terça-feira, 29 de agosto de 2017

"Porque o seu amor é o meu amor
E o meu amor é o seu amor
Levaria uma eternidade para nos separar
E as correntes de Amistad não poderiam nos segurar..."
– My Love Is Your Love (Whitney Houston)



Algumas vezes o silêncio em meu quarto era tanto que eu podia ouvir a conversa dos rapazes na sala, James nunca estava sozinho, eu sempre podia ouvir a voz de Liam, Louis, Harry ou Niall, mas a voz de Liam era a mais frequente. E foi a voz dele que eu ouvi quando eu soube que o meu mundo não estava arruinado de vez.
Eu estava mais uma vez encolhida embaixo das cobertas com o cheiro do Zayn ao meu redor, abraçava uma camisa dele e Zeus estava um pouco ressentido porque a frequência com que eu o abraço diminuiu desde ontem, que foi quando eu trouxe algumas coisas do Zayn para cá. Mas eu sempre estico a mão e coço as orelhas dele para que não fique bravo comigo.
A porta do quarto se abriu de repente e eu virei a cabeça para ver quem decidira vir tentar me animar desta vez, mas meus olhos estavam embaçados e eu não consegui enxergar direito até que ele se aproximou as pressas e deitou na cama, me abraçando apertado e enfiando o rosto em meus cabelos. Eu conhecia bem aquele corpo que se encaixava ao meu, aquelas mãos que estavam me tocando.
Droga, um maldito sonho, só pode ser!
Com muito medo de acordar, eu me virei lentamente na cama, ficando de frente para o corpo tatuado que eu conhecia bem, estiquei as mãos e toquei seu rosto, ele estava com um curativo grande no lado esquerdo da testa, ele fechou os olhos ao sentir minha mão acariciar sua bochecha e eu me derreti. Se fosse um maldito sonho, eu não queria acordar!
Me sentei na cama sem desviar os olhos dele, Zayn também se sentou, seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu já estava com o rosto todo encharcado. Ainda parecia um sonho para mim, era, eu tinha certeza que era. Sonhei tanto com esse momento que agora isso parece só mais daqueles sonhos.

— Sou eu, Ley – ele sussurrou. — Sou eu mesmo.
— Zayn! — minha voz saiu como um ganido. — Não, droga, droga! É um sonho, um maldito sonho! Eu não aguento mais isso — gritei levando a mão aos olhos e cobrindo o meu rosto, eu não aguentaria se isso fosse só mais um sonho, há um limite para tudo e a minha mente não poderia ser perversa a ponto de me deixar em frangalhos novamente.
— Hayley! — ele segurou as minhas mãos e as tirou do meu rosto. — Sou eu, amor. Estou aqui, estou bem, estou vivo! — ele gritou e eu o olhei atentamente, seus belos traços tão familiares, seus olhos castanhos, seu cabelo negro, tudo parecia perfeito, ele parecia ele.

Novamente levei minhas mãos ao seu rosto e toquei seus cabelos, emaranhei meus dedos em seus fios negros e senti a textura tão macia. Zayn ficou quieto, sentindo o meu toque e me deixando acordar. Sua barba estava grande, aproximadamente onze dias sem fazê-la.  Ele vestia uma roupa que eu não conhecia, e eu conhecia todas as suas roupas.
Deslizei minhas mãos pelo seu pescoço, seus braços, até a bainha da blusa, Zayn abriu os olhos para me interrogar, mas calou a boca quando eu puxei sua camisa para cima e o despi, obedientemente ele a tirou e eu a joguei longe. Peguei a camisa que estava embaixo das cobertas e procurei o lado certo para vestir nele, ele riu quando passei a camisa pela cabeça dele. Pronto, o meu menino agora parecia mais com ele.

— Não é um sonho? — perguntei entre soluços, ele negou com a cabeça e um sorrisinho sacana nos lábios. Meu Deus, meu Deus. É ele!

Com um movimento rápido eu pulei em seu colo e o abracei com as pernas e os braços, o mantendo bem grudado a mim. Zayn me abraçou de volta, me apertando, me tocando em todos os lugares acessíveis. Ele se inclinou e nos deitou na  cama, ficando por cima de mim. Ele afastou o rosto do meu e suas mãos seguraram o meu rosto com firmeza.

— Eu quase morri... — ele falou.
— Eu sei, eu sei, eu também, eu quase morri sem você aqui — o interrompi, ele sorriu e duas lágrimas escorreram por suas bochechas, eu beijei cada uma delas ternamente.
— Não, me escute! — ele disse doce e pacientemente. — Eu quase morri de saudade de você, Ley. Na noite do incêndio eu fui transferido para um hospital ao leste, não havia ninguém que pudesse me reconhecer lá, fiquei em coma por oito dias e ninguém sabia dizer quem eu era. Quando eu acordei acabei frustrando a todos, pois nem eu sabia quem eu era, mas todos me diziam e insistiam que eu me lembrava, pois sempre que eu dormia eu chamava o nome de uma garota. Era você.
— Zayn — choraminguei, ele sorriu e beijou uma lágrima que escorreu pelo o meu queixo.
— Demorei dois dias para me lembrar quem eu era e a primeira pessoa de quem eu lembrei foi você. Foi você, Hayley! Fiz um escândalo para conseguir receber alta e sair daquele lugar, eu estava louco, precisava vê-la, saber que você estava bem, que estava segura, precisava saber se estava sentindo a minha falta... — sua voz sumiu em um murmúrio e eu ri amargamente.
— Você não sabe o quanto — falei irônica e ele sorriu.
— As enfermeiras se apiedaram da minha situação e fizeram uma vaquinha para que eu conseguissem comprar uma passagem de volta e agora eu estou aqui e eu sou todo seu, Ley. Não me importa com quantos homens você queira estar, nem se um dia você vai me escolher para ser o único, mas eu quero que saiba que eu estou aqui e eu vou sempre estar aqui pra você. Eu amo você, Hayley, amo como jamais amei alguém em toda a minha vida e eu queria muito que você percebesse que não precisamos de mais nada e nem ninguém para sermos felizes. Juntos nós somos o bastante — ele falou tão sério e apaixonado que eu não tive alternativa se não beijá-lo, seu lábios estavam tão macios e pareciam tão certos para mim, o segurei mais forte e o virei na cama, ficando por cima, ele sorriu e repousou as duas mãos em minha cintura.
— Eu amo você, Zayn, você sabe disso. Eu só me arrependo de não ter percebido que você é o suficiente para mim antes — confessei baixinho, ele olhava em meus olhos tão fundo, eu não poderia mentir a essa altura, não depois de tudo o que passamos. — Eu daria a minha vida pela sua, querido. Eu tentei, tentei encontrar você no meio daquele incêndio, mas falhei e me senti terrível, eu fiquei na merda durante esses onze dias. Juro que eu estava enlouquecendo. Eu só queria você de volta, meu Deus, obrigada, você está aqui e está bem! — gemi e o beijei novamente, ele abraçou a minha cintura.
— Eu não acredito que você entrou lá dentro! — ele falou irritado quando separei nossos lábios, o beijei novamente para impedi-lo de continuar com a bronca. — Hayley! Você poderia ter morrido, sua garota boba! — ele esbravejou e eu o beijei mais uma vez, o beijei até que desistisse de brigar comigo. O que demorou bastante e eu amei cada segundo.
— Eu não sou eu mesma sem você, Zayn. Você é o motivo pelo qual eu vivo, sem exagerar, pergunte a qualquer um e verá que eu só estou aqui agora por sua causa, porque no fundo eu sabia, ou pelo menos eu queria, que você voltasse para mim.
— E eu voltei por você, querida. Não iria mesmo deixar você na mão daqueles quatro idiotas — ele bufou e nós rimos. — Lembre-me de agradecê-los por cuidarem de você, apesar de estar muito magra, Hayley Catter — ele falou em tom de bronca e eu ri, deixando meu corpo cair sobre o dele e sentindo os seus braços ao meu redor.
— Eu amo você, garotinha teimosa, e sei que não foi fácil para eles lidarem com você durante a minha ausência. Valeu, campeão, devo muito a você também — ele disse esticando a mão para acariciar o pelo de Zeus, que estava quietinho nos olhando.
— Nunca mais se atreva a fazer isso comigo, Zayn. Eu não aguentaria mais dias como esses — falei e meu corpo inteiro tremeu com um espasmo que eu passei a conhecer bem, antes que eu pudesse controlar eu já estava chorando, um choro doloroso que vinha do fundo da alma.
— Shiii, não meu amor, está tudo bem agora, eu não vou mais sair de perto de você, eu prometo — ele disse me acalentando ternamente, mas ele me deixou chorar todo o reservatório de lágrimas que eu ainda tinha, eu precisava me livrar logo daquele sentimento ruim que estava em meu peito.

Nós ficamos na mesma posição por vários horas, sem nenhum de nós dois ter coragem de se mover, estávamos absorvendo a presença um do outro, respirando o mesmo ar, beijando os lábios um do outro, estávamos nos redescobrindo depois do que passamos. Eu nunca fiquei tão feliz em toda a minha vida.
E pela primeira vez em onze dias eu me senti animada para sair da cama e sair de casa também, queria sair com Zayn e comemorar, queria convidar os rapazes a irem conosco para agradecê-los por tudo o que fizeram por mim nesses dias intermináveis.
Zayn, Zeus e eu deixamos o meu quarto e encontramos todos os rapazes na sala, incluindo James e Anne. A vibe no ar parecia até mais leve do que nos dias anteriores, todos sorriam aliviados e eu me senti leve como uma pena, fiquei grudada em Zayn o tempo inteiro, não queria tirar as mãos dele, na verdade eu temia que se fizesse isso ele desapareceria na frente dos meus olhos. 
Depois que todos cumprimentaram Zayn, até mesmo Louis, e disseram o quanto estavam felizes em vê-lo, nós combinamos de sair para beber, então eu arrastei Zayn para o banheiro comigo e o fiz tomar banho ao meu lado, eu estava falando sério quando disse que não queria tirar as mãos deles.
Depois nós nos arrumamos no meu quarto, ele pegou uma de suas calças que estavam perdidas em meu guarda-roupas, eu lhe dei uma camisa e um casaco que eu trouxera de sua casa. Zayn se retirou para que eu pudesse terminar de me arrumar, não que eu quisesse, mas ele queria conversar com os rapazes, então deixei-o ir. 
Enquanto procurava um vestido para usar eu encontrei as sacolas da Victoria's Secret com as lingeries que comprei, arranquei todas as etiquetas com o nome dos rapazes, de agora em diante serão todas para Zayn, escolhi uma das lingeries pretas e a vesti, em seguida coloquei o vestido que tinha escolhido.
Eu estava me sentindo muito gata com aquele vestido, tudo bem que era justo e um pouco curto, mas estava na medida certa, mostrava as minhas coxas mas nada mais além disso, o meninos não iriam gostar, mas Zayn sim, ele sempre gosta do que eu visto, mesmo quando uso calças de pijama e principalmente quando não uso nada.
Na minha sala de estar estavam Zayn, James e Anne, todos lindos e arrumados. Zayn arranjou algum gel de cabelo com James, porque agora seu cabelo está brilhante e bem penteado. James e Anne não se desgrudam, ela está linda, como sempre. Eu já disse que essa mulher parece uma boneca? Bem, digo de novo, porque ela realmente parece!
Zayn sorriu maliciosamente ao me ver e eu senti meu corpo inteiro se acender, como se uma brasa que antes se apagara começasse a pegar fogo novamente, era uma sensação deliciosa, eu finalmente sentia meu corpo quente novamente e era maravilhoso.

— Meu Deus, sempre faltaria algo em minha vida se eu não me lembrasse que pertenço a você! — disse Zayn quando eu cheguei perto dele e o abracei, ele pegou o meu casaco, o jogou no ombro e segurou a minha mão para me fazer dar uma voltinha. — Apesar de ser um pouco curto, você está maravilhosa, amor.
— Obrigada, querido — falo docemente e me inclino na ponta das botas para dar-lhe um beijo.

Nós saímos de casa e encontramos o carro de Zayn no estacionamento do prédio. Ele recuperou o carro hoje, ainda estava intacto no estacionamento atrás do bar, ele também viu as ruínas do bar e enquanto o ouvia descrever como ficou o seu amado bar, ele ficou pálido e triste e aquilo partiu o meu coração.
Mantivemos o clima agradável e longe das últimas tragédias, cantamos junto com o rádio até chegarmos no pub que os rapazes escolheram. O estacionamento estava lotado, mas ao rodar pela segunda vez Zayn conseguiu uma vaga.
Ao chegar na entrada do bar, nós fomos recebidos pelo ar quente e lotado, andamos por entre as pessoas até acharmos Liam e Louis sentados em uma mesa com vários lugares vazios. Zayn me ajudou a tirar o casaco e nos sentamos ao lado deles.
O The Cock Tavern é o segundo bar da nossa lista de favoritos, o primeiro era o do Zayn, é claro! Lá tem a melhor cerveja de Londres e de vários tipos que não encontramos em qualquer lugar, principalmente chopp. Os rapazes se levantaram para ir escolher os chopps enquanto Anne e eu ficamos guardando lugar e esperando por Niall e Harry.
O som que tocava era uma espécie de Indie Rock, era muito gostoso de se ouvir e acalmava também. Anne não parava de falar sobre como James adorou a lingerie que ela comprou no dia das nossas compras e eu fico feliz por ela, mas sinceramente, eu não quero saber da vida sexual do meu irmão. Então puxei um assunto mais neutro sobre música com ela.
Quando os rapazes voltaram, trouxeram junto Harry e Niall, ambos já com canecas de chopp em mãos. Zayn colocou uma caneca com uma cerveja escura em minha frente e se sentou ao meu lado, provei um golinho da cerveja e era forte, bem forte, apesar de eu não gostar de cerveja muito forte, aquela era boa.

— Nossa, uma vez na vida é bom ser servido ao invés de servir — disse Zayn e todos riram, mas ficou no ar a sensação de que faltava algo, não estávamos no lugar certo.
— Tecnicamente foi você que se serviu — lembrou Niall e Zayn riu.
— Você me entendeu.

Pela primeira vez desde que conheci todos eles, eu os vi interagindo um com o outro como se fossem velhos amigos, até mesmo Louis havia parado de olhar Zayn com aquela hostilidade de antigamente, fiquei tão contente ao constatar isso que bebi mais do que poderia, mas eu nem estava ligando, eu estava feliz e estava comemorando a vida do meu amado.
E depois de muita cerveja, uma trepada maravilhosa com Zayn e a casa no silêncio habitual da madrugada, eu me sentia leve e feliz, realmente muito feliz. Zayn respirava baixinho ao meu lado e eu ainda não conseguia dormir, estava deitada de lado olhando para ele, gravando todos os seus belos traços em minha memória, por mais que eu já os conhecesse muito bem. 
De tanto pensar eu cheguei a conclusão de que já estava melhor e que poderia voltar a trabalhar, precisava de alguma coisa para ocupar a mente enquanto Zayn passaria os dias seguintes cuidado da papelada, do seguro e da indenização do bar, ele não teria muito tempo para passar comigo quando começasse a reerguer o seu lugar, então eu precisava voltar ao trabalho.
Enquanto pensava no fim do meu atestado médico, percebi que os olhos de Zayn estavam abertos e ele estava sorrindo para mim, fiquei tão distraída que nem mesmo vi quando ele acordou.

— Um centavo pelos seus pensamentos, minha linda — ele sussurrou baixinho, no silêncio da casa eu pude ouvi-lo com clareza, sua voz estava tão doce e amável que meu coração se encheu de emoção.
— Eu os dou de graça para você — falei baixinho, ele sorriu.
— No que você tanto pensa? — ele disse e me puxou para seus braços, me aconcheguei em seu peito e inspirei o seu cheiro tão bom.


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— Estava pensando em voltar ao trabalho, já estou recuperada dos pontos e você está aqui comigo, me sinto bem pra voltar — falei e ele me apertou mais forte.
— Eu não quero que volte agora, fica mais um pouco em casa comigo — ele pediu docemente.
— Mas você vai passar a maior parte do seu tempo cuidando dos negócios e reerguendo o seu bar, eu não vou ter nada para fazer.
— Vamos fazer uma viagem comigo? Eu vou voltar à Honolulu, quero que venha comigo. O dinheiro que vou receber é muito mais do que preciso pra levantar o meu bar, quero aproveitar enquanto ainda tenho esses dias de folga para voltar ao Havaí, vem comigo? — ele disse calmo e sereno, percebi que estava com sono, demorei a responder, fiquei apenas pensando em sua tentadora proposta, até que ele começou a ressonar baixinho. Bom, amanhã eu lhe dou uma resposta.



Saindo do pub, nos despedimos de todos, James foi dormir na casa de Anne, o que significa que Hayley e eu teríamos o apartamento todo para nós, e Hayley e eu voltamos para a casa dela.
No elevador eu já estava com ela nos braços e não era porque ela havia bebido demais, apesar de ter sim exagerado. Era absolutamente incrível sentir o gosto de seus lábios e sua pele, depois de tudo o que aconteceu. 
Na noite do incêndio, a única coisa que me manteve mais calmo no meio daquele inferno foi saber que Hayley não estava lá, que ela estava segura em casa, mas quando ela me contou que entrou lá dentro para me procurar eu entrei em choque, não conseguia deixar de imaginar tudo de ruim que poderia ter acontecido com ela.
Tive conhecimento de todas as suas proezas desde aquele dia, se arriscou por minha causa, se machucou muito e conseguiu salvar uma vida apesar de não ser a de quem ela mais desejava, ouvir pela boca de outros sobre o estado letárgico em que ela passou os últimos dias me deixou doente, imaginá-la chorando e sozinha sem que eu pudesse consolá-la partiu o meu coração. Nunca pensei que Hayley ficaria assim por minha causa e confesso que isso foi uma prova, tanto para mim quanto para ela, do tamanho do seu amor por mim.




quarta-feira, 23 de agosto de 2017

"Eles pensam que eu tenho tudo
Eu não tenho nada sem você
Todos os meus sonhos e todas as luzes significam
Nada sem você..."
– Without You (Lana Del Rey)



Fechei meus olhos mais uma vez, sentindo-me exausta, e deixei que Liam me abraçasse, que me deitasse naquela maca desconfortável e cuidasse de mim, porque naquele momento o meu corpo precisava de cuidados, mas o meu coração precisava de um milagre.



Pedi ao meu grupo para terminar o trabalho no bar, eu subi na ambulância e mais uma vez acompanhei Hayley até o hospital mais próximo. Hayley estava acabada, os pontos em sua barriga se abriram e o ferimento, que antes estava quase cicatrizado, voltara a se abrir e a sangrar; suas mãos estavam todas machucadas, cheias de farpas e queimaduras, em seu tórax haviam muitas queimaduras superficiais, sem falar na quantidade de fumaça que ela inalou, prejudicando a sua respiração e nos fazendo colocá-la no oxigênio.
Umedeci um pano com soro e tentei limpar o seu rosto o máximo possível, ela estava com vários arranhões pelo rosto e pelos braços e eu me odiei por ter deixado ela entrar lá dentro, eu devia tê-la segurado com mais força.
No hospital eu não pude acompanhá-la além da sala de espera, então eu fui fazer a ficha dela. Depois fui ver como estavam Niall, Louis e Harry. Niall e Louis estão bem, ficaram um pouco no oxigênio para melhorar a respiração por causa de toda a fumaça que inalaram, mas Harry estava um pouco pior, ele já saiu da UTI e agora está num quarto, mas teve queimaduras de segundo grau pelo corpo e parte do seu cabelo também queimou, ele terá que cortar mais curto do que está acostumado mas não ficará ruim, o importante é que ele está vivo e agora está melhorando. Jack também está estabilizado, o barman teve bastantes queimaduras superficiais e bateu a cabeça, mas ficou protegido do fogo pela estante que caíra em cima dele.
Zayn está desaparecido. A última notícia que tive do local do incêndio foi que recuperaram mais quatro corpos, ao todo são 16 mortos, mas Zayn não está entre eles, ele simplesmente desapareceu sem deixar rastro e isso me assusta, pensar nas possibilidades me deixa nervoso.
Depois de Hayley passar por mais uma cirurgia para refazer os pontos em seu ferimento e depois de receber um banho de gato, ela é transferida para um quarto e eu vou fazer companhia a ela enquanto James continua no local do incêndio, esperando notícias de Zayn.
Hayley tem um sono conturbado, tenho que ouvi-la chamar por Zayn o tempo inteiro e isso me parte o coração ao mesmo tempo que me deixa louco de ciúmes.
Eu fico o tempo inteiro com o celular dela e o meu em mãos para o caso de mais alguma notícia, mas horas e horas se passam e até a esperança de encontrar Zayn se desfaz, eu rezo mentalmente para que Hayley continue dormindo porque dar essa notícia a ela vai ser terrível.


♂♀♂♀

Passamos três dias no hospital e Hayley dorme o tempo inteiro. Não que ela esteja em coma ou algo assim, mas acho que ela esta fugindo do inevitável, pois todas as vezes que acorda ela reclama que sente muito dor até conseguir mais remédio para dormir, então ela apaga e continua sem ter que ouvir notícias sobre a busca de Zayn, que continua desaparecido.
Os rapazes e eu estamos fazendo um quadro de horários para não deixá-la sozinha aqui e ao mesmo tempo para que todos possamos descansar. Eu procuro sempre passar o máximo de tempo que posso, mas no fim um dos caras acaba me expulsando para casa e não é de todo ruim porque eu ainda tenho Zeus e preciso cuidar dele também.
Mas hoje ela recebe alta e não vai ter escapatória, terá que encarar a realidade e saber que Zayn está desaparecido e que não temos mais esperanças de encontrá-lo, pelo menos não com vida. 
Agora ela está saindo do banheiro, acabou de tomar um banho e está vestindo um vestido bem leve e anda bem devagar porque seus músculos estão adormecidos e seus pontos ainda doem; ela prendeu o cabelo loiro em um rabo de cavalo e está com uma cara de partir o coração. James arruma a mochila dela e a joga no ombro, eu vou até ela e a abraço pela cintura para lhe dar apoio, ela encosta a cabeça em meu ombro e respira fundo, vejo lágrimas em seus olhos e eu sei que é por causa dele. Seu coração está quebrado e eu sei que eu não vou poder ajudá-la a concertar, ela precisa dele.
Com um silêncio aterrador, nós seguimos no meu carro até a casa de Hayley. Sabendo que ela precisaria de apoio, eu trouxe Zeus mais cedo e o deixei na casa dela, para então ir buscá-la. Agora eu tenho certeza que ele está vigiando a porta em agonia nos esperando chegar.
Hayley não disse uma palavra desde que saiu do bar em chamas e todo mundo está entendendo e esperando o seu tempo certo, mas é difícil não vê-la sorrindo e brilhando como todos estamos acostumados, parece que uma parte de Hayley ficou naquele bar e agora ela não sabe como agir.
Quando James abre a porta Zeus vem como um raio, ele pula em cima de mim e eu o abraço para acalmá-lo, pois se ele pular em cima de Hayley é capaz de machucá-la e ela está tão frágil que tenho medo de vê-la desabar a qualquer momento sob os meus olhos.
É a primeira vez que vejo-a sorrindo, ela abraça Zeus e beija seu pelo, mas a todo instante há lágrimas em seus olhos e seu sorriso é triste. Ela decide ficar no quarto, Zeus a segue e James e eu deixamos que ela fique sozinha por um tempo, mas quando eu vou checar se ela está bem eu a encontro encolhida em forma de bola na cama com Zeus cabisbaixo aninhado junto a ela, sentindo e compartilhando todo o seu sofrimento. Eles dois ficam o dia inteiro no quarto e ninguém se atreve a interrompê-los.
A tristeza de Hayley é quase palpável e todos são afetados, qualquer pessoa que venha vê-la se sente triste apenas por chegar na porta e ninguém realmente tem coragem de ir até o quarto, o único que tem colhão é Zeus, que fica ao lado dela o tempo inteiro, a deixando apenas para fazer suas necessidades ou pra pedir comida, e mesmo quando o faz ele volta rapidamente para perto dela. Eu nunca fiquei tão feliz por ter aquele cachorro.
Cinco dias depois do acidente é quando um de nós finalmente tem coragem de invadir o quarto e tentar sacudir Hayley, esse herói foi o Harry e, apesar de não ter obtido sucesso algum, eu o admiro por tentar.
Hayley está definhando em cima da cama e é insuportável vê-la acabar consigo mesma daquela forma, mas nenhuma de nós sabe o que ela está sentindo e nenhum de nós consegue convencê-la a enfrentar isso de forma diferente, o único que consegue arrancar alguma coisa dela está desaparecido há cinco dias.



Eu acordo para o sexto dia e é como se o sol também não quisesse acordar, Zeus ainda está encolhidinho ao meu lado e eu o abraço, mas um vazio insuportável ainda habita todo o meu corpo e meus olhos voltam a lacrimejar. Eu não sei de onde tirei tantas lágrimas, mas elas sempre vem.
Fazem exatos seis dias que eu não sinto o toque de Zayn, fazem exatos seis dias que não o vejo. Seis dias sem sentir seu corpo junto ao meu. Seis dias sem sentir o seu cheiro, nem mesmo o resquício que ficou em meu travesseiro existe mais, sumiu rápido depois que eu passei a cheirá-lo tanto.
Eu ainda ouço a sua voz, chamando o meu nome, brincando, gemendo em meu ouvido, fecho os olhos e é como se ele estivesse deitado comigo, mas quando abro os olhos é como se a ferida em meu coração se abrisse mais e eu choro desesperadamente enquanto Zeus choraminga junto comigo.
Me levanto da cama com dificuldade e decido tomar um banho quente para amenizar o frio que me envolve, mas é como em todos os outros dias, a água quente não me aquece, a minha cama não me aquece, o meu corpo continua gelado como se eu estivesse morta, não importa quanto tempo eu passe debaixo d'água. Depois do banho eu visto uma camisa de Zayn que estava perdida em meu guarda-roupas, cheiro ela mas me decepciono ao perceber que seu cheiro não está mais ali, então eu volto para a cama e Zeus é o único a me consolar.
Apesar de eu não querer ouvir, Harry veio me dar notícias ontem, ele me disse que está cuidando dos assuntos do bar. Ele é advogado e decidiu que iria cuidar do seguro do local, ajudou muito o fato de que as imagens das câmeras de segurança eram enviadas diretamente para o computador que fica na casa de Zayn, então a polícia conseguiu identificar o causador do incêndio. Um bêbado estúpido que decidiu fumar no banheiro mesmo sabendo ser proibido. O bêbado pagará indenização a todas as vítimas do incêndio e as famílias dos mortos também, pagará também uma quantia exorbitante pelos estragos do bar. Sem falar no seguro do bar que com certeza renderá uma grana boa, o suficiente para Zayn montar um bar novo e muito melhorado.
Mas o fato que ninguém citava durante toda a conversa é que Zayn não estaria aqui para receber a indenização ou o dinheiro do seguro, muito menos estaria aqui para montar o bar novo. Zayn não estaria aqui e ponto.
Harry também me avisou que eu não precisaria me preocupar com o meu trabalho, que ele já levou o meu atestado novo e que o meu patrão disse que eu teria o tempo que eu quisesse para enfrentar essa situação e quando eu estivesse pronta eu poderia voltar. Eu não queria voltar, eu não queria se quer sair do meu quarto!
Quando olhar pela janela se tornou insuportável eu peguei o meu ipod e coloquei os fones no ouvido, ouvi algumas músicas que geralmente levantavam o meu animo, mas no caso só serviu para me fazer chorar mais, pois eram músicas que eu já tinha ouvido e até mesmo dançado com Zayn, eu estava enlouquecendo aos poucos e eu não gostava de mim mesma naquele momento, mas eu não queria mudar, eu queria continuar na minha cama e tentar imaginar que tudo não passava de um sonho, que quando eu acordasse Zayn estaria ao meu lado, pronto para me abraçar e garantir que tudo não passou de um pesadelo. 
Mas toda vez que eu acordava o pesadelo continuava a rolar, nunca era Zayn ao meu lado, sempre era o vazio insuportável e frio.
Enfim desisti e tirei os fones de ouvido, senti meu estômago se contorcer e roncar, eu estava realmente com fome, meu corpo queria comida, mas eu não sentia vontade de comer. Era uma sensação estranha que eu nunca havia sentindo. Eu sabia que tinha a necessidade de comer, sabia que teria que engolir algo mais cedo ou mais tarde, mas a vontade de comer não acompanhava o meu raciocínio. Desta vez, no entanto, não deu para ignorar, eu precisava comer algo ou sumiria, eu já sentia meu corpo desaparecer lentamente, até a minha bunda estava menor e se tem uma coisa que eu não posso aceitar é que além de perder o amor da vida eu também perca a minha bunda.
Merda.
Amor da minha vida?
Não!
De onde eu tirei isso?
Não!
Eu o amo sim, sempre amei, mas eu não largaria tudo por ele.
Mas eu não já fiz isso? Arrisquei a minha própria vida pela dele, apesar de não ter conseguido salvá-lo.
Droga, isso é realmente um saco!
Me levantei desanimada e Zeus me olhou curioso, ele pulou da cama e me acompanhou para fora do quarto, quando chegamos a sala James e Liam pareciam ver um fantasma, talvez eu esteja realmente me parecendo com um. Liam foi o primeiro a se recompor, ele ergueu a mão para mim e eu achei falta de educação recusar, segurei sua mão e me aninhei em seu colo, fechei os olhos e tentei fingir que era Zayn, mas não era a mesma coisa, seu cheiro era muito diferente, ele tinha mais músculos que Zayn, suas mãos não eram do tamanho certo como as de Zayn eram. Pensar nessas coisas me deixou desconfortável, mas eu continuei ali, pois apesar de não ser quem eu queria, Liam estava ali e estava preocupado comigo.

— O que acha de comer alguma coisa, querida? — ele pergunta suavemente, fecho os olhos com mais força e balanço a cabeça, concordando. É como se eu dissesse que o presidente iria chegar, James pulou do sofá mais rápido do que Zeus quando vê comida dando sopa.

Em dois minutos eu tinha um prato de ovos fritos com salsicha e duas torradas com queijo bem na minha frente, meu estômago roncou em aprovação mas eu não me senti muito tentada a provar, minha boca estava seca e eu precisei sair do colo de Liam. James continuou segurando o prato todo esperançoso, me olhando com aqueles grandes olhos azuis cheios de: "Por favor, coma, maninha, eu preciso saber que nem tudo está perdido!". Sorri para ele e pedi dois segundos, fui até a cozinha e enchi um copo com água, a bebi lentamente, tentando umedecer a minha boca, que continuava seca apesar de toda a água.
Por fim me forcei a comer um pouco do que James tinha feito, dei uma torrada para Zeus e comi a outra, provei a salsicha e o ovo e não consegui ingerir mais nada, mas senti uma imensa vontade de tomar café com leite e adoçante, enquanto eu programei a cafeteira para coar me lembrei que a última vez que bebi café foi Zayn quem preparou para mim, tentei me controlar, juro que tentei, mas logo eu já estava sentada no chão da cozinha, respirando pausadamente e tentando controlar as lágrimas que desciam rapidamente pelas minhas bochechas.
Será que todas as vezes que eu for fazer alguma coisa eu me lembrarei dele? Seria pedir muito ter dois minutos em paz, sem que malditas lágrimas saltem dos meus olhos? Por que diabos ele tinha que estar naquele bar? Eu sei que era dele, mas ele podia ter vindo para a minha casa, poderia estar comigo, ele poderia não ter desaparecido e me deixado aqui, somente os cacos do que um dia foi uma pessoa.
Ele não tinha o direito de roubar a minha vitalidade assim, não tinha o direito de roubar o meu coração. A minha vida toda eu achei que eu vivia bem, sem assumir compromisso porque eu não queria sofrer por alguém, mas no fim das contas eu estava mais comprometida com Zayn do que eu pensava.
Eu só não consigo entender uma coisa. Zayn está comigo desde antes de todos os outros rapazes, por que eu tive que arranjar outros quatro caras para me sentir melhor? Por que eu tive que perdê-lo para entender que eu o amava mais do que compreendia? Odeio essas rasteiras que a vida dá, são dolorosas demais.
Quando o meu choro diminui um pouco e eu consigo respirar melhor, a cafeteira apita e James vem me ver, ele se senta de frente para mim e segura as minhas mãos, mas eu as solto e rastejo até estar em seus braços, ele me abraça forte e eu choro mais um pouco, talvez muito. Sinceramente não sei de onde sai tantas lágrimas.

— Eu não sei o que fazer, Jay — falo entre soluços, ele apenas me aperta mais. — Dói tanto, às vezes acho que não vou conseguir nem respirar!
— Eu sei, amor. Não precisa fazer nada agora, não vamos fazer nada agora — ele diz baixinho e eu choro, de novo, mais uma vez, para sempre.


♂♀♂♀

Dez dias. Eu ainda sinto como se o mundo estivesse escuro e frio. Ainda continuo na minha cama e Zeus é a minha companhia diária.
Me sinto cada vez mais cansada, apesar de dormir o dia inteiro. Acordo e meus olhos já ficam baixos, volto a dormir imediatamente. 
Zeus às vezes me assusta, ele se recusa a sair do meu lado mesmo quando eu o mando ir passear com o Liam ou qualquer um dos rapazes, ele não tem que ficar trancado comigo o dia inteiro, faz mal a ele.
Ainda não sinto fome, mas como pelo menos uma vez ao dia para tranquilizar o meu irmão, que continua com aqueles grandes olhos azuis me coagindo a fazer as coisas.
Ainda não há sinal de Zayn. Eu morro lentamente a cada vez que me recordo disso, e olha que são muitas vezes.
Ontem Niall veio me dizer que iria à casa de Zayn e queria que eu fosse com ele, fiquei péssima mas fui mesmo assim. Niall abriu as janelas para o ar correr pelos cômodos, ele regou algumas plantas que haviam ali, alimentou um passarinho vermelho que o Zayn ama e tirou o pó de alguns móveis. Ele fez tudo isso porque no fundo todos nós ainda temos esperanças que Zayn volte, é o que mais queremos, apesar da lógica nos dizer o contrário.
Enquanto ele fazia o possível para manter a casa de Zayn apresentável, eu me escondi no quarto de Zayn, deitei em sua cama, me enrolei em seus lençóis tão familiares, abracei seu travesseiro e cheirei tudo o que estava ao meu alcance e tinha o cheiro dele. Todo o momento eu tinha plena consciência que estava piorando as coisas para mim, mas eu não me importava, eu queria ele, estava em abstinência, me sentia como uma viciada em cocaína que não cheirava há dias. A verdade é que eu nunca havia passado tanto tempo sem Zayn e eu não me lembro de já ter vivido um período mais triste que aquele em toda a minha vida.
Quando Niall veio me chamar para ir embora, eu coloquei alguns casacos e camisas de Zayn em uma mochila, coloquei também o seu perfume predileto e o seu colar favorito de conchas do mar de Honolulu, vesti um casaco dele que estava jogado em cima de uma cadeira e me deliciei ao sentir o seu cheiro nele. O tempo todo Niall me assistia com um olhar triste e eu não aguentava ver aquele olhar eu seu rosto, eu não precisava da sua piedade, eu já estava sentindo pena de mais de mim mesma e da crueldade que estava acontecendo em minha vida e na de Zayn.
Fizemos o caminho em silêncio de volta para a minha casa, confesso que chorei a maior parte do trajeto e Niall me confortou com uma mão em meu joelho enquanto dirigia. Mas a dor que eu sentia precisava mais do que uma mão amiga para ser curada.
Desde ontem, quando voltamos da casa de Zayn, que eu não saio do meu quarto. Borrifei o perfume dele em meus travesseiros, vesti a camisa que ele adorava de uma banda de rock antiga e me enfiei embaixo das cobertas, fiquei encolhida em posição fetal até sentir que eu poderia respirar sem sentir a dor excruciante em meu coração.
Todo esse repouso serviu apenas para me fazer tirar os pontos, que cicatrizaram completamente e doem agora somente quando faço muito esforço. Mas ainda não posso beber e isso só piora tudo. Eu daria o mundo por uma garrafa de tequila agora. Na verdade, eu daria a minha vida para que Zayn voltasse e acabasse com essa droga de dor que me consome a cada dia mais.
Por que toda vez que eu desejo que ele volte há uma maldita voz em minha cabeça que diz que isso não vai acontecer? Odeio isso, odeio essa merda!


♂♀♂♀

Algumas vezes o silêncio em meu quarto era tanto que eu podia ouvir a conversa dos rapazes na sala, James nunca estava sozinho, eu sempre podia ouvir a voz de Liam, Louis, Harry ou Niall, mas a voz de Liam era a mais frequente. E foi a voz dele que eu ouvi quando eu soube que o meu mundo não estava arruinado de vez.




quinta-feira, 17 de agosto de 2017

"Troveja longe
Avisando o que viria.
Olhos enegrecidos observam
Enquanto eu digo a minha última oração..."
– The Sky Is Falling Down (Shadows Legacy)



Logo o mando voltar para a cama enquanto eu me visto, mas ao invés de se deitar ele recolhe suas roupas que estão no chão e as veste rapidamente. Ficamos prontos ao mesmo tempo, em uma sincronia que levou anos para conseguirmos ter.
Zayn e eu tomamos mais um pouco de café juntos e assistimos ao noticiário, depois ele me dá uma carona até a casa de Anne, me despeço dele com um beijo incrível e ele promete aparecer lá em casa depois de fechar o bar.
Toco a campainha da casa de Anne e quem me recebe é o meu irmão, ele sorri maroto e me deixa entrar. James se joga do sofá de Anne todo descabelado e com cara de sono, está usando um roupão rosa que eu garanto não pertencer a ele, pelo menos eu nunca o vi usar esse roupão lá em casa. Anne logo aparece, ela veste um vestido leve de algodão e sandálias sem salto, está pouco maquiada e linda, ela parece uma boneca.

— Então, vamos? — perguntei, ela sorriu e pegou a bolsa que estava ao lado de de Jay, ela dá um beijo nele e nós seguimos para a porta.
— Então, como anda você e o Liam? — ela pergunta quando já saímos de sua casa e caminhamos devagar pela calçada.
— Ah, tudo bem. Passamos uma semana legal juntos, mas foi só isso, não estamos namorando, se é o que você está pensando — murmurei distraída, aproveitando o vento fresco que soprava.
— Ahn. Sei. Mas e você e o Niall? — ela insistiu e eu ri.
— Meu Deus, Anne. Não estou namorando com nenhum deles se é o que quer saber! — ela riu. — Tenho certeza que você conversa bastante com o Jay e ele já deve ter falado de mim para você, o pouco que nos conhecemos você já viu como eu sou também.
— Sim, eu vi. Mas quando eu vi você e o Liam juntos, jurei que estavam há anos juntos de tão apaixonados que pareciam — ela disse e eu bufei. — Mas quando vi você com o Niall, pensei a mesma coisa. Fiquei confusa.
— Imagino que ficou, sim. Mas eu sou apaixonada por eles, sou muito apaixonada por cada um deles, o meu problema é justamente esse — expliquei pacientemente, ela balançou a cabeça assentindo. — Eu tenho o coração muito grande, Anne. Eu adoro amar vários caras, não sei como sobreviveria ficando apenas com um.
— Eu entendo você, não sei como é sentir essa necessidade, mas entendo. Sabe, eu gosto muito do seu irmão, sempre gostei desde que nos conhecemos, mas no começo eu não queria aceitar o fato de que estava apaixonada por ele, então eu saia com outros caras, me sentia bem com eles, mas toda vez que eu voltava para James era como se não existisse mais ninguém. Demorou, mas eu consegui enxergar que só ele pode me fazer sentir única — ela disse sonhadoramente, me fazendo sorrir.
— Que lindo, é ótimo saber que o meu irmão é amado — falei sincera e ela entrelaçou o braço ao meu sorridente.

Conversamos e caminhamos por mais dez minutos até chegar na Oxford Street, nós entramos em algumas lojas e Anne se esbaldou, enquanto eu fiquei sentada e dei opiniões nas roupas que ela escolhia, foi divertido no fim das contas. Perto da hora do almoço nós já estávamos voltando para casa e decidimos passar em uma loja da Victoria's Secret, para dar uma olhada nas lingeries.
Enquanto Anne vai ao provador experimentar algumas lingeries eu fico olhando os cabides, ao ver um conjunto em especial a primeira coisa que penso é em Zayn chegando em minha casa depois de um longo turno no bar e me encontrando vestindo aquilo. Fico quente só de imaginar. Decido experimentar o conjunto e Anne e eu saímos juntas do provador para nos olhar no espelho, ela fica boquiaberta ao me ver e eu fico de queixo caído ao olhar o que ela escolheu.

— Uau! Você ficou incrível — falei animada, ela sorriu e corou.
— Você também está fantástica — ela disse segurando e testando o tecido do meu corset.
— É, mas eu acho que terei que comprar cinco, para cada um dos rapazes — brinquei, ela riu.
— Podia comprar só um e usar com todos eles — ela disse, com aqueles lindos olhos azuis arregalados em diversão.
— É, mas que graça teria? Além do mais, lingerie nunca é demais!

Nós rimos e ela me ajuda a encontrar mais quatro modelos que eu possa comprar.
Em seguida nós voltamos para casa, tive o cuidado de em cada sacola colocar o nome de um dos rapazes, para não me confundir. Eu sempre faço isso, principalmente em época de dar presente a todos, como no Natal. Eu nomeio tudo para não confundir, pois eles ficam malucos se confundo ou troco o nome deles por o de outro.
Eu almoço com James e Anne e no fim do dia James e eu pegamos um táxi até a minha casa. Combinamos com Anne de passar a noite fazendo maratona de filmes, nós viemos antes para preparar a sala e escolher os filmes, Anne virá nos encontrar depois porque virá com as bebidas.
Assim que chego em casa eu coloco o telefone para carregar e ele liga, sou imediatamente bombardeada com mensagens dos meus cinco rapazes.

"Ei gata, nos vemos hoje no bar? Te encontro lá. Xx Niall"
"Amor, vai aparecer aqui hoje? Espero que sim. Mande notícias, você sumiu o dia inteiro! Xx Z"
"Eu estou com uma cede de um barzinho nojento hoje, me acompanha ao bar do seu amigo? Estou brincando, não quanto a ir ao bar. Bjo, Louis"
"Oi Ley, estou com saudades. Me encontrar no bar de sempre. xH"
"Hayley, precisamos conversar. Vou ter que substituir uma pessoa no trabalho, vou ficar no turno da noite apesar de estar de férias. Mas no falamos amanhã de manhã. Liam."

Pela última mensagem eu percebi que Liam está puto da vida comigo, deve ser por ter encontrado Zayn hoje de manhã aqui em casa. Bem, ele vai ter que superar isso.
Mandei uma mensagem coletiva para todos eles, exceto Liam, para economizar tempo e a minha paciência.

"Hoje não, querido. Nos vemos depois. Ocupada com o mano e a cunhada. XX Ley."

Escondi o telefone no quarto para não ser atormentada e fiquei pensando no quão divertido seria quando os quatro se encontrassem no mesmo ambiente, ainda bem que eu tenho compromisso hoje, não aguentaria dar atenção para cada um deles e acabaria fugindo com mais um homem para enlouquecê-los de vez. É pressão demais.
Quando Anne chegou Jay e eu já tínhamos terminado de fazer pipoca e biscoitos com gotas de chocolate, ela trouxe cervejas normais e sem álcool e nós nos acomodamos em meu sofá. Os primeiros filmes que assistimos foram os clássicos Clube dos Cinco e Gatinhas e Gatões, quando a pipoca acabou no segundo filme Anne foi fazer mais e Jay e eu ficamos assistindo o noticiário da noite, já passava de 10 horas.
No noticiário passava a notícia urgente de um incêndio em alguma parte da cidade, mas eu nem estava prestando atenção, estava ocupada demais brincando com o meu irmão, mas uma olhada de relance fez o meu corpo inteiro gelar. A placa do lugar que incendiava era idêntica ao do bar do Zayn. James parou de brincar quando me viu petrificar no sofá, ele seguiu o meu olhar até a tv e rapidamente pegou o controle para aumentar o volume.

— Jay!!! — guinchei horrorizada quando vi a equipe de bombeiros correr para dentro do prédio em chamas. — James, precisamos ir lá agora!

Pulei do sofá e corri ao meu quarto para pegar o meu telefone e dinheiro para o táxi. Quando corri de volta para a sala Anne e James já estavam prontos para sair, Jay segurava o meu casaco, eu o peguei e nós partimos o mais depressa que conseguimos. Enquanto James e Anne gritavam por um táxi eu tentava ligar para qualquer um dos rapazes, mas nenhum deles me atendiam, comecei a ficar desesperada. Tentei ligar para Liam, mas ele também não atendeu, é óbvio que ele nem se quer está com o telefone, ele está trabalhando.
Pegamos o taxista mais lerdo do mundo, enquanto Anne gritava histericamente com ele para dirigir mais rápido, eu continuava tentando falar com qualquer um dos rapazes. Mas só de lembrar da imagem do bar do Zayn na tv pegando fogo, droga, meus olhos começavam a arder só de pensar em tudo de ruim que estaria acontecendo lá, só de pensar que poderia estar acontecendo algo com qualquer um dos meus rapazes.
Que droga, por que justo hoje eles decidiram ir todos para lá?
O carro finalmente parou em frente ao Beer's Bar, agora completamente em chamas, eu podia ver a fumaça negra que escapava de todas as saídas do bar, havia carros de polícia e bombeiros e uma multidão enorme atrás de uma fita de isolamento da polícia, joguei o dinheiro para o motorista e corri para fora do táxi, abri caminho aos empurrões através da multidão e cheguei na fita de isolamento, vi bombeiros correndo e fazendo os procedimentos de emergência, vi policiais tentando conter a multidão curiosa, ouvi gritos vindos de dentro do bar e isso me mortificou. Olhei ao redor para ver se conhecia algum daqueles rostos, rezando internamente para que os meus meninos estivessem ali, todos bem e vivos.
Vi um cabelo loiro no meio das pessoas, eu o reconheceria em qualquer lugar, mais uma vez abri caminho a base de empurrões até chegar a Niall, ele estava vermelho, com o rosto coberto de fuligem e seus olhos estavam cheios de água enquanto ele olhava em expectativa para a porta do bar, por onde entravam bombeiros que voltavam a sair minutos depois com algum sobrevivente. Abracei Niall com força assim que consegui chegar perto dele, ele envolveu os braços ao meu redor e escondeu o rosto em meu pescoço, seu corpo tremia e eu sentia sua respiração trôpega em minha pele, o apertei com mais força ao perceber que ele estava chorando.

— Niall, Niall — o chamei, segurei seu rosto e o fiz me encarar, seu rosto agora estava sujo e molhado, limpei delicadamente o máximo que pude. — Niall, onde estão Zayn, Louis e Harry? — perguntei pausadamente para que ele me entendesse acima do barulho ensurdecedor.
— Eles... Ah, meu Deus, Ley. Eles... — ele gaguejou olhando para o bar novamente. Meu corpo inteiro tremeu ao perceber que eles ainda estavam lá dentro. — Hayley, eu não sei.
— Fique aqui! — falei séria e corri em direção ao bar, me abaixando para passar pela fita de isolamento e ignorando os gritos de Niall me chamando.

Dois policiais tentaram em segurar, mas quando correram em minha direção a multidão ameaçou avançar e eles acharam melhor contê-los do que a mim, aproveitei a deixa e corri mais rápido, desviando de bombeiros e mangueiras e tendo a visão da porta do bar, com muita fumaça negra saindo por lá.
Foi quando os vi. Liam usava o traje amarelo berrante e estava completamente sujo de fuligem, pendurado nele estava Harry, desacordado e com partes da roupa queimada, senti minhas pernas fraquejarem ao vê-los, mas segui firme até chegar a eles e minhas mãos foram direto até o rosto sujo de Harry, fiquei desesperada ao vê-lo desacordado, eu não conseguia falar nada coerente, ouvia Liam dizer meu nome, mas não entendia o que ele dizia, eu só queria acordar Harry, ver que ele estava bem.

— Harry, por favor, acorde! Meu Deus! Liam, faça alguma coisa, por favor — implorei chorando, Liam se abaixou para colocar Harry deitado no chão e eu me ajoelhei ao lado deles, deitei minha cabeça sobre o peito de Harry para tentar ouvir seu coração, me desesperei ao não ouvir nada, só conseguia ouvir a multidão gritando e o barulho de fogo crepitando vindo de dentro do bar. 
— Hayley, sai daqui! — ouvi Liam gritar, mas eu não dei ouvidos. 
— Zayn e Louis, onde estão eles? — gritei de volta para ele, sem tirar as mãos de Harry, ele estava pálido por baixo da sujeira escura, me lembrei do nosso horrível acidente de moto e me senti novamente maluca só de pensar na possibilidade de perder ele.
— Eles ainda estão lá dentro. Harry está a salvo agora. Mas você precisa sair daqui, Hayley, volte para trás da fita — ele gritou furioso, novamente o ignorei. Passei a mão pelos cabelos do Harry e por seu rosto, fiquei mais tranquila ao saber que ele ficaria bem. 

Mas ao ver bombeiros e policiais se aproximando de mim eu rapidamente me pus de pé e corri em direção à porta do bar, antes de dar dois passos a mão de Liam estava segurando firme em meu pulso, seus olhos faiscavam de raiva, senti que ele me amarraria em um poste só para me manter longe dali, mas eu puxei meu braço com toda a força que consegui reunir e desapareci no meio da fumaça negra.
A fumaça me cegava, ela era densa e entrava pelas minhas narinas, me impedindo de respirar, entravam pelos meus olhos e os faziam arder. Me locomover dentro do bar se tornou quase impossível. Arranquei a minha blusa e amarrei ela sobre a minha boca e nariz, consegui respirar um pouco ao fazer isso, mas ainda não conseguia enxergar.
Parei para pensar um pouco, eu conhecia aquele bar como a palma da minha mão, poderia andar ali até de olhos fechados. 
Vi as labaredas enormes engolindo o interior do bar, o palco, a pista de dança, as mesas e cadeiras, tudo o que o Zayn um dia lutou tanto para conseguir. 
Com dificuldade segui o caminho que me levaria até o bar, desviei de destroços e homens enormes com uniformes amarelos brilhantes. Eu só tinha duas pessoas em meu pensamento, Zayn e Louis, precisava encontrá-los a qualquer custo.
Ao andar as cegas pelo meio da fumaça negra eu tropecei e cai com tudo em cima do esqueleto do que um dia fora uma cadeira, a madeira ainda estava quente e eu senti a minha barriga doer como nunca, os meus pontos. Me ergui ofegante e continuei a andar, mais devagar e mais trôpega, mas continuei. Comecei a ver garrafas de bebidas pelo chão, todas quebradas, que explodiram e algumas raras que ainda estavam intactas, eu achei o bar.
Ouvi uma voz gutural e raivosa se sobressair sobre as demais, chamava o meu nome, comecei a andar mais rápido ao perceber que se tratava de Liam. Se ele pensa que vai me tirar daqui antes de eu achar os meus dois rapazes, ele está muito enganado.
Com muita dor eu consegui pular a parte de cima do balcão e caí dentro do bar, fiquei alguns segundos sentada no chão imundo, puxando ar para os pulmões, ofegando e desejando por ar puro.
Me coloquei de quatro e comecei a engatinhar pelo chão, eu sabia que encontraria Zayn ali, eu queria encontrá-lo ali. Empurrei alguns bancos de madeira que estavam carbonizados, mas não o suficiente, pois algumas farpas ficaram presas em minha pele. Ouvi um gemido baixo e eu engatinhei o mais rápido que pude até o barulho, uma estante do bar estava caída sobre um par de pernas que eu consegui vislumbrar, eu conhecia aquelas botas. Porra, eu conhecia aquelas botas.
Com uma energia renovada eu me coloquei de pé e ignorando toda a dor que eu sentia eu peguei na lateral da estante e forcei-a pro lado, ela se mexeu dois centímetros. Fiz força novamente e senti minha cabeça girar tamanho esforço, me ajoelhei no chão e respirei fundo, o ar estava pouco, meu ferimento na barriga estava doendo muito, as farpas em minhas mãos estavam dificultando o meu trabalho com a estante. Foi quando eu senti braços ao meu redor, respirei fundo o melhor que pude e segurei nas mãos que eu conhecia tão bem.

— Hayley, meu Deus, o que você está fazendo aqui? — a voz rouca e preocupada de Louis soou em meus ouvidos, antes que eu percebesse eu estava chorando, mas era um choro de medo, de alívio por saber que ele estava bem, mas preocupação também, porque ainda havia uma estante pesada que precisava ler levantada.
— A estante, Louis, precisamos movê-la — falei entre lágrimas, ele me ajudou a ficar de pé e me soltou para então segurar na lateral da estante, ele empurrou e, como anteriormente, a estante se moveu apenas alguns centímetros.

Me posicionei ao lado de Louis e juntos nós tentamos empurrá-la, levantamos o suficiente para ver o corpo inerte embaixo dela, Louis me mandou puxar o corpo enquanto ele se esforçava ao máximo para segurar a estante. Reuni toda força de vontade que ainda havia em mim e puxei as botas do rapaz, consegui com facilidade, ele era mais leve que a estante. Quando ele já estava fora do alcance da estante, Louis a soltou de uma vez com um estrondo seco, eu me ajoelhei ao lado do rapaz, limpei seu rosto e meu coração despencou. Não era o Zayn, meu Deus, era o Jack, ajudante do Zayn.
Fiquei alguns segundos olhando para o rapaz imóvel sem conseguir acreditar. Se esse não era o Zayn, onde ele estava?

— Hayley, nós precisamos ir. Esse lugar vai desabar — Louis falou, já puxando o corpo de Jack e o levantando. — Agora, Hayley!

Louis conseguiu arrastar o corpo de Jack e ainda me guiar pelo meio de todo aquele caos, eu estava em choque, não conseguia acreditar que tentara tanto e no fim sairia sem o Zayn.
Involuntariamente comecei a pensar nele, em nosso tempo juntos. Vi ele em minha cama, sentado no meu sofá, sorrindo para mim. Lembrei de nossas fodas maravilhosas e a única coisa que conseguia pensar era que eu não queria ficar sem ele, não queria que acabasse, nós tivemos tão pouco tempo juntos.
O ar gelado que entrou pelas minhas narinas e me deu um alívio imenso nos pulmões me fez voltar a realidade, Louis desabou ao meu lado de joelhos e colocou corpo inerte de Jack ao lado dele, eu me ajoelhei também, não aguentando o peso do meu próprio corpo.
Eu me sentia péssima, não só física, como também mentalmente. Zayn não saia da minha cabeça, eu queria ele, queria vê-lo, queria ele nos meus braços. Ouvi o estrondo atrás de mim, era o bar desabando, a fumaça preta me escondeu e eu só sabia que ainda estava no mesmo lugar porque a mão de Louis ainda estava entrelaçado a minha.
Eu não consegui erguer a cabeça quando os bombeiros se aproximaram, eu só conseguia chorar. E não chorava de dor, eu nem mesmo a sentia, eu chorava porque eu tinha certeza que havia perdido o Zayn e isso estava me destroçando por dentro.

— Hayley, olha pra mim. Ley, ei! — ouvi a voz de Liam, era uma voz grossa e suas palavras saiam rápido, era inconfundível, mas eu não conseguia olhá-lo. — Ley, por favor!
— TRÁS A MACA!!! — ouvi um rugido alto. — DUAS!!! — me encolhi ao ouvir pela segunda vez.

Me soltei das mãos de Liam, eu não queria ser abraçada, não queria ser consolada. Eu queria deitar na minha cama e me encolher em posição fetal. Eu queria que Zayn estivesse lá comigo, me acordasse com um beijo de bom dia, que me trouxesse uma caneca de café como só ele sabe. Queria vê-lo andando nu pelo meu apartamento e juro que nem mesmo ficaria irritada por ele ficar me cobrando compromisso. Ai, Deus, por favor, não me deixe ficar sem ele, eu prometo que não iremos mais brigar por bobeira, por favor, Deus, não o tire de mim!
Ouvi a chuva mais do que senti. Todos corriam ao nosso redor, as macas que Liam pedira ainda não aparecerem, eu podia ouvir as vozes desesperadas e a chuva veio para apaziguar todo aquele caos, veio para ajudar a apagar as chamas do bar que queimava atrás de mim. Ergui o rosto para o céu e deixei que os pingos gelados molhassem meu rosto e se misturassem com as minhas lágrimas. Senti algo quente sendo colocado em meus ombros, abri os olhos e vi que Liam despiu o casaco amarelo de bombeiro e o colocara ao meu redor, ele me olhava de um jeito piedoso e isso acabou com a pouca estrutura que ainda me mantinha sã.
Fechei meus olhos mais uma vez, sentindo-me exausta, e deixei que Liam me abraçasse, que me deitasse naquela maca desconfortável e cuidasse de mim, porque naquele momento o meu corpo precisava de cuidados, mas o meu coração precisava de um milagre.




quarta-feira, 9 de agosto de 2017

"Mas se você mudar, vai fazer falta
Se teu robe é sentar, não vou te criticar
Tá de parabéns!
Mas preciso de você, pro rolê valer..."
– Fazer Falta (Mc Livinho)



Quando voltamos para o salão, James e Anne estavam agarrados no sofá de couro e havia um balde cheio de gelo e cervejas em nossa mesa, Niall me entregou uma sem álcool e pegou um normal para ele, o que me partiu o coração. Não aguento mais cerveja ruim, é melhor beber leite a isso!
James sorriu para mim e ergueu a mão para me dar um high-five, eu ri e lhe dei um beijo na bochecha, tentando ignorar o seu sorriso malicioso que me dizia que ele sabia exatamente o que eu estava fazendo.

— Vai lá pra casa hoje, linda? — perguntou Niall, se inclinando para me dar um beijo delicioso no pescoço.
— Não sei, talvez. Até o fim da noite a gente vê — falei contendo um sorrisinho bobo.



Niall grudou em Hayley pelo resto da noite, me fazendo pensar seriamente em entregar a carta de demissão dele.
Quando enfim Jack e eu fechamos o bar, eu o dispensei e me acomodei junto a Hayley, Niall, James e Anne, que ainda estavam me esperando e conversando na mesa. Me sentei ao lado de Hayley e passei um braço sobre os seus ombros, Niall olhou de soslaio e fez uma careta nada contente.

— Então agora nós podemos ir? — perguntou Hayley, percebi que seus olhos estavam baixos e ela estava com sono, para confirmar ela deitou a cabeça em meu ombro e fez um biquinho adorável, ela sempre me ganha com esse biquinho.
— Vamos, querida. Na minha casa ou na sua? — perguntou Niall, direcionando o seu sorriso mais charmoso para ela, revirei os olhos e pigarreei.
— Não precisa se preocupar, Niall. Eu os levo em casa, isso inclui a Hayley — eu falei, arriscando me intrometer, pois quero que Hayley descanse para que melhore o quanto antes.
— Na verdade, meu bem, acho que irei com Niall hoje — ela disse docemente e segurou em meu queixo, me dando um beijo delicioso no canto esquerdo da minha boca, me deixando sedento por mais.
— Como assim, Ley. Você está caindo de sono, tem que ir pra casa descansar — apelei contrariado, elas apenas sorriu e se pôs de pé para acompanhar Niall.
— Até mais, gente. Amo vocês — ela disse e acenou para todo mundo, fiquei olhando ela sair pela porta da frente segurando a mão de Niall, me deixando sozinho com o casal apaixonado.

Esse garota ainda vai me deixar de cabelos brancos. Como ela consegue me provocar tanto e ao mesmo tempo me enlouquecer, no pior sentido da palavra?
Preciso de umas três doses de whisky depois que ela vai embora, então decido pegar logo a garrafa do meu melhor whisky e tranco o bar depois que James e Anne pegam um táxi.
Dirijo o mais rápido que posso para chegar logo em casa, para então me jogar no sofá e terminar de beber. Mas o tempo inteiro só consigo pensar em Hayley e onde ela está agora. Na casa de Niall, na cama de Niall, nos braços de Niall.
Puta que o pariu!
Eu odeio o que ela faz comigo.
Nem percebo que adormeço, mas me arrependo amargamente ao acordar pela manhã, pois minhas costas reclamam por ter dormido no sofá e minha cabeça lateja por causa de ressaca de ter entornado uma garrafa do mais forte whisky do meu bar.
A ironia disso tudo, eu penso ao me sentar no meu sofá, é que meu corpo nunca reclama quando eu durmo no sofá de Hayley com ela, pelo contrário, sempre acordo como se tivesse dormido em uma cama de um hotel luxuoso. Mas pensar nela me faz lembrar de onde ela passou a noite e isso me deixa mais amargurado ainda. 
Decido me levantar e preparar um café bem forte, enquanto a cafeteira trabalha eu tomo um banho quente e visto uma roupa quente, depois de beber o café e comer uma fruta, eu pego carteira e chaves e saio de casa com a intenção de passar na casa de Hayley antes de ir ao bar.

Dirijo tranquilamente ao som do rádio e estou mais tranquilo quando chego à casa dela. Subo até o andar de seu apartamento e toco a campainha. Ouço um grito lá dentro, apesar de ser um grito ele é bem baixo, então percebo que ela está gritando do quarto dela. Preguiçosa, nem se quer tem coragem de levantar para vir me atender, eu poderia muito bem ser um serial killer e estar entrando na casa dela, convidado além do mais, já que ela está gritando para que eu entre.
Tiro os sapatos e sigo até o quarto dela, a encontro deitada na cama com uma carinha linda de quem acabou de acordar, está completamente nua, enrolada em um lençol cinza, e ainda tem resquícios de maquiagem em seu lindo rosto.

— Oi querida, ainda na cama? O que houve? — pergunto indo até ela, Hayley faz um biquinho triste que me parte o coração e me deixa preocupado.


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— O que aconteceu, Hayley? — pergunto mais sério, ela suspira.
— Sinto falta de acordar de ressaca — ela sussurra tristinha e eu não consigo me conter, explodo em uma gargalhada sonora e alta, a fazendo rir também.
— Você é a primeira pessoa na face da Terra que sente falta de ficar de ressaca — falo divertido, ela revira os olhos mas sorri também.  O que planeja para hoje?
— Ainda não sei, pretendo ficar na cama o dia inteiro, você fica comigo? — ela pergunta docemente, virando os lindos e intensos olhos azuis para mim, me desarmando completamente.
— Preciso trabalhar, Ley  falo pesaroso, ela então ergue os braços acima da cabeça, fazendo o lençol abaixar e deixar à mostra seus lindos seios, vejo os bicos eretos e rosados e não resisto. Eu nunca resisto a ela.  Mas talvez isso possa esperar.

Me viro na cama e Hayley abre as pernas para me receber, beijo seus lábios e minhas mãos vão direto até os seus seios, seguro os bicos rosados entre o polegar e o indicador e acaricio lentamente, ela geme em meus lábios e isso me enlouquece.
Desço meus lábios pelo seu pescoço, deixando uma trilha molhada pela sua clavícula e chegando ao espaço entre seus seios, ela se contorce embaixo de mim, empinando os seios bem na minha cara, abocanho seu peito esquerdo e chupo delicadamente, ela se contorce mais ainda, deixando escapar gemidos altos.
Jogo o lençol que a cobria para longe e faço uma trilha de beijos molhados descendo pela sua barriga, beijo suavemente sua virilha e chego até o seu clitóris, ela arfa e seus dedos encontram os meus cabelos, passo minha língua ao redor de seu clítoris e lentamente introduzo um dedo em sua vagina, ela se senta na cama, gemendo alto e se contorcendo, é uma linda visão.


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Deixo um beijo delicado em seus poucos pelos pubianos claros e volto a beijá-la pela barriga, seios e então sua boca novamente, ela enlaça minha cintura com suas pernas e me abraça apertado, me mantendo grudado a ela.

Quando ela me solta eu consigo tirar toda a minha roupa em dois segundos e visto a camisinha em mais dois, depois de dois anos e meio com Hayley eu já aprendi a ser rápido em alguns quesitos.
Me sento na beirada da cama e estico a mão para que ela venha até mim, deliciosamente nua ela levanta da cama e fica em pé entre minhas pernas com sua linda bunda virada para mim, dou um beijo em cada nádega e mordo levemente, ela ri e eu me deito na cama quando ela sobe em cima da mim. Hayley estica os braços para se apoiar na cama e eu seguro firme em sua cintura, posiciono meu membro e a penetro lentamente, tomo fôlego quando a ouço gemer e então a puxo com mais força de encontro a mim, logo já estamos em um ritmo deliciosamente enlouquecedor.


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Hayley deixa os braços cederem e eu a abraço quando ela cai em meu peitoral, a viro e a coloco de quatro  na ponta da cama, tendo a linda visão de sua bunda arrebitada só para mim, ela geme quando a penetro de uma vez e começo a bombar cada vez mais rápido segurando em seus quadris.
Sinto a sensação gostosa tomando todo o meu corpo e sei que não posso parar agora, sinto Hayley se contorcer ao meu redor e gemer mais alto, gozando lindamente bem à minha frente e essa é a minha perdição, me entrego de vez e solto um grunhido ao gozar também, caio ao lado dela na cama e ela logo vem se aconchegar em meu peito, me abraçando.

— Sentiu a minha falta, em — ela disse risonha e eu beijei sua testa.
— Ah, você não faz ideia — me inclinei para beijar seus lábios e ela se derreteu em meus braços, eu adoro fazê-la se derreter, é o meu passatempo predileto, ouso até dizer que a meta da minha vida. — Preciso comer alguma coisa.
— Jura? Você sempre precisa — ela resmunga quando me levanto. Eu sempre preciso comer alguma coisa depois de uma foda bem dada, ela me conhece bem.
— Me espera aqui, linda. Eu não demoro — falo e sigo até a porta do quarto, quando me viro para olhá-la tenho a linda visão da minha linda mulher, quando ela percebe que a estou admirando ela abre um grande sorriso para mim.
— Traz uma caneca de café pra mim, por favor? — ela pede e eu não consigo negar, eu nunca consigo.

Enquanto espero a cafeteira terminar de coar o café a campainha toca, pego uma almofada no sofá para cobrir as minhas partes e arrisco abrir uma frestinha da porta, dou de cara com o bombeiro. Aproveitando o momento favorável para mim, abro completamente a porta e permito que ele me veja nu, pra completar a voz doce de Hayley soa por todo o apartamento vinda do quarto.

— Quem é, amor? 
— Bom dia, Liam — desejo sorridente, ele revira os olhos e evita olhar para a almofada que eu seguro para cobrir meus atributos. — Só um segundo, Ley — grito em direção ao quarto.
— Eu volto em uma outra hora — Liam diz secamente e vai embora sem esperar resposta, o que me deixa deliciado e com um gostinho de vitória na língua.

No entanto, esse gostinho se esvai rapidamente, pois a situação me lembra a que eu mesmo estive diversas vezes. Cansei de vir ver Hayley e encontrar Louis seminu aqui, me recebendo na porta e me olhando como se eu não fosse bem-vindo, isso me matava e me fazia querer matá-lo. Por isso não nos damos bem, tanto ele quanto eu já provocamos um ao outro nesse sentido.
Mas a situação era diferente quando era Harry ou Niall que me atendiam, Niall raramente vem até a casa de Hayley, então foram poucas as vezes que ele me recebeu na porta, assim como Harry, que está há poucos meses conosco, mas os dois nunca me olharam como se eu fosse uma barata indesejada, eles tinham pelo menos a dignidade de vestir um short ao ver que era eu e também tinham a decência de parecer envergonhados. Louis não, ele gostava de esfregar na minha cara que estava na cama de Hayley, pobrezinho, parece que ele esquece que não é o único.
Enchi uma caneca com o café quente e coloco um pouco de leite gelado e adoçante, peguei uma maçã para mim e segui para o quarto, Hayley se senta na cama e pega a caneca que lhe ofereço, dá um longo gole antes de repetir a pergunta:

— Quem era na porta?
— Ah, era o Liam, mas ele disse que volta em outra hora — murmuro me sentando ao seu lado e lhe dando um beijo rápido nos lábios, ela sorri.
— Hum. E você o atendeu assim? — ela perguntou divertida, olhando para a minha nudez sem pudor algum.
— Ah, você sabe — desdenhei e mordi a minha maçã. — Eu peguei uma almofada para me cobrir — ela gargalha deliciosamente e eu me delicio vendo-a jogar a cabeça para trás.
— Você não vale nada — ela brinca me dando um tapinha na coxa, perto de mais do meu membro.

Ela também percebe o quão próximo chegou de me tocar e logo a minha maçã e a caneca dela estão em cima da mesinha de cabeceira enquanto eu sou agraciado com um incrível boquete matinal.



Depois de um banho merecido eu volto ao quarto, onde Zayn está deitado em minha cama, muito confortável e desinibido. Ele assisti atentamente enquanto eu ando até o meu guarda-roupas e procuro algo quente para vestir, ele assiste também quando eu deslizo a pequena calcinha preta pelas pernas e, quando vou colocar o sutiã, ele sai da cama para me ajudar.
É uma sensação muito boa ter o seu corpo quente grudado as minhas costas, principalmente quando ele está nu. Ele termina de abotoar o meu sutiã e põe suas mãos em minha cintura, me segurando contra seu corpo e beijando o meu pescoço carinhosamente.

— Eu pensei que você tivesse dito que ia passar o dia inteiro na cama — ele sussurra em meu ouvido, fecho os olhos e saboreio as segundas intenções entremeadas nas suas palavras.
— Eu sei, mas me lembrei que prometi a Anne que iríamos fazer compras hoje, ela precisa de um vestido novo para sair com o Jay — expliquei e me virei de frente para ele, coloquei meus braços em seus ombros e me inclinei na ponta dos pé para depositar um beijo casto em seus lábios. — Você pode vir com a gente se quiser.
— Ah, não, acho que não, obrigado — ele diz fazendo uma careta e eu rio. — Além do mais, agora que você não está me escravizando em sua cama, eu tenho que cuidar da administração do bar para abri-lo mais tarde.
— Tudo bem, então — ele sorri.
— Você vai tocar com a banda amanhã de novo? — ele pergunta e eu nego com a cabeça. — Ah, por favor, amor. Nós não achamos ninguém ainda, quebre esse galho, vai — ele implora e eu não resisto ao seu olhar de cachorrinho abandonado, acabo cedendo.
— Ok, ok. Amanhã estarei lá, mas não vá se acostumando, é melhor arrumarem logo alguém para substituir a Priya — aviso e ele assente, feliz por conseguir o que queria.


Logo o mando voltar para a cama enquanto eu me visto, mas ao invés de se deitar ele recolhe suas roupas que estão no chão e as veste rapidamente. Ficamos prontos ao mesmo tempo, em uma sincronia que levou anos para conseguirmos ter.





Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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