, pessoal, sejam bem-vindos ao Café Brasil, onde há a verdadeira refeição caseira ao seu dispôr – disse a garçonete e todos rimos, inclusive ela. – Aqui estão os cardápios e, se me permitem, eu recomendo a feijoada brasileira, é o prato que mais sai e os clientes adoram.
– Sim, por favor – murmurei contente, os rapazes me olharam e riram.
– Eu acho que respondo por nós três quando digo que queremos feijoada regada a muito Guaraná Antárctica, por favor – disse Harry e Liam e eu assentimos, a garçonete sorriu radiante. – E de entrada, enquanto esperamos, pode nos trazer pães de queijo, por favor.
– Sim, senhor. Só um minuto – disse a garçonete e foi buscar nossos refrigerantes e pães de queijo.

Os rapazes olhavam os cardápios animados e eu já sabia o que pedir para nos animar, quando a garçonete voltou trazendo dois cestos tamanho médio com cerca de cinco pães de queijo grandes e suculentos dentro e três latinhas de guaraná antárctica, eu a pedi para nos trazer três caipirinhas e os rapazes comemoraram.

– Um brinde ao Brasil, precisamos voltar lá o quanto antes – disse Liam erguendo sua latinha de refrigerante. Harry e eu brindamos com ele e saboreamos os deliciosos pães de queijo, que tinham um sabor melhor do que eu me lembrava.

Mais tarde, quando voltamos para casa e eu já estava dentro do meu pijama, os rapazes e eu nos reunimos novamente na sala de tv e continuamos assistindo a Full House, já estávamos no finalzinho da segunda temporada e ainda falta mais seis temporadas para terminarmos.





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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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