sexta-feira, 9 de outubro de 2015
"Tenho esse sentimento que não se pode negar
Como se a cidade estivesse pegando fogo essa noite
Essa realmente poderia ser uma boa vida..."
Como se a cidade estivesse pegando fogo essa noite
Essa realmente poderia ser uma boa vida..."
— Good Life (OneRepublic)
— Você parece desconfortável, Allin. O que houve? — ele perguntou, sua voz grossa e rouca.
— Nada, eu só... Hum... Estou com calor — menti, a sala estava fria por causa do ar-condicionado, a minha mentira fez Josh rir.
— Você não é muito boa em tentar mentir, querida, deveria treinar mais um pouco — ele provocou.
— Tudo bem, é que... Talvez eu tenha alguma coisa para pedir a você — murmurei timidamente, ele se interessou e apoiou o rosto na mão.
— Ah é? Pois diga, então.
— Minhas amigas vão me levar a um bar para comemorarmos o meu primeiro emprego, eu queria perguntá-lo se não gostaria de ir conosco — perguntei, erguendo as costas e levantando o queixo, tentando expulsar a inibição e a vergonha, encarei-o com determinação, ele se divertiu com essa mudança súbita.
— Eu adoraria acompanhá-las, garotinha — ele disse galanteador, tentando esconder um sorriso satisfeito. Eu me lembrei da noite em que nos conhecemos, ele só me chamava de garotinha, parece que voltamos para esse apelido deprimente.
— Ótimo, depois do expediente, então. Às 6 — falei já me pondo de pé, ele continuou com aquele sorrisinho satisfeito que começou a me dar nos nervos. — Você gostaria do seu café agora? — perguntei docemente, o sorriso dele se alargou ainda mais, merda, pare de sorrir!
— Sim, sem açúcar, por favor — ele concordou, então se forçou a parar de sorrir e se concentrar em alguns papéis em cima de sua mesa, aproveitei a deixa para sair da sala e ir à cozinha.
Preparei um café fresco rapidinho, servi em uma xícara delicada e bonita que havia ali e assim que peguei a xícara para levar para Josh, senti sua presença no cubículo que chamo de cozinha, os pelos da minha nuca se eriçaram quando olhei para ele.
Josh estava apoiado na parede, suas mãos estavam dentro dos bolsos de sua calça preta, seu sorriso arrogante estava lá, entranhado em seus lábios, me irritando e provocando cada vez mais.
— Eu já ia... Já ia levar para você — gaguejei mostrando a xícara, ele riu.
— Eu sei, decidi poupar você de voltar até lá, vim buscar então — ele falou, mas sua voz estava cheia de segundas intenções.
— Eu pensei que estivesse ocupado — mudei de assunto, deixei a xícara em cima da mesa e me apoiei na pia, cruzei os braços e o olhei curiosa, ele riu.
— E eu estava, mas decidi dar um tempo.
Mayhen se aproximou com passos lentos, não precisou de mais que três para parar bem em minha frente, minha respiração ficou mais ofegante com a sua aproximação, eu odiava admitir dessa forma que ele mexia comigo, com o meu corpo. Segurei firme as bordas da pia quando ele esticou a mão para me tocar, suas mãos tocaram minhas cochas e subiram até minha cintura, me puxando para colar meu corpo ao dele, seus olhos estavam fixos nos meus, ele já não mais sorria, estava sério e ofegante, assim como eu.
— O que aconteceu naquela noite? — sussurrei, ele olhou para os meus lábios, então para os meus olhos novamente.
— Muita coisa, garotinha — foi tudo o que ele disse, então seus lábios grudaram aos meus em um apelo voraz e carnal.
As mãos de Mayhen estavam em todos os lugares, em minha bunda, em minha cintura, em minhas costas, em minha nuca, em meus cabelos; eu fiquei perdida com tantos toques, tantas sensações que ele estava me causando, eu fiquei perdida com o gosto de seus lábios, com a força de suas mãos, eu basicamente me derreti em seus braços.
Foi quando ouvimos o barulho do elevador, Josh afastou os lábios dos meus e me olhou assustado, como se perguntasse se eu também tinha ouvido, lancei a ele o mesmo olhar assustado e ele rapidamente me tirou de cima da pia.
Alisei o vestido, tentando deixá-lo mais apresentável e arrumei o cabelo, enquanto Josh arrumava o terno e limpava a boca, para tirar o vestígio do meu gloss labial que ficou nele, peguei a xícara de café no exato instante em que ouvimos a voz grossa de Eiden no corredor chamando por Josh.
— Mayhen, cadê você? — gritou Eiden, Josh engoliu em seco e ajeitou a gravata pela milionésima vez.
— Na cozinha, Eiden — respondeu Josh, olhando fixamente em meus olhos, respirei fundo e entreguei a xícara para ele.
— Ah, aí estão vocês, pensei que não tivesse ninguém aqui — falou Eiden, entrando na cozinha minúscula.
— Eu estava preparando um café para Mayhen, ele veio ver porque a demora — murmurei enchendo uma caneca de café para mim, evitando olhar para os dois. — O senhor aceita? — perguntei a Eiden, vi de relance Josh revirar os olhos, acho que porque chamei Eiden de senhor e ele não.
— Primeiro: Senhor está no céu, pode me chamar de Eiden; segundo: É, eu aceito — ele sorriu e eu lhe entreguei uma xícara igual a de Josh.
— Vamos sair daqui, esse lugar é pequeno demais para três pessoas — resmungou Josh, já deixando a cozinha.
Eiden deu de ombros e o seguiu, os dois entraram no escritório de Mayhen e eu me sentei em minha mesa, pronta para retomar os relatórios de onde havia parado.
Como pela manhã, a tarde se passou rapidamente depois que voltei para os relatórios, fiz curtos intervalos apenas para pegar café, para mim e para Mayhen. Percebi que era hora de ir embora quando ele parou em frente minha mesa e cruzou os braços, ele sorria daquela forma arrogante, olhei no relógio e notei que faltava 5 minutos para às 6, desliguei tudo rapidamente e recolhi minhas coisas.
— Espero que não fique brava, mas Eiden se convidou para ir conosco — falou Josh, quando nos dirigíamos ao elevador.
— Tudo bem, quanto mais gente, melhor — sorri e ele apertou o botão do subsolo.
Fomos em um silêncio torturante até a garagem no subsolo, principalmente por causa das câmeras que haviam no elevador. Josh estava inquieto ao meu lado e eu notei que a todo instante seus olhos pousavam sobre mim.
Assim que as portas do elevador se abriram no estacionamento, eu vi Eiden recostado em um Audi A8 preto reluzente, logo percebi que o Audi era de Josh, ele desativou o alarme do carro e entrou no banco do motorista. Eiden me cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso maravilhoso e abriu a porta do passageiro para mim.
— Tem certeza? Você pode ir na frente, eu gosto de ir atrás — murmure envergonhada, Josh inclinou a cabeça para me ver.
— Entra no carro de uma vez, Allin — ele resmungou impaciente.
— Você escutou o cara, ele é seu chefe, se fosse eu, o obedeceria — divertiu-se Eiden.
— Obrigada pelo conselho, Eiden — ironizei e me sentei ao lado de Josh, ele sorriu vitorioso e Eiden fechou a porta ao meu lado.
— Então, qual o endereço do bar? — perguntou Josh, quando Eiden se acomodou no banco de trás.
— Eu tenho uma mensagem com o endereço, só um instante — murmurei procurando a mensagem de Keny no meu celular. — Aqui está.
Mostrei o endereço para Josh, que reconheceu rapidamente, então saímos da garagem subterrânea e seguimos pela Mayfair até encontrar o tal bar onde as garotas nos esperavam.
Dez minutos depois Josh jogou as chaves do carro para o manobrista e nós três entramos no bar, parecia ser um lugar legal, era arrumadinho, as luzes era fracas e dois bartenders atendiam rapidamente no balcão, havia mesas espalhadas pelo bar e um tv gigante ligada no jogo da Liga dos Campeões da Europa, Paris Saint Germain estava jogando e eu rapidamente me interessei pelo jogo.
— Gosta de futebol? — perguntou Eiden, notando o meu interesse no jogo.
— Um pouco, gosto de ver o PSG jogar — murmurei seguindo-os por entre as mesas.
Avistei as garotas com cervejas nas mãos, elas ocupavam uma mesa de quatro lugares, mas Neev puxou mais uma cadeira quando viu que tínhamos um convidado a mais.
— Josh, Eiden, essas são Keny e Neev, minhas amigas — apresentei-os quando chegamos à mesa.
— É um prazer vê-las novamente, garotas — disse Josh, ele puxou uma cadeira para mim, agradeci e me sentei, ele sentou-se ao meu lado e Eiden sentou-se entre Neev e Keny.
— Olá, moças — cumprimentou Eiden, todo sorridente.
— Hum, olá rapazes — disse Keny, engolindo Eiden com os olhos e sorrindo como uma predadora, balancei a cabeça divertida, essa mulher!
— Então Neev, você deixou meu irmão ir ao cinema sozinho com Jason? — perguntei tirando a atenção de Keny do pobre Eiden.
— Não vejo problema algum, a não ser que eles levem mulheres, aí será um problema — Neev deu de ombros e sorriu largamente, ela gosta de Noah.
— E Will? — perguntei, dirigindo-me a Keny.
— Ele ficou muito contrariado quando descobriu que não seria apenas você e ele, então decidiu ir ao cinema com os rapazes — explicou Keny, sorrindo divertida e maliciosa, arrisquei um olhar de relance para Josh, ele não parecia contente e olhava para todo canto, menos para mim.
Josh ergueu a mão e logo um garçom estava nos trazendo cervejas e algumas doses de tequila, ao ver o sal e a rodela de limão eu me lembrei de Will e olhei instintivamente para Keny, ela sorriu diabolicamente para mim, merda, ela vai aprontar.
— Ah, amiga. Sabe o que me veio à mente agora? — perguntou Keny, olhando de mim para uma rodela de limão que estava em sua mão.
— Tenho uma leve impressão de que nem quero saber — resmunguei bebendo a dose de tequila de uma vez só.
— Bom, já que você não quer saber, eu vou contar ao Josh, ele parece interessado — ela virou-se para Josh, que sorriu educadamente e inclinou a cabeça para ouvi-la melhor, revirei os olhos e xinguei baixinho. — Sabe Josh, sua secretária beijou meu irmão enquanto ele a ensinava a beber uma tequila de verdade, eu fiquei pasma quando vi, mas não liguei muito, dei uma trégua à ela, afinal era a nossa primeira noite na 'vida real'. No entanto, quando pensei que os dois iam curtir a noite inteira juntos, ela me aparece com você. Fiquei mais surpresa ainda — Keny riu, olhei para Neev em busca de ajuda, ela deu de ombros e eu entendi que Keny já havia bebido antes de chegarmos.
— Ah, você já tinha ficado com o irmão dela antes de nos conhecermos? — Josh virou a cabeça lentamente, até seus olhos penetrantes e furiosos encontrarem os meus.
— Sim, eu estava com ele quando você me tirou para dançar, não sei se você se lembra, mas eu fiquei procurando por ele enquanto você não queria me soltar — murmurei docemente, tentando não testar a capacidade de fúria dele.
— Ah, é mesmo?! — desdenhou Josh, então voltou sua atenção para o copo de tequila e o bebeu de uma vez.
— Ui! — sussurrou Eiden, arregalando os olhos ligeiramente. — Entramos em um terreno meio instável agora, por que não mudamos de assunto? — ele propôs, concordei com a cabeça, entendendo a sua insinuação, eu estava brincando com fogo.
— É, eu acho melhor assistir ao jogo — resmunguei virando as costas para o pessoal e me concentrando na tv de plasma na parede.
— Merda, Keny! — ouvi Neev reclamar baixinho.
Paris Saint Germain estava jogando contra o Juventus e estava ganhando de 1 a 0, o que melhorou um pouco o meu ânimo.
O garçom logo retornou, trazendo mais uma rodada de cerveja e, dessa vez, doses de whisky. Bebi a minha dose de uma vez só, fiz algumas caretas, porque aquilo era horrível, mas aguentei o tranco, tanto que roubei a dose de Keny e a bebi também, ela reclamou, mas mereceu, quem mandou falar de mais.
— Allin, é melhor ir devagar, da última vez você não conseguiu se lembrar de nada, não queremos ver você quebrando a cabeça de novo — sussurrou Neev, baixo o bastante para só eu escutar.
— Eu estou puta da vida, me deixe beber um pouco, por favor — resmunguei irritada.
Josh estava de cara feia, encarando a própria cerveja, Eiden se revesava entre olhar para o amigo e conversar com uma quase bêbada Keny.
— Conversa com ele, vai! — mandou Neev, revirei os olhos, mas cedi.
Cheguei minha cadeira para mais perto de Mayhen, então sutilmente toquei minha garrafa de cerveja na dele, fazendo um brinde.
Ele levantou o olhar até encontrar o meu, mas não sorriu.
— Não se esqueça que eu tentei manter meus lábios longe dos seus — murmurei amavelmente, ele deu um gole em sua cerveja.
— Vamos sair daqui — ele falou ao colocar sua cerveja de volta em cima da mesa, ele levantou-se e me encarou impaciente.
— Mas acabamos de chegar — falei confusa.
— Se quer conversar, vamos para outro lugar então — ele falou secamente, olhei em volta e as garotas me encaravam em expectativa, como se estivessem me expulsando dali.
— Tanto faz — resmunguei pegando minha bolsa e me levantando.
Josh mexeu na carteira e tirou duas notas de 100 libras, as entregou a Eiden e se despediu das garotas. Acenei para os que ficariam e segui Josh até a saída do bar.
Ele ficou mudo até entrarmos no carro, quando fechei a porta do meu lado ele desatou a falar.
— Eu não ligo que você tenha ficado com outro cara antes que nos conhecêssemos naquele noite. O que me irrita é a porra do fato de você não se lembrar que passou a noite comigo, mas se lembrar dele — ele falou irritado, respirei fundo para me controlar.
— Eu fiquei com ele quando ainda estava sóbria, você me embebedou para que eu pudesse ceder aos seus caprichos, eu acho que eu não tenho muita culpa nesse caso — falei o mais calma possível, Josh me fuzilou com os olhos castanhos claros.
— Eu não te embebedei, você bebeu por conta própria. Eu não te forcei a ir para minha casa, você foi por conta própria. Eu não te forcei a deitar na minha cama, você se deitou por conta própria! — disse Josh, baixa e ameaçadoramente.
— Eu estava bêbada, nem me lembro de ter ido para o seu carro, que dirá pra sua cama — sibilei irritada. — A única coisa que me lembro foi de ter deixado você me beijar, depois disso é um branco total, eu não tenho culpa, Mayhen!
Josh ficou mais irritado ainda, tanto que deu um soco forte no volante do carro, por sorte o carro estava desligado e a buzina não tocou.
Eu gostaria de saber porque ele fica tão irritado de saber que eu não me lembro de nada, mas droga, foi só a merda de uma noite, não deve ter sido tão importante assim para ele.
Eu disse isso a ele, sua reação foi mais surpreendente ainda.
— Você não entende — ele murmurou, então respirou fundo.
— Então me explica, eu quero entender — falei sinceramente, ele virou seus olhos castanhos para mim e eu percebi que ele estava exausto.
— Eu gosto de você e me incomoda que você não se lembre de mim. Eu costumo dormir com uma mulher diferente todas as noites, mas na manhã seguinte pouco me importa se elas se lembram de mim ou da noite passada. Agora, me incomoda que você, justo você, não se lembre — ele explicou lentamente. Soltei um suspiro e balancei a cabeça, concordando com ele.
— Saiba que se eu pudesse, eu faria questão de me lembrar. Mas se você me contasse o que aconteceu, seria bem mais rápido — murmurei docemente, ele balançou a cabeça em negativa e ligou o carro.
— Você não vai saber por mim.
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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.
Um Amor Real
Sinopse
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Uiui continuaaa pleaseee
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