terça-feira, 29 de agosto de 2017
"Porque o seu amor é o meu amor
E o meu amor é o seu amor
Levaria uma eternidade para nos separar
E as correntes de Amistad não poderiam nos segurar..."
E o meu amor é o seu amor
Levaria uma eternidade para nos separar
E as correntes de Amistad não poderiam nos segurar..."
– My Love Is Your Love (Whitney Houston)
Algumas vezes o silêncio em meu quarto era tanto que eu podia ouvir a conversa dos rapazes na sala, James nunca estava sozinho, eu sempre podia ouvir a voz de Liam, Louis, Harry ou Niall, mas a voz de Liam era a mais frequente. E foi a voz dele que eu ouvi quando eu soube que o meu mundo não estava arruinado de vez.
Eu estava mais uma vez encolhida embaixo das cobertas com o cheiro do Zayn ao meu redor, abraçava uma camisa dele e Zeus estava um pouco ressentido porque a frequência com que eu o abraço diminuiu desde ontem, que foi quando eu trouxe algumas coisas do Zayn para cá. Mas eu sempre estico a mão e coço as orelhas dele para que não fique bravo comigo.
A porta do quarto se abriu de repente e eu virei a cabeça para ver quem decidira vir tentar me animar desta vez, mas meus olhos estavam embaçados e eu não consegui enxergar direito até que ele se aproximou as pressas e deitou na cama, me abraçando apertado e enfiando o rosto em meus cabelos. Eu conhecia bem aquele corpo que se encaixava ao meu, aquelas mãos que estavam me tocando.
Droga, um maldito sonho, só pode ser!
Com muito medo de acordar, eu me virei lentamente na cama, ficando de frente para o corpo tatuado que eu conhecia bem, estiquei as mãos e toquei seu rosto, ele estava com um curativo grande no lado esquerdo da testa, ele fechou os olhos ao sentir minha mão acariciar sua bochecha e eu me derreti. Se fosse um maldito sonho, eu não queria acordar!
Me sentei na cama sem desviar os olhos dele, Zayn também se sentou, seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu já estava com o rosto todo encharcado. Ainda parecia um sonho para mim, era, eu tinha certeza que era. Sonhei tanto com esse momento que agora isso parece só mais daqueles sonhos.
— Sou eu, Ley – ele sussurrou. — Sou eu mesmo.
— Zayn! — minha voz saiu como um ganido. — Não, droga, droga! É um sonho, um maldito sonho! Eu não aguento mais isso — gritei levando a mão aos olhos e cobrindo o meu rosto, eu não aguentaria se isso fosse só mais um sonho, há um limite para tudo e a minha mente não poderia ser perversa a ponto de me deixar em frangalhos novamente.
— Hayley! — ele segurou as minhas mãos e as tirou do meu rosto. — Sou eu, amor. Estou aqui, estou bem, estou vivo! — ele gritou e eu o olhei atentamente, seus belos traços tão familiares, seus olhos castanhos, seu cabelo negro, tudo parecia perfeito, ele parecia ele.
Novamente levei minhas mãos ao seu rosto e toquei seus cabelos, emaranhei meus dedos em seus fios negros e senti a textura tão macia. Zayn ficou quieto, sentindo o meu toque e me deixando acordar. Sua barba estava grande, aproximadamente onze dias sem fazê-la. Ele vestia uma roupa que eu não conhecia, e eu conhecia todas as suas roupas.
Deslizei minhas mãos pelo seu pescoço, seus braços, até a bainha da blusa, Zayn abriu os olhos para me interrogar, mas calou a boca quando eu puxei sua camisa para cima e o despi, obedientemente ele a tirou e eu a joguei longe. Peguei a camisa que estava embaixo das cobertas e procurei o lado certo para vestir nele, ele riu quando passei a camisa pela cabeça dele. Pronto, o meu menino agora parecia mais com ele.
— Não é um sonho? — perguntei entre soluços, ele negou com a cabeça e um sorrisinho sacana nos lábios. Meu Deus, meu Deus. É ele!
Com um movimento rápido eu pulei em seu colo e o abracei com as pernas e os braços, o mantendo bem grudado a mim. Zayn me abraçou de volta, me apertando, me tocando em todos os lugares acessíveis. Ele se inclinou e nos deitou na cama, ficando por cima de mim. Ele afastou o rosto do meu e suas mãos seguraram o meu rosto com firmeza.
— Eu quase morri... — ele falou.
— Eu sei, eu sei, eu também, eu quase morri sem você aqui — o interrompi, ele sorriu e duas lágrimas escorreram por suas bochechas, eu beijei cada uma delas ternamente.
— Não, me escute! — ele disse doce e pacientemente. — Eu quase morri de saudade de você, Ley. Na noite do incêndio eu fui transferido para um hospital ao leste, não havia ninguém que pudesse me reconhecer lá, fiquei em coma por oito dias e ninguém sabia dizer quem eu era. Quando eu acordei acabei frustrando a todos, pois nem eu sabia quem eu era, mas todos me diziam e insistiam que eu me lembrava, pois sempre que eu dormia eu chamava o nome de uma garota. Era você.
— Zayn — choraminguei, ele sorriu e beijou uma lágrima que escorreu pelo o meu queixo.
— Demorei dois dias para me lembrar quem eu era e a primeira pessoa de quem eu lembrei foi você. Foi você, Hayley! Fiz um escândalo para conseguir receber alta e sair daquele lugar, eu estava louco, precisava vê-la, saber que você estava bem, que estava segura, precisava saber se estava sentindo a minha falta... — sua voz sumiu em um murmúrio e eu ri amargamente.
— Você não sabe o quanto — falei irônica e ele sorriu.
— As enfermeiras se apiedaram da minha situação e fizeram uma vaquinha para que eu conseguissem comprar uma passagem de volta e agora eu estou aqui e eu sou todo seu, Ley. Não me importa com quantos homens você queira estar, nem se um dia você vai me escolher para ser o único, mas eu quero que saiba que eu estou aqui e eu vou sempre estar aqui pra você. Eu amo você, Hayley, amo como jamais amei alguém em toda a minha vida e eu queria muito que você percebesse que não precisamos de mais nada e nem ninguém para sermos felizes. Juntos nós somos o bastante — ele falou tão sério e apaixonado que eu não tive alternativa se não beijá-lo, seu lábios estavam tão macios e pareciam tão certos para mim, o segurei mais forte e o virei na cama, ficando por cima, ele sorriu e repousou as duas mãos em minha cintura.
— Eu amo você, Zayn, você sabe disso. Eu só me arrependo de não ter percebido que você é o suficiente para mim antes — confessei baixinho, ele olhava em meus olhos tão fundo, eu não poderia mentir a essa altura, não depois de tudo o que passamos. — Eu daria a minha vida pela sua, querido. Eu tentei, tentei encontrar você no meio daquele incêndio, mas falhei e me senti terrível, eu fiquei na merda durante esses onze dias. Juro que eu estava enlouquecendo. Eu só queria você de volta, meu Deus, obrigada, você está aqui e está bem! — gemi e o beijei novamente, ele abraçou a minha cintura.
— Eu não acredito que você entrou lá dentro! — ele falou irritado quando separei nossos lábios, o beijei novamente para impedi-lo de continuar com a bronca. — Hayley! Você poderia ter morrido, sua garota boba! — ele esbravejou e eu o beijei mais uma vez, o beijei até que desistisse de brigar comigo. O que demorou bastante e eu amei cada segundo.
— Eu não sou eu mesma sem você, Zayn. Você é o motivo pelo qual eu vivo, sem exagerar, pergunte a qualquer um e verá que eu só estou aqui agora por sua causa, porque no fundo eu sabia, ou pelo menos eu queria, que você voltasse para mim.
— E eu voltei por você, querida. Não iria mesmo deixar você na mão daqueles quatro idiotas — ele bufou e nós rimos. — Lembre-me de agradecê-los por cuidarem de você, apesar de estar muito magra, Hayley Catter — ele falou em tom de bronca e eu ri, deixando meu corpo cair sobre o dele e sentindo os seus braços ao meu redor.
— Eu amo você, garotinha teimosa, e sei que não foi fácil para eles lidarem com você durante a minha ausência. Valeu, campeão, devo muito a você também — ele disse esticando a mão para acariciar o pelo de Zeus, que estava quietinho nos olhando.
— Nunca mais se atreva a fazer isso comigo, Zayn. Eu não aguentaria mais dias como esses — falei e meu corpo inteiro tremeu com um espasmo que eu passei a conhecer bem, antes que eu pudesse controlar eu já estava chorando, um choro doloroso que vinha do fundo da alma.
— Shiii, não meu amor, está tudo bem agora, eu não vou mais sair de perto de você, eu prometo — ele disse me acalentando ternamente, mas ele me deixou chorar todo o reservatório de lágrimas que eu ainda tinha, eu precisava me livrar logo daquele sentimento ruim que estava em meu peito.
Nós ficamos na mesma posição por vários horas, sem nenhum de nós dois ter coragem de se mover, estávamos absorvendo a presença um do outro, respirando o mesmo ar, beijando os lábios um do outro, estávamos nos redescobrindo depois do que passamos. Eu nunca fiquei tão feliz em toda a minha vida.
E pela primeira vez em onze dias eu me senti animada para sair da cama e sair de casa também, queria sair com Zayn e comemorar, queria convidar os rapazes a irem conosco para agradecê-los por tudo o que fizeram por mim nesses dias intermináveis.
Zayn, Zeus e eu deixamos o meu quarto e encontramos todos os rapazes na sala, incluindo James e Anne. A vibe no ar parecia até mais leve do que nos dias anteriores, todos sorriam aliviados e eu me senti leve como uma pena, fiquei grudada em Zayn o tempo inteiro, não queria tirar as mãos dele, na verdade eu temia que se fizesse isso ele desapareceria na frente dos meus olhos.
Depois que todos cumprimentaram Zayn, até mesmo Louis, e disseram o quanto estavam felizes em vê-lo, nós combinamos de sair para beber, então eu arrastei Zayn para o banheiro comigo e o fiz tomar banho ao meu lado, eu estava falando sério quando disse que não queria tirar as mãos deles.
Depois nós nos arrumamos no meu quarto, ele pegou uma de suas calças que estavam perdidas em meu guarda-roupas, eu lhe dei uma camisa e um casaco que eu trouxera de sua casa. Zayn se retirou para que eu pudesse terminar de me arrumar, não que eu quisesse, mas ele queria conversar com os rapazes, então deixei-o ir.
Enquanto procurava um vestido para usar eu encontrei as sacolas da Victoria's Secret com as lingeries que comprei, arranquei todas as etiquetas com o nome dos rapazes, de agora em diante serão todas para Zayn, escolhi uma das lingeries pretas e a vesti, em seguida coloquei o vestido que tinha escolhido.
Eu estava me sentindo muito gata com aquele vestido, tudo bem que era justo e um pouco curto, mas estava na medida certa, mostrava as minhas coxas mas nada mais além disso, o meninos não iriam gostar, mas Zayn sim, ele sempre gosta do que eu visto, mesmo quando uso calças de pijama e principalmente quando não uso nada.
Na minha sala de estar estavam Zayn, James e Anne, todos lindos e arrumados. Zayn arranjou algum gel de cabelo com James, porque agora seu cabelo está brilhante e bem penteado. James e Anne não se desgrudam, ela está linda, como sempre. Eu já disse que essa mulher parece uma boneca? Bem, digo de novo, porque ela realmente parece!
Zayn sorriu maliciosamente ao me ver e eu senti meu corpo inteiro se acender, como se uma brasa que antes se apagara começasse a pegar fogo novamente, era uma sensação deliciosa, eu finalmente sentia meu corpo quente novamente e era maravilhoso.
— Meu Deus, sempre faltaria algo em minha vida se eu não me lembrasse que pertenço a você! — disse Zayn quando eu cheguei perto dele e o abracei, ele pegou o meu casaco, o jogou no ombro e segurou a minha mão para me fazer dar uma voltinha. — Apesar de ser um pouco curto, você está maravilhosa, amor.
— Obrigada, querido — falo docemente e me inclino na ponta das botas para dar-lhe um beijo.
Nós saímos de casa e encontramos o carro de Zayn no estacionamento do prédio. Ele recuperou o carro hoje, ainda estava intacto no estacionamento atrás do bar, ele também viu as ruínas do bar e enquanto o ouvia descrever como ficou o seu amado bar, ele ficou pálido e triste e aquilo partiu o meu coração.
Mantivemos o clima agradável e longe das últimas tragédias, cantamos junto com o rádio até chegarmos no pub que os rapazes escolheram. O estacionamento estava lotado, mas ao rodar pela segunda vez Zayn conseguiu uma vaga.
Ao chegar na entrada do bar, nós fomos recebidos pelo ar quente e lotado, andamos por entre as pessoas até acharmos Liam e Louis sentados em uma mesa com vários lugares vazios. Zayn me ajudou a tirar o casaco e nos sentamos ao lado deles.
O The Cock Tavern é o segundo bar da nossa lista de favoritos, o primeiro era o do Zayn, é claro! Lá tem a melhor cerveja de Londres e de vários tipos que não encontramos em qualquer lugar, principalmente chopp. Os rapazes se levantaram para ir escolher os chopps enquanto Anne e eu ficamos guardando lugar e esperando por Niall e Harry.
O som que tocava era uma espécie de Indie Rock, era muito gostoso de se ouvir e acalmava também. Anne não parava de falar sobre como James adorou a lingerie que ela comprou no dia das nossas compras e eu fico feliz por ela, mas sinceramente, eu não quero saber da vida sexual do meu irmão. Então puxei um assunto mais neutro sobre música com ela.
Quando os rapazes voltaram, trouxeram junto Harry e Niall, ambos já com canecas de chopp em mãos. Zayn colocou uma caneca com uma cerveja escura em minha frente e se sentou ao meu lado, provei um golinho da cerveja e era forte, bem forte, apesar de eu não gostar de cerveja muito forte, aquela era boa.
— Nossa, uma vez na vida é bom ser servido ao invés de servir — disse Zayn e todos riram, mas ficou no ar a sensação de que faltava algo, não estávamos no lugar certo.
— Tecnicamente foi você que se serviu — lembrou Niall e Zayn riu.
— Você me entendeu.
Pela primeira vez desde que conheci todos eles, eu os vi interagindo um com o outro como se fossem velhos amigos, até mesmo Louis havia parado de olhar Zayn com aquela hostilidade de antigamente, fiquei tão contente ao constatar isso que bebi mais do que poderia, mas eu nem estava ligando, eu estava feliz e estava comemorando a vida do meu amado.
E depois de muita cerveja, uma trepada maravilhosa com Zayn e a casa no silêncio habitual da madrugada, eu me sentia leve e feliz, realmente muito feliz. Zayn respirava baixinho ao meu lado e eu ainda não conseguia dormir, estava deitada de lado olhando para ele, gravando todos os seus belos traços em minha memória, por mais que eu já os conhecesse muito bem.
De tanto pensar eu cheguei a conclusão de que já estava melhor e que poderia voltar a trabalhar, precisava de alguma coisa para ocupar a mente enquanto Zayn passaria os dias seguintes cuidado da papelada, do seguro e da indenização do bar, ele não teria muito tempo para passar comigo quando começasse a reerguer o seu lugar, então eu precisava voltar ao trabalho.
Enquanto pensava no fim do meu atestado médico, percebi que os olhos de Zayn estavam abertos e ele estava sorrindo para mim, fiquei tão distraída que nem mesmo vi quando ele acordou.
— Um centavo pelos seus pensamentos, minha linda — ele sussurrou baixinho, no silêncio da casa eu pude ouvi-lo com clareza, sua voz estava tão doce e amável que meu coração se encheu de emoção.
— Eu os dou de graça para você — falei baixinho, ele sorriu.
— No que você tanto pensa? — ele disse e me puxou para seus braços, me aconcheguei em seu peito e inspirei o seu cheiro tão bom.
— Estava pensando em voltar ao trabalho, já estou recuperada dos pontos e você está aqui comigo, me sinto bem pra voltar — falei e ele me apertou mais forte.
— Eu não quero que volte agora, fica mais um pouco em casa comigo — ele pediu docemente.
— Mas você vai passar a maior parte do seu tempo cuidando dos negócios e reerguendo o seu bar, eu não vou ter nada para fazer.
— Vamos fazer uma viagem comigo? Eu vou voltar à Honolulu, quero que venha comigo. O dinheiro que vou receber é muito mais do que preciso pra levantar o meu bar, quero aproveitar enquanto ainda tenho esses dias de folga para voltar ao Havaí, vem comigo? — ele disse calmo e sereno, percebi que estava com sono, demorei a responder, fiquei apenas pensando em sua tentadora proposta, até que ele começou a ressonar baixinho. Bom, amanhã eu lhe dou uma resposta.
Saindo do pub, nos despedimos de todos, James foi dormir na casa de Anne, o que significa que Hayley e eu teríamos o apartamento todo para nós, e Hayley e eu voltamos para a casa dela.
No elevador eu já estava com ela nos braços e não era porque ela havia bebido demais, apesar de ter sim exagerado. Era absolutamente incrível sentir o gosto de seus lábios e sua pele, depois de tudo o que aconteceu.
Na noite do incêndio, a única coisa que me manteve mais calmo no meio daquele inferno foi saber que Hayley não estava lá, que ela estava segura em casa, mas quando ela me contou que entrou lá dentro para me procurar eu entrei em choque, não conseguia deixar de imaginar tudo de ruim que poderia ter acontecido com ela.
Tive conhecimento de todas as suas proezas desde aquele dia, se arriscou por minha causa, se machucou muito e conseguiu salvar uma vida apesar de não ser a de quem ela mais desejava, ouvir pela boca de outros sobre o estado letárgico em que ela passou os últimos dias me deixou doente, imaginá-la chorando e sozinha sem que eu pudesse consolá-la partiu o meu coração. Nunca pensei que Hayley ficaria assim por minha causa e confesso que isso foi uma prova, tanto para mim quanto para ela, do tamanho do seu amor por mim.
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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.
Um Amor Real
Sinopse
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Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3