quinta-feira, 29 de junho de 2017

"Me diz o que você quer de mim
Mais uma madrugada pra sempre
A gente não planejou que fosse assim
mas cê sabe que eu to sempre aqui...!
– Tenta Vir (1Kilo)



Faltando duas quadras nós paramos em mais um sinal vermelho, ele repousou a mão em meu joelho e apertou levemente, o sinal abriu e ele passou a marcha da moto, nem nos movemos direito e eu ouvi a buzina alta e insistente de um carro na contra-mão vindo em nossa direção, Harry tentou desviar a moto mas era tarde, eu o abracei com mais força, já sabendo o que iria acontecer a seguir.
Eu apaguei por dois segundos ao bater a cabeça no asfalto, mas acordei logo, e quando acordei poucos curiosos se aproximavam para ver o que havia acontecido, o carro havia sumido, a moto de Harry estava há alguns metros caída na pista e eu ainda não o tinha visto, me ergui do chão desesperada e comecei a procurá-lo, encontrei minha bolsa próximo ao meio fio e procurei o telefone dentro da mesma, disquei o número da emergência e voltei a correr o olhar em volta procurando Harry desesperadamente, a noite já caia e ele estava estirado no canto da pista, inerte. Assustadoramente imóvel.
Corri até ele e me joguei ao seu lado, virei seu corpo pesado para cima e vi seu rosto coberto de sangue que escorria de uma abertura em seu supercílio. Chequei sua pulsação e, por Deus, ele ainda respirava. Tentei controlar a tremedeira em minhas mãos e uma atendente finalmente falou comigo, expliquei rapidamente aonde estávamos e o que tinha acontecido, ela me garantiu que a ajuda chegaria logo. E os curiosos começaram a se aglomerar à nossa volta.

— Meu Deus. Vai ficar tudo bem, vai sim, não se preocupe Harry — repeti desesperada enquanto acariciava os cabelos de Harry e beijava sua bochecha e seu nariz e o afagava em todos os pontos mais próximos, eu só queria tocá-lo, queria aquecê-lo e mantê-lo vivo.
— Afastem-se, por favor. Saíam do caminho! — gritou um homem, fazendo toda a multidão sair de perto de nós. Ele se agachou ao meu lado e conferiu a pulsação de Harry. — Eu sou bombeiro, anjo, não se preocupe. Vai ficar tudo bem — ele disse, demorei a perceber que ele falava comigo, pois ele estava checando os braços e as pernas de Harry, para ver se nada tinha saído do lugar.

Eu segurava forte a mão de Harry enquanto aquele homem conferia seus sinais vitais e seu corpo imóvel, só percebi que eu estava chorando quando ele virou-se para mim e segurou meu rosto com as duas mãos manchadas de sangue do Harry. O homem secou as minhas lágrimas e me encarou preocupado.

— Ele está bem, só está desacordado. Agora você precisa respirar fundo e se deitar, okay? Sem pânico.

Fiz o que ele mandou, meu corpo inteiro tremia e lágrimas não paravam de escorrer dos meus olhos, minha blusa, antes rosa, estava cor de sangue vivo e demorei a perceber que o sangue era meu e não de Harry.

— Meu nome é Liam, vou cuidar de vocês, prometo. Só fique quietinha, não se mova — disse o homem. Ele parecia calmo, mas seus olhos se arregalavam um pouquinho toda vez que ele olhava para a minha blusa cada vez mais úmida de sangue.

Ele manteve um olho atento em Harry enquanto conversava comigo, eu comecei a me sentir exausta e agora estava mais tranquila já que Liam poderia cuidar de Harry, apaguei assim que ouvi o som das sirenes ao longe.


♂♀♂♀

— Durante a queda a paciente sofreu um corte profundo no abdômen — disse uma mulher.
— Hemorragia externa, classe 2 — falou outro homem, minha cabeça girava e eu vi Liam sentado ao meu lado, segurando minha mão e ouvindo o que os paramédicos diziam. Estávamos dentro de uma ambulância.
— Li.. — murmurei, mas minha voz soou tão pateticamente fraca que me calei imediatamente, no entanto isso chamou a atenção de Liam e ele fixou os olhos arregalados em mim.
— Shiiiu! Fique quietinha, anjo. Vai ficar tudo bem. O rapaz está bem, ele está em outra ambulância, fique tranquila — ele disse rapidamente. Harry, Harry está bem. Graças a Deus!

Eu parei de prestar atenção no que todas aquelas pessoas diziam, minha cabeça girava e doía e eu estava tão, tão cansada, me sentia fraca e exposta, minha blusa rosa, que eu amava tanto, agora estava rasgada ao meio expondo meus seios e o machucado em minha barriga. Mas eu não liguei para isso, fechei meus olhos e descansei um pouco mais.



"Que circunstâncias mais terríveis para um anjo vir à Terra."
Foi a primeira coisa que pensei ao ver aquela jovem moça ajoelhada ao lado do corpo inerte de um cara. Mas agora, dentro dessa ambulância, vendo-a em um estado tão crítico, me pergunto como ela conseguiu ficar de pé e ir ajudar o companheiro, ela não deveria ter forças para respirar, que dirá para correr três metros até a bolsa e então mais dois até o rapaz. Ela é forte, disso tenho certeza absoluta, e vai ficar bem agora.
Chegando ao hospital eu não pude acompanhá-la além da recepção, então fiquei na sala de espera, fazendo a ficha dela e aguardando por notícias. Tive a liberdade de pegar seus documentos na bolsa que eu resgatara, ela se chama Hayley e têm 23 anos. Já o rapaz, eu não faço ideia, mas consegui salvar o celular dele também, dei uma olhada na lista telefônica e a última pessoa para quem ele havia ligado era uma tal de Gemma, liguei para ela então.

— Harry? O que houve? Você não ia buscar a Hayley? — perguntou a garota, cujo nome é Gemma.
— Sim, ele foi. Desculpe, eu sou o Liam e estou com o telefone do Harry, você é a namorada dele? Ou alguma parente? — perguntei o mais profissional possível, odeio dar notícias ruins.
— Eu sou a irmã dele, o que aconteceu com o Harry? — perguntou Gemma, já se desesperando.
— Ele sofreu um acidente de moto, está no Saint Mary's Hospital. Ele estava acompanhado de Hayley, você pode vir até aqui?
— Meu Deus, claro, estou indo para aí agora mesmo! — ela gritou nervosa e desligou em seguida.

Já que a irmã de Harry foi avisada, agora é a vez de Hayley. Consultando a lista telefônica no celular dela, o primeiro nome que encontrei nas últimas ligações foi o de Harry, o segundo era um nome diferente, Zayn. Terá que ser ele mesmo, talvez seja irmão dela. Zayn demorou um pouco para atender e quando atendeu ouvi muito barulho, ele deveria estar em um bar ou algo do tipo, a julgar pela música alta e as muitas vozes gritantes.

— Ley? Oi — ele disse, se afastando do barulho, respirei fundo, o tom de voz dele não era de um irmão.
— Zayn, desculpe o incômodo. Me chamo Liam e sou membro da abrigada de bombeiros de Londres.
— O que aconteceu com a Hayley? — ele perguntou alarmado.
— Ela sofreu um acidente de moto, estava acompanhada de um rapaz chamado Harry; ela está no Saint Mary's Hospital. Você é parente dela?
— Não, eu... Eu... Como ela está? Eu já estou indo até aí — ele desconversou.
— Senhor, eu preciso que informe ao parente mais próximo dela, por favor — pedi impaciente.
— Claro, claro. Mas o parente mais próximo dela mora há 4 horas de Londres, em Exeter, Devon, não há qualquer possibilidade de ele chegar aqui ainda hoje — explicou Zayn.
— Ok, tudo bem. Então o senhor poderia fazer a gentileza de vir até aqui?
— Já estou a caminho, obrigado.

Guardei o celular de Hayley e aguardei pacientemente até Gemma ou Zayn aparecerem, ou o médico dar alguma notícia de Hayley ou de Harry.
Mas, quando o médico que cuidava de Hayley apareceu, nem Gemma e nem Zayn haviam chegado. Então eu, com muito prazer, fui vê-la no quarto para onde ela havia sido levada.
Segundo o médico, o ferimento de Hayley foi menos grave do que parecia, levou apenas alguns pontos na barriga e foi sedada para que ficasse quieta até que o inchaço diminuísse. Menos mal, graças a Deus.
Ela dormia tranquilamente na cama pequena do hospital, havia um biombo ao lado de sua cama, separando o quarto conjunto ao meio para ela e outro paciente, que eu logo vim a descobrir ser o amigo dela, o Harry.
Eu me sentei em uma poltrona dura e fiquei de olho em Hayley, ela era linda, encantadora, realmente parecia um anjo. Meia hora depois, quando eu já tinha gravado cada pequeno traço perfeito do rosto de Hayley em minha memória, a porta do quarto se abriu e um rapaz e uma moça entraram, ambos pálidos.

— Vocês devem ser Zayn e Gemma, eu sou Liam, o bombeiro que ajudou os dois — apresentei-me ao me levantar, os dois sussurraram cumprimentos e apertaram minha mão, Zayn logo encolheu o biombo e Gemma foi para o lado do irmão.
— Como eles estão? — perguntou Zayn parando ao meu lado, e lançando um olhar enamorado e preocupado para Hayley, droga, são namorados?
— Harry está bem, ele só bateu a cabeça e levou três pontos na sobrancelha. Hayley levou dezessete pontos na barriga, ela perdeu uma quantidade significativa de sangue, mas vai ficar bem — expliquei me sentindo desconfortável, afinal eu estava admirando a namorada dele.
— Ah, muito obrigado. Creio que eles irão querer vê-lo quando acordarem, você pode me dar o seu telefone? Duvido que queira perder mais algum tempo aqui — ele disse, já puxando o celular do bolso.

De fato, eu havia trabalhado em um plantão de 48 horas seguidas, eu só queria ir para casa e dormir umas boas 12 horas. Mas também queria ver Hayley de novo, e esse cara está me dando essa chance.

— Mantenha-me informado, por favor — pedi ao vê-lo salvar o meu número.
— Com certeza, não se preocupe. Devemos muito a você, obrigado cara — ele estendeu a mão e eu a apertei, lançando um olhar furtivo na direção de Hayley.

Despedi-me rapidamente da irmã de Harry, balançando a cabeça para descartar os agradecimentos sem necessidade dela e fui embora, novamente lançando um olhar de relance em Hayley ao sair do quarto.
Eu peguei um táxi até o lugar onde eu havia deixado o meu carro, de lá fui para casa. A moto de Harry, um pouco danificada, mas ainda inteira, está sob a guarda da polícia, então depois será fácil para o dono recuperá-la.
Depois de um longo banho quente, uma xícara fumegante de chá e alguns episódios antigos da série Friends, eu finalmente apaguei, mas com a imagem devastadora na cabeça de uma linda jovem toda ensanguentada ajoelhada no meio de uma avenida tumultuada.


Eu estava viva. Foi à primeira coisa que pensei ao acordar em uma cama dura de hospital. A segunda foi: Mas e o Harry?
Por sorte Zayn estava dormindo em uma poltrona no canto da sala e, para responder a minha primeira pergunta, havia um Harry roncador na cama ao lado da minha, com Gemma também ocupando a poltrona aos pés da cama dele. Suspirei aliviada ao ver que a cor havia retornado ao seu rosto e não havia mais sangue lhe cobrindo toda a lateral do mesmo.
Parecia ser tarde da noite, o quarto estava em silêncio, com exceção dos roncos de Harry e passos ocasionais que se faziam notar do lado de fora do quarto. Virei-me de lado na cama, mas gemi dolorosamente ao ter consciência da dor agonizante que invadia meu abdômen, que merda! Levantei um pouco o vestido de enferma e vi a quantidade exorbitante de pontos em minha barriga. Resmunguei alguns palavrões e com bastante cuidado me ajeitei para voltar a dormir.
Só acordei novamente quando senti lábios úmidos em minha testa. Abri os olhos para a claridade que inundava o quarto e vi Zayn sorrindo ternamente para mim.

— Bom dia, flor do dia — ele brincou, me fazendo rir, mas a risada me fez sentir dor então fiz uma careta.
— Está doendo muito? — ele perguntou preocupado.
— Um pouquinho quando me mexo, ou rio — forcei um sorriso e olhei em volta.

Gemma estava de pé, arrumando uma mochila, ela me cumprimentou com um sorriso e um "bom dia". Logo Harry saiu do banheiro vestindo um terno escuro e com um curativo na sobrancelha. Ele veio direto ao meu encontro.

— Como você está, baby? — ele perguntou carinhoso, de relance vi Zayn revirar os olhos e jogar-se na poltrona.
— Estou bem, obrigada. E você? Fiquei tão preocupada — murmurei tocando de leve ao redor do curativo, ele fechou os olhos e sorriu.
— Estou melhor do que deveria, acredite. Eu já recebi alta, agora vou trabalhar — ele disse, me lembrei do meu trabalho e arqueei as sobrancelhas. — Eu vou passar na empresa com o seu atestado, não se preocupe. Você vai ficar quatro dias de molho e ainda mais o final de semana.
— Na segunda você tem que voltar aqui para ver os pontos, se ainda não estiverem prontos para serem tirados você ganha mais uns dias de atestado — complementou Zayn, Harry assentiu e me deu um beijo demorado na testa.
— Fique bem, eu vou vê-la mais tarde. Nada de artimanhas e trate de virar vegetariana até os pontos sararem, ok? — disse Harry, autoritário.
— Você é advogado ou médico, em Doutor? — ironizei, ele riu.
— Ambos são doutores, e eu só estou repetindo o que o médico disse.

Harry me deu um último beijo na testa e foi embora com Gemma, Zayn sentou-se ao meu lado na cama e franziu a testa.

— O que foi, Sunshine? — perguntei divertida.
— Só você não percebe o quanto é bizarro ver outro cara mimando a sua garota — ele murmurou contrariado.
— Eu não sou sua garota, Zayn — resmunguei exausta. Ele sorriu.
— Ainda não! Mas será... Um dia...

Revirei os olhos para Zayn e me levantei da cama com cuidado e com a ajuda dele.
Vesti um roupa que ele havia trago e então pude ir para casa, já havia recebido alta e Zayn estava com as instruções que eu teria que cumprir para me livrar logo dos pontos.
Zayn estava super atencioso e cuidadoso comigo, como se eu fosse feita de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento, tive que reclamar com ele algumas vezes por estar dirigindo devagar demais e os outros carros estarem buzinando. Ao chegar em casa, eu notei logo que alguém estivera por ali, ou ainda estava, pois havia uma pequena mala largada bem no meio da minha sala e um casaco masculino jogado no meu sofá, franzi a testa para Zayn e ele deu de ombros inocentemente.

— Liguei para o seu irmão ontem à noite, ele já deve ter chegado — disse Zayn.
— Cheguei sim, há uns 10 minutos — disse James, aparecendo do nada em minha cozinha.
— James! — guinchei surpresa, então corri ao seu encontro, mas parei ao dar dois passos, pois meus pontos doeram no fundo da alma. — Argh! Droga!
— Calma, docinho, eu vou ao seu encontro, não precisa correr — ele disse sorridente, com seu jeito adorável de acalmar todo mundo.
— Droga, droga — resmunguei ainda dolorida, James me pegou nos braços e me levou até o sofá.
— Fique bem quietinha aqui, eu vou preparar uma xícara de chá pra você — ele disse e me deu um beijo na testa.
— Cupcakes também? — perguntei doce e esperançosa, ele fez uma careta para mim.
— Você nunca me fez cupcakes.



— Faça pra mim e um dia eu farei pra você — rebati divertida, ele balançou a cabeça e riu.

Zayn sentou-se ao meu lado e olhou por cima do ombro para James na cozinha, em seguida voltou-se para mim.

— Vocês se parecem um pouco.
— É, bem pouco — concordei sorridente. — Você sabe alguma coisa sobre o bombeiro que nos ajudou?
— Sim, eu sei alguma coisa sobre ele — murmurou Zayn, pegando o controle da tv em cima da mesinha de centro e ligando-a distraído.
— E o que você está esperando para me contar? — perguntei impaciente, ele ergueu as sobrancelhas e virou a cabeça lentamente para me encarar.
— Para que tanto interesse nesse cara, Hayley? — ele perguntou com um tom de irritação na voz.
— Ele salvou a minha vida, acho que tenho o direito de saber ao menos o nome dele. Não me venha com ciúme besta agora, Zayn! — rebati exasperada, ele bufou como uma criança contrariada.
— Acho que não é para tanto  — ele murmurou mal-humorado e eu lhe dei um tapa no braço. — Ok! Eu te dou o número dele se você faz tanta questão.

Zayn, a contra gosta, me passou o número do bombeiro e me disse que o nome dele é Liam. Enquanto eu estava com o telefone grudado no ouvido, esperando que ele atendesse, meu irmão chegou com o chá e me entregou uma caneca fumegante, lhe dei um beijo na bochecha e continuei aguardando ansiosa que Liam atendesse.

— Alô? — ouvi a voz grave do bombeiro que me socorreu ontem, suspirei involuntariamente.
— Liam, oi. Sou Hayley, não sei se você lem... — ele me interrompeu.
— Anjo! Como você está? Estive tão preocupado aguardando notícias suas — ele disse animado.
— Esteve? — perguntei surpresa e um pouco comovida.
— É claro que sim! Caramba — ele riu. — Eu devo ter dormido um pouco, porque fiz um plantão desgastante, mas quando acordei a única coisa em que eu conseguia pensar era se você estava bem, eu já estava me arrumando para voltar ao hospital, aí você me ligou!
— Que bom que eu liguei, então — murmurei divertida.
— É mais do que bom, anjo — ele disse e pude sentir que estava sendo sincero.
— Você vem me ver? — perguntei involuntariamente, ouvi ele sorrir.
— Diga-me onde está e chegarei em dois minutos — ele garantiu bem-humorado.

Lhe passei o meu endereço e então desliguei, James fingia olhar para a tv, mas Zayn me encarava cético e irritado, droga. Beberiquei o meu chá, que agora estava morno, e ignorei Zayn, olhando para tv também.

— Mais um para a sua lista, Hayley? — perguntou Zayn, nada amigável.
— Eu não tenho uma lista — resmunguei indiferente.
— Vamos ver então: Eu, Harry, Louis, Niall e agora esse tal de Liam também? Qual é, Hayley! — gritou Zayn, pondo-se de pé e gesticulando com os braços, alvoroçado.
— Você não tem direito algum de reivindicar exclusividade, Zayn. Você sabe bem disso — falei calma e indiferente, o que eu sei que deixa-o mais louco da vida.
— Eu sei disso e essa porra me tira do sério — ele resmungou voltando a cair no sofá ao meu lado, James nos olhava de soslaio, tentando conter um sorrisinho divertido.
— Eu vou tomar banho — avisei para ninguém especificamente, deixei minha xícara em cima da mesinha de centro e segui lentamente pelo corredor até o meu quarto.

Peguei minha toalha e uma roupa confortável e fui ao banheiro, tomei um banho quente não tão demorado e vesti uma calça de moletom e um suéter quentinho, em seguida voltei ao quarto para prender o cabelo e passar lápis nos olhos, para não ficar tão pálida.
Ouvi batidas na porta e James entrou no quarto.

— Sua visita chegou, baby — ele disse divertido e se jogou em minha cama. — Zayn está soltando fogo pelas narinas.
— Ele está muito possessivo ultimamente, talvez seja hora de deixá-lo e arranjar outra pessoa — murmurei desgostosa, apesar de saber que não faria isso realmente.
— Vocês já estão saindo há quanto tempo? — perguntou James.
— Dois anos e meio. Ele é o caso mais antigo entre os quatro, não tenho a mínima vontade de acabar com isso.
— Então não acabe, só coloque um ponto final no ciúme dele — sugeriu meu irmão.
— Eu já tentei, mas ele não me escuta, continua ciumento como se fosse o meu dono — resmunguei exausta.
— Mostre quem é que manda, ele têm que saber que você não é a namorada dele.
— Ele sabe, já repeti isso milhões de vezes — murmurei, então fui até a porta e a abri. — Mas tanto faz, tenho visita agora — James sorriu maliciosamente.
— Algo me diz que ele será o quinto.
— Você me conhece bem, maninho.

Voltamos para a sala e assim que vi Liam eu parei, congelada, me lembrando dele ontem, me acalmando e me ajudando, ele é tão lindo quanto eu me lembrava.
Liam abriu um sorriso maravilhoso e se levantou.



— Oi — ele disse. — Como você está?
— Bem, obrigada — murmurei indo ao encontro dele e o abraçando, ele me apertou com cuidado. — E obrigada, você nos ajudou muito ontem.
— Não, eu não fiz nada demais. Que bom que você está bem.
— É, o Harry também está muito bem — intrometeu-se Zayn, cravando os olhos magoados em Liam e eu.
— Que bom, eu imaginei que ele fosse ficar, já que para ele não foi tão grave — respondeu Liam dando de ombros.
— É, pois é. Daqui a pouco ele deve aparecer por aqui para ver a Hayley — murmurou Zayn, voltando os olhos para a tv, senti vontade de esganá-lo.
— É o seu namorado? — perguntou Liam, virando-se para mim.
— Quem, Zayn ou Harry? — perguntei confusa, ele franziu a testa. — Enfim, nenhum dos dois. Eu não namoro.
— Ela não namora — repetiu Zayn, o desprezo em sua voz me atingiu em cheio, como um soco no estômago.
— Bem, eu acho melhor eu ir andando, depois a gente se fala — disse Liam, olhando de relance para Zayn em meu sofá.
— Não, não vá ainda, você chegou agora — pedi tentando soar doce, ele sorriu.
— Quando você estiver sozinha, me ligue, aí eu volto — ele disse baixinho, assenti com um sorriso estampado no rosto.

Levei Liam até a porta e, devagar, fechei a mesma, ficando sozinha com ele no corredor. A energia que ele emanava me atraía sutilmente. Ele tinha que ser meu, sim, sem dúvidas!

— Ele pode não ser seu namorado, mas há alguma coisa entre vocês — murmurou Liam, encostando-se na parede e olhando para mim, me aproximei dele, o bastante para sentir sua respiração, ele sorriu.





sexta-feira, 23 de junho de 2017

"Vai que acontece como da última vez
Me entrego, te amo, cê foge, sobrei.
Quando eu tento ir devagar, daí cê vem pra cima
Basta uma mensagem e olha você virando a esquina..."
– Mais amor e menos drama (Henrique e Juliano)



— Eu estou louco pra te jogar no sofá da sua sala agora mesmo, mas toda vez que penso nisso eu me lembro que você estava com aquele babaca e isso é a porra de um banho de água fria — ele vociferou baixo, ainda me apertando com força contra seu corpo, ergui a cabeça e o encarei em alerta. Que droga, Zayn, não faça isso!
— Você está pensando demais, baby — sussurrei docemente, acariciei seu belo rosto e ele fixou os olhos magoados em mim, o que me assustou e me fez recuar, mas logo me recompus e continuei a acariciar sua barba por fazer. — Eu sei bem que você vive com outras mulheres quando não estou por perto e isso não me incomoda nem um pouco. Não pense tanto no que eu faço quando não estou com você.

Zayn soltou uma bufada de ar, ele relaxou o rosto em minha mão e fechou os olhos para sentir minha carícia. Aproveitando a deixa eu o beijei, deixei que minha língua deslizasse para junto da sua e que o desejo entre nós o fizesse esquecer de todo o resto, porque ele sabe tanto quanto eu que nenhum de nós dois é inocente nessa relação, se é que isso é uma relação.



O elevador apitou, avisando que chegamos ao quarto andar, e nós separamos nossos lábios com muito custo.

— De qualquer forma — ele murmurou ao sairmos do elevador e ele me colocar no chão —, apesar de você estar seminua e muito sexy, você está bêbada e eu não sou esse tipo de cara — ele completou e me abraçou de lado, para me dar apoio.
— E daí? Já transamos bêbados antes — resmunguei contrariada, sentindo-me como uma criança a quem negaram um pirulito, um pirulito bem grande por sinal.
— Mas nós dois estávamos bêbados, não somente você — ele disse e procurou a chave do meu apartamento em minha bolsa, que ele estava segurando junto com o meu vestido.
— Posso ao menos chupar seu pau? — perguntei docemente quando ele enfiou a chave na fechadura, ele riu e abriu a porta, me deixando entrar primeiro.
— Às vezes você me faz pensar que eu tenho um doce em forma de pinto — ele riu e fechou a porta ao entrar, me joguei em meu sofá e relaxei me esticando toda, ele parou ao meu lado e ficou me observando.
— Vem aqui comigo, baby — convidei me sentando e despindo o casaco dele, ele suspirou e sentou-se ao meu lado.
— Por que você faz isso? Cacete! — ele praguejou. — Não me olhe assim, com esses olhos tão lindos, porra Hayley, como quer que eu me controle perto de você? — ele vociferou e agarrou meus cabelos me puxando de encontro à sua boca e me beijando vorazmente.

Com uma mão eu segurei em seu ombro e com a outra, sutilmente, alcancei sua calça jeans e abri o botão e o zíper. Puxei seu membro maravilhoso para fora da cueca e ele, ofegante, me assistiu ansioso abaixar a cabeça e lamber a extensão grande de seu pau, ele gemeu e segurou meus cabelos.

— Hum, você é meu pirulito favorito — murmurei em apreciação e lambi a cabeça de seu pau.
— Quem me dera fosse o único — ele sussurrou em meio a um gemido e jogou a cabeça para trás, urrando de prazer. Ah rapaz, desse jeito você corta o meu barato!

Ignorando seu comentário eu enfiei seu membro em minha boca e tentei engoli-lo o máximo possível e o acariciei com a mão, Zayn segurava meus cabelos, forçando minha cabeça para baixo, me fazendo engolir mais ainda seu pau.

— Ah, porra Ley — ele gemeu roucamente, me deixando mais excitada.

Ele gozou em minha boca, mas em pouco tempo ele já estava duro feito rocha novamente, pronto para a segunda rodada. Zayn despiu as calças, cueca e blusa e voltou para o sofá.

— Venha aqui, baby — ele sussurrou me puxando para deitar no sofá.

Zayn cobriu meu corpo com o seu, lentamente deslizou seu membro para dentro de mim, remexendo o quadril e enfiando um pouco mais fundo a cada estocada. Gemi e o abracei forte, colando seu corpo ao meu a medida que as estocadas fortes e fundas ficavam mais rápidas, tocando no ponto delicioso dentro de mim que me fazia arfar.
Meu Deus, como ele é gostoso. Ele sabe o que faz e, puta que pariu, me enlouquece.
Quando aquela sensação familiar e deliciosa me veio à tona, Zayn já urrava em meu ouvido, chamando meu nome e xingando por eu enlouquecê-lo. O apertei mais forte e me contorci embaixo dele, me permitindo chegar ao ápice do prazer com aquele homem maravilhoso em cima de mim, em volta de mim, me possuindo completamente.
E nós dois adormecemos no meu sofá, agarrados um ao outro como duas trepadeiras. Confesso que eu mesma não sabia quais pernas eram as minhas e quais eram as deles, mas foi uma sensação gostosa tê-lo me aquecendo a noite inteira.


♂♀♂♀

O sol inundou toda a sala e Zayn ainda estava aconchegado com a cabeça entre os meus seios, me abraçando possessivamente. Olhei em volta sonolenta e tentei me lembrar dos acontecimentos de ontem.
Louis. Foda maravilhosa com o Louis. Cobrança do Louis. Bebida. Bebida. Bebida. Bebida. Cobrança do Zayn. Foda maravilhosa com o Zayn.
Ao menos com o Zayn eu posso fazê-lo esquecer todas essas ideias de relacionamento com uma trepada sacana, já o Louis me atormenta com essas ideias sempre depois, quando já está saciado e eu: desarmada de desculpas.
Alcancei o celular de Zayn no chão e chequei às horas. 06:45. Preciso me arrumar para o trabalho.
Lentamente me desenrosquei de Zayn e o deixei dormindo no sofá, estendi a manta que estava no braço da poltrona em cima dele e fechei as cortinas da sala para que ele não acordasse logo. Em seguida fui para o meu quarto tomar um banho e vestir uma roupa.
Depois de arrumada eu voltei à cozinha, que é divida da sala pelo balcão de café da manhã. 
Meu apartamento é pequeno, sala/cozinha, um quarto e uma minúscula lavanderia embutida em um armário no corredor ao lado do banheiro; mas é grande o suficiente para mim. 
Preparei um café preto e comi uma banana enquanto esperava. Zayn ainda dormia profundamente em meu sofá, chegava a ressonar baixinho.
Tomei meu café quietinha sentada em um banco do balcão enquanto analisava as notícias pelo meu celular, quando acabei troquei meus documentos de bolsa e peguei as chaves da casa, escrevi um bilhete rápido para Zayn, saí de casa e peguei o metrô até chegar à empresa onde trabalho de recepcionista.
Ashley, a outra recepcionista com quem trabalho, já estava atrás do balcão de informações logo na entrada da empresa, sorri para ela e fui bater o meu cartão.



A casa estava silenciosa quando acordei, as cortinas estavam fechadas e Hayley não estava comigo. Eu já devia ter me acostumado com isso.
Em cima da mesinha de centro havia um bilhete escrito com sua bela e elegante caligrafia.
Ao menos ela me deixara beijos, abraços e um coração. Menina de poucas palavras e muitas ações, esse bilhete descreve bastante a Hayley.
Levantei-me do sofá e segui até o banheiro, lavei o rosto e urinei, em seguida voltei à sala e me vesti. Na cozinha, ainda havia café na cafeteira elétrica, então eu o esquentei e tomei uma caneca cheia. Dobrei a manta do sofá e arrumei a sala, recolhi minhas coisas e deixei a casa de Hayley, trancando a porta com a chave reserva que ela escondia enterrada na areia do vaso de uma planta ao lado da porta dela.
Peguei meu carro no estacionamento e fui pra casa.
Ao contrário de ir dormir mais um pouco, ou deitar no sofá e assistir ao noticiário da manhã, eu tomei um banho, vesti uma roupa limpa e fui trabalhar. O guitarrista da banda que toca alguns dias da semana no bar passará lá às dez para acertamos as contas do mês, sem falar que preciso calcular os ganhos e gastos de ontem à noite.
Ao chegar no bar, eu liguei a tv no jornal matinal enquanto pegava a caderneta de anotações e começava a calcular o prejuízo da noite anterior. Vinte copos de cerveja quebrados, um banco danificado, dois tacos de sinuca partidos ao meio; esses caras são uns animais, não fariam nada disso se eu estivesse aqui, mas como Jack não tem moral o suficiente, eles aproveitam para destruir o meu negócio.
Às dez em ponto Niall, o guitarrista da banda, entrou no bar. Ele sentou-se no banco de madeira à minha frente e cruzou os braços, esperando pacientemente eu terminar os últimos cálculos do pagamento dele e dos outros três integrantes da banda.

— O que é isso? — ele perguntou quando lhe entreguei um papel.
— A lista de músicas para sexta-feira — respondi.
— Você lembra que nós somos uma banda indie, não é? — perguntou Niall, fazendo uma careta para a lista de músicas.
— Lembro sim. Mas vocês vão tocar o que o público quiser, o que fizer o bar vender, o que fará vocês receberem, entendeu? Não ligo pro gênero musical de vocês, desde que isso me faça lucrar! — falei sério, ele assentiu meio contrariado, mas ciente de que essa é a verdade.
— Beleza, tocaremos isso. Mas precisamos de uma vocalista, a Priya só vai ficar mais uma semana conosco — ele avisou.
— Vou colocar alguns panfletos aqui no bar, faremos testes daqui a duas semanas, quando ela realmente sair — murmurei concentrado em minhas anotações, ele assentiu.
— Beleza, me manda uma mensagem com o dia e o horário depois. Até mais.

Niall despediu-se e foi embora, me deixando sozinho com o meu trabalho.
Às onze e meia, quando eu havia acabado, mandei uma mensagem para Hayley, perguntando-a se queria almoçar, ela respondeu quase automaticamente: "Sim, mas já marquei com um amigo. Junta-se a nós?", eu sabia que iria me foder se fosse com ela e o tal 'amigo', mas era melhor me manter por perto do que deixar os dois irem sozinhos, então concordei e marquei de pegá-la no trabalho ao meio dia.
Estacionei em frente à empresa onde ela trabalha e esperei alguns minutos até ela aparecer toda linda vindo em direção ao meu carro, ela estava maravilhosa com uma calça preta larga, que esvoaçava ao seu redor quando ela andava, e uma blusa de alças finas cor de salmão que apertava seus seios, os evidenciando ao máximo para mim, ela tinha o casaco e uma bolsa em mãos e um sorriso gigantesco nos lábios. Ela sentou-se no banco do passageiro, me deu um beijo na bochecha e colocou o cinto de segurança.

— Então, aonde vamos encontrar o seu amigo? — perguntei ligando e passando a marcha do carro.
— No Bella Itália, na 65 Strand — ela respondeu sorridente.
— E quem é esse seu amigo? — perguntei despreocupado, ela riu.
— Harry, advogado da empresa, nos conhecemos há 3 ou 4 meses e fodemos de vez em quando, se é o que quer saber — ela falou divertida, revirei os olhos e buzinei para o babaca à minha frente.
— Você é tão sincera — resmunguei irônico, ela gargalhou alto e pousou a mão em minha coxa, subindo lentamente de encontro ao meu pau, ela é uma distração e tanto!
— Você pensa demais, baby, já lhe falei isso — ela murmurou e se inclinou para me dar um beijo molhado no pescoço, droga, concentre-se Zayn!

Estacionei o carro em frente ao restaurante favorito de Hayley e nós saímos do mesmo, seguindo até a porta do restaurante italiano. Uma jovem maître nos recebeu logo na entrada, Hayley disse o nome do amigo dela e a moça nos levou até a mesa em que um homem de terno e cabelos grandes estava acomodado tomando um copo de água enquanto esperava, ele sorriu e se levantou para receber Ley com dois beijos no rosto e um abraço apertado.
Então ele me viu, ergueu as sobrancelhas claramente surpreso e estendeu a mão, que eu apertei com o máximo de gentileza que consegui reunir, afinal não é culpa dele se Hayley vive com outros caras.

— Harry, este é o meu amigo, Zayn. Espero que não se importe, o convidei para almoçar conosco — disse Ley tranquilamente, ela sorriu e sentou-se, a maître me trouxe uma cadeira e eu me sentei ao lado dela, com Harry olhando de Hayley para mim, curioso.
— Amigo? Sei — ele murmurou por fim e eu me identifiquei com ele. Sim, cara, estamos no mesmo barco.
— Com licença, eu deixarei o cardápio com vocês e a carta de vinhos, qualquer dúvida basta me chamarem — disse a maître, entregando a cada um de nós um cardápio, agradecemos e ela se retirou.
— Vamos pedir uma garrafa de vinho? — perguntou Harry, Ley balançou a cabeça em negativa.
— Eu só vou beber uma taça, tenho que voltar ao trabalho, mas vocês podem pedir a garrafa se quiserem — ela disse enquanto analisava o cardápio.
— Eu também tenho que voltar ao trabalho, vou ficar só com uma taça também — murmurei em concordância, Harry assentiu.
— Beleza, serão três taças de Pinot Grigio, então — disse Harry, abandonando a carta de vinhos e olhando o cardápio.

Depois de analisarmos bem os cardápios, decidimos todos por apenas o prato principal; eu pedi Agnello Tagliatelle, Harry pediu Gamberi, e Ley se decidiu por Polpette. E para sobremesa, Harry pediu Cioccolato Diavola, Ley pediu Pannacotta, sua sobremesa preferida, e eu pedi Vanilla Cheesecake.
Enquanto esperávamos a comida, um silêncio desconfortável, por parte de Harry e eu, se instalou na mesa, Hayley ficou muito irritada e eu vi a hora ela se levantar e ir embora. Harry também notou a irritação dela, pois começou a falar de qualquer assunto banal e eu tratei de interagir com ele, antes que Hayley enfiasse garfos em nossas mãos. Pelo o que eu conheço dela, ela faria isso com certeza.
Quando a comida chegou, todos relaxaram. Eu bebi um gole da minha taça de vinho e comi tranquilo, conversando de vez em quando com Ley e Harry, ele é um cara legal, afinal. Hayley tem bom gosto para caras, eu devo admitir, ela conhece os caras mais legais, inclusive eu; mas é meu dever achá-los babacas, porque eu quero que ela fique comigo, não com eles.
Ao final do almoço, Harry e eu logo pegamos a conta para pagar, mas Hayley bateu o pé e decidiu pagar também, e quando ela bate o pé é impossível fazê-la mudar de ideia, então Harry e eu nos conformamos com a teimosia dela e rachamos a conta.



Zayn voltou para casa, a fim de descansar para cuidar do bar à noite, e Harry me deu uma carona de volta para a empresa. Ele parou a moto na vaga em frente à empresa e me ajudou a descer da mesma. Era uma bela moto Yamaha, uma Fazer YS250 branca.
Parei na calçada e ele se apoiou na moto de braços cruzados, enquanto me olhava silencioso.

— Obrigada, pelo almoço e pela carona — falei docemente, Harry sorriu.
— Não foi nada. Nos vemos hoje à noite? Posso vir buscá-la no fim do expediente? — ele perguntou, senti um calafrio, mas sorri.
— Sim, acho que sim. Nos vemos mais tarde — aproximei-me para dar-lhe um beijo na bochecha, mas ele virou o rosto e me deu um selinho demorado.
— Até mais, querida.

Balancei a cabeça em reprimenda, mas não contive um sorriso. Deixei Harry e voltei para a empresa, Ashley estava esperando que eu chegasse para que ela fosse almoçar, assim que voltei para trás do balcão ela despediu-se e sumiu pelas portas duplas de vidro. Sentei-me em minha cadeira acolchoada que gira e liguei o meu computador. Depois de checar a lista de visitantes e anunciar a entrada de mais dois empresários no prédio, eu relaxei e aguardei, pois a tarde é sempre mais tranquila na empresa.
Quando fiz uma pausa e fui à cafeteria do outro lado da rua comprar café para Ashley, meu chefe, a secretária dele e para mim, meu celular tocou, anunciando uma ligação de Louis. Atendi e aguardei na fila para pegar os cafés.

— Boa tarde, senhor — brinquei, ouvi ele rir.
— Boa tarde, querida — ele disse docemente. — Há alguma chance de você jantar comigo hoje? Precisamos conversar.
— Ah, sinto muito — não sinto mesmo, agradeci mentalmente por já ter aceitado o convite de Harry. — Eu já tenho um compromisso para hoje.
— Ah, ótimo — ele resmungou irônico. — Alguma hora nessa semana você pode me encaixar na sua ocupada agenda?
— Eu vou consultá-la e depois te aviso, senhor — brinquei, ele riu e eu relaxei.
— Desculpe, estou te pressionando muito, não é? — ele suspirou.
— Sim, podemos dizer que 'muito' é até pouco para descrever.
— Eu sinto muito, mas você sabe como eu sou...
— Ciumento, possessivo, obcecado por compromisso — sussurrei baixinho, ele gargalhou alto e eu peguei a bandeja com quatro copos de café. 
— Por conta da casa, baby — disse Grant, o atendente gato que sempre me paga café e que por acaso também é o meu vizinho.
— Obrigada — falei ao atendente, ele abriu um sorriso brilhante e piscou para mim.
— Vai me dar seu número hoje? — ele perguntou quando eu já me virava para ir embora, Louis ficou quieto do outro lado da linha, provavelmente ouvindo a conversa.
— Talvez amanhã, mas continue tentando — brinquei e mandei-lhe um beijo no ar.
— Quem pediu seu número? Ou melhor, quem te pagou alguma coisa? — perguntou Louis quando eu já estava fora da cafeteria.
— Ai, Louis. Menos, por favor — resmunguei impaciente, ele ficou mudo por alguns segundos. — Eu vou voltar ao trabalho, nos falamos depois.
— Desculpe, Ley. Nos falamos depois, se cuide — ele falou pesaroso, minha irritação diminuiu um pouco e eu lhe mandei um beijo antes de desligar e entrar na empresa.

Peguei o meu copo de café preto com leite e entreguei os outros três para Ashley ir servir ao chefe e a secretária dele.


♂♀♂♀

Bati meu cartão e deixei a empresa, finalmente a segunda-feira chegou ao fim; na verdade está apenas começando, já que Harry vem me buscar. Ao chegar à rua, vi Harry parado junto a calçada encostado em sua moto, o amor de sua vida. Esse é um dos motivos pelo qual julguei ser bom sair com o Harry, a única coisa que ele ama além de si mesmo é a moto dele, então eu não precisaria me preocupar com o resto.
Na verdade, em todo início de relação com todos os caras que conheço eu pensava que seria fácil, um caso para curtir e não ter dor de cabeça, mas, não sei porque, no final eu sempre saía irritada e com um cara magoado me enchendo o saco.
Harry sorriu e me entregou um capacete, o vesti e ele estendeu a mão para me ajudar a subir atrás dele na moto, apertei ele entre minhas coxas e o abracei forte, ele ligou a moto e disparou como uma rajada de vento pela rua.
Como o meu apartamento não ficava muito longe, Harry começou a diminuir a velocidade da moto, ele parava mais do que devia em todos os sinais de trânsito e repousava a mão tranquilamente em meu joelho enquanto esperávamos os sinais abrir, ele deu algumas voltas pela cidade até se render e seguir para o meu apartamento. Faltando duas quadras nós paramos em mais um sinal vermelho, ele repousou a mão em meu joelho e apertou levemente, o sinal abriu e ele passou a marcha da moto, nem nos movemos direito e eu ouvi a buzina alta e insistente de um carro na contra-mão vindo em nossa direção, Harry tentou desviar a moto mas era tarde, eu o abracei com mais força, já sabendo o que iria acontecer a seguir.



domingo, 18 de junho de 2017

"Tentamos ser racionais
Mas quando nos vemos
Parece que os problemas vão embora
Não sei o que acontece..."
– Morena (1Kilo)



Com um movimento rápido Louis jogou todo o material da mesa no chão e me deitou sobre a mesma, beijando meu pescoço até a minha clavícula. Entrelacei minhas pernas ao redor de sua cintura, o puxando para mais perto e sentindo sua ereção sob a calça jeans. Meu Deus!


— Eu... Hum... Ah, sim, isso! — gemi quando sua mão achou o caminho para dentro da minha calcinha.
— Shiii! Temos que ser rápidos, baby — ele sussurrou em meu ouvido e deslizou um dedo para dentro de mim, me contorci sob seu toque.
— Eu quero você. Agora! — murmurei ofegante, em dois segundos ele já tinha a minha calcinha rasgada em mãos e estava abrindo o botão da calça.

Desci da mesa enquanto ele vestia a camisinha e me virei de costas para ele, me apoiando na mesa e empinando a bunda para ele, Louis suspirou e segurou em minha cintura enquanto deslizava para dentro de mim com força.
Ele enterrou os dedos em meu cabelo e puxou de forma que deitei minha cabeça em seu ombro e expus meu pescoço para ele, enquanto beijava meu pescoço e dava estocadas ritmadas e brutas, me fazendo gemer alto.

— Isso. Ah, caramba! Como você é gostosa — ele sibilou entre dentes, empinei mais a bunda e ele atingiu em cheio meu ponto G. — Cacete!

Mordendo o lábio para não gritar, eu segurei na mesa com força enquanto me contorcia em seus braços com um orgasmo maravilhoso, Louis grunhiu em meu ouvindo também chegando ao paraíso.
Paramos por alguns minutos, ofegantes sobre a mesa. Louis me virou e me deitou novamente sobre a mesa, então me beijou lentamente, ambos ainda exaustos e satisfeitos.

— Uau, que visita maravilhosa — ele sorriu malicioso.
— Eu sei, nem me fale — sorri docemente, saciada e feliz.
— Aliás, por que veio aqui? — ele perguntou divertido, dei de ombros e arrumei a alça do sutiã.
— Estava afim e entediada. Achei que poderíamos ter uma reunião rápida — ele saiu de cima de mim e me ajudou a sentar.
— Bom saber que eu te tiro do tédio, querida — ele disse secamente, eu ri.
— Bobo. Eu vou indo agora, não vou mais roubar seu precioso tempo — desci da mesa e puxei o vestido, recolhi os restos mortais da minha calcinha e joguei dentro da bolsa.
— Ah,baby. Você pode roubar meu tempo assim sempre que quiser — ele me puxou para seus braços e me beijou uma última vez.

Suas mãos trilharam pelas minhas costas até a minha bunda e quando percebi ele já estava me puxando para cima dele, ele sentou-se em sua poltrona e eu montei nele de pernas abertas, sentindo novamente sua incrível ereção. Louis é insaciável.

— Eu adoro que você use vestido, sabe... — ele sussurrou já ofegante, levantando o meu vestido e encaixando seu membro em mim.

Prendi a ponta do vestido na alça do sutiã para que não atrapalhasse e deslizei pelo membro de Louis, suspirando involuntariamente ao senti-lo me preencher.

— Ah, meu Deus — sibilei entre dentes, Louis segurou em minha bunda e me guiou para subir e descer em seu colo, cada vez mais rápido e gostoso.


— Cacete, você tem que me visitar mais vezes — ele grunhiu em meu ouvindo.

Com um das mãos me apoiei no ombro de Louis e com a outra massageei meu clitóris, gemendo baixinho a medida que me aproximava mais e mais do prazer indescritível que me apossa toda vez que Louis e eu nos conectamos dessa forma. Com sua voz grossa e gutural, ele gemeu ao gozar, me levando junto na queda livre.

— Ah, sim. Você não existe — ele murmurou quando eu repousei minha cabeça em seu ombro e respirei fundo.
— Eu estou bem aqui, não estou?! — rebati, ele riu.
— Ah, está sim! Eu posso senti-la muito bem — provocou ele, dando uma última estocada forte em mim, me fazendo gemer, ele então deslizou para fora de mim e guardou seu membro dentro da cueca novamente.
— Ai! Você é mau — resmunguei saindo de seu colo, minhas pernas tremiam levemente.
— Não, volte — ele pediu estendendo a mão.
— Não, eu tenho que ir, se você me tocar novamente nós não sairemos dessa sala hoje — falei decidida, ele riu.
— Isso não me parece ruim, muito pelo contrário — ele me lançou um sorriso lascivo, tive que manter meu autocontrole ou nós realmente ficaríamos naquela sala até semana que vem.
— Eu sei. Mas eu preciso ir, você tem que trabalhar.
— Tudo bem, então. Nos vemos à noite? — ele perguntou se levantando e me acompanhando até à porta.
— Eu não sei, possivelmente — dei de ombros, medindo as consequências de dois encontros em um dia só, não me parece uma boa ideia. — Você não quer fazer xixi em mim pra marcar território também, não é? — brinquei, ele balançou a cabeça e revirou os olhos.
— Sério Hayley, uma hora você vai ter que superar essa sua paranoia, já estamos juntos há 2 anos e você sempre se esquiva de qualquer coisa ligada a relacionamento — esbravejou Louis, voltando a fechar a porta que ele já tinha aberto pra eu passar.
— Mas está tão bom assim, você não acha? Não devemos nada um ao outro, transamos quando sentimos vontade e ainda desfrutamos da nossa liberdade, o que mais você poderia querer, Louis? — apelei entediada, ele bufou indignado.
— Uma namorada! Uma mulher com quem eu possa sair e curtir um jantar ou um cinema, uma mulher para apresentar aos meus amigos e levar à jantares de trabalho. Eu só quero que você seja essa mulher. Que porra, Hayley!
— Não me venha com essa baboseira de novo, Louis. Quer saber, eu vou embora antes que você acabe com a minha paciência — resmunguei abrindo a porta e deixando a sala dele, bati a porta com força, sem querer chamando a atenção dos empregados de Louis. Saí o mais rápido possível da empresa e peguei um táxi até o Beer's Bar.

Definitivamente nós somos o oposto um do outro. Ele é todo romântico, obcecado por tradicionalidade, quer uma mulher estável ao seu lado. Eu gosto de sair à noite, beber todas e mais um pouco, beijar muitos caras e algumas garotas; não sei como nosso lance deu certo até agora, mas talvez seja hora de parar. Há meses Louis vem me perturbando com essa ideia de assumir "nosso relacionamento". Deus me livre! Longe de mim cair nessa furada.
Mas que droga, eu também não quero deixá-lo, o sexo é muito bom e ele é uma pessoa legal.
Ah, que se foda, eu vou beber e ele que resolva seus problemas.
Paguei a corrida de táxi e entrei no bar. Estava vazio, é claro. Não passava de quatro da tarde e o bar nem se quer estava aberto, mas o meu amigo é dono do bar, então eu tenho passe livre.

— Põe uma dose de Tequila pra mim, por favor, baby — falei para Zayn, o meu amigo dono do bar, que estava atrás do balcão fazendo a contagem do estoque do bar.
— Louis pediu sua mão de novo? — ele perguntou divertido.
— Arr... Nem me lembre disso, estou cansada dele me cobrar compromisso ao final de cada bendita transa — resmunguei me sentando em um dos muitos bancos.
— Tome seu chá de esquecimento, querida — Zayn sorriu ao colocar um copo de shot à minha frente junto com uma garrafa de tequila pela metade.
— Obrigada, você é o meu salvador — murmurei e bebi de uma vez o líquido do copo.

Zayn voltou a fazer a contagem de seu estoque, enquanto eu esvaziava a pobre garrafa de Jose Cuervo. Talvez daqui eu vá direto para casa, é possível que eu já esteja um pouco tonta quando a tequila acabar, então eu posso pegar um táxi e dormir até semana que vem, ou pelo menos até amanhã de manhã.
Mas meus planos mudaram quando esvaziei a garrafa de tequila, Zayn ergueu as sobrancelhas e me encarou divertido.

— Acabou — murmurei fazendo bico, ele riu.
— Pois é. Eu acho que isso é um sinal pra você bater em retirada e ir encontrar a sua cama — ele disse.
— O quê? Tá brincando? Ainda são seis da tarde, eu não vou dormir agora — resmunguei meio zonza, ele balançou a cabeça mas riu.
— E você espera que eu te dê mais uma garrafa de tequila? — ele perguntou cético, assenti docemente, ele gargalhou alto.
— Você poderia, por favor, me dar uma garrada de uísque? Não precisa nem ser o melhor, você sabe que em dias como esse eu me contento com alguma coisinha ruim — pedi docemente, ele riu e negou com um movimento de cabeça. — Ah, por favor, bebê. Pense um pouco, depois que eu beber mais uma garrafa você poderá me levar em casa e me colocar na cama. Você sabe como ninguém curar uma ressaca — murmurei fazendo bico, ele revirou os olhos e eu percebi que já havia ganho a batalha.
— Ah, garota. Você vai me levar à falência — ele resmungou já esticando o braço por baixo do balcão para pegar uma garrafa de Bourbon para mim.
— Você é o melhor! — falei agradecida quando ele abriu a garrafa, já que eu sou uma negação para abrir até uma latinha de refrigerante.



— Não me agradeça, estou pensando na recompensa no fim do dia — ele brincou se apoiando no balcão e aproximando seu rosto do meu, detive o impulso de colar meus lábios nos dele e o empurrei para longe.

Dispensei o copo e levei a garrafa aos lábios, bebi um gole generoso e tropecei até a máquina de música no canto do bar, procurei pela extensa lista de música até encontrar uma que me agradasse. Rude Boy, da Rihanna. A música começou a tocar e eu liguei as luzes piscantes da pista de dança, percebi que Zayn me encarava curioso lá do balcão.

— Música legal — ele disse, assenti e bebi mais um gole do Bourbon, o encarando fixamente.
— Vem dançar comigo? — convidei, ele ergueu as sobrancelhas e encarou o caderno no qual fazia anotações, em seguida voltou a olhar pra mim, em dúvida, até que perdeu a guerra consigo mesmo e veio dançar comigo.

Ele já chegou me puxando para ficar de costas pra ele, colando o corpo no meu e me apertando contra si. Rebolei ao som da música, ele ficou parado, com os olhos fixos em mim.

— Mulher! — ele sussurrou em apreciação.
— Eu adoro essa música — murmurei em resposta, ele ofegou.
— É, engraçado, passei a adorar também.

Zayn segurou em meu braço e me fez virar de frente para ele, passei os braços ao redor de seu pescoço e seus lábios estavam mais uma vez muito próximos aos meus. Que tentação!

— Ah, Ley. Eu beijaria você agora mesmo — ele sussurrou segurando meu queixo e olhando diretamente para os meus lábios —, mas você estava com aquele idiota e eu não quero sentir o gosto dele em sua boca.
— Acredite, você não vai sentir o gosto de nada, além de Bourbon e Tequila — rebati divertida, ele deu um sorrisinho e me soltou, me deixando levemente zonza no meio da pista de dança enquanto ele voltava para detrás do balcão.

Balancei o corpo ao som da música seguinte — Wake Me Up, do Avicii —, até me cansar de ficar dançando sozinha, então me sentei em posição de lótus bem no meio da pista de dança com a garrafa de Bourbon pela metade ao meu lado.
Quando a música chegou à parte em que Avicii diz: "A vida é um jogo feito para todos e o amor é um prêmio...", eu comecei a ter uma crise existencial, o que geralmente acontece quando eu estou muito na merda e bêbada, minha mente começou a ter vontade própria e pensamentos de todos os tipos importunavam-me.
Por que Louis queria compromisso comigo? Ele sabe muito bem como eu sou, compromisso é como um palavrão para mim. 
Não é porque eu não saiba amar, e sim porque eu amo a todos.
A mídia desse mundo tende a influenciar mulheres à casar, ter filhos e depender de um homem para o resto da vida. Os filmes e os livros românticos, na grande maioria, tendem a acabar quando a mulher consegue fazer um homem pedi-la em casamento. É como se depois de casada a vida acabasse, por quê?
E as mulheres que não querem casar? Que não precisam de um homem para dizer-lhes o que fazer ou como fazer?
Ah sim, essas são taxadas de nomes grotescos. Tais como vagabundas, ou putas. Só porque querem exercer o mesmo direito que os homens e ficar com quem bem entender a hora que quiser.
Minha mãe sempre me disse: "Quem não quer casar, não namora!"
Então por que  justamente eu me casaria? Ou namoraria?
Minha vida é essa, eu sou assim. Eu gosto de beijar um cara que me atraiu, a hora que eu quiser, e eu já perdi a conta de quantas vezes já fui xingada de puta por isso, principalmente por mulheres que se acham no direito porque são certinhas, mas no fundo desejam loucamente ser como eu, ser um espírito livre, porém sentem medo do que a sociedade vai dizer. 
Só um recado à sociedade: Vão se foder!
No entanto, não estou dizendo que vou passar a vida inteira assim. Não. Talvez nessa caminhada eu encontre um cara legal, que me faça sentir vontade de ficar em casa numa sexta à noite, assistindo um filme de ação bosta e comendo uma pipoca ruim, mas isso tudo não vai importar, porque ele vai me fazer rir e vai compensar a chatice de uma noite bosta.
Talvez nós dois fiquemos juntos por grande parte das nossas vidas, ou não, tanto faz. O ponto é que eu não precisarei me casar com ele e nem ele irá me cobrar isso, porque a vida fica muito menos complicada sem todas essas etiquetas e ele vai entender o meu ponto de vista. 
Caso contrário, curtirei a minha velhice com muita cafeína, gatos e uma estante lotada de livros. Parece legal pra mim. 
Talvez eu faça uma inseminação artificial e tenha um filho para não me sentir sozinha, mas isso eu ainda não decidi.
A questão é: Eu sou feliz assim, então pra que mudar? Em time que está ganhando, não se mexe.
Quando voltei a mim, a música do Avicii já havia terminado e agora tocava um jazz antigo do Frank Sinatra, um som envolvente e adorável. Dei alguns longes goles na minha garrafa ao som de Come Fly With Me.



Deitei-me no chão frio e fiquei encarando o teto enquanto a música rolava despreocupada. Eu não tinha ideia de quanto tempo havia ficado fora do ar, mas Zayn ainda estava cuidando das finanças do bar, então não devo ter ficado muito tempo encarando o vazio.
Três músicas sucederam a de Frank Sinatra até eu criar coragem de me levantar do chão. A minha garrafa já estava vazia e eu já não conseguia enxergar o chão direito, por isso quando fui descer da pista de dança eu troquei os pés e caí sentada na pequena escadaria. Zayn correu ao meu auxílio enquanto eu ria desesperadamente.

— Meu Deus, Hayley! Se machucou? Eu acho que já deu por hoje, não é? — ele falou preocupado enquanto me ajudava a levantar do chão.
— Eu só escorreguei, estou bem, juro! — murmurei enrolando a língua, Zayn riu.
— Bem mal, você quer dizer, né!

Zayn me levou até o balcão e me colocou sentada em um banco, quando ele me soltou eu senti meu corpo pender pro lado e fui caindo lentamente, com a visão turva eu não fazia ideia do que acontecia, até Zayn voltar a me segurar e me colocar sentada reta no banco novamente, o que pareceu divertir bastante ele, mas desta vez ele não arriscou me soltar novamente.
Com um braço ao meu redor, ele esticou o outro para alcançar o celular do outro lado do balcão, ele ligou para alguém. Quem? Que droga, não consigo ler!

— Jack. Eu vou levar a Ley em casa, você pode abrir o bar em 15 minutos? — perguntou Zayn, eu comecei a suar, que merda de calor é esse?
— Ai, que calor — resmunguei puxando a bainha do vestido e o despindo, Zayn me encarou incrédulo e divertido enquanto tentava concentrar-se em falar com o amigo.
— Eu não sei se volto, você pode segurar as pontas por hoje? Se ficar puxado você pode me ligar e eu volto — tagarelou Zayn, com os olhos fixos em mim. Eu me sentia bem mais confortável e fresca sem o vestido, prendi o cabelo com um nó muito desarrumado e deitei a cabeça no ombro do Zayn, tudo ainda estava turvo.
— Beleza, tchau, cara — despediu-se Zayn e guardou o celular no bolso. — Então você está com calor, baby?
— Estou. Que droga, preciso de mais bebida — resmunguei me debruçando sobre o balcão para procurar mais bebida do outro lado dele, Zayn gargalhou e me puxou de volta para o banco.
— Você está nua e esfregando essa sua bunda maravilhosa na minha cara, desse jeito fica difícil para um homem se controlar, mocinha — ele disse enquanto me jogava por cima do ombro. — Vamos embora de uma vez, vou dar-lhe um banho e colocá-la na cama.
— Eu estou nua, só pra lembrar — resmunguei relaxando em seu ombro e ficando quietinha, ficar de cabeça pra baixo piorou a zonzeira.
— Não seja por isso, querida — ele disse e jogou o casaco por cima de mim, cobrindo a minha bunda e parte das minhas costas.

Zayn agarrou a carteira, a minha bolsa e o meu vestido e saímos do bar, ele trancou a porta antes de se dirigir ao carro estacionado ali em frente. A rua estava quase vazia e um casal ficou nos olhando curiosos quando Zayn me colocou no banco do passageiro de seu Dodge Journey. O frio que fazia do lado de fora me atingiu em cheio e eu vesti o casaco de Zayn.
Fiquei tentando puxar o cinto de segurança de forma desajeitada enquanto Zayn dava a volta no carro e se acomodava ao meu lado atrás do volante, bufei indignada e ele fez a gentileza de puxar o cinto e prendê-lo a mim, sorri agradecida e meio grogue, ele riu e ligou o carro.
Zayn é um cara muito legal, somos amigos há pouco mais de 1 ano e nos conhecemos na inauguração de seu bar. Desde então ele têm se mostrado um grande amigo. De vez em quando, quando o tesão entre nós fica insuportável, nós ficamos também. Ele é solteiro, gostoso e muito bom de cama, quem poderia resistir? Eu é que não!
Mas faz umas duas semanas que não ficamos, ele tem tido certas crises de ciúmes em relação a Louis e a outros tantos caras, o que significa que está na hora de dar o fora. Mas a minha relação com ele é a mesma que com o Louis, ele é simplesmente bom de mais pra ser deixado de lado.

— Sabe o que eu acho? — gesticulei debilmente, ele me olhou de lado e riu.
— O que você acha?
— Homens são simplesmente estúpidos. Não aprendem com os erros dos outros? Tipo, eu estava com um cara há alguns meses, mas não nos vemos mais desde que ele decidiu que queria ser meu namorado, então o amigo dele, com quem eu também ficava, decidiu que queria algo mais sério. Tipo, ele não podia ter aprendido com o amigo? Se tivesse, ainda estaríamos saindo e nos divertindo. Isso é tão óbvio — tagarelei inconformada, Zayn ficou sério, ótimo, ele entendeu o recado.
— É, hoje você está tagarela. Mas eu acho que já tínhamos concordado anteriormente que você não precisaria compartilhar sua vida amorosa comigo, é no mínimo estranho — ele resmungou.
— Você é um cara muito esperto — balbuciei descansando a cabeça na janela fria.

Zayn dirigiu em silêncio até o meu apartamento alugado. Ele deixou o carro no estacionamento e veio até a minha porta me ajudar a sair, mas eu estava tão sonolenta e bêbada que fiz um charminho e ele acabou me levando no colo. A minha sorte era que o seu casaco era tão grande que cobriu toda a minha nudez. No elevador, eu deitei minha cabeça em seu ombro e suspirei, Zayn ficou tenso e me apertou mais forte.

— Por que, diabos, você tinha que aparecer lá no bar depois de ter transado com aquele cara? — ele resmungou baixinho, estávamos sozinhos no elevador.
— O que você quer dizer? — perguntei confusa.
— Eu estou louco pra te jogar no sofá da sua sala agora mesmo, mas toda vez que penso nisso eu me lembro que você estava com aquele babaca e isso é a porra de um banho de água fria — ele vociferou baixo, ainda me apertando com força contra seu corpo, ergui a cabeça e o encarei em alerta. Que droga, Zayn, não faça isso!




Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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