quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"É hora de nos movermos,
Eu estou desenferrujando
Meu coração pertence
A qualquer lugar, menos aqui..."
— Stop &Stare (OneRepublic)



Voltei à cozinha para guardar a bandeja e enchi a minha caneca com mais café, vou precisar do triplo de cafeína do que normalmente tomo, com essa mulher aí eu precisarei de energia e paciência, pois já vi que ela não é fácil.
Voltei à minha mesa e tentei trabalhar pelo resto da manhã, mas meu olhar sempre acabava nas paredes de vidro, vigiando Claire e, possivelmente, Josh. Mas somente via os olhares de soslaio que ela dava em Josh enquanto Brook se distraia com os deveres, ela definitivamente gostou dele ou da herança dele, enquanto a Josh, acho que estou tranquila, ele não parece notar ela.
Tentei ao máximo me concentrar nos relatórios e contratos a serem imprimidos de Josh, precisava terminar o meu trabalho, afinal eu estava sendo paga para isso, não para vigiar o meu chefe.
Um pouco antes do almoço eu recebi um sms de Keny: "Acabei de sair do apê, está tudo pronto, nos mudamos amanhã à noite. Xx Ken", ah, finalmente. Minhas coisas já estão todas empacotadas desde o Natal, eu estava tão ansiosa para me mudar o quanto antes, agora finalmente vou sair de casa.
Meu humor já ficou consideravelmente melhor depois da mensagem de Keny, mas voltou a despencar quando Josh saiu do escritório, seguido por Brook e Claire, ela rebolava os quadris faceiramente e sorria toda orgulhosa.

— Allin, vou sair para almoçar com Brook e a srta. McRize, volto para a reunião com Eiden — avisou Josh, olhando de soslaio para o irmão e em seguida para mim, ele estava desconfortável com a situação.
— Claro, vou segurá-lo por aqui se você se atrasar — falei secamente, desviando meu olhar dele para a tela do computador.

Josh ficou atordoado, percebi que por causa da minha reação, mas ele tem que ser muito burro para não perceber que eu não fui com a cara dessa mulherzinha. E burro é uma coisa que eu tenho certeza que ele não é.

— Obrigado — ele disse, depois de ficar alguns segundos sem saber o que dizer.
— Vamos, Josh — chamou Claire, ergui os olhos imediatamente para ela, depois para ele. Como ele pode ter passado de sr. Mayhen para Josh em questão de poucas horas? Ah, Josh. Cuidado com ela!
— Estarei aqui quando voltar, senhor Mayhen — falei acidamente, Josh arregalou os olhos, surpreso por me ouvir chamá-lo de senhor.
— Josh, vamos lá, cara — chamou Brook. — Eu trago um doce pra você, boneca — disse Brook para mim, piscando e sorrindo lindamente, o que me fez sorrir também.
— Senhor? — sussurrou Josh, completamente confuso, enquanto seguia o irmão e a loira.

Depois que eles saíram eu tentei não pensar muito em Josh e aquela mulher, conectei meu celular ao computador e coloquei algumas músicas para relaxar, então comi meu sanduíche em silêncio e respirei fundo diversas vezes para manter a calma.
Eiden chegou na hora exata que estava marcada a reunião, mas Josh não. Era a primeira vez, desde que comecei a trabalhar com ele, que Josh se atrasa para alguma coisa, o que me deixou infinitamente mais irritada com ele.
Eiden se sentou ao meu lado e dividiu sua latinha de pepsi comigo enquanto conversávamos, ele é adorável, Keny é realmente sortuda.

— Então, Keny me falou que vocês vão se mudar amanhã à noite, precisam de ajuda? — ele se ofereceu, então me passou a lata de refrigerante e eu bebi um gole.
— Seria maravilhoso receber ajuda, a menos que vá te atrapalhar — murmurei esperançosa, precisamos de um carro para transportar nossas coisas, e o conversível de Keny não é lá muito espaçoso.
— Não vão atrapalhar, relaxe! — garantiu Eiden. — Eu já tinha me oferecido para Keny, mas ela recusou, disse que eu não precisava me incomodar, mas eu gosto de ajudar em mudanças, principalmente a de três garotas lindas — ele brincou, me fazendo rir. — Sem falar que assim já vou ficar sabendo aonde vocês moram — ele sorriu e piscou para mim, entendi que ele queria saber onde Keny iria morar.

Ouvimos o elevador apitar e Eiden se levantou, jogou a latinha vazia na lixeira e pegou a pasta de trabalho dele. Josh apareceu todo sorridente, mas logo ficou sério ao ver Eiden.

— Chegou cedo, Silk — falou Josh, olhando de relance para mim, apenas dei de ombros e voltei a me concentrar no meu computador.
— Não, Mayhen, você que chegou tarde — resmungou Eiden. — Vamos logo ao que interessa, não tenho o dia todo.
— Vamos então — concordou Josh, já abrindo a porta da própria sala e deixando Eiden entrar primeiro. — Allin, café, por favor.
— Com biscoitos? — perguntei a Eiden, Josh enrugou a testa, confuso, então percebeu que eu estava falando com Eiden.
— Por favor — concordou Eiden, sorrindo docemente para mim.

Os dois sumiram dentro da sala e eu fui para a cozinha. Demorei um pouco para preparar a bandeja com as xícaras e os biscoitos, de propósito, não queria encarar Josh enquanto aquele sorriso dele estivesse em minha cabeça.
Ele saiu todo tenso para almoçar, e voltou sorrindo de orelha a orelha. Tem algo de errado nisso, pois ele sempre fica estressado quando tem reuniões, mesmo se for com Eiden. No fundo da minha mente há algo me dizendo que a srta. McRize têm algo haver com isso, mas eu prefiro ignorá-la por enquanto.
Entrei na sala depois de bater duas vezes, Josh e Eiden se encaravam seriamente e pareciam estar discutindo até eu aparecer, o clima na sala estava tenso e eu tive o impulso de voltar atrás e sair correndo da sala, mas Eiden esforçou-se para sorrir e agradecer pelos biscoitos, então eu os servi e saí o mais rápido possível.
As paredes de vidro eram à prova de som, mas eu ainda podia ver os dois batendo boca um com o outro, não pareciam estar brigando por negócios e sim por algo mais pessoal, eu decidi não me meter, não era da minha conta afinal, então me concentrei em imprimir alguns contratos que precisavam ser assinados por Josh.
Enquanto esperava as folhas serem impressas eu mexi em meu celular, tudo para não olhar para a sala de Josh e ver os dois discutindo.
Enquanto rolava a tela pelo feed de notícias do Facebook, vi que Will acabara de me mandar uma mensagem, rapidamente abri a conversa.

W: Boneca, estou louco pra estrear a minha nova moto. Por acaso você não precisa de carona hoje? :P ;)
Eu: Nova moto? Jura? Comprou quando?

Will troca do automóvel como quem troca de roupa, não me admiro, afinal ele é dono de uma concessionária. O pai de Will investiu no filho muito cedo, o ajudou a abrir o primeiro negócio e agora Will é um jovem homem bem-sucedido, mora em um casa grande demais para um solteiro e tem carros demais na garagem para um homem só usar. Carros e motos são sua grande paixão, talvez por isso ele tenha decidido seguir no ramo de automóveis.

W: Uma linda e recém saída de fábrica Kawasaki, você precisa vê-la, chegou hoje de manhã. Então, te pego que horas?
Eu: Parece tentador, acho que não consigo recusar a sua oferta. Estou livre às seis, pode me pegar no trabalho?
W: É claro que posso! Vou levá-la a um lugar legal ;).

Quando Will diz 'um lugar legal', eu sei que é realmente um lugar legal. Ao contrário de Keny, Will é mais humilde e tem gostos menos extravagantes, talvez por ter começado a se virar sozinho tão cedo.
Então eu já tenho em mente um cinema para ver um novo filme em cartaz, ou boliche, para nos desafiarmos um pouco. Isso me anima bastante, principalmente depois de um dia ridiculamente estressante como esse.

Eu: Pra mim está ótimo, quando chegar na recepção dê o seu nome e diga que quer ver Allin Hanks, vou deixar avisado que você pode subir.
W: Okay, boneca. Nos vemos mais tarde. Beijo :P

Fiquei um pouco mais relaxada ao saber que sairia com Will para relaxar um pouco, Josh odiaria saber disso, mas, sinceramente, não acho que ele vai ligar para isso. Sinto que aquela srta. McRize conseguiu o que queria, ou então ele não chegaria tão sorridente ao escritório.
De qualquer modo, tanto faz. Vou sair com um amigo para me divertir. Tudo bem que eu já beijei esse amigo, mas foi só um beijo, nada demais.
Eiden saiu da sala como um furacão, o que me tirou abruptamente dos meus pensamentos, ele parecia irritado e decepcionado, além de desgastado.

— Tudo bem, Eid? — perguntei preocupada, ele suspirou e deu a volta na minha mesa para me dar um beijo na testa, fiquei mais confusa ainda.
— Tudo sim. Você é uma garota incrível, Allin, acho isso desde que te conheci pela boca do Josh e tive certeza desde o dia que te conheci pessoalmente. Você merece mais — disse Eiden, encarei-o intrigada e ele sorriu.
— O que quer dizer, Eiden?
— Nada, é só que... Há dois meses vocês estão nessa enrolação, bata o pé, Allin, ou o Josh não irá ceder — falou Eiden, eu entendi o que ele quis dizer, ele queria que eu colocasse Josh contra a parede, mas eu mesma não queria assumir um relacionamento, principalmente agora.
— Eu não tenho pressa, Eiden, mas obrigada por se importar — murmurei comovida, então o abracei e lhe dei um beijo na bochecha, ele sorriu.
— Vai por mim, seria o melhor a fazer, antes que você perca o coração dele — sussurrou Eiden, ele me deu mais um beijo na testa e seguiu em direção ao elevador, me deixando confusa e ao mesmo tempo devastada, pois eu sabia que isso tinha algo em relação a nova tutora de Brook.

Caí em minha cadeira e fiquei encarando a parede oposta pensativa. Eiden ficou transtornado com Josh, ele deve ter dito ou feito algo que Eiden não tenha concordado, por isso os dois discutiram, mas o que isso tem haver comigo? Por que Eiden veio todo misterioso? Mas que droga...

— O que ele te disse? — perguntou Josh, e eu já sabia que ele estava na porta da sala dele, me encarando com preocupação.
— Tudo — menti, Josh suspirou pesaroso.
— Me desculpa, Allin.
— Pelo o que você quer que eu te desculpe? Por mentir? Ou melhor, por achar que estava tudo bem com isso? — blefei, tentando fazê-lo falar o que eu precisava saber.
— Eu só... Me perdoa... — ele tentou se aproximar, mas como eu gosto de drama, pulei da cadeira e me afastei dele.
— Eu quero ouvir da sua boca, desembucha Mayhen! — esbravejei, concentrando toda a minha raiva em seu nome.
— Beleza. Tá. — Ele bufou e puxou a minha poltrona para se sentar, então esfregou os olhos e levantou a cabeça para me ver. — Brook me deixou sozinho com aquela mulher. Eu não preciso dizer mais que isso, preciso?
— Não. Não precisa mesmo — murmurei baixinho, ainda tentando absorver a situação, no fundo eu sabia que era isso, mas eu só não queria acreditar.

Desviei meu olhar para não ver Josh, eu só precisava me acalmar e voltar ao trabalho, eu não poderia deixar que a minha vida pessoal me tirasse de um emprego ótimo. Eu ainda tenho que pensar em me sustentar, principalmente agora que vou me mudar.

— Aproveitando que está aqui — murmurei, minha voz soou embargada e eu tive que limpar a garganta antes de continuar —, pode assinar esses contratos, por favor?
— O quê? — Josh guinchou, completamente incrédulo que eu estivesse falando de trabalho em um momento como aquele.
— Assine! Depois você tem que descer pra sala de reuniões, o departamento de RH já está a sua espera.
— Allin! — ele reclamou.
— O que foi, sr. Mayhen? — perguntei seriamente, ele ficou embasbacado mais uma vez por me ouvir chamá-lo de senhor.
— Agora vai agir como se nada nunca tivesse acontecido entre nós? 
— Você por acaso se lembrou de mim quando estava com aquela mulherzinha? — rebati impaciente.

Josh suspirou resignado e pegou uma caneta em minha mesa para começar a assinar os contratos. Eu me afastei dele o máximo possível, peguei minha caneca e fui para a cozinha reabastecer o meu nível de cafeína. Aproveitei o café recém-feito e levei a jarra até a sala dele para reabastecer a xícara dele e recolher a de Eiden junto com os biscoitos, ambos intocados, o que me partiu o coração.
Quando voltei à minha mesa Josh já estava de pé, puxando o terno e limpando fios invisíveis dele, ele estava tenso e nada contente, o que me pareceu justo, pois eu também me sentia assim.

— Vou descer pra sala de reuniões, volto para pegar minhas coisas — ele avisou, não conseguindo me olhar nos olhos.
— Estarei aqui quando voltar — murmurei relutante.

Quando o elevador apitou, avisando que eu estava livre de Josh, eu desabei em minha poltrona e respirei fundo algumas vezes para conter as lágrimas que brotaram em meus olhos. Por que diabos eu estava chorando? Eu não tinha nada com Josh, afinal.
Enrolei o restante do dia e, faltando pouco pras 6, Josh retornou e me lançou um olhar arrependido, mas eu desviei o olhar e ele entrou na própria sala.
Enquanto Josh arrumava as próprias coisas para ir embora, eu recebi a ligação que esperava, a recepcionista da Amberly Ink.

— Allin? Tem um lindo rapaz pedindo para vê-la, o que eu faço com ele? — perguntou Sandy, pude sentir que ela estava sorrindo.
— Mande-o subir, eu só preciso terminar uma coisinha antes de ir embora — pedi, ela riu.
— Pode deixar.

Enquanto esperava Will subir eu continuei guardando os contratos em envelopes para que não amassassem, não faltavam muitos, era questão de minutos até sairmos da empresa.
Will já saiu do elevador me provocando e me fazendo rir, foi realmente reconfortante ver um rosto amigo depois de um dia exaustivo.

— Ei, garota! Você está um trapo, pode começar a explicar — ele exigiu.
— Bem, é uma história legal — murmurei risonha.
— Que você vai me contar assim que sairmos dessa prisão, estou certo? — ele falou, tirando os papéis da minha mão e colocando sobre a mesa. — Vamos dar o fora daqui, boneca. Você está exausta.

Eu pensei que não fosse tão óbvio assim, mas Will me conhece há 3 anos, talvez ele já saiba distinguir quando eu não estou bem.

— Tudo bem, vamos embora — concordei suspirando aliviada.

Guardei a papelada e juntei minhas coisas, pendurei a bolsa no ombro e me dirigi à sala de Josh, quando eu ia bater na porta ele a abre e me encara como se tivesse acordado agora de um sonho horrível.

— Allin... Eu — ele gaguejou, mas o impedi de continuar.
— Estou indo embora — falei secamente, olhei de soslaio para Will, ele nos encarava com os olhos arregalados e surpresos.
— Você... Hum... Vai voltar amanhã? — perguntou Josh, notando finalmente a presença de Will, ele cerrou os pulsos e a mandíbula, indicando que está irritado.
— É claro, eu preciso trabalhar — respondi indiferente, já virando-me para Will, que se controlava para não sorrir.



— Ótimo, até amanhã então — murmurou Josh.
— Vamos Will — chamei-o, Will apressou-se a chamar o elevador.

Eu já estava entrando no elevador quando Josh me chamou novamente, olhei para ele com certa relutância, porque eu sabia que estava quebrando a minha promessa de fazer de tudo para vê-lo feliz.

— Me perdoa, eu sinto muito — ele falou dolorosamente, respirei fundo para controlar o impulso de pular nos braços dele.
— Eu também sinto, Josh. Eu sinto muito por nós dois — falei seriamente, mas por dentro estava desfalecendo. E as portas do elevador se fecharam, bloqueando a visão de Josh deprimido e arrependido.






domingo, 25 de outubro de 2015

"Não gosto do jeito como ele está te olhando
Estou começando a achar que você também o quer
Estou louco? Por acaso te perdi?"
— Jealous (Nick Jonas)



— Sim, Josh. Aquele Will. Ele é irmão da Keny, a família de Keny está aqui, então é natural que ele também esteja, além do mais, somos amigos — falei rapidamente, então passei a minha taça de vinho para Brooklyn, que a pegou animadamente e deu dois goles grandes na bebida.
— Chega de vinho, Brook, você ainda é menor de idade — ralhou Josh, devolvendo a taça de Brook para o garçom e pegando uma de refrigerante. — E ele é seu amigo? Amigo colorido ou o quê? — ele sussurrou para mim. Como ele consegue mandar no irmão e ao mesmo tempo discutir comigo? Preciso aprender a fazer isso!
— Poxa — resmungou Brook, encarando tristemente a sua taça de refrigerante, eu ri.
— Deixa de ser ciumento, Josh. Somos amigos! — murmurei impaciente, Josh revirou os olhos exasperadamente.
— Não sou ciumento, estou apenas tentando entender a droga dos fatos — ele reclamou impaciente, dessa vez quem revirou os olhos foi eu. — E não revire os olhos para mim!
— Deixa de ser hipócrita, você acabou de revirar os olhos para mim! — exclamei indignada, ele sorriu arrogantemente. 
— Eu posso, querida — ele disse, fiquei indecisa entre rir e bufar, então dei um sorrisinho debochado.
— Não, não pode, meu bem — devolvi docemente. — Não é educado.

Agarrei o braço de Brook e o guiei por entre a multidão, deixando Josh para trás, Brook parecia divertido com a situação e adorou ver o irmão irritado, pelo menos alguma coisa, ou alguém, estava ao meu favor.
Avistei Keny e Will tomando vinho em um canto do salão, olhando todos à volta deles, mas apenas cochichando entre si. Me aproximei agarrada a Brook e com Josh em nossos calcanhares.

— Amiga, que bom que veio nos salvar do tédio — gracejou Keny, Will ergueu as sobrancelhas ao olhar para o meu braço entrelaçado ao de Brook e abriu um sorriso maldoso.
— Esse não é muito jovem para você, querida? — Will olhou então para Josh, que cruzou os braços ao meu lado.
— Mas esse daí não — divertiu-se Keny, esticando a mão para cumprimentar Josh. — Seja bem vindo ao manicômio que é a nossa família, sr. Mayhen.
— São todos muito acolhedores, obrigado por nos receberem — agradeceu Josh, forçando um sorriso para Keny, ele ainda irradiava tensão e irritação.
— Beba um pouco Josh, e deixe de ser tão formal — resmunguei lhe passando uma taça de vinho que o garçom acabara de me entregar.
— Me quer bêbado, meu bem? Instigante, mas eu posso garantir que não vou perder a memória pela manhã — ele alfinetou, esboçando um sorriso arrogante e provocador.
— Cale a boca e beba — falei entre dentes, mais irritada do que seria permitido em uma festa de Natal.
— Você quem manda, docinho — ele debochou, revirei os olhos e ele arregalou os dele, em advertência.
— Vocês dois são engraçados — observou Keny, Will estava ocupado demais em uma conversa com Brooklyn, os dois pareceram se entender.
— Ele está de mal humor, é por isso que eu também estou irritada — resumi rapidamente, impaciente demais para lhe dar um inventário detalhado.
— Que bonitinho, já compartilham sentimentos? — Keny brincou, piscando docemente. Josh quase se engasgou com o seu vinho.

Aguentei as provocações de Josh e Keny até a meia noite, que foi quando a mãe de Neev anunciou que todos podiam ocupar seus respectivos lugares nas muitas mesas que foram espalhadas pelo salão.
A mesa que tinha os nomes de Josh e Brook era a mesma mesa que tinha os nomes da minha família e o meu nome. Noah ficou mal-humorado por não ficar ao lado de Neev, mas ela estava na mesa ao lado, os dois podiam praticamente se tocar se esticassem os braços.
Minha mãe pediu a todos um minuto para uma oração de agradecimento ao nascimento de Jesus, depois disso os garçons foram liberados para servir a comida.

— O que é isso? — Josh sussurrou em meu ouvido, ambos olhamos para o prato dele e para o meu.
— Arroz doce. Você nunca provou arroz doce? — perguntei surpresa, ele sorriu envergonhado e deu de ombros. — Prove então, vai gostar — encorajei-o.
— E se eu não gostar? — ele perguntou, então virou seu rosto até seus olhos encontrarem os meus. — O que eu ganho?
— A questão é: O que eu ganho se você não gostar? — rebati, no mesmo tom desafiador.
— Levo você para um passeio, para ficarmos um pouco sozinhos. Tem sido muito difícil ultimamente — ele disse, ponderei um pouco sobre isso.
— Eu concordo, mas adoraria que Brook fosse conosco, pelo visto hoje não poderei conversar com ele — murmurei olhando de relance para Brook, Noah tinha o puxado para uma conversa animada sobre o último jogo da Liga dos Campeões da Europa.
— Tudo bem, quando quiser — ele concordou. — Agora é a sua vez, o que eu ganho?
— Se você gostar, eu dou-lhe o que você quiser — murmurei docemente, ele arregalou os olhos sorridente, quase pude ver as engrenagens dentro de sua cabeça trabalhando dobrado.
— Qualquer coisa? — ele sussurrou, esboçando um sorrisinho malicioso. Senti o olhar intrigado do meu pai sobre nós, então parei de sorrir e tentei parecer normal.
— Prove — ordenei, ele riu e encheu a colher com o arroz doce.

Observei ansiosa Josh mastigar, ele fez algumas caretas, como se não estivesse gostando, então ele engoliu e virou a cabeça lentamente para me encarar. E, com um grande exagero, ele fez uma careta de desgosto.

— Desculpe, eu poderia dizer que adorei e ganharia de você algo que eu tanto sonho nos últimos dois meses, mas aí você me faria comer mais disso e eu acho que poderia vomitar se colocasse mais uma colherada na boca — ele sussurrou com um ar decepcionado, o que me fez rir.
— Tudo bem, quem ganha sou eu. Podemos sair depois de amanhã, pode me pegar em casa pela manhã? — perguntei arrogantemente, ele riu e assentiu enquanto bebia vários goles de sua taça de água.
— É claro, querida. Às 10 esteja pronta — ele sorriu largamente e afastou o prato com arroz doce.


►►►

No meu último dia de folga, no dia 26, eu me arrumei cedo e esperei que Josh passasse para me buscar, como ele prometera. 
Eu não sabia aonde iríamos, só sabia que estava frio e que ele tinha planejado algo para fazermos com Brooklyn, eu estava louca para passar um tempo com eles, principalmente porque não pudemos nos conhecer direito com todos os meus parentes ao redor.
Um carro estacionou em frente à calçada e eu saí de casa, vi outro carro preto estacionar logo atrás do Audi de Josh, era Eiden acompanhado de Keny, acenei para os dois e entrei rapidamente dentro do Audi de Josh. Brooklyn estava no banco de trás e sorriu largamente ao me cumprimentar, assim como Josh, que se inclinou para me dar um selinho rápido.

— Pensei que seríamos só nós três — murmurei esticando o pescoço para ver o carro de Eiden pelo espelho retrovisor.
— Acho que um pouco de companhia não nos fará mal — disse Josh, em seguida olhou para mim, como se testasse a minha reação, assenti e ri. — Além do mais, Eiden é um chato quando decide ficar no meu pé.
— Tudo bem, mas aonde vamos? — perguntei, dessa vez não olhei apenas para Josh, mas também para Brook, que sorriu misterioso.
— Não contou a ela, mano? — perguntou Brook, divertido com a hipótese.
— Não, mas você pode fazer as honras.
— Vamos dar um pulinho na Winter Wonderland, no Hyde Park. Depois vamos almoçar em algum lugar legal e terminar o dia lá em casa, embaixo das cobertas, em frente à lareira e vendo um filme da hora — falou Brook, empolgado, o que me fez rir.
— Nossa, parece muito bom — elogiei batendo palmas, Brook praticamente inflou de orgulho.
— Eu sei, eu disse ao Brook que ele podia escolher o nosso itinerário hoje — concordou Josh, sorrindo docemente ao olhar o irmão pelo espelho. Brook nem percebeu o olhar do irmão.

Winter Wonderland é um parque fantástico que é montado todo inverno no Hyde Park, tem roda-gigante, pista de patinação, e muitas outras coisas maravilhosas. Todos os anos eu vou lá com Noah e as meninas.
Chegando ao parque, Josh estacionou e nós deixamos o carro, Josh e Brooklyn socaram um ao outro de brincadeira, como irmãos fazem, enquanto esperávamos que Eiden estacionasse e ele se juntasse a nós junto com Keny.
Quando todos nos juntamos nós seguimos em direção à entrada do parque de diversões, Josh passou o braço ao redor da minha cintura e eu esfreguei minhas mãos, estavam congelando.

— Cadê suas luvas, garotinha? — ele perguntou divertido.
— Esqueci de pô-las — murmurei puxando a manga do casaco para cobrir minhas mãos, mas a manga era pequena.
— Dá aqui essas mãos geladas — ele pediu tomando minhas mãos nas dele.

Olhei curiosa para ele enquanto ele levava minhas mãos em forma de concha aos lábios e as assoprava com o bafo quente para aquecê-las, foi adorável vê-lo tentando esquentar as minhas mãos, fiquei sem reação.

— Awnnn, que amorzinho — gritou Keny, abraçando o braço de Eiden e nos encarando encantada, Brook e Eiden riram de Josh, que apenas revirou os olhos e me abraçou.
— Vamos, gente, antes que comece a nevar de verdade — disse Josh, me guiando para a entrada do parque.

Todos nos seguiram, como não precisávamos comprar entrada para entrar no parque nós apenas seguimos em direção aos brinquedos, Brook, Keny e eu ficamos na fila da roda gigante enquanto Eiden e Josh foram à bilheteria comprar nossos bilhetes. O tempo estava frio demais e isso contribuiu para não ter tanta gente no parque, mas mesmo assim haviam muitos corajosos que preferiam se divertir sob o visco a ficar em casa em frente à lareira.

— Então, você dois são tão fofos juntos — murmurou Keny, se agarrando ao meu braço e sorrindo largamente.
— Você diz isso desde que começamos a sair — falei divertida, Brook riu e balançou a cabeça.
— Seu cunhado concorda comigo, não é Brook? — perguntou Keny, Brook assentiu sorridente.
— O pior é que sim, vocês formam um belo casal e eu gosto de ver o meu irmão feliz — disse Brook, então bagunçou meus cabelos, fazendo graça para descontrair a conversa.

Nós seguimos mais alguns passos adiante e faltava apenas cinco pessoas para a nossa vez, comecei a olhar em volta, procurando os rapazes. Os avistei vindo em nossa direção, eles conversavam e riam, Josh parecia tão relaxado e feliz, e eu entendi o que Brook queria dizer com "gosto de ver o meu irmão feliz".
Josh estava radiante, não se parecia em nada com o homem de negócios, herdeiro de uma grande empresa de telecomunicações; ele não tinha um imenso fardo sobre as costas naquela hora, ele não tinha que se preocupar em educar o irmão, em dar-lhe um lar, comida e ser a única família que ele possuía. Josh estava sendo apenas um cara de 22 anos normal, leve, feliz e despreocupado. Naquele momento eu jurei a mim mesma que faria o possível e o impossível para fazer Josh se sentir assim mais vezes.
Nós só estamos saindo há 2 meses, nós não temos um status e não nos preocupamos com o que os outros pensam disso, nós temos um ao outro sempre que precisamos, nós conversamos, brincamos, rimos e namoramos sempre que temos tempo, isso tudo sem a pressão de assumir um namoro, e isso é perfeito pra mim, eu estou me apegando a Josh e agora parece impossível passar um dia se quer sem ver o lindo sorriso dele, eu gosto da perspectiva de um encontro escondido no fim do expediente, um beijo roubado entre reuniões e olhares furtivos entre colegas, para nós menos é mais.
O olhar de Josh encontrou o meu antes que eles chegassem até nós, ele sorriu arrogantemente, como se tivesse confirmado suas suspeitas que de todos os homens do mundo, ele seria o único para o qual eu estaria olhando naquele momento, e ele estava certo mesmo.
Eu já aprendi a decifrar os sorrisos e os olhares de Josh, na maioria das vezes é assim que ele se comunica, e aquele olhar me dizia exatamente o que eu já sabia, ele também só olharia para mim, mesmo com mil outras mulheres ao seu redor.

— Sentiram nossa falta? — perguntou Eiden, Josh distribuiu os ingressos e ficou com o meu e o dele.
— Nem percebi que tinham saído — provocou Brook, Eiden deu um soco no ombro dele, fingindo estar bravo.
— Vamos lá, gente. Acordem! — gritou o homem que cuidava da roda gigante. — O casal aí, por favor!
— Vamos, desculpe Brook, vai ter que ir sozinho — disse Josh, me puxando pela mão para sentarmos em uma cabine com dois lugares.
— Ah, mas não mesmo — respondeu Brook, sorrindo para uma garota atrás dele na fila, garoto esperto.

Eiden e Keny ocuparam a cabine embaixo da nossa e Brook sentou-se com a desconhecida logo abaixo deles, então aos poucos os lugares foram preenchidos e a roda gigante foi girando. Josh passou o braço ao meu redor e me abraçou enquanto apreciávamos a vista do Hyde Park coberto de neve.


►►►

Na manhã seguinte, com uma caneca de café na mão, eu me joguei em minha poltrona e esperei pacientemente, enquanto me lembrava do dia anterior, que fora perfeito, até o elevador apitar, avisando que o meu chefe chegara.
Me pus de pé e alisei a roupa para ficar apresentável, então vi Josh aparecer pelo corredor usando um terno maravilhoso, Brook vinha logo atrás dele, todo sorridente, já acenando ao me ver.

— Ei, diga aí, rapaz, o que faz aqui? — perguntei divertida quando Brook me abraçou, Josh ficou apenas nos olhando, dividido entre sorrir e revirar os olhos, mas notei o orgulho e a satisfação que brilhava em seu olhar quando ele parou de revirá-los.
— Vim passar o dia com você e o meu irmão, não quis ficar sozinho em casa — ele explicou com um ar entediado, me fazendo rir.
— A tutora dele chegará em uma hora, deixe-a entrar, tudo bem? — pediu Josh, assenti rapidamente, sorrindo ao entregar-lhe a xícara de café habitual.
— É a senhorita Mac — disse Josh, esboçando um sorriso malicioso, então logo correu atrás do irmão para dentro da sala dele, me deixando confusa e receosa quanto à srta. Mac.

Voltei para a minha poltrona e beberiquei o meu café pensativa, pelos vidros da sala de Josh eu pude ver ele organizar a própria mesa, enquanto Brook puxou a escrivaninha dele para mais perto da mesa do irmão.
Quando ouvi o elevador apitar, eu me levantei para receber a tutora de Brooklyn, o que vi foi uma sósia da Scarlett Johansson vir pelo corredor, ela usava um vestido vermelho, seus cabelos loiros à lá Ele Não Está Tão A Fim De Você, e os seios fartos quase saltando para fora do decote. Fiquei meio petrificada ao vê-la, o que deu na cabeça do Josh para contratar uma mulher como aquela para dar aulas a um adolescente de 17 anos? Nada de errado com ela, pelo contrário, a mulher é linda, mas o problema estava em Brooklyn e os hormônios dele.

— B-bom dia — gaguejei, mas logo me recompus. — Você deve ser a srta. Mac, certo?
— Sim, Claire McRize, muito prazer — ela estendeu a mão e sorriu para mim, mas seus olhos foram na direção do vidro que mostrava a sala de Josh. — Então aquele é o Sr. Mayhen, não é?
— Sim, ele mesmo — respondi relutante, o sorriso ardiloso que ela abriu indicava tudo o que eu temia. Ela não estava ali por Brook, mas sim por Josh.
— Hum. Maravilhoso. Então, onde está o jovem sr. Mayhen? — ela perguntou, relutantemente afastando os olhos de Josh para mim.
— Vou encaminhá-la até ele — murmurei tentando controlar o sangue que fervia em minhas veias, ai de mim se eu perder a cabeça com essa sujeita.

Bati duas vezes na porta de Josh, até ele liberar a entrada, abri a porta e anunciei a srta. McRize, Brook abriu um gigantesco sorriso e logo se levantou para puxar uma cadeira para ela, Josh ergueu as sobrancelhas ao vê-la, claramente surpreso com a mulher. Não fora ele quem a contratou?

— Ah, senhorita McRize, obrigado por vir tão em cima da hora. Brooklyn me avisara hoje de manhã que precisava de uma tutora — pigarreou Josh, saindo de trás da mesa para apertar a mão da loira.
— Imagine, eu que agradeço por terem me chamado, vou fazer o meu melhor com Brook, não se preocupe — garantiu Claire, abrindo um sorriso inocentemente sensual para Josh, ele piscou atordoado e então virou-se para mim, gaguejando antes de formular qualquer frase, o que me irritou.
— Queri... Ahn... Allin, pode trazer café para nós, por favor? — pediu Josh, então logo virou-se para Claire — A senhorita bebe café, chá ou água?
— Café está bom para mim, sr. Mayhen. Obrigada.

Até porque eu não iria fazer chá para essa mulher, pensei acidamente.
Então ela consegue chamá-lo de senhor, bem, que se dane. Ela está traçando o seu plano, chegando toda doce e inocente, mas vai dar o bote antes que Josh perceba. Eu quero só ver no que isso vai dar. 
E, para piorar, ainda tem Brooklyn, babando descaradamente nessa mulher. Traidor barato!
Deixei a sala tentando controlar a irritação crescente que me atordoava, segui até a cozinha e demorei o máximo possível para fazer o café, servi três xícaras e não coloquei açúcar em nenhuma, exceto a de Brook, mas se bem que ele está merecendo ficar sem açúcar dessa vez. Não sei como essa mulher bebe o café, mas que se dane, vai beber como o chefe dela bebe, amargo como suco de limão.
E eles não vão ganhar biscoitinhos. Vou guardá-los para quando Eiden vier para a reunião com Josh depois do almoço, espero que ela já tenha ido embora até lá.
Voltei para a sala de Josh com a bandeja em mãos. Josh já tinha voltado para trás da própria mesa e estava trabalhando em seu notebook, Brook e Mac estavam sentados lado a lado na escrivaninha que Brook se apossara, eles estavam estudando álgebra, pelo pouco que ouvi. Distribuí o café para os três.

— Com açúcar? — perguntou Brook, sorrindo docemente ao pegar a xícara da minha mão.
—  Com açúcar! — concordei, não contendo um sorriso, é impossível ficar brava com alguém que têm um sorriso tão lindo.
— Obrigado.

Entreguei o café da mulher, ela apenas sorriu amarelo e voltou a se concentrar no caderno de Brook, percebi que ele estava vidrado no decote dela, ao invés de estar prestando atenção na explicação. Homens...
Enfim coloquei a xícara de Josh sobre a mesa dele, um pouco distante de seu braço, que se movia para cima e para baixo enquanto ele digitava no teclado, ele fez uma pausa ao notar minha presença.

— Obrigado. Pode refrescar a minha memória e me dizer quem verei hoje? — ele pediu pegando a xícara e bebericando o café amargo, não sei como ele consegue.
— Eiden virá depois do almoço, depois dele você terá uma curta reunião com os representantes do RH, acho que só eles — falei, esforçando-me para lembrar se tinha mais alguém.
— Ótimo, você é demais, obrigado — ele sorriu e segurou minha mão, então virou-a para cima e beijou a parte interna do meu pulso com doçura, antes de voltar para o seu notebook.

Percebi o olhar de soslaio de Claire sobre nós, ela parecia confusa diante a intimidade de Josh com a secretária, mas me retirei da sala antes que ela parecesse mais intrigada.
Voltei à cozinha para guardar a bandeja e enchi a minha caneca com mais café, vou precisar do triplo de cafeína do que normalmente tomo, com essa mulher aqui eu precisarei de energia e paciência, pois já vi que ela não é fácil.






terça-feira, 20 de outubro de 2015

"Você sabe que eu estive esperando por você
Não me deixe aqui sozinha
Porque não estou olhando para mais ninguém..."
— Move (Little Mix)



— Suas amigas vão comer bem — ele disse, então pegou sua caixinha de suco de laranja e a levantou, propondo um brinde. — À sua habilidade na cozinha, que você possa fazer muitos desses para mim.



— À sua fome de sanduíches — brinquei, então toquei minha caixinha de suco de manga na dele, brindando.

Nós comemos em silêncio enquanto admirávamos as pessoas andando pela rua e pelo parque, a temperatura estava excelente e o clima estava muito agradável.
Josh comeu seus dois sanduíches e eu ainda lhe dei metade do meu de frango com maionese, depois de satisfeito ele secou sua caixinha de suco e sorriu para mim.

— Brooklyn quer conhecê-la — Josh disse de repente, sua expressão era neutra e tranquila, seu irmão mais novo queria me conhecer e ele parecia estar falando sobre o tempo!
— Eu também quero conhecê-lo — murmurei extasiada, mas tentando soar naturalmente, ele sorriu.
— Fique tranquila, ele é um garoto legal, não tem porquê se preocupar — garantiu Josh.
— Se ele for parecido com você, então tenho certeza que teremos problemas — brinquei, Josh riu, mas logo fingiu ficar bravo, no entanto o sorriso preso escapava de seus lábios. — Estou brincando, seu bobinho — murmurei me inclinando sobre nossa sujeira para juntar meus lábios aos dele.



— Hum... Certo, isso foi bom, eu quero mais — ele exigiu sorridente.
— Quem sabe mais tarde, depois do trabalho — falei docemente, roçando levemente meus lábios nos dele. — Agora você tem uma reunião e não pode se atrasar — me afastei dele e comecei a arrumar a nossa bagunça.
— Querida, eu sou o dono daquela empresa, eu posso me atrasar o quanto eu quiser.
— Mas não vai! — falei resoluta, ele revirou os olhos e bufou, como um menininho teimoso.
— Tá legal. Mudando de assunto, Brook virá passar o Natal comigo, eu quero que você o conheça neste dia — ele falou autoritário, como se ditasse uma ordem a mim. — Eu quero que você passe o Natal conosco — ele complementou, o encarei cética, arqueando uma sobrancelha, esperando ao menos um 'por favor'.
— E se eu não puder? Tenho a minha própria família, sabe? Eles vão querer que eu passe o Natal com eles! — rebati impaciente.
— Eu realmente queria que você passasse conosco, além do mais, você diz que quer conhecer o Brook, então é uma oportunidade perfeita — ele apelou, ele piscou lentamente e fez um beicinho fofo para mim, bufei e respirei fundo em seguida.
— Vocês dois podem passar o Natal conosco, não terá problema algum. A minha família se junta todo ano com as famílias de Neev e Keny, vai ser animado e terá bastante gente, vai ser divertido — murmurei esperançosa, ele ficou calado, provavelmente pensando na proposta.
— Será o nosso primeiro Natal sozinhos, não quero que Brook fique deprimido — confessou Josh, seu olhar perdido em algum ponto distante de mim, meu coração se apertou.
— Ele não ficará se tiver gente o bastante para distraí-lo, vocês serão recebidos muito bem e nem vão notar que não conhecem quase ninguém. Vai ser divertido, Josh. Confie em mim — pedi me sentando em frente a ele e segurando seu rosto para ele olhar em meus olhos.
— Você tem razão, não podemos passar o Natal naquela mansão solitária, vai ser pior — ele murmurou. — Pode confirmar nossa presença, passaremos o Natal com vocês.
— Vai ser incrível — sussurrei animada, ele sorriu e passou a mão pela minha nuca, me puxando para junto dele.

Depois de alguns minutos namorando, eu o obriguei a se levantar e ir à reunião, então jogamos nossa sujeira no lixo e descemos os quatro lances de escada.


►►►

O feriado de Natal chegou mais rápido do que eu esperava. Eu já estava trabalhando na Amberly Ink há 2 meses e já estava ficando com Josh há 2 meses também.
Não assumimos nada, para os meus pais ele continua sendo o meu chefe, para o irmão dele eu continuo sendo a possível namorada. Só possível. Acho que ambos não estamos prontos para assumir um relacionamento de verdade.
No trabalho, o chefe deu três dias de folga para todos os funcionários por causa do Natal, então ficarei em casa nos dias 24, 25 e 26. Minha família está histérica, minha mãe principalmente. Ela se juntou às mães de Neev e Keny para organizarem a festa de Natal da noite do dia 24 e o almoço do dia 25.
Tudo o que fiquei sabendo sobre essa organização é que as mães alugaram um salão de festas enorme para caber todas as famílias, sem falar que estão organizando tudo com a mais completa luxuosidade, porque teremos a presença de um CEO muito importante e rico e o irmão mais novo dele, Josh e Brooklyn Mayhen.
Fiquei o dia inteiro de bobeira com Keny e Neev em meu encalço. Juntas assistimos à comédias românticas na tevê e comemos besteira o dia inteiro.
A festa estava marcada para às 9 da noite, às 8 minha mãe chegou em casa eufórica, ordenando a todos que começassem a se arrumar. Neev e Keny rapidamente partiram cada qual para a própria casa e Noah se apossou no nosso banheiro, enquanto meu pai usou o banheiro do quarto dele.
Encontrei mamãe no quarto dela, separando a roupa que usaria e a roupa que o papai usaria, ri e me sentei na ponta da cama.

— Eu devo usar um vestido de gala ou algo assim? — brinquei, ela bufou.
— Me ajude, Allin! Seu chefe virá comemorar conosco, você precisa estar apresentável, me mostre o que irá vestir, quem sabe eu possa ajudá-la — tagarelou mamãe, completamente nervosa.
— Mãe, relaxa! Josh é um cara legal, ele não liga pra essas bobagens, eu até disse para ele vir de calça de moletom e camiseta — brinquei, ela me encarou cética, de olhos arregalados. Revirei os olhos e bufei. — É brincadeira, mãe!
— É melhor que seja mesmo. E é melhor que você não se vista com um saco de batatas, ele é um homem importante, querida, quero que esteja bonita e apresentável — ela parou no meio do quarto e me olhou pidona, não resisti.
— Tudo bem, mãe. Vou vestir algo legal e será uma noite agradável, não se preocupe — garanti me levantando, ela assentiu e voltou a se ocupar com suas maquiagens.

Deixei minha mãe sozinha para enlouquecer à vontade, eu não estava a fim de ficar nervosa e, se eu ficasse mais um segundo com ela, meus nervos estariam à flor da pele antes mesmo que a festa começasse.
Enquanto Noah ocupava o nosso banheiro eu separei a roupa que usaria, me apossei do banheiro assim que ele saiu do chuveiro, mas ele continuou usando o espelho e a pia enquanto eu tomava banho, já até me acostumei a dividir o banheiro com o meu irmão, ou fazemos isso ou nos atrasamos para tudo quanto é compromisso.
Faltando 10 minutos para o horário marcado da festa, minha mãe já gritava pela casa, apressando todo mundo para não nos atrasarmos. Meu pai já estava pronto e usava um smoking preto tradicional sem a gravata, ele acha que fica formal demais se usar a gravata, o que deixa minha mãe louca da vida, porque ela quer que saia tudo perfeito hoje. Noah pensa igual a meu pai, e minha mãe sabe que nem amarrando-o conseguirá colocá-lo dentro de um terno ou um smoking, então não reclamou quando meu irmão apareceu usando uma jaqueta escura e calça jeans, pelo menos ele usava uma camisa social por baixo da jaqueta.
Segui em direção a ele e abotoei o último botão de sua camisa, para que ficasse um pouco mais formal, ele sorriu e passou a mão pelo meu vestido, o puxando um pouco mais para baixo.

— Jas virá nos brindar com sua presença? — perguntei enquanto alinhava a sua jaqueta.
— No fim da noite, talvez. Ele quer passar com a família, talvez ele apareça só para o almoço, ou depois da meia-noite.
— Eu não o culpo — dei de ombros e segurei em seu braço, esperando que mamãe se apressasse logo.

Papai dirigiu até o salão de festas, que não era muito longe. Ao chegar lá percebi que a maioria dos convidados já haviam chegado, havia cerca de 100 pessoas ou mais, eu conhecia todo mundo, já que eram famílias das minhas melhores amigas e também parte da minha família, então já cheguei cumprimentando todos que cruzavam o meu caminho. Mas logo encontrei a minha turma e me juntei à eles com uma taça de vinho na mão.
Will estava maravilhoso, ele deixara o cabelo crescer e não conseguia mais domá-lo, então parecia que seu cabelo tinha vida própria, ele usava um blazer escuro por cima de uma camisa preta, parecia formal o suficiente para a ocasião, e eu simplesmente adorava a sua barbinha de adolescente.
Keny usava um vestido tom de pastel muito bonito, com detalhes brilhantes e uma bolsinha combinando, seus cabelos estavam levemente enrolados e ela usava uma make leve, estava muito bonita.
Eu me decidi pelo pretinho básico, me sentia confortável e bonita, e o mais importante, não estava usando um saco de batatas, como minha mãe me proibiu; por meu vestido ser simples, eu peguei mais pesado na make, usando um batom vermelho sangue que eu acho maravilhoso.
Neev usava um vestido curto e decotado branco, ela estava um arraso, talvez seja por isso que o meu irmão surtou ao chegar e vê-la com aquela roupa.

— Cacete!!! — gritou Noah, ao ver a roupa de Neev. — Alguém me traz uma toalha de mesa para eu cobrir essa garota?!? — ele gritou desesperado, já despindo a jaqueta e cobrindo as pernas e o decote de Neev, ela revirou os olhos.
— Não seja ridículo, Noah! — ela sibilou, arrancando a jaqueta da mão dele e jogando diretamente na cara do meu irmão, em seguida saiu pisando duro, irritada com o ciúme possessivo de Noah; Keny, Will e eu ficamos rindo discretamente.

15 minutos depois do começo da festa, eu vi Josh entrar no salão de festas, ao lado dele vinha um rapaz jovem e lindo, devia ser Brooklyn; ele parecia muito com o Josh, desde à pele clara aos cabelos escuros e lisos, ele é lindo como o irmão.
Com um sorriso largo nos lábios eu caminhei lentamente para encontrá-los no meio da multidão de três famílias juntas, Josh me avistou imediatamente e também abriu um largo sorriso, o que aqueceu meu coração. 
Demorei a perceber que Josh tinha em mãos um grande buquê de rosas; eu estava ocupada demais admirando o brilho cintilante dos seus olhos e o sorriso estonteante que tomava seus lábios, por isso fiquei surpresa ao olhar para o buquê.
Quando cheguei perto dos dois, fingi que ia cumprimentar Josh primeiro, mas me desviei para falar com Brooklyn, que me olhava com um sorriso astuto, como se pensasse: "Então, você é a namorada em potencial do meu irmão!", saquei logo de cara que ele já sabia quem eu era.
Brooklyn estava lindo, ele vestia um smoking azul escuro bem alinhado e bonito, seu cabelo estava bem penteado e percebi que ele usara um pouco de spray fixador, assim como o irmão.

— Você deve ser o Brooklyn — falei ansiosa, ele sorriu docemente e esticou a mão para mim. — É um grande prazer finalmente conhecê-lo, Josh falou muito ao seu respeito — comentei vendo-o levar minha mão aos lábios e beijar castamente os meus dedos, que cavalheiro.
— Sim, eu sou o Brook. É um grande prazer conhecê-la também, Allin, fico feliz em saber que meu irmão lembrou de mim. Saiba que ele também fala muito de você, tanto que já estou até desconfiando... — Josh deu uma cotovelada nas costelas de Brooklyn e ele se calou, sorrindo sapeca. — Mano, fique calmo! — Brook riu ao olhar para Josh, seus olhos brilhavam de diversão e algo mais.

Josh usava um terno escuro, seu cabelo estava impecavelmente arrumado, cada fio de cabelo no lugar, ele parecia um pouco cansado e eu imaginei que mesmo com todos de folga, ele não estaria descansando, mas sim trabalhando dobrado.
Virei-me para Josh, ele ignorou o comentário do irmão, esticou o buquê e sorriu para mim, um sorriso torto e tímido, eu me apaixonei um pouco mais.


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— Não precisava, Josh — murmurei enamorada, olhando para o buquê, ele o puxou de volta antes que eu o pegasse.
— Eu sei, por isso que eu não o trouxe para você — ele falou secamente, mas seu sorriso divertido entregava que ele não falava sério. — É para a sua mãe. Me disseram uma vez que temos que conquistar primeiro a sogra — ele disse seriamente, Brook e eu começamos a rir e Josh fingiu estar irritado. — O que foi? Vocês dois, em. Vamos lá, me apresente à sua mãe, eu não quero ter que continuar segurando isso, pareço um idiota — ele resmungou.
— Talvez um pouquinho — confessei risonha, ele semicerrou os olhos com irritação e diversão. — Mas um idiota romântico — murmurei docemente, ele riu.
— Quieta, garotinha. Vamos logo com isso — ele ordenou fingindo impaciência.

Josh esticou o braço para mim e eu segurei na parte interna, ele já estava pronto para me guiar por entre a multidão quando me lembrei de Brook, ele sorria ao nos ver juntos e eu estiquei a mão para ele, pedindo para segurar em seu braço também. Brook puxou o paletó para arrumá-lo e, todo pomposo, me ofereceu o braço também.
Seguimos os três lado a lado por entre as famílias para encontrar meus pais. Por sorte os meus parentes não nos pararam durante o trajeto, porque eu queria que os irmãos Mayhen conhecessem os meus pais e o meu irmão primeiro, meus tios e primos podiam esperar.
Avistei meus pais conversando com Noah, Neev e os pais dela também, o casal parecia tenso e ao mesmo tempo felizes com o encontro dos quatro, o que me pareceu estranho.

— Olá, pessoal. Se me dão licença, eu quero apresentá-los a alguns amigos — me intrometi docemente, meu pai levantou as sobrancelhas e balançou a cabeça para Josh, o cumprimentando silenciosamente, Josh retribuiu o aceno.
— Filha, que bom que se juntou a nós. Seu irmão tem uma notícia surpreendente pra nós, não é mesmo Noah? — perguntou meu pai, lançando um olhar divertido para o meu irmão, que ficou levemente avermelhado.
— Isso pode esperar, deixe Allin nos apresentar aos amigos — murmurou Noah, Neev sorriu e balançou a cabeça veemente, concordando com a sugestão de Noah.
— Tudo bem — falei olhando intrigada para o casal, eles sorriram inocentemente. — Josh e Brooklyn, esses são os meus pais, Dave e Lindy Hanks, e esses são os pais de Neev, Todd e Trish Hearin. E também, é claro, meu irmão Noah e a namorada dele, e minha melhor amiga, Neev Hearin — acrescentei rapidamente, então pisquei doce e inocentemente, os olhos dos meus pais e dos pais de Neev se arregalaram ao olhar para Noah e Neev.
— Como é que é? — guinchou o pai de Neev. — Namorada? Namorada do Noah? Que história é essa Neev?
— Ah, então era isso que vocês queriam nos contar? — perguntou minha mãe, tão calma quanto se descobrisse que amanhã irá nevar. — Bem, olá Josh e Brooklyn, é um grandessíssimo prazer recebê-los para festejar conosco — ela se virou alegremente para os rapazes ao meu lado, que se divertiam com o desenrolar da cena dramática.
— Obrigado, sra. Hanks. É ótimo estar com vocês, obrigado pelo convite — disse Josh, tentando esconder um sorriso travesso ao ver a cara aterrorizada de Noah ao encarar o pai de Neev.
— O sr. Hanks ficou tão bravo assim quando você anunciou que estava namorando a filha dele? — perguntou Brooklyn com um ar divertido, olhando para Josh e em seguida para o meu pai. Meu pai arqueou uma sobrancelha, como se tivesse descoberto algo interessante.
— Bem, pelo menos alguém te deu o troco por mim — caçoou Noah, me encarando raivoso, o que apenas me fez rir.
— Papai, Brook está brincando, ele está apenas brincando — falei divertida, Josh lançou um olhar de advertência para Brooklyn, o que o fez rir.
— Eu espero que seja mesmo — disse meu pai, com um leve tom de aborrecimento.
— Nós vamos procurar o Will e a Keny, até mais — despedi-me rapidamente, então agarrei os braços de Josh e Brooklyn e os arrastei para longe daquela novela mexicana que era a minha família e a de Neev descobrindo o namoro deles.
— Will?! — perguntou Josh quando nos afastamos o suficiente, seu tom não era muito convidativo a receber uma resposta, ele estava mais reclamando do que perguntando. Acenei para uma tia e peguei uma taça de vinho com um garçom que passava, planejava ignorar Josh, mas ele não permitiu. — Aquele Will?
— Sim, Josh. Aquele Will. Ele é irmão da Keny, a família de Keny está aqui, então é natural que ele também esteja, além do mais, somos amigos — falei rapidamente, então passei a minha taça de vinho para Brooklyn, que a pegou animadamente e deu dois goles grandes na bebida.
— Chega de vinho, Brook, você ainda é menor de idade — ralhou Josh, devolvendo a taça de Brook para o garçom e pegando uma de refrigerante. — E ele é seu amigo? Amigo colorido ou o quê? — ele sussurrou para mim. Como ele consegue mandar no irmão e ao mesmo tempo discutir comigo? Preciso aprender a fazer isso!






sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"Bati na sua porta com o coração na mão
Para te fazer uma pergunta
Porque eu sei que você é um homem à moda antiga.
Posso ficar com sua filha para o resto da minha vida?
Diga sim, diga sim, porque eu preciso saber..."
— Rude (MAGIC!)





— Allin! — gritou meu pai, Josh e eu encaramos a porta de casa e vimos meu pai de braços cruzados, encarando-nos nada contente.
— Opa! — sussurrei baixinho, Josh se atreveu a rir, o que deixou meu pai mais descontente ainda.
— É melhor eu ir lá me apresentar, não acha? — perguntou Josh, eu parei para ponderar a situação.
— Hum... Não sei não... — murmurei indecisa, Josh me puxou pela mão mesmo assim.
— Vamos lá, garotinha.

Josh parecia animado, ele me puxou pela mão e juntos atravessamos o pequeno gramado da minha casa até a porta da frente, onde meu pai nos encarava descontente.
Noah apareceu ao lado do meu pai assim que chegamos à varanda, Josh sorriu simpaticamente, bem diferente da forma arrogante como estou acostumada a ver.

— Pai, esse é Josh Mayhen, o meu chefe — falei docemente, meu pai semicerrou os olhos e esticou a mão relutante para Josh.
— Sr. Hanks, é um prazer — disse Josh, agora sério e todo profissional.
— Igualmente, rapaz. Desculpe a indelicadeza, mas é normal você levar suas funcionárias em casa de Harley? — perguntou meu pai, acenando com a cabeça em direção à moto.
— Pai! — reclamamos Noah e eu em coro, meu pai nos encarou inocentemente e deu de ombros.
— Só estou perguntando, ué — defendeu-se ele.
— Não, senhor. Não costumo levar todas as minhas funcionárias em casa — respondeu Josh, ignorando as caras feias que Noah e eu estávamos fazendo para o meu pai. — A sua filha é uma exceção muito especial.
— Oh, já é funcionária do mês com apenas um dia na empresa? Isso aí, mana — brincou Noah, bagunçando meus cabelos, Josh riu e meu pai tentou esconder um sorrisinho.
— O que posso fazer? Eu me garanto! — revidei beijando o ombro, Noah riu.
— Ignore os dois, se provocam o tempo inteiro — disse meu pai a Josh.
— Sei como é, tenho um irmão mais novo — falou Josh, sorrindo largamente, seu sorriso é lindo, não me canso de vê-lo.
— Mas então, voltando ao assunto principal. Seu turno não acaba às 6, mocinha? — perguntou meu pai, cruzando os braços ao olhar para mim.
— Sim, papai. Mas saí com as meninas para beber algo, para comemorarmos — expliquei revirando os olhos, ele bufou.
— Avise da próxima vez!
— Pode deixar — resmunguei, eu mais parecia uma adolescente rebelde, o que me fez rir.
— Tudo bem, você está entregue, acho melhor eu ir indo agora — disse Josh, sorrindo de verdade, não arrogante, nem tímido, mas sim sorrindo com vontade, sem razões.
— Até mais, cara! — despediu-se Noah e voltou para dentro, percebendo que papai não ia matar ninguém.
— Obrigada por vir deixá-la em casa, sr. Mayhen — falou meu pai, estendendo a mão para Josh, que a apertou calorosamente.
— Me chame de Josh, por favor. E não foi nada, eu que agradeço por tê-la ao meu lado um pouco.
— Não seja bobo — murmurei dando um tapinha no ombro de Josh, meu pai riu.
— Até a próxima, sr. Hanks — Josh já se preparava para virar as costas e ir até a moto, olhei para meu pai e ele balançou a cabeça, me permitindo acompanhar Josh.

Meu pai entrou e fechou a porta, então eu acompanhei Josh de volta até a moto, ele montou na mesma e a ligou, o ronco potente da Harley me fez arrepiar, o que divertiu Josh.

— Posso vir buscá-la amanhã, se não tiver carona pro trabalho — ofereceu Josh, foi uma tentadora opção.
— Eu adoraria, mas é melhor não. Você é o chefe e tal, você não precisa mudar tanto o seu caminho só para vir me buscar — murmurei acariciando a sua camisa de linho branco. — Mas obrigada, mesmo assim.
— Se mudar de ideia é só me ligar — ele disse, sorrindo arrogantemente.
— Mas eu não tenho o seu número — falei confusa, ele riu e passou a marcha da moto, pronto para sair.
— Mas eu tenho o seu. Parece que eu saí na frente em alguma coisa — ele piscou, me deu um selinho rápido e partiu velozmente, eu fiquei olhando tolamente para a direção que ele seguiu até muito depois que ele sumiu da minha vista.

Entrei em casa um tempo depois e todos estavam assistindo ao noticiário na sala, cumprimentei minha mãe e segui para o meu quarto. Separei meu pijama e fui ao banheiro que dividia com Noah para tomar um banho quente.
Voltando ao quarto eu me joguei na cama e conversei com as meninas até tarde por mensagem, combinamos de ir ver um apartamento que o pai de Keny conseguiu para nós no fim de semana, que é quando Keny e eu temos folga. A pobre Neev ainda está esperando a resposta da empresa do pai de Keny, mas tenho certeza que ela vai ser aceita lá e logo Keny e ela estarão trabalhando juntas, o que eu invejo, mas não tanto, afinal, o meu trabalho é realmente fantástico.
Fui dormir tarde graças as garotas. Me arrependi disso na manhã seguinte, porque tive que acordar cedo para ir trabalhar. Me arrumei correndo e preparei mais um sanduíche para o almoço, então saí de casa e peguei um ônibus até o trabalho.
Cheguei bem na hora, cumprimentei as mulheres da recepção e peguei o elevador junto com três homens de terno, todos me cumprimentaram sorridentes e eu retribuí a simpatia.

— Qual o andar, senhorita? — perguntou um deles.
— Eu tenho que digitar o código no terceiro andar, mas obrigada — falei timidamente.
— Ah claro! Você é a nova secretária do chefe — comentou outro homem.
— Sim, eu sou — concordei e sorri amarelo.
— Ouvi dizer que ele a contratou em 30 segundos, você deve ser boa no que faz — disse o terceiro, sorrindo largamente, o segundo lhe deu uma cotovelada nas costelas.
— Esse é o nosso andar. Até mais, senhorita — despediu-se o primeiro, empurrando os outros dois para fora do elevador.

Acenei para eles e digitei o código quando as portas se fecharam. Chegando ao último andar eu deixei minha bolsa em minha mesa e fui à cozinha preparar o café de Josh.
Deixei a cafeteira trabalhando e voltei à minha mesa para pegar na minha bolsa a caneca de café que eu havia trago de casa.
O elevador apitou assim que eu entrei na cozinha, rapidamente servi o café de Josh na xícara pequena e decorada, ele entrou na cozinha todo sorridente assim que coloquei o jarro de volta na cafeteira.

— Bom dia, garotinha — ele me cumprimentou, sorri e lhe entreguei a xícara de café.
— Bom dia, Mayhen.
— Ah, senhor, que saudade do senhor — ele ironizou, fazendo cara de tédio.
— Dane-se o senhor — sussurrei provocando-o, ele riu.
— Vou acabar levando pro lado pessoal — brincou.
— É pra levar mesmo, porque você é o único que eu não consigo chamar de senhor — falei desdenhosa, ele fez uma careta.
— É, eu percebi — ele resmungou.
— Mas não fique bravo, querido, você se acostuma — dei-lhe um beijo na bochecha e levei minha caneca de café comigo até a minha mesa, Josh me seguiu.
— Eiden vai subir daqui a pouco, mande-o entrar — falou Josh, assenti rapidamente e liguei o computador. — E, na hora do almoço, não marque nada, quero levá-la a um lugar — ele acrescentou antes de entrar em sua sala com um sorriso orgulhoso nos lábios.
— Pode deixar, chefe! — murmurei vendo-o sumir dentro da própria sala.

Voltei minha atenção para a montanha de documentos no meu computador, todos relatórios da empresa. Peguei minha agenda para fazer pequenas observações que me confundiam, quando Mayhen tiver um tempo eu vou até ele para esclarecer as minhas dúvidas.
Eiden apareceu pouco depois, ele se aproximou sorridente e se apoiou em minha mesa, ficou me observando enquanto eu terminava de ler o último parágrafo do segundo relatório, quando levantei meus olhos para vê-lo, ele piscou e sorriu mais largo ainda.

— Bom dia, flor do dia — ele cantarolou docemente, eu ri.
— Bom dia, Eiden. O chefe está esperando por você — informei.
— Sei disso, vou enfrentar a fera. Você poderia me fazer um grande favor? — ele pediu juntando as mãos e piscando os cílios longos para mim.
— É claro, pode dizer.
— Me leva um xícara de café lá dentro? Preciso de um pouco de cafeína para me manter acordado durante essa reunião — eu ri.
— Pode deixar, vou levar. Como você toma o seu café? — perguntei minimizando o word e me levantando da minha confortável poltrona.
— Com duas colheres de açúcar, por favor — ele sorriu e encaminhou-se para a sala de Josh.

Demorei um pouco para levar o café de Eiden, pois tive que preparar mais. Aproveitei e coloquei duas xícaras em uma bandeja de prata, coloquei também um pratinho de cookies industrializados para Josh e Eiden.
Bati na porta duas vezes antes de ouvir Josh liberar a minha entrada, os dois estavam sentados frente a frente, separados pela mesa de Josh. Eiden sorriu ao ver que eu trazia o seu café, Josh ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Você está escravizando a minha secretária? — provocou Josh, Eiden acenou com a mão em desdém.
— Não seja ridículo, ela está apenas me fazendo um favor — defendeu-se Eiden.
— Eu trouxe biscoitos, então encham a boca de biscoitos e fiquem quietos — resmunguei colocando os biscoitos e as xícaras em cima da mesa de Josh, ele sorriu admirado.
— Ela é brava, eu gosto disso — ele murmurou ao pegar um biscoito do pratinho.
— Obrigado, amor da minha vida, você é demais — bajulou Eiden, acenei para eles e deixei a sala.
— Ela não é o amor da sua vida, idiota — resmungou Josh, antes que eu saísse.
— Ah sim, perdão, é da sua vida — rebateu Eiden, então fechei a porta e não ouvi mais nada.

Voltei para o meu trabalho, li mais quatro relatórios, então me ocupei em organizar a agenda de Josh, que estava uma bagunça. Ele terá uma hora de almoço, então voltará direto para uma reunião com os representantes da empresa.
Eiden deixou a sala de Josh pouco antes do horário de almoço, eu já havia terminado de organizar os compromissos do chefe e estava apenas esperando-o para almoçarmos juntos, como ele disse.

— Garotinha, vamos lá? — disse Josh saindo de sua sala.
— Vamos aonde? Eu trouxe o meu almoço — murmurei olhando para a minha bolsa e imaginando o meu sanduíche de pasta de amendoim com geleia.
— O que você trouxe? — ele perguntou, olhando para minha bolsa também.
— Sanduíche de amendoim com geleia — falei mostrando a ele o meu, muito bem embalado, sanduíche, ele sorriu docemente.
— Tive uma ideia — ele disse, ainda sorrindo de forma doce e agradável. — Vamos passar em algum lugar para comprar mais um sanduíche, então te levarei a um lugar legal. 
— Conheço um lugar onde vendem sanduíches maravilhosos — concordei animada, guardei meu sanduíche de volta na bolsa e acompanhei Josh até o elevador.

Descemos até o andar térreo, o carro de Josh estava estacionado bem em frente, entramos no Range Rover e ele saiu do prédio, indiquei o caminho de uma cafeteria rústica e muito aconchegante perto do parque e passamos no drive-trhu da cafeteria para comprar mais sanduíches, dois de frango com maionese e um de manteiga de amendoim com geleia.
Ao voltar para o carro, Josh ligou o rádio e se negou a me dizer aonde iríamos, ainda tínhamos 45 minutos até a reunião dele, então teremos que correr.
Josh estacionou em frente a um prédio atrás de alguns outros carros, percebi que o prédio parecia desocupado, não havia movimento e a pintura estava um pouco gasta, quando adentramos no interior do prédio de 4 andares eu percebi que não havia elevador, Josh me levou até à escadaria e começamos a subir.

— Meu Deus, se vamos subir quatro lances de escada, eu vou ter que me livrar desses saltos — resmunguei depois de alguns degraus, ele riu e segurou a sacola com o nosso almoço enquanto eu tirava os scarpins que usava.
— Vamos lá, garotinha — Josh esticou a mão para mim e eu a segurei enquanto corríamos escada acima.

Chegando na metade do terceiro lance de escadas eu já estava morta e Josh ria da minha cara, mas não desisti, tínhamos pouco tempo para almoçarmos juntos, sozinhos, e eu não faria corpo mole para nos atrasar.
Quando a escadaria chegou ao fim, havia uma porta pesada de metal, Josh a empurrou e tivemos a vista do telhado do prédio, era espaçoso e arejado, o vento fresco e convidativo me fez sorrir, o sol brilhava e a vista do parque era linda, fiquei impressionada.
Olhei para Josh e tive a linda visão de seu rosto iluminado pelo sol e o seu maravilhoso sorriso meio arrogante e meio orgulhoso.

— Aqui é tão bonito — murmurei enamorada, ele riu. — Como encontrou esse lugar?
— Tenho os meus contatos. Agora vamos lá, garotinha, temos que comer.

Josh passou o braço ao redor da minha cintura e me guiou pelo telhado, decidimos nos sentar próximo ao parapeito para conseguirmos ver a rua, os carros, o parque e as pessoas pequenas que passavam lá embaixo.
Tirei da sacola os nossos sanduíches e caixas de sucos naturais de laranja e manga.

— Eu quero experimentar o que você fez — disse Zayn, já metendo a mão e pegando o meu sanduíche, que estava embrulhado com papel alumínio, diferente dos da cafeteria.
— Tente não morrer intoxicado — brinquei, ele riu e deu uma mordida no sanduíche. — Então? — perguntei ansiosa. Zayn ergueu as sobrancelhas e deu um meio sorriso, aumentando o mistério.
— É... — ele olhou do sanduíche que estava em sua mão para mim, então sorriu largamente. — Isso está muito bom.
— Obrigada, isso é a única coisa que sei cozinhar além de lasanha, então já consigo sobreviver sem morrer de fome — falei orgulhosa, ele assentiu e encheu a boca com uma grande mordida.
— Suas amigas vão comer bem — ele disse, então pegou sua caixinha de suco de laranja e a levantou, propondo um brinde. — À sua habilidade na cozinha, que você possa fazer muitos desses para mim.







Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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