segunda-feira, 5 de outubro de 2015
"Viva a rainha de todos os exageros, viva a rainha.
Porque você é apenas uma menininha em um grande, grande,
grande, grande mundo..."
Porque você é apenas uma menininha em um grande, grande,
grande, grande mundo..."
— Little Girl, Big World (Magic!)
Quando as portas de metal se fecharam, Mayhen digitou um código no teclado embaixo do painel do elevador, que começou a se mover, eu respirei fundo e Mayhen disse, como se estivesse perguntando sobre o tempo:
— Por que eu não a encontrei na minha cama quando eu acordei? — sua voz era suave e passiva, o que me deixou mais nervosa ainda.
— Porque eu nem deveria estar na sua cama, para começo de conversa — rebati, deixando transparecer a minha inquietação na minha voz, ele riu.
— Meus funcionários disseram que você fugiu logo cedo, tão apressada e assustada quanto um diabo que foge da cruz. Por que diabos você fugiria de mim? — sua voz dessa vez possuía uma entonação mais irritada que antes.
— Porque eu estava apavorada! — confessei olhando de relance para ele pelo espelho, me arrependi amargamente, ele estava tentador e muito sensual.
— Apavorada por quê? — ele perguntou incrédulo.
— Porque eu não me lembrava de absolutamente nada, nem como tinha chegado ali e nem se tínhamos feito alguma coisa — sibilei baixinho, mas me calei quando as portas se abriram de repente no quarto andar.
Novamente Josh colocou a mão em minhas costas e me guiou pelo corredor vazio, no fim do corredor havia uma mesa de vidro com um computador e alguns papéis, provavelmente era a mesa da secretária, um pouco distante havia uma sala com paredes de vidro, uma sala muito luxuosa e um pouco monótona, era a sala de Mayhen.
— Essa será a sua mesa, essa é a minha sala, entre! — ele ordenou ao abrir a porta de sua sala, obedeci sem exitar.
Esperei pacientemente até ele chegar à sua mesa e se sentar, ele então apontou para a poltrona em frente a mesa dele e eu me sentei, coloquei minha bolsa no colo e respirei fundo, depois de alguns segundos ergui meu olhar para encará-lo, ele já me olhava, seus olhos faiscavam e ele ainda esperava uma explicação que eu não tinha. Então resolvi devolver a bola para ele.
— O que aconteceu naquela noite? — perguntei temerosa, ele riu.
— Eu não vou dizer nada, você vai saber quando se lembrar por si mesma — ele falou, contente consigo mesmo, ele se recostou em sua poltrona e acariciou o queixo enquanto me olhava atentamente, fiquei enervada com a intensidade de seu olhar.
— Ok, vamos esquecer isso, então. Vamos falar de negócios. Por que você me contratou? — perguntei intrigada, ele riu.
— Porque eu quis, ora — ele falou simplesmente, sorrindo de forma arrogante. Esse é o seu principal defeito, devo admitir que o seu principal charme também, a arrogância.
— Havia uma loira muito bonita que foi entrevistada antes de mim, ela me parecia mais qualificada que eu — murmurei encarando-o fixamente, esperando uma explicação da parte dele, mas ele não me pareceu ceder. — Você nem ao menos me entrevistou, só esperou eu responder uma pergunta básica. Qual é a sua, Josh?
— Hum... Quando estivermos na empresa é Senhor Mayhen — foi tudo o que ele disse.
— Que se dane o senhor. Eu o chamo como eu quiser e se você quiser me demitir antes mesmo que eu comece a trabalhar, pra mim tanto faz. Eu quero explicações, Josh, preciso de explicações, tanto daquela noite quanto sobre as suas intenções em me ter aqui — falei me levantando tempestuosamente, ele ergueu uma sobrancelha, divertido com minha irritação. — Eu venho amanhã, mas não espere respeito ou recato da minha parte, não sem antes me dizer o que aconteceu e o que você pretende que aconteça, eu quero pisar em terreno firme no meu local de trabalho.
Peguei minha bolsa e saí pisando firme no piso brilhante, pude ouvir uma risadinha vinda dele, bati a porta de vidro com força ao passar, mas confesso que fiquei com receio de quebrá-la e ter que pagar uma quantia exorbitante que eu não tinha.
Peguei o elevador e, enquanto aguardava chegar ao primeiro andar, liguei para Keny e ela concordou em me pegar, elas estavam aqui perto em uma cafeteria. Então quando cheguei às portas da empresa, o carro de Keny já estava parado junto ao meio fio, Neev rapidamente pulou para o banco traseiro e eu me sentei no banco de passageiro, bufei irritada e as duas me encararam curiosas.
— O que houve, Allin? — perguntou Keny ao desviar o olhar de mim para se concentrar no carro.
— Vocês não adivinham quem é o meu chefe — resmunguei tirando o blazer que estava usando e ficando só com o meu vestido azul escuro.
— Christian Grey? — guinchou Neev, animada e sonhadora.
— Antes fosse, aquele sadomasoquista parece muito mais fácil de compreender do que o senhor Joshua Mayhen — falei massageando as têmporas, Keny suspirou surpresa e Neev caiu na gargalhada.
— Mentira, você já transou com seu chefe? Bônus extra, querida — divertiu-se Keny, dei-lhe um tapa e ela riu mais ainda.
— E por que você está tão irritada com isso? O cara é um gato podre de rico, sem falar que estava doido por você naquela noite, e ele já te contratou? Definitivamente ele continua doido por você — disse Neev, se apoiando entre o meu banco e o de Keny para nos ouvir melhor.
— O problema é o fato de eu não me lembrar o que aconteceu naquela noite, sem falar que ele me contratou tão rápido que eu não faço a mínima ideia de quais são as intensões dele, se é me ter como secretária ou algo mais. Além disso, ainda tem o problema de eu não conseguir chamá-lo de Senhor, o cara tem a minha idade, é arrogante demais pro meu gosto e eu não tenho respeito algum por ele — expliquei rapidamente, as duas riram.
— Para de ser boba, vocês trabalham de dia e, no fim do expediente, dão uns amassos na mesa dele, quer válvula de escape de um dia cansativo melhor que esse? — divertiu-se Keny, revirei os olhos e bufei.
— Não quero trabalhar para ele e ainda por cima ser um brinquedinho pra ele se distrair depois de um dia cheio, pra começo de tudo, eu não queria nem ter ido parar na cama dele, mas ele me embebedou de propósito, o filho da mãe.
— Relaxa, Allin. Aproveita essa oportunidade que está te aparecendo, vai ser divertido — aconselhou Neev, suspirei e me recostei no banco, assenti relutante e decidi abrir a minha mente.
— Tudo bem, mas se não for divertido eu vou raspar a sua cabeça — resmunguei impaciente, elas riram e Keny buzinou para um carro que a fechou de forma brusca.
►►►
Meu pai me acordou cedo na manhã seguinte. Durante meu passeio no shopping com as meninas no dia anterior, Silvia me enviou um e-mail me explicando tudo direitinho sobre o sr. Joshua Mayhen.
De: Silvia Blatt
Para: Allin Hanks
Assunto: Instruções
Cara senhorita Hanks,
Venho por meio deste informar-lhe seus horários na empresa Amberly Ink.
Antes de tudo, peço que leve em consideração a lista de prioridades anexada ao e-mail, o sr. Mayhen é muito exigente com suas assistentes.
O seu horário de trabalho começa às 8 da manhã, meia hora mais cedo que o sr. Mayhen, e termina às 6 da tarde, meia hora mais tarde.
Seu horário de almoço é das 1 da tarde às 1 e meia, não poderá deixar a empresa por mais de meia hora, seu horário poderá ser estendido até o sr. Mayhen retornar do próprio horário de almoço.
É de extrema importância que você sempre tenha à mão uma agenda para anotar os compromissos do sr. Mayhen, a agenda e tudo o que você precisará estará na sua mesa amanhã pela manhã.
Por favor, traga seus documentos e deixe-os comigo no andar do RH para que possamos assinar a sua carteira.
Seja bem-vinda à Amberly Ink.
O anexo dizia:
Cara senhorita Hanks,
Segue abaixo a lista de deveres a serem cumpridos para com o sr. Mayhen:
- Ter sempre uma xícara de café preto sem açúcar quando ele chegar pela manhã, assim como também depois do horário de almoço.
- Sempre perguntar a ele se deseja atender uma ligação, se não, anote o recado e descarte os que ele der mínima importância.
- Sempre dirija-se ao sr. Mayhen como: Senhor. Nunca de forma informal. (acho que essa foi acrescentada de propósito, o que é em vão, pois não vou cumprir)
- Estar sempre à disposição quando chamada, deixe tudo o que estiver fazendo para receber as ordens do sr. Mayhen.
Atenciosamente Silvia Blatt,
Gerente de Recursos Humanos da Amberly Ink.
Então, ao chegar em casa, a primeira coisa que pedi ao meu pai foi para ele me acordar às 6 e meia da manhã, ele atendeu o meu pedido com muito prazer, eu acho que ele adora ver que eu estou trabalhando e que, em breve, vou sair de casa. Até hoje ele reclama de Noah não pensar em se mudar, ele já têm 23 anos e vive debaixo da saia da mãe, como diz meu pai.
— Allin, querida, hora de acordar — ele falou ao colocar a cabeça dentro do meu quarto, resmunguei alguma coisa em resposta, ele riu. — Vamos lá, não quer se atrasar no seu primeiro dia, não é?
— Não, obrigada, papai — sussurrei sonolenta e empurrei o cobertor para longe de mim.
Tomei um banho demorado para conseguir dispersar o sono, quando acabei eu me arrumei rapidamente e segui para à cozinha, a fim de preparar um sanduíche para o almoço.
Ao sair de casa eu caminhei uns cinco minutos até o ponto de ônibus, comprei um bilhete e peguei o primeiro ônibus que apareceu, levei 30 minutos até soltar o ônibus próximo à empresa, era 7:45 quando entrei pelas portas de vidro escuro da Amberly Ink.
Parei na recepção para me informar sobre o andar de RH, fui instruída a descer no segundo andar, e foi o que fiz. Quando saltei no segundo andar dei de cara com outra recepção, a recepcionista era uma loira esbelta e eficiente, vestia um terninho escuro impecável que fazia o meu vestido parecer uma roupa velha.
— Bom dia, posso ajudar? — ela perguntou atenciosamente.
— Bom, eu estou procurando Silvia Blatt, ela me pediu para deixar meus documentos com ela — expliquei rapidamente, apontando para o envelope de papel pardo em minha mão.
— Ah, sim. Pode deixar comigo, vou entregá-la assim que ela chegar — prontificou-se a recepcionista, concordei e lhe entreguei o envelope com meus documentos. — Você pode passar aqui no fim do expediente para pegar seus documentos.
— Tudo bem, obrigada.
Voltei ao elevador e digitei o código que me foi informado para que eu chegasse ao quarto andar.
Ao que tudo indica, o escritório de Mayhen fica no quarto andar e precisa de um código de segurança para chegar até lá, somente Silvia, Mayhen e agora eu sabemos esse código. Parece que Josh gosta de privacidade excessiva.
Quando as portas do elevador se abriram eu dei de cara com o corredor silencioso e iluminado que dava à minha mesa e à sala de Mayhen. Deixei minha bolsa em cima da minha mesa e segui por outro corredor, que deu em uma saleta com uma cozinha improvisada, geladeira, pia, armário, cafeteira e algumas outras bugigangas ali. Encontrei pó de café nos armários e fiz café para Mayhen e para mim também. Coloquei meu café em uma caneca que havia ali e misturei com um pouco de leite que havia na geladeira, deixei o que sobrou na cafeteira para permanecer quente.
Eu me sentei em minha poltrona e beberiquei meu café em silêncio por um longo tempo, liguei o computador, chequei a agenda e alguns papéis que deixaram na minha mesa e, faltando pouco para às 8 e meia o elevador apitou e eu me pus de pé rapidamente. Não era Josh, como eu pensava, mas sim Silvia, os saltos dela tilintaram no piso quando ela se aproximou rapidamente de mim.
Silvia me olhou de cima abaixo, checando minha roupa, ela franziu a boca e falou secamente:
— Experimente um terninho, ou um vestido mais formal. Quanto a jaqueta, é bonita, mas é preferível um blazer — ela tagarelou, vi uma silhueta alta e esguia parar atrás dela, logo reconheci Josh, ele esboçou seu sorriso arrogante, sua marca registrada, e pigarreou, Silvia se virou imediatamente.
— Silvia, pare de atormentar a moça — repreendeu Josh, ela balançou a cabeça educadamente, concordando. — Allin, sua roupa está ótima, você não precisa se preocupar com o comentário da senhorita Blatt. Pode ir, Silvia, está tudo certo por aqui — Josh a dispensou com um aceno de mão, ela rapidamente voltou ao elevador. Josh me encarou fixamente.
— Hum, aqui o seu café — murmurei quando o silêncio ficou pesado.
— Gostei do seu vestido, você está linda — ele falou ao aceitar a xícara que estiquei para ele.
— Obrigada — agradeci timidamente, senti minhas bochechas queimaram, Josh riu e entrou em sua sala.
Voltei para trás da minha mesa, mal me sentei e ouvi a voz grossa de Josh me chamar, peguei minha agenda e uma caneta e corri para dentro da sala dele.
— Allin, eu tenho uma reunião em 15 minutos no primeiro andar, enquanto eu estiver lá embaixo eu quero que você verifique os documentos que estão no seu computador, leia tudo e se familiarize com os relatórios, não precisa decorar nada, apenas quero que tenha alguma noção do que eu cuido por aqui — ele falou formalmente, enquanto checava seu próprio computador. — Quanto à sua vestimenta, eu não me incomodo que você venha mais informal que os outros, eu mesmo venho na maioria das vezes, eu só peço que não use nada muito curto ou decotado — ele então ergueu o olhar faiscante para mim, passando lentamente pelas minhas pernas, o vestido estava um pouco curto, devo admitir, mas não decotado —, como aquele vestido cinza.
— Não se preocupe, Mayhen. Eu sei distinguir um vestido de trabalho e um vestido de balada — falei sarcástica, ele esboçou um meio sorriso, então abaixou a cabeça e voltou a se concentrar em seu computador, eu entendi como uma deixa para me retirar de sua sala.
De volta à minha mesa, eu me sentei e abri os documentos do computador, encontrei vários relatórios, a maioria eu não fazia ideia do que dizia, decidi começar por ordem alfabética, já que eu teria que ler todos.
Logo eu já estava completamente concentrada nos relatórios, tanto que Josh foi para a reunião e eu nem notei ele passar, talvez eu tenha visto de relance o seu sorriso arrogante, mas eu não me desconcentrei do relatório sobre aplicativos para telefones que a empresa estava desenvolvendo.
Perdi a noção do tempo depois disso, só levantei a cabeça da tela do computador quando Josh parou em frente minha mesa, me levantei rapidamente e alisei meu vestido, tentando deixá-lo mais apresentável, Josh riu.
— Eu vou sair para almoçar com um amigo — ele avisou, indicando com a cabeça o rapaz ao lado dele, eu nem havia notado que ele estava ali, lhe oferecei um sorriso envergonhado, ele retribuiu.
— Perdão, bom dia senhor — murmurei docemente, Josh franziu a testa.
— Então ele você chama de senhor?! — resmungou Josh, o rapaz o ignorou.
— Sem problemas, sou Eiden Silk, é um prazer finalmente conhecê-la, senhorita Hanks — apresentou-se o rapaz, esboçando um sorriso radiante que me deixou encantada.
— Ah, é bom ver que já me conhece, sr. Silk — falei ironicamente, olhando direto para Mayhen, ele riu.
— Nem olhe pra mim, não tenho nada haver com isso. Vamos, Eiden, antes que eu me veja abandonado mais uma vez — brincou Josh, já indo em direção ao elevador, Eiden acenou para mim e o seguiu.
Vi os dois sumirem dentro do elevador, antes das portas se fecharam Josh olhou bem nos meus olhos e sorriu daquela forma que só ele sabe, aquele sorriso arrogante que o faz parecer dono do mundo, minhas pernas bambearam e eu voltei a me sentar em minha poltrona.
Aproveitei que Josh foi almoçar e desembalei o meu sanduíche, deixei de lado os relatórios e me concentrei um pouco no meu celular, eu havia perdido dois sms e uma chamada, quem me ligou foi Noah, um sms era de Will e outro de Neev.
"Vamos sair hoje? Keny me falou que hoje é o seu primeiro dia de trabalho, vamos comemorar, boneca!! xx Will" — escreveu Will, essa ideia me agradou, talvez eu devesse juntar as garotas, Will, Noah e Jas, e juntos irmos a um bar para tomar algo, nada demais, até porque tenho que trabalhar amanhã.
Mandei uma mensagem para os rapazes e para Keny, convidando-os a irem comigo beber algo, Jas e Noah não concordaram, os dois estavam marcando há semanas para irem ao cinema, Keny e Will vão comigo.
A mensagem de Neev dizia: "Então, como está indo com o senhor gatão? Espero que esteja tudo bem, eu realmente não quero ter minha cabeça raspada haha xx".
Respondi com o convite: "Está tudo tranquilo. Vamos beber algo com Keny e Will para comemorar o meu primeiro dia?"
"Só se você convidar o sr. Gatão :P", foi a resposta instantânea dela.
"Nem sonhando!", respondi revirando os olhos.
"Então tenha uma boa noite u.u", ela disse secamente, desgraçada.
"Neev ~ choramingo", mandei em um apelo.
"Pode choramingar o quanto quiser, só vou se você convidar o seu gostosão!!!" ela insistiu, bufei contrariada e digitei a minha derrota: "Você quem manda, vou convidá-lo, mas garanto que ele não vai aceitar — e ele não é o MEU gostosão — u.u"
"Pelo menos tente!"
Não respondi, estava irritada demais para dar o braço a torcer ainda mais.
Josh demorou para voltar do almoço, e quando voltou estava sozinho, ao passar pela minha mesa ele indicou com um aceno de cabeça para que eu o seguisse, obedeci imediatamente. Fechei a porta da sala dele ao passar, apesar de estarmos sozinhos, ele sentou-se atrás da própria mesa e apontou para a poltrona em frente, sentei-me de frente pra ele e seus olhos se cravaram em mim, respirei fundo para conseguir estabilizar minha respiração.
— Você parece desconfortável, Allin. O que houve? — ele perguntou, sua voz grossa e rouca.
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*O* apaixonei-me
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