quinta-feira, 29 de junho de 2017

"Me diz o que você quer de mim
Mais uma madrugada pra sempre
A gente não planejou que fosse assim
mas cê sabe que eu to sempre aqui...!
– Tenta Vir (1Kilo)



Faltando duas quadras nós paramos em mais um sinal vermelho, ele repousou a mão em meu joelho e apertou levemente, o sinal abriu e ele passou a marcha da moto, nem nos movemos direito e eu ouvi a buzina alta e insistente de um carro na contra-mão vindo em nossa direção, Harry tentou desviar a moto mas era tarde, eu o abracei com mais força, já sabendo o que iria acontecer a seguir.
Eu apaguei por dois segundos ao bater a cabeça no asfalto, mas acordei logo, e quando acordei poucos curiosos se aproximavam para ver o que havia acontecido, o carro havia sumido, a moto de Harry estava há alguns metros caída na pista e eu ainda não o tinha visto, me ergui do chão desesperada e comecei a procurá-lo, encontrei minha bolsa próximo ao meio fio e procurei o telefone dentro da mesma, disquei o número da emergência e voltei a correr o olhar em volta procurando Harry desesperadamente, a noite já caia e ele estava estirado no canto da pista, inerte. Assustadoramente imóvel.
Corri até ele e me joguei ao seu lado, virei seu corpo pesado para cima e vi seu rosto coberto de sangue que escorria de uma abertura em seu supercílio. Chequei sua pulsação e, por Deus, ele ainda respirava. Tentei controlar a tremedeira em minhas mãos e uma atendente finalmente falou comigo, expliquei rapidamente aonde estávamos e o que tinha acontecido, ela me garantiu que a ajuda chegaria logo. E os curiosos começaram a se aglomerar à nossa volta.

— Meu Deus. Vai ficar tudo bem, vai sim, não se preocupe Harry — repeti desesperada enquanto acariciava os cabelos de Harry e beijava sua bochecha e seu nariz e o afagava em todos os pontos mais próximos, eu só queria tocá-lo, queria aquecê-lo e mantê-lo vivo.
— Afastem-se, por favor. Saíam do caminho! — gritou um homem, fazendo toda a multidão sair de perto de nós. Ele se agachou ao meu lado e conferiu a pulsação de Harry. — Eu sou bombeiro, anjo, não se preocupe. Vai ficar tudo bem — ele disse, demorei a perceber que ele falava comigo, pois ele estava checando os braços e as pernas de Harry, para ver se nada tinha saído do lugar.

Eu segurava forte a mão de Harry enquanto aquele homem conferia seus sinais vitais e seu corpo imóvel, só percebi que eu estava chorando quando ele virou-se para mim e segurou meu rosto com as duas mãos manchadas de sangue do Harry. O homem secou as minhas lágrimas e me encarou preocupado.

— Ele está bem, só está desacordado. Agora você precisa respirar fundo e se deitar, okay? Sem pânico.

Fiz o que ele mandou, meu corpo inteiro tremia e lágrimas não paravam de escorrer dos meus olhos, minha blusa, antes rosa, estava cor de sangue vivo e demorei a perceber que o sangue era meu e não de Harry.

— Meu nome é Liam, vou cuidar de vocês, prometo. Só fique quietinha, não se mova — disse o homem. Ele parecia calmo, mas seus olhos se arregalavam um pouquinho toda vez que ele olhava para a minha blusa cada vez mais úmida de sangue.

Ele manteve um olho atento em Harry enquanto conversava comigo, eu comecei a me sentir exausta e agora estava mais tranquila já que Liam poderia cuidar de Harry, apaguei assim que ouvi o som das sirenes ao longe.


♂♀♂♀

— Durante a queda a paciente sofreu um corte profundo no abdômen — disse uma mulher.
— Hemorragia externa, classe 2 — falou outro homem, minha cabeça girava e eu vi Liam sentado ao meu lado, segurando minha mão e ouvindo o que os paramédicos diziam. Estávamos dentro de uma ambulância.
— Li.. — murmurei, mas minha voz soou tão pateticamente fraca que me calei imediatamente, no entanto isso chamou a atenção de Liam e ele fixou os olhos arregalados em mim.
— Shiiiu! Fique quietinha, anjo. Vai ficar tudo bem. O rapaz está bem, ele está em outra ambulância, fique tranquila — ele disse rapidamente. Harry, Harry está bem. Graças a Deus!

Eu parei de prestar atenção no que todas aquelas pessoas diziam, minha cabeça girava e doía e eu estava tão, tão cansada, me sentia fraca e exposta, minha blusa rosa, que eu amava tanto, agora estava rasgada ao meio expondo meus seios e o machucado em minha barriga. Mas eu não liguei para isso, fechei meus olhos e descansei um pouco mais.



"Que circunstâncias mais terríveis para um anjo vir à Terra."
Foi a primeira coisa que pensei ao ver aquela jovem moça ajoelhada ao lado do corpo inerte de um cara. Mas agora, dentro dessa ambulância, vendo-a em um estado tão crítico, me pergunto como ela conseguiu ficar de pé e ir ajudar o companheiro, ela não deveria ter forças para respirar, que dirá para correr três metros até a bolsa e então mais dois até o rapaz. Ela é forte, disso tenho certeza absoluta, e vai ficar bem agora.
Chegando ao hospital eu não pude acompanhá-la além da recepção, então fiquei na sala de espera, fazendo a ficha dela e aguardando por notícias. Tive a liberdade de pegar seus documentos na bolsa que eu resgatara, ela se chama Hayley e têm 23 anos. Já o rapaz, eu não faço ideia, mas consegui salvar o celular dele também, dei uma olhada na lista telefônica e a última pessoa para quem ele havia ligado era uma tal de Gemma, liguei para ela então.

— Harry? O que houve? Você não ia buscar a Hayley? — perguntou a garota, cujo nome é Gemma.
— Sim, ele foi. Desculpe, eu sou o Liam e estou com o telefone do Harry, você é a namorada dele? Ou alguma parente? — perguntei o mais profissional possível, odeio dar notícias ruins.
— Eu sou a irmã dele, o que aconteceu com o Harry? — perguntou Gemma, já se desesperando.
— Ele sofreu um acidente de moto, está no Saint Mary's Hospital. Ele estava acompanhado de Hayley, você pode vir até aqui?
— Meu Deus, claro, estou indo para aí agora mesmo! — ela gritou nervosa e desligou em seguida.

Já que a irmã de Harry foi avisada, agora é a vez de Hayley. Consultando a lista telefônica no celular dela, o primeiro nome que encontrei nas últimas ligações foi o de Harry, o segundo era um nome diferente, Zayn. Terá que ser ele mesmo, talvez seja irmão dela. Zayn demorou um pouco para atender e quando atendeu ouvi muito barulho, ele deveria estar em um bar ou algo do tipo, a julgar pela música alta e as muitas vozes gritantes.

— Ley? Oi — ele disse, se afastando do barulho, respirei fundo, o tom de voz dele não era de um irmão.
— Zayn, desculpe o incômodo. Me chamo Liam e sou membro da abrigada de bombeiros de Londres.
— O que aconteceu com a Hayley? — ele perguntou alarmado.
— Ela sofreu um acidente de moto, estava acompanhada de um rapaz chamado Harry; ela está no Saint Mary's Hospital. Você é parente dela?
— Não, eu... Eu... Como ela está? Eu já estou indo até aí — ele desconversou.
— Senhor, eu preciso que informe ao parente mais próximo dela, por favor — pedi impaciente.
— Claro, claro. Mas o parente mais próximo dela mora há 4 horas de Londres, em Exeter, Devon, não há qualquer possibilidade de ele chegar aqui ainda hoje — explicou Zayn.
— Ok, tudo bem. Então o senhor poderia fazer a gentileza de vir até aqui?
— Já estou a caminho, obrigado.

Guardei o celular de Hayley e aguardei pacientemente até Gemma ou Zayn aparecerem, ou o médico dar alguma notícia de Hayley ou de Harry.
Mas, quando o médico que cuidava de Hayley apareceu, nem Gemma e nem Zayn haviam chegado. Então eu, com muito prazer, fui vê-la no quarto para onde ela havia sido levada.
Segundo o médico, o ferimento de Hayley foi menos grave do que parecia, levou apenas alguns pontos na barriga e foi sedada para que ficasse quieta até que o inchaço diminuísse. Menos mal, graças a Deus.
Ela dormia tranquilamente na cama pequena do hospital, havia um biombo ao lado de sua cama, separando o quarto conjunto ao meio para ela e outro paciente, que eu logo vim a descobrir ser o amigo dela, o Harry.
Eu me sentei em uma poltrona dura e fiquei de olho em Hayley, ela era linda, encantadora, realmente parecia um anjo. Meia hora depois, quando eu já tinha gravado cada pequeno traço perfeito do rosto de Hayley em minha memória, a porta do quarto se abriu e um rapaz e uma moça entraram, ambos pálidos.

— Vocês devem ser Zayn e Gemma, eu sou Liam, o bombeiro que ajudou os dois — apresentei-me ao me levantar, os dois sussurraram cumprimentos e apertaram minha mão, Zayn logo encolheu o biombo e Gemma foi para o lado do irmão.
— Como eles estão? — perguntou Zayn parando ao meu lado, e lançando um olhar enamorado e preocupado para Hayley, droga, são namorados?
— Harry está bem, ele só bateu a cabeça e levou três pontos na sobrancelha. Hayley levou dezessete pontos na barriga, ela perdeu uma quantidade significativa de sangue, mas vai ficar bem — expliquei me sentindo desconfortável, afinal eu estava admirando a namorada dele.
— Ah, muito obrigado. Creio que eles irão querer vê-lo quando acordarem, você pode me dar o seu telefone? Duvido que queira perder mais algum tempo aqui — ele disse, já puxando o celular do bolso.

De fato, eu havia trabalhado em um plantão de 48 horas seguidas, eu só queria ir para casa e dormir umas boas 12 horas. Mas também queria ver Hayley de novo, e esse cara está me dando essa chance.

— Mantenha-me informado, por favor — pedi ao vê-lo salvar o meu número.
— Com certeza, não se preocupe. Devemos muito a você, obrigado cara — ele estendeu a mão e eu a apertei, lançando um olhar furtivo na direção de Hayley.

Despedi-me rapidamente da irmã de Harry, balançando a cabeça para descartar os agradecimentos sem necessidade dela e fui embora, novamente lançando um olhar de relance em Hayley ao sair do quarto.
Eu peguei um táxi até o lugar onde eu havia deixado o meu carro, de lá fui para casa. A moto de Harry, um pouco danificada, mas ainda inteira, está sob a guarda da polícia, então depois será fácil para o dono recuperá-la.
Depois de um longo banho quente, uma xícara fumegante de chá e alguns episódios antigos da série Friends, eu finalmente apaguei, mas com a imagem devastadora na cabeça de uma linda jovem toda ensanguentada ajoelhada no meio de uma avenida tumultuada.


Eu estava viva. Foi à primeira coisa que pensei ao acordar em uma cama dura de hospital. A segunda foi: Mas e o Harry?
Por sorte Zayn estava dormindo em uma poltrona no canto da sala e, para responder a minha primeira pergunta, havia um Harry roncador na cama ao lado da minha, com Gemma também ocupando a poltrona aos pés da cama dele. Suspirei aliviada ao ver que a cor havia retornado ao seu rosto e não havia mais sangue lhe cobrindo toda a lateral do mesmo.
Parecia ser tarde da noite, o quarto estava em silêncio, com exceção dos roncos de Harry e passos ocasionais que se faziam notar do lado de fora do quarto. Virei-me de lado na cama, mas gemi dolorosamente ao ter consciência da dor agonizante que invadia meu abdômen, que merda! Levantei um pouco o vestido de enferma e vi a quantidade exorbitante de pontos em minha barriga. Resmunguei alguns palavrões e com bastante cuidado me ajeitei para voltar a dormir.
Só acordei novamente quando senti lábios úmidos em minha testa. Abri os olhos para a claridade que inundava o quarto e vi Zayn sorrindo ternamente para mim.

— Bom dia, flor do dia — ele brincou, me fazendo rir, mas a risada me fez sentir dor então fiz uma careta.
— Está doendo muito? — ele perguntou preocupado.
— Um pouquinho quando me mexo, ou rio — forcei um sorriso e olhei em volta.

Gemma estava de pé, arrumando uma mochila, ela me cumprimentou com um sorriso e um "bom dia". Logo Harry saiu do banheiro vestindo um terno escuro e com um curativo na sobrancelha. Ele veio direto ao meu encontro.

— Como você está, baby? — ele perguntou carinhoso, de relance vi Zayn revirar os olhos e jogar-se na poltrona.
— Estou bem, obrigada. E você? Fiquei tão preocupada — murmurei tocando de leve ao redor do curativo, ele fechou os olhos e sorriu.
— Estou melhor do que deveria, acredite. Eu já recebi alta, agora vou trabalhar — ele disse, me lembrei do meu trabalho e arqueei as sobrancelhas. — Eu vou passar na empresa com o seu atestado, não se preocupe. Você vai ficar quatro dias de molho e ainda mais o final de semana.
— Na segunda você tem que voltar aqui para ver os pontos, se ainda não estiverem prontos para serem tirados você ganha mais uns dias de atestado — complementou Zayn, Harry assentiu e me deu um beijo demorado na testa.
— Fique bem, eu vou vê-la mais tarde. Nada de artimanhas e trate de virar vegetariana até os pontos sararem, ok? — disse Harry, autoritário.
— Você é advogado ou médico, em Doutor? — ironizei, ele riu.
— Ambos são doutores, e eu só estou repetindo o que o médico disse.

Harry me deu um último beijo na testa e foi embora com Gemma, Zayn sentou-se ao meu lado na cama e franziu a testa.

— O que foi, Sunshine? — perguntei divertida.
— Só você não percebe o quanto é bizarro ver outro cara mimando a sua garota — ele murmurou contrariado.
— Eu não sou sua garota, Zayn — resmunguei exausta. Ele sorriu.
— Ainda não! Mas será... Um dia...

Revirei os olhos para Zayn e me levantei da cama com cuidado e com a ajuda dele.
Vesti um roupa que ele havia trago e então pude ir para casa, já havia recebido alta e Zayn estava com as instruções que eu teria que cumprir para me livrar logo dos pontos.
Zayn estava super atencioso e cuidadoso comigo, como se eu fosse feita de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento, tive que reclamar com ele algumas vezes por estar dirigindo devagar demais e os outros carros estarem buzinando. Ao chegar em casa, eu notei logo que alguém estivera por ali, ou ainda estava, pois havia uma pequena mala largada bem no meio da minha sala e um casaco masculino jogado no meu sofá, franzi a testa para Zayn e ele deu de ombros inocentemente.

— Liguei para o seu irmão ontem à noite, ele já deve ter chegado — disse Zayn.
— Cheguei sim, há uns 10 minutos — disse James, aparecendo do nada em minha cozinha.
— James! — guinchei surpresa, então corri ao seu encontro, mas parei ao dar dois passos, pois meus pontos doeram no fundo da alma. — Argh! Droga!
— Calma, docinho, eu vou ao seu encontro, não precisa correr — ele disse sorridente, com seu jeito adorável de acalmar todo mundo.
— Droga, droga — resmunguei ainda dolorida, James me pegou nos braços e me levou até o sofá.
— Fique bem quietinha aqui, eu vou preparar uma xícara de chá pra você — ele disse e me deu um beijo na testa.
— Cupcakes também? — perguntei doce e esperançosa, ele fez uma careta para mim.
— Você nunca me fez cupcakes.



— Faça pra mim e um dia eu farei pra você — rebati divertida, ele balançou a cabeça e riu.

Zayn sentou-se ao meu lado e olhou por cima do ombro para James na cozinha, em seguida voltou-se para mim.

— Vocês se parecem um pouco.
— É, bem pouco — concordei sorridente. — Você sabe alguma coisa sobre o bombeiro que nos ajudou?
— Sim, eu sei alguma coisa sobre ele — murmurou Zayn, pegando o controle da tv em cima da mesinha de centro e ligando-a distraído.
— E o que você está esperando para me contar? — perguntei impaciente, ele ergueu as sobrancelhas e virou a cabeça lentamente para me encarar.
— Para que tanto interesse nesse cara, Hayley? — ele perguntou com um tom de irritação na voz.
— Ele salvou a minha vida, acho que tenho o direito de saber ao menos o nome dele. Não me venha com ciúme besta agora, Zayn! — rebati exasperada, ele bufou como uma criança contrariada.
— Acho que não é para tanto  — ele murmurou mal-humorado e eu lhe dei um tapa no braço. — Ok! Eu te dou o número dele se você faz tanta questão.

Zayn, a contra gosta, me passou o número do bombeiro e me disse que o nome dele é Liam. Enquanto eu estava com o telefone grudado no ouvido, esperando que ele atendesse, meu irmão chegou com o chá e me entregou uma caneca fumegante, lhe dei um beijo na bochecha e continuei aguardando ansiosa que Liam atendesse.

— Alô? — ouvi a voz grave do bombeiro que me socorreu ontem, suspirei involuntariamente.
— Liam, oi. Sou Hayley, não sei se você lem... — ele me interrompeu.
— Anjo! Como você está? Estive tão preocupado aguardando notícias suas — ele disse animado.
— Esteve? — perguntei surpresa e um pouco comovida.
— É claro que sim! Caramba — ele riu. — Eu devo ter dormido um pouco, porque fiz um plantão desgastante, mas quando acordei a única coisa em que eu conseguia pensar era se você estava bem, eu já estava me arrumando para voltar ao hospital, aí você me ligou!
— Que bom que eu liguei, então — murmurei divertida.
— É mais do que bom, anjo — ele disse e pude sentir que estava sendo sincero.
— Você vem me ver? — perguntei involuntariamente, ouvi ele sorrir.
— Diga-me onde está e chegarei em dois minutos — ele garantiu bem-humorado.

Lhe passei o meu endereço e então desliguei, James fingia olhar para a tv, mas Zayn me encarava cético e irritado, droga. Beberiquei o meu chá, que agora estava morno, e ignorei Zayn, olhando para tv também.

— Mais um para a sua lista, Hayley? — perguntou Zayn, nada amigável.
— Eu não tenho uma lista — resmunguei indiferente.
— Vamos ver então: Eu, Harry, Louis, Niall e agora esse tal de Liam também? Qual é, Hayley! — gritou Zayn, pondo-se de pé e gesticulando com os braços, alvoroçado.
— Você não tem direito algum de reivindicar exclusividade, Zayn. Você sabe bem disso — falei calma e indiferente, o que eu sei que deixa-o mais louco da vida.
— Eu sei disso e essa porra me tira do sério — ele resmungou voltando a cair no sofá ao meu lado, James nos olhava de soslaio, tentando conter um sorrisinho divertido.
— Eu vou tomar banho — avisei para ninguém especificamente, deixei minha xícara em cima da mesinha de centro e segui lentamente pelo corredor até o meu quarto.

Peguei minha toalha e uma roupa confortável e fui ao banheiro, tomei um banho quente não tão demorado e vesti uma calça de moletom e um suéter quentinho, em seguida voltei ao quarto para prender o cabelo e passar lápis nos olhos, para não ficar tão pálida.
Ouvi batidas na porta e James entrou no quarto.

— Sua visita chegou, baby — ele disse divertido e se jogou em minha cama. — Zayn está soltando fogo pelas narinas.
— Ele está muito possessivo ultimamente, talvez seja hora de deixá-lo e arranjar outra pessoa — murmurei desgostosa, apesar de saber que não faria isso realmente.
— Vocês já estão saindo há quanto tempo? — perguntou James.
— Dois anos e meio. Ele é o caso mais antigo entre os quatro, não tenho a mínima vontade de acabar com isso.
— Então não acabe, só coloque um ponto final no ciúme dele — sugeriu meu irmão.
— Eu já tentei, mas ele não me escuta, continua ciumento como se fosse o meu dono — resmunguei exausta.
— Mostre quem é que manda, ele têm que saber que você não é a namorada dele.
— Ele sabe, já repeti isso milhões de vezes — murmurei, então fui até a porta e a abri. — Mas tanto faz, tenho visita agora — James sorriu maliciosamente.
— Algo me diz que ele será o quinto.
— Você me conhece bem, maninho.

Voltamos para a sala e assim que vi Liam eu parei, congelada, me lembrando dele ontem, me acalmando e me ajudando, ele é tão lindo quanto eu me lembrava.
Liam abriu um sorriso maravilhoso e se levantou.



— Oi — ele disse. — Como você está?
— Bem, obrigada — murmurei indo ao encontro dele e o abraçando, ele me apertou com cuidado. — E obrigada, você nos ajudou muito ontem.
— Não, eu não fiz nada demais. Que bom que você está bem.
— É, o Harry também está muito bem — intrometeu-se Zayn, cravando os olhos magoados em Liam e eu.
— Que bom, eu imaginei que ele fosse ficar, já que para ele não foi tão grave — respondeu Liam dando de ombros.
— É, pois é. Daqui a pouco ele deve aparecer por aqui para ver a Hayley — murmurou Zayn, voltando os olhos para a tv, senti vontade de esganá-lo.
— É o seu namorado? — perguntou Liam, virando-se para mim.
— Quem, Zayn ou Harry? — perguntei confusa, ele franziu a testa. — Enfim, nenhum dos dois. Eu não namoro.
— Ela não namora — repetiu Zayn, o desprezo em sua voz me atingiu em cheio, como um soco no estômago.
— Bem, eu acho melhor eu ir andando, depois a gente se fala — disse Liam, olhando de relance para Zayn em meu sofá.
— Não, não vá ainda, você chegou agora — pedi tentando soar doce, ele sorriu.
— Quando você estiver sozinha, me ligue, aí eu volto — ele disse baixinho, assenti com um sorriso estampado no rosto.

Levei Liam até a porta e, devagar, fechei a mesma, ficando sozinha com ele no corredor. A energia que ele emanava me atraía sutilmente. Ele tinha que ser meu, sim, sem dúvidas!

— Ele pode não ser seu namorado, mas há alguma coisa entre vocês — murmurou Liam, encostando-se na parede e olhando para mim, me aproximei dele, o bastante para sentir sua respiração, ele sorriu.





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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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