quinta-feira, 17 de agosto de 2017

"Troveja longe
Avisando o que viria.
Olhos enegrecidos observam
Enquanto eu digo a minha última oração..."
– The Sky Is Falling Down (Shadows Legacy)



Logo o mando voltar para a cama enquanto eu me visto, mas ao invés de se deitar ele recolhe suas roupas que estão no chão e as veste rapidamente. Ficamos prontos ao mesmo tempo, em uma sincronia que levou anos para conseguirmos ter.
Zayn e eu tomamos mais um pouco de café juntos e assistimos ao noticiário, depois ele me dá uma carona até a casa de Anne, me despeço dele com um beijo incrível e ele promete aparecer lá em casa depois de fechar o bar.
Toco a campainha da casa de Anne e quem me recebe é o meu irmão, ele sorri maroto e me deixa entrar. James se joga do sofá de Anne todo descabelado e com cara de sono, está usando um roupão rosa que eu garanto não pertencer a ele, pelo menos eu nunca o vi usar esse roupão lá em casa. Anne logo aparece, ela veste um vestido leve de algodão e sandálias sem salto, está pouco maquiada e linda, ela parece uma boneca.

— Então, vamos? — perguntei, ela sorriu e pegou a bolsa que estava ao lado de de Jay, ela dá um beijo nele e nós seguimos para a porta.
— Então, como anda você e o Liam? — ela pergunta quando já saímos de sua casa e caminhamos devagar pela calçada.
— Ah, tudo bem. Passamos uma semana legal juntos, mas foi só isso, não estamos namorando, se é o que você está pensando — murmurei distraída, aproveitando o vento fresco que soprava.
— Ahn. Sei. Mas e você e o Niall? — ela insistiu e eu ri.
— Meu Deus, Anne. Não estou namorando com nenhum deles se é o que quer saber! — ela riu. — Tenho certeza que você conversa bastante com o Jay e ele já deve ter falado de mim para você, o pouco que nos conhecemos você já viu como eu sou também.
— Sim, eu vi. Mas quando eu vi você e o Liam juntos, jurei que estavam há anos juntos de tão apaixonados que pareciam — ela disse e eu bufei. — Mas quando vi você com o Niall, pensei a mesma coisa. Fiquei confusa.
— Imagino que ficou, sim. Mas eu sou apaixonada por eles, sou muito apaixonada por cada um deles, o meu problema é justamente esse — expliquei pacientemente, ela balançou a cabeça assentindo. — Eu tenho o coração muito grande, Anne. Eu adoro amar vários caras, não sei como sobreviveria ficando apenas com um.
— Eu entendo você, não sei como é sentir essa necessidade, mas entendo. Sabe, eu gosto muito do seu irmão, sempre gostei desde que nos conhecemos, mas no começo eu não queria aceitar o fato de que estava apaixonada por ele, então eu saia com outros caras, me sentia bem com eles, mas toda vez que eu voltava para James era como se não existisse mais ninguém. Demorou, mas eu consegui enxergar que só ele pode me fazer sentir única — ela disse sonhadoramente, me fazendo sorrir.
— Que lindo, é ótimo saber que o meu irmão é amado — falei sincera e ela entrelaçou o braço ao meu sorridente.

Conversamos e caminhamos por mais dez minutos até chegar na Oxford Street, nós entramos em algumas lojas e Anne se esbaldou, enquanto eu fiquei sentada e dei opiniões nas roupas que ela escolhia, foi divertido no fim das contas. Perto da hora do almoço nós já estávamos voltando para casa e decidimos passar em uma loja da Victoria's Secret, para dar uma olhada nas lingeries.
Enquanto Anne vai ao provador experimentar algumas lingeries eu fico olhando os cabides, ao ver um conjunto em especial a primeira coisa que penso é em Zayn chegando em minha casa depois de um longo turno no bar e me encontrando vestindo aquilo. Fico quente só de imaginar. Decido experimentar o conjunto e Anne e eu saímos juntas do provador para nos olhar no espelho, ela fica boquiaberta ao me ver e eu fico de queixo caído ao olhar o que ela escolheu.

— Uau! Você ficou incrível — falei animada, ela sorriu e corou.
— Você também está fantástica — ela disse segurando e testando o tecido do meu corset.
— É, mas eu acho que terei que comprar cinco, para cada um dos rapazes — brinquei, ela riu.
— Podia comprar só um e usar com todos eles — ela disse, com aqueles lindos olhos azuis arregalados em diversão.
— É, mas que graça teria? Além do mais, lingerie nunca é demais!

Nós rimos e ela me ajuda a encontrar mais quatro modelos que eu possa comprar.
Em seguida nós voltamos para casa, tive o cuidado de em cada sacola colocar o nome de um dos rapazes, para não me confundir. Eu sempre faço isso, principalmente em época de dar presente a todos, como no Natal. Eu nomeio tudo para não confundir, pois eles ficam malucos se confundo ou troco o nome deles por o de outro.
Eu almoço com James e Anne e no fim do dia James e eu pegamos um táxi até a minha casa. Combinamos com Anne de passar a noite fazendo maratona de filmes, nós viemos antes para preparar a sala e escolher os filmes, Anne virá nos encontrar depois porque virá com as bebidas.
Assim que chego em casa eu coloco o telefone para carregar e ele liga, sou imediatamente bombardeada com mensagens dos meus cinco rapazes.

"Ei gata, nos vemos hoje no bar? Te encontro lá. Xx Niall"
"Amor, vai aparecer aqui hoje? Espero que sim. Mande notícias, você sumiu o dia inteiro! Xx Z"
"Eu estou com uma cede de um barzinho nojento hoje, me acompanha ao bar do seu amigo? Estou brincando, não quanto a ir ao bar. Bjo, Louis"
"Oi Ley, estou com saudades. Me encontrar no bar de sempre. xH"
"Hayley, precisamos conversar. Vou ter que substituir uma pessoa no trabalho, vou ficar no turno da noite apesar de estar de férias. Mas no falamos amanhã de manhã. Liam."

Pela última mensagem eu percebi que Liam está puto da vida comigo, deve ser por ter encontrado Zayn hoje de manhã aqui em casa. Bem, ele vai ter que superar isso.
Mandei uma mensagem coletiva para todos eles, exceto Liam, para economizar tempo e a minha paciência.

"Hoje não, querido. Nos vemos depois. Ocupada com o mano e a cunhada. XX Ley."

Escondi o telefone no quarto para não ser atormentada e fiquei pensando no quão divertido seria quando os quatro se encontrassem no mesmo ambiente, ainda bem que eu tenho compromisso hoje, não aguentaria dar atenção para cada um deles e acabaria fugindo com mais um homem para enlouquecê-los de vez. É pressão demais.
Quando Anne chegou Jay e eu já tínhamos terminado de fazer pipoca e biscoitos com gotas de chocolate, ela trouxe cervejas normais e sem álcool e nós nos acomodamos em meu sofá. Os primeiros filmes que assistimos foram os clássicos Clube dos Cinco e Gatinhas e Gatões, quando a pipoca acabou no segundo filme Anne foi fazer mais e Jay e eu ficamos assistindo o noticiário da noite, já passava de 10 horas.
No noticiário passava a notícia urgente de um incêndio em alguma parte da cidade, mas eu nem estava prestando atenção, estava ocupada demais brincando com o meu irmão, mas uma olhada de relance fez o meu corpo inteiro gelar. A placa do lugar que incendiava era idêntica ao do bar do Zayn. James parou de brincar quando me viu petrificar no sofá, ele seguiu o meu olhar até a tv e rapidamente pegou o controle para aumentar o volume.

— Jay!!! — guinchei horrorizada quando vi a equipe de bombeiros correr para dentro do prédio em chamas. — James, precisamos ir lá agora!

Pulei do sofá e corri ao meu quarto para pegar o meu telefone e dinheiro para o táxi. Quando corri de volta para a sala Anne e James já estavam prontos para sair, Jay segurava o meu casaco, eu o peguei e nós partimos o mais depressa que conseguimos. Enquanto James e Anne gritavam por um táxi eu tentava ligar para qualquer um dos rapazes, mas nenhum deles me atendiam, comecei a ficar desesperada. Tentei ligar para Liam, mas ele também não atendeu, é óbvio que ele nem se quer está com o telefone, ele está trabalhando.
Pegamos o taxista mais lerdo do mundo, enquanto Anne gritava histericamente com ele para dirigir mais rápido, eu continuava tentando falar com qualquer um dos rapazes. Mas só de lembrar da imagem do bar do Zayn na tv pegando fogo, droga, meus olhos começavam a arder só de pensar em tudo de ruim que estaria acontecendo lá, só de pensar que poderia estar acontecendo algo com qualquer um dos meus rapazes.
Que droga, por que justo hoje eles decidiram ir todos para lá?
O carro finalmente parou em frente ao Beer's Bar, agora completamente em chamas, eu podia ver a fumaça negra que escapava de todas as saídas do bar, havia carros de polícia e bombeiros e uma multidão enorme atrás de uma fita de isolamento da polícia, joguei o dinheiro para o motorista e corri para fora do táxi, abri caminho aos empurrões através da multidão e cheguei na fita de isolamento, vi bombeiros correndo e fazendo os procedimentos de emergência, vi policiais tentando conter a multidão curiosa, ouvi gritos vindos de dentro do bar e isso me mortificou. Olhei ao redor para ver se conhecia algum daqueles rostos, rezando internamente para que os meus meninos estivessem ali, todos bem e vivos.
Vi um cabelo loiro no meio das pessoas, eu o reconheceria em qualquer lugar, mais uma vez abri caminho a base de empurrões até chegar a Niall, ele estava vermelho, com o rosto coberto de fuligem e seus olhos estavam cheios de água enquanto ele olhava em expectativa para a porta do bar, por onde entravam bombeiros que voltavam a sair minutos depois com algum sobrevivente. Abracei Niall com força assim que consegui chegar perto dele, ele envolveu os braços ao meu redor e escondeu o rosto em meu pescoço, seu corpo tremia e eu sentia sua respiração trôpega em minha pele, o apertei com mais força ao perceber que ele estava chorando.

— Niall, Niall — o chamei, segurei seu rosto e o fiz me encarar, seu rosto agora estava sujo e molhado, limpei delicadamente o máximo que pude. — Niall, onde estão Zayn, Louis e Harry? — perguntei pausadamente para que ele me entendesse acima do barulho ensurdecedor.
— Eles... Ah, meu Deus, Ley. Eles... — ele gaguejou olhando para o bar novamente. Meu corpo inteiro tremeu ao perceber que eles ainda estavam lá dentro. — Hayley, eu não sei.
— Fique aqui! — falei séria e corri em direção ao bar, me abaixando para passar pela fita de isolamento e ignorando os gritos de Niall me chamando.

Dois policiais tentaram em segurar, mas quando correram em minha direção a multidão ameaçou avançar e eles acharam melhor contê-los do que a mim, aproveitei a deixa e corri mais rápido, desviando de bombeiros e mangueiras e tendo a visão da porta do bar, com muita fumaça negra saindo por lá.
Foi quando os vi. Liam usava o traje amarelo berrante e estava completamente sujo de fuligem, pendurado nele estava Harry, desacordado e com partes da roupa queimada, senti minhas pernas fraquejarem ao vê-los, mas segui firme até chegar a eles e minhas mãos foram direto até o rosto sujo de Harry, fiquei desesperada ao vê-lo desacordado, eu não conseguia falar nada coerente, ouvia Liam dizer meu nome, mas não entendia o que ele dizia, eu só queria acordar Harry, ver que ele estava bem.

— Harry, por favor, acorde! Meu Deus! Liam, faça alguma coisa, por favor — implorei chorando, Liam se abaixou para colocar Harry deitado no chão e eu me ajoelhei ao lado deles, deitei minha cabeça sobre o peito de Harry para tentar ouvir seu coração, me desesperei ao não ouvir nada, só conseguia ouvir a multidão gritando e o barulho de fogo crepitando vindo de dentro do bar. 
— Hayley, sai daqui! — ouvi Liam gritar, mas eu não dei ouvidos. 
— Zayn e Louis, onde estão eles? — gritei de volta para ele, sem tirar as mãos de Harry, ele estava pálido por baixo da sujeira escura, me lembrei do nosso horrível acidente de moto e me senti novamente maluca só de pensar na possibilidade de perder ele.
— Eles ainda estão lá dentro. Harry está a salvo agora. Mas você precisa sair daqui, Hayley, volte para trás da fita — ele gritou furioso, novamente o ignorei. Passei a mão pelos cabelos do Harry e por seu rosto, fiquei mais tranquila ao saber que ele ficaria bem. 

Mas ao ver bombeiros e policiais se aproximando de mim eu rapidamente me pus de pé e corri em direção à porta do bar, antes de dar dois passos a mão de Liam estava segurando firme em meu pulso, seus olhos faiscavam de raiva, senti que ele me amarraria em um poste só para me manter longe dali, mas eu puxei meu braço com toda a força que consegui reunir e desapareci no meio da fumaça negra.
A fumaça me cegava, ela era densa e entrava pelas minhas narinas, me impedindo de respirar, entravam pelos meus olhos e os faziam arder. Me locomover dentro do bar se tornou quase impossível. Arranquei a minha blusa e amarrei ela sobre a minha boca e nariz, consegui respirar um pouco ao fazer isso, mas ainda não conseguia enxergar.
Parei para pensar um pouco, eu conhecia aquele bar como a palma da minha mão, poderia andar ali até de olhos fechados. 
Vi as labaredas enormes engolindo o interior do bar, o palco, a pista de dança, as mesas e cadeiras, tudo o que o Zayn um dia lutou tanto para conseguir. 
Com dificuldade segui o caminho que me levaria até o bar, desviei de destroços e homens enormes com uniformes amarelos brilhantes. Eu só tinha duas pessoas em meu pensamento, Zayn e Louis, precisava encontrá-los a qualquer custo.
Ao andar as cegas pelo meio da fumaça negra eu tropecei e cai com tudo em cima do esqueleto do que um dia fora uma cadeira, a madeira ainda estava quente e eu senti a minha barriga doer como nunca, os meus pontos. Me ergui ofegante e continuei a andar, mais devagar e mais trôpega, mas continuei. Comecei a ver garrafas de bebidas pelo chão, todas quebradas, que explodiram e algumas raras que ainda estavam intactas, eu achei o bar.
Ouvi uma voz gutural e raivosa se sobressair sobre as demais, chamava o meu nome, comecei a andar mais rápido ao perceber que se tratava de Liam. Se ele pensa que vai me tirar daqui antes de eu achar os meus dois rapazes, ele está muito enganado.
Com muita dor eu consegui pular a parte de cima do balcão e caí dentro do bar, fiquei alguns segundos sentada no chão imundo, puxando ar para os pulmões, ofegando e desejando por ar puro.
Me coloquei de quatro e comecei a engatinhar pelo chão, eu sabia que encontraria Zayn ali, eu queria encontrá-lo ali. Empurrei alguns bancos de madeira que estavam carbonizados, mas não o suficiente, pois algumas farpas ficaram presas em minha pele. Ouvi um gemido baixo e eu engatinhei o mais rápido que pude até o barulho, uma estante do bar estava caída sobre um par de pernas que eu consegui vislumbrar, eu conhecia aquelas botas. Porra, eu conhecia aquelas botas.
Com uma energia renovada eu me coloquei de pé e ignorando toda a dor que eu sentia eu peguei na lateral da estante e forcei-a pro lado, ela se mexeu dois centímetros. Fiz força novamente e senti minha cabeça girar tamanho esforço, me ajoelhei no chão e respirei fundo, o ar estava pouco, meu ferimento na barriga estava doendo muito, as farpas em minhas mãos estavam dificultando o meu trabalho com a estante. Foi quando eu senti braços ao meu redor, respirei fundo o melhor que pude e segurei nas mãos que eu conhecia tão bem.

— Hayley, meu Deus, o que você está fazendo aqui? — a voz rouca e preocupada de Louis soou em meus ouvidos, antes que eu percebesse eu estava chorando, mas era um choro de medo, de alívio por saber que ele estava bem, mas preocupação também, porque ainda havia uma estante pesada que precisava ler levantada.
— A estante, Louis, precisamos movê-la — falei entre lágrimas, ele me ajudou a ficar de pé e me soltou para então segurar na lateral da estante, ele empurrou e, como anteriormente, a estante se moveu apenas alguns centímetros.

Me posicionei ao lado de Louis e juntos nós tentamos empurrá-la, levantamos o suficiente para ver o corpo inerte embaixo dela, Louis me mandou puxar o corpo enquanto ele se esforçava ao máximo para segurar a estante. Reuni toda força de vontade que ainda havia em mim e puxei as botas do rapaz, consegui com facilidade, ele era mais leve que a estante. Quando ele já estava fora do alcance da estante, Louis a soltou de uma vez com um estrondo seco, eu me ajoelhei ao lado do rapaz, limpei seu rosto e meu coração despencou. Não era o Zayn, meu Deus, era o Jack, ajudante do Zayn.
Fiquei alguns segundos olhando para o rapaz imóvel sem conseguir acreditar. Se esse não era o Zayn, onde ele estava?

— Hayley, nós precisamos ir. Esse lugar vai desabar — Louis falou, já puxando o corpo de Jack e o levantando. — Agora, Hayley!

Louis conseguiu arrastar o corpo de Jack e ainda me guiar pelo meio de todo aquele caos, eu estava em choque, não conseguia acreditar que tentara tanto e no fim sairia sem o Zayn.
Involuntariamente comecei a pensar nele, em nosso tempo juntos. Vi ele em minha cama, sentado no meu sofá, sorrindo para mim. Lembrei de nossas fodas maravilhosas e a única coisa que conseguia pensar era que eu não queria ficar sem ele, não queria que acabasse, nós tivemos tão pouco tempo juntos.
O ar gelado que entrou pelas minhas narinas e me deu um alívio imenso nos pulmões me fez voltar a realidade, Louis desabou ao meu lado de joelhos e colocou corpo inerte de Jack ao lado dele, eu me ajoelhei também, não aguentando o peso do meu próprio corpo.
Eu me sentia péssima, não só física, como também mentalmente. Zayn não saia da minha cabeça, eu queria ele, queria vê-lo, queria ele nos meus braços. Ouvi o estrondo atrás de mim, era o bar desabando, a fumaça preta me escondeu e eu só sabia que ainda estava no mesmo lugar porque a mão de Louis ainda estava entrelaçado a minha.
Eu não consegui erguer a cabeça quando os bombeiros se aproximaram, eu só conseguia chorar. E não chorava de dor, eu nem mesmo a sentia, eu chorava porque eu tinha certeza que havia perdido o Zayn e isso estava me destroçando por dentro.

— Hayley, olha pra mim. Ley, ei! — ouvi a voz de Liam, era uma voz grossa e suas palavras saiam rápido, era inconfundível, mas eu não conseguia olhá-lo. — Ley, por favor!
— TRÁS A MACA!!! — ouvi um rugido alto. — DUAS!!! — me encolhi ao ouvir pela segunda vez.

Me soltei das mãos de Liam, eu não queria ser abraçada, não queria ser consolada. Eu queria deitar na minha cama e me encolher em posição fetal. Eu queria que Zayn estivesse lá comigo, me acordasse com um beijo de bom dia, que me trouxesse uma caneca de café como só ele sabe. Queria vê-lo andando nu pelo meu apartamento e juro que nem mesmo ficaria irritada por ele ficar me cobrando compromisso. Ai, Deus, por favor, não me deixe ficar sem ele, eu prometo que não iremos mais brigar por bobeira, por favor, Deus, não o tire de mim!
Ouvi a chuva mais do que senti. Todos corriam ao nosso redor, as macas que Liam pedira ainda não aparecerem, eu podia ouvir as vozes desesperadas e a chuva veio para apaziguar todo aquele caos, veio para ajudar a apagar as chamas do bar que queimava atrás de mim. Ergui o rosto para o céu e deixei que os pingos gelados molhassem meu rosto e se misturassem com as minhas lágrimas. Senti algo quente sendo colocado em meus ombros, abri os olhos e vi que Liam despiu o casaco amarelo de bombeiro e o colocara ao meu redor, ele me olhava de um jeito piedoso e isso acabou com a pouca estrutura que ainda me mantinha sã.
Fechei meus olhos mais uma vez, sentindo-me exausta, e deixei que Liam me abraçasse, que me deitasse naquela maca desconfortável e cuidasse de mim, porque naquele momento o meu corpo precisava de cuidados, mas o meu coração precisava de um milagre.




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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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