quinta-feira, 30 de março de 2017

"Não desista, nah, nah, nah
Eu não desistirei, nah, nah, nah
Me deixe te amar..."
– Let Me Love You (Justin Bieber ft. DJ Snake)



Cheryl passou pelas portas deslizantes do desembarque parecendo uma super modelo baixinha com saltos de 20 centímetros. Um homem alto e musculoso de terno escuro vinha logo atrás dela empurrando um carrinho com bagagens enormes que eu supus serem dela.
A viagem de ida até o aeroporto foi um pouco torturante, por mais que eu tenha sentado na frente do Range Rover com Harry e tivesse mantido uma conversa legal com ele durante o percurso, um silêncio perturbador nos atacava da parte de trás do carro, onde Liam estava calado e com olhos petrificados, como se pudesse matar um de nós dois a qualquer momento.
Mas nada se comparou a ver Liam abrir os braços para receber Cheryl e beijá-la bem no meio do aeroporto lotado. Fiquei um pouco deprimida e muito chateada, por mais que não tenhamos ficado sozinhos nesses dias, não significa que eu não o ame mais, e vê-lo com Cheryl é como enfiar um pouco mais fundo à faca que já estava encravada em meu coração.
Harry me puxou para o seu lado ao ver minhas feições entristecidas e me abraçou carinhosamente. Ele é tão doce, porque eu não posso simplesmente amá-lo, é tão mais fácil do que sempre voltar para montanha-russa sentimental que eu sou quando estou com Liam.

– Olá, queridos! – disse Cheryl quando os dois se aproximaram de nós. 
– Cheryl, fez uma boa viagem? – perguntou Harry educadamente e se inclinou para dar dois beijos na face dela, eu fiz o mesmo e forcei um sorrisinho.
– Ah, sim! Uma viagem maravilhosa, de fato. Obrigada por me receber, Harry, você é um amor!
– Imagina, o prazer é nosso – disse Harry, me abraçando mais forte, dando a entender que ele e eu somos os anfitriões de Cheryl, ela olhou para mim friamente com um sorriso tão falso quanto o meu.
– Bem, obrigada. Eu não quero incomodar, vou passar a maior parte do tempo trabalhando, de qualquer forma. E nem precisam se preocupar com um quarto a mais, ficarei bem no quarto em que Liam estiver! – ela disse puxando Liam para perto dela e sorrindo para ele, meu estômago se embrulhou e eu tive que desviar os olhos da cena patética.
– Bom, tudo bem. Vamos jantar então? Tem um lugar aqui perto que nós adoramos! – disse Liam, um pouco constrangido.
– Vamos! Onde quer ir? – perguntou Harry, virando-se para mim, Liam pigarreou e eu dei a palavra a ele.
– Vamos ao restaurante brasileiro de ontem, a comida de lá estava deliciosa – ele disse, assenti, concordando com ele.
– Sim, ok. Vamos até lá, então – concordou Harry.
– Desculpe, querido, você disse "restaurante brasileiro"? – perguntou Cheryl afetadamente.
– Sim, foi o que ele disse – me meti, falando afetadamente, como ela, mas um pouco mais irônica e acrescentando um sorriso doce.
– Amor, você sabe que não gosto de comida brasileira – ela fez beicinho, me ignorando e voltando-se para Liam, revirei os olhos e bufei, Harry tossiu falsamente, escondendo sua irritação.
– Não se preocupe, querida – Harry disse, velando a voz irritada com um falso tom meigo, o que me fez rir. – Ele servem saladinhas lá, você não precisa comer como o resto de nós.

Cheryl olhou para nós dois com os olhos semicerrados, então decidiu não rebater, sabiamente lembrando que somos os seus anfitriões. Então ela deu de ombros, jogou a alça da bolsa de dez mil libras no ombro e se empertigou, pronta para ir. Também não discutimos, rapidamente marchamos até o estacionamento e nos acomodamos no Range Rover de Harry.
Os seguranças de Cheryl – encontramos mais dois no estacionamento –, nos seguiram em um Land Rover blindado todo preto. Quando nós quatro nos sentamos em uma mesa ao ar livre, na parte externa do restaurante, eles ficaram ao nosso redor, sérios e de óculos escuros, atentos a qualquer movimento brusco, até mesmo à garçonete que veio nos atender. Foi ridículo, fiquei envergonhada, porque até mesmo ao sair com todos os rapazes juntos, nós não precisávamos de três armários gigantes revistando as garçonetes que nos atendiam.
Liam e Harry perceberam o quão irritada fiquei com aquilo e Harry tentou me animar, me fazendo beber caipirinhas uma atrás da outra e pedindo doces brasileiros de todos os tipos para experimentarmos. 
No fim da noite, quando voltamos para casa, eu já estava trocando as pernas e me apoiando em Harry, enquanto Cheryl nos seguia fazendo careta e resmungando com Liam sobre qualquer bobagem que ela ache remotamente importante.
Não assistimos Full House naquela noite, Harry me levou para o meu quarto e se despediu com um beijo doce e meloso. Odiei Cheryl mais ainda por me privar do meu momento com os rapazes.
Consegui dormir tão rápido que até pensei que tinham me dado algumas doses de tranquilizantes de cavalo, dormi como uma pedra a noite inteira e pela manhã acordei junto com o sol. A cama estava confortável e por um segundo esqueci da presença indesejável de Cheryl na casa.
Me arrastei para fora da cama determinada a não ficar perto de Cheryl durante todo o dia, vou com Harry à gravadora e vai ser um bom dia, nós vamos nos divertir e eu vou aproveitar esse tempo junto a ele. Tomei um banho gelado para espantar o calor de LA e vesti um short curto, uma camisa leve com mangas compridas e calcei um par de all star com desenhos que eu adoro.
Trotei escada abaixo cantarolando uma musiquinha deliciosa do Justin Bieber, entrei na cozinha e Harry estava sentado à mesa de costas para mim, o abracei apertado e ele levantou a cabeça e eu lhe dei um beijo na testa.

"Don't you give up, na na na..." – cantarolei no ouvido de Harry, ele sorriu.
"I won't give up, na na na..." – ele cantou de volta, me fazendo sorrir.
"Let me love you..." – finalizei, ele me puxou e eu sentei em seu colo.
– Bom dia, meu amor –  ele sussurrou todo apaixonado, me fazendo amolecer e ficar toda enamorada.
– Bom dia, querido – lhe dei um selinho demorado e peguei sua xícara de chá preto para dar um gole.
– Está pronta? – assenti e ele encheu outra xícara com chá preto. – Coma pra gente ir.

Harry não me deixou sair de seu colo, tomamos café agarradinhos com Diana sorrindo discretamente enquanto arrumava a cozinha.
O jardim na frente da casa parecia mais florido do que o normal quando Harry me puxava pela mão até a garagem. Aguardamos a porta da garagem se abrir completamente e então tivemos a vista de seus dois carros milionários,  Harry se virou para mim com um sorriso sapeca nos lábios.

– Qual vamos usar hoje? – perguntou ele.
– Vamos de Ferrari? Por favor! – pedi docemente, batendo as pestanas e fazendo charminho, não precisei de muito, ele já estava convencido de usar a linda Ferrari.
– É claro, amor. Vamos lá! – ele pescou a chave da Ferrari de um pequeno armário do lado da porta da garagem e nós entramos no carro. – Pode mandar uma mensagem para o Liam avisando que eu deixei a Range Rover para ele usar? Aqui – ele me entregou o celular e eu deslizei o dedo pela tela, desbloqueando-a e indo até as mensagens, digitei um aviso rápido ao Liam e devolvi o telefone ao Harry.
– Você vai me deixar dirigir hoje? – perguntei inocentemente, Harry gargalhou alto, me fazendo rir também. – Bem, não custa tentar – murmurei amuada e liguei o rádio, ele ligou o carro e esticou a mão para apoiá-la em minha coxa.

Para nossa sorte a música do Justin Bieber, Let Me Love You, começara a tocar, era a mesma música que Harry e eu cantamos na cozinha e logo nós dois já estávamos cantando juntos de novo. Harry estava todo sorrisos, seus lábios pareciam congelados em um gigantesco sorriso de 10.000 watts e seus dedos só se afastavam da minha coxa apenas o suficiente para ele trocar a marcha do carro.
Puxei um pouco o cinto de segurança e me sentei de lado no banco de couro para admirar Harry, ele me olhou por poucos segundos e então voltou a olhar para as ruas asfaltadas em direção à saída do condomínio. Seu cabelo estava crescendo e, ao que tudo indica, Harry pretende deixá-lo crescer mais uma vez. Eu prefiro ele de cabelo curto, ele fica mais másculo, com mais cara de homem, mas o cabelo longo dele é tão lindo, não tem como não gostar também. Estiquei o braço e toquei os fios curtos e sedosos, ele fechou os olhos e apoiou a cabeça em minha mão, soltando um suspiro doce, então abriu os olhos e continuou a olhar para frente com um leve rubor nas bochechas.

– Vai deixar a juba crescer novamente? – perguntei, ele sorriu.
– Sim, pretendo. Da última vez eu consegui arrecadar um belo dinheiro para a caridade com o cabelo que cortei, quero fazer isso de novo, quantas vezes forem possíveis até eu ficar careca – ele disse e nós rimos, não consigo ver Harry careca, só consigo imaginá-lo como um daqueles senhores com muito cabelo grisalho na cabeça.
– Você tem um coração tão grande, Hazza, é comovente! – murmurei enamorada, encostando a cabeça no banco e admirando-o mais um pouco, suas bochechas coraram novamente.
– Olha quem fala – ele disse e me encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar para a rua. – Mas vamos falar de outra coisa. Me diga, como se sente com a chegada de Cheryl?
– Ah, meu Deus! – resmunguei, ele riu. – Estou péssima, ela drena toda a minha energia, só consigo sentir nojo quando estou perto dela. Sinto nojo do jeito como ela se porta, do jeito que Liam se porta quando está perto dela, do jeito como ela precisa de mil seguranças para cuidar dela quando na verdade ela não precisa de nem um! – desabafei, Harry balançou a cabeça concordando comigo. – E o Liam, sabe, eu o amo, mas ele fica tão estranho perto dela, parece um robô, faz todas as vontades dela e as emoções dele somem, até mesmo o senso de humor dele desaparece, isso me enfurece, me faz odiá-la muito.
– E vocês têm se visto? Você e ele? Quero dizer, a sós, vocês tem se visto a sós? – perguntou Harry, sua voz e expressão estavam cautelosos e eu percebi seu nervosismo enquanto esperava a responta.
– Não. Na verdade não nos vemos a sós desde que chegamos aqui, você tem tomado todo o meu tempo – murmurei e acariciei a coxa dele ternamente, ele tentou conter um sorriso mas falhou.
– Que bom, é ótimo ouvir isso – ele disse e segurou minha mão, levou aos lábios e a beijou carinhosamente.

Nós seguimos cantarolando músicas junto ao rádio e logo Harry estava estacionando em frente ao estúdio da Columbia Records, a nova gravadora em que Harry está trabalhando junto com Liam.
Pelo pouco que sei, percebi que Harry está trabalhando em um trabalho solo, assim como Liam, mas no momento ele está focando toda a sua energia em uma banda que ele descobriu recentemente e eu estou louca para conhecer e ver o potencial dessa banda.
Harry e eu saímos do carro, ele acionou o alarme e nós seguimos em direção à entrada, ele esticou a mão e eu a segurei, saímos do calor de LA e entramos no ambiente muito bem refrigerado da gravadora. Logo na entrada havia uma recepcionista que cumprimentou Harry com um imenso sorriso e uma piscadela flertante, fechei a cara para ela, que a fez se recompor e encarar a tela do computador a sua frente. Harry fingiu não perceber, mas seguiu todo convencido e radiante, me apresentando a todos que cruzavam o nosso caminho.
Nós fomos até a lanchonete, Harry parou um pouco na entrada e passou o olhar pelo local, quando localizou o que procurava ele me arrastou em direção a uma mesa rodeada por quatro rapazes vestidos com jeans surrados e camisetas de rock.

– Meninos! Como estão? – disse Harry e os rapazes se levantaram para nos cumprimentar. – Eu trouxe uma pessoa muito especial para conhecer vocês. Tess, esses são Jeremy, Taylor, Zac e Josh. Caras, essa é Tess Blane, a minha namorada e uma cantora muito talentosa, a propósito – disse ele e eu o encarei assustada, de onde ele tirou isso? Por que ele falou isso?
– Olá rapazes! – cumprimentei a todos com um aperto de mão e um beijo na bochecha, tentando ignorar a apresentação de Harry.
– Cantora é? – disse um dos caras, Zac se não me engano. – Que coincidência, estamos procurando uma cantora. A nossa última foi embora com o namorado para o Caribe – ele bufou e os rapazes riram, sorri e balancei a cabeça, meio sem jeito.
– E foi exatamente por isso que eu trouxe-a para conhecê-los, por que não vamos até o estúdio e gravamos alguma coisa para ver como vocês se saem juntos? – propôs Harry, todos concordaram, exceto eu. Fiquei completamente perdida, porque Harry não me avisara de sua intenção antes? Me pegar de surpresa assim não é legal. – Amor? – chamou Harry, demorei um pouco, então acabei cedendo e seguindo-os até o estúdio privado que Harry alugara somente para os rapazes.

Enquanto os quatro rapazes se acomodavam dentro da cabine de som, arrumando e afinando os seus instrumentos, eu puxei Harry para um canto e o questionei sobre a história de cantar, ele apenas sorriu e me abraçou.

– Ah, vamos, linda. Você tem uma voz incrível, eles estão precisando de uma voz feminina, por que não juntar o útil ao agradável? Sem falar que vou poder ficar mais perto de você! – ele disse e eu tive que concordar, era uma boa ideia afinal.
– Tudo bem, mas só vamos fazer um teste, não vou prometer nada – rebati, ele assentiu e me beijou rapidamente antes dos rapazes nos chamarem e avisarem que já estavam prontos.

Logo descobri os sobrenomes e os instrumentos que cada um deles toca; Taylor York é guitarrista, Josh Farro também toca guitarra, Zac Farro é o baterista e Jeremy Davis toca baixo, todos eles são vocalistas, o que me ajudaria muito se déssemos certo.
Para minha surpresa, Harry provou conhecer muito bem a mesa cheia de botões. Eu fiquei dentro da cabine com os rapazes e pedi a eles que tocasse uma música que eu conhecia, no começo fiquei meio tímida, mas não demorou para que eu me soltasse. A vibe dos caras é muito boa, eles tocam bem e são carismáticos, eles me ajudaram a me soltar e cantaram comigo a musica Use Somebody, do Kings Of Leon.



Não precisei de muito tempo para começar a imaginar como seria o meu futuro cantando com esses caras e, segundo a minha imaginação, parecia bem agradável. Eles me entendem, sabem da nota que eu preciso na hora que eu preciso, eles acompanham os meus high-notes e me ajudam a afinar onde eu preciso de mais ajuda. Harry também pareceu gostar da nossa harmonia.
Quando finalizamos a música, Josh apontou para Harry e, com um sorriso gigantesco nos lábios, ele disse:

– Cara, você é o melhor empresário do mundo! – e todos concordaram com ele, eu apenas olhei para Harry e lhe mandei uma piscadela, ele pareceu radiante e muito orgulhoso.

Quando todos concordaram que nós cinco combinamos muito bem, Harry nos pediu para gravar algumas músicas que ele tinha escrito para a banda. Passamos um longo e divertido tempo ali.
Na hora do almoço nós pedimos pizza e comemos sentamos no chão formando uma roda no lado de dentro da cabine de som. Jeremy estava dedilhando suavemente um violão e nós conversávamos enquanto saboreávamos a deliciosa pizza de frango com catupiry.

– Eu já estou planejando tudo em minha cabeça – disse Harry –, vai ser maravilhoso! 
– Já estou até vendo como vai ser – riu Taylor, divertido com a animação de Harry.
– Não, é sério, vai ser incrível! Eu vou colocar vocês no topo! Vou fazer de vocês estrelas, eu prometo! – gritou Harry, super animado, ele se inclinou em minha direção e eu segurei seu rosto e o beijei ternamente, tentando acalmá-lo um pouco.
– Tente respirar, Styles – murmurou Jeremy, dedilhando suavemente no violão uma melodia que eu conhecia.
"Your hand fits in my like it's made just for me..." – cantei calmamente, Harry sorriu e apoiou o queixo na mão enquanto me olhava cantar. – "But bear this in mind it was meant to be..." 
"And I'm joining up the dots with the freckles and your cheeks..." – cantou Taylor. – "And it all makes sense to me..."
"I won't let these little things slip out of my mouth..." – cantei e Harry jogou um pedaço de pizza na boca sem desviar os olhos de mim enquanto eu cantava para ele. – "But if it's true, oh it's you, it's you they add up to, I'm in love with you and all your little things..."

Por alguns minutos a sala pareceu sumir, os rapazes pareceram sumir, só havia o Harry e eu ali, eu cantando para ele e ele mastigando pizza, mas mesmo com ele mastigando parecia tudo muito romântico, muito bonito. Eu estava cantando uma música dele para ele e ele parecia nunca ter ouvido a música antes, me olhando com aqueles lindos olhos verdes embaçados com nuvens de esperança, de amor.
Quando o violão parou de emitir melodia o encanto foi desfeito e nós voltamos à sala junto dos rapazes. Mas o sorriso de Harry ainda estava me atraindo para ele, os olhos dele ainda estavam me chamando silenciosamente.
É gostosa demais a sensação de estar se apaixonando por alguém que também está apaixonado por você.




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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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