domingo, 9 de julho de 2017

"A gente briga por bobeira demais
A gente pira, o tempo vira por bobeira demais
O amor é bandeira de paz
Mas se não der, vai em paz, meto o pé..."
– Deixe me ir (1Kilo)



Grant, o rapaz que trabalha na Starbucks, estava no elevador, ele é o meu vizinho do andar de cima. Ele vestia calça jeans e uma camisa, ambos pretos, era o seu uniforme de trabalho. Ele abriu um sorriso de flerte ao ver-me segurar a porta, James entrou no elevador e eu também, Grant esperou as portas se fecharem antes de falar alguma coisa.

— Café hoje, meu bem? — ele perguntou me lançando aquele olhar charmoso.
— Hoje não, querido. Estou de atestado, então não vou trabalhar até segunda ordem — sorri e ele assentiu, erguendo uma sobrancelha curioso.
— Você está bem? — ele perguntou.
— Agora, eu estou. Mas eu sofri um acidente de moto e estou de atestado, nada grave — dei de ombros e ele assentiu mais uma vez.
— Que bom, então. Mas não se preocupe, eu trago o seu café à noite — ele piscou para mim e as portas do elevador se abriram no primeiro andar. Nós três saímos do prédio.
— Seria muita gentileza sua — ri e lhe dei um beijo na bochecha.
— Até mais, meu bem — ele acenou para James e eu e seguiu pela calçada em direção ao ponto de ônibus, James e eu fomos pelo caminho oposto.
— Mais um amigo seu? — perguntou Jay, sorrindo malicioso para mim.
— Um amigo, de fato, mas não do jeito que você pensa. Apesar de ter pensado muito a respeito, acho que ainda não é hora de jogar Grant na área legal da nossa amizade — pisquei e meu irmão riu.
— Eu penso que ele já queria estar nessa área há tempos — rebateu James.

Caminhamos lado a lado, nos provocando e rindo por quinze minutos até chegarmos ao bar de Zayn, a porta da frente estava fechada, como era de se esperar às 10 da manhã, mas a porta dos fundos estava aberta e nós entramos por lá. Dava para ouvir o som da tv ligada no noticiário e eu saquei que Zayn devia estar cuidado da administração do bar.
James olhava a tudo atento e sorridente, ou ele gostara do lugar ou estava rindo antecipadamente pelo chilique e a bronca que Zayn vai me dar.
Zayn só notou a nossa presença quando James sentou-se em um banco do lado oposto do balcão em que ele estava e eu dei a volta no balcão para ir para o lado dele. Ele ficou mortalmente sério ao me ver. Respirei fundo e preparei a mente para o que estava por vir, mas ele não falou nada. Absolutamente nada.

— Você está bravo? — perguntei inocentemente, ele bufou.
— O que você acha?! — ele perguntou retoricamente.
— Olha, o que acha de ao menos uma vez nós esquecermos essa ceninha deprimente de ciúmes e pularmos pro sofá do seu escritório? — reclamei irritada, vi um brilho malicioso em seu olhar, mas ele estava mais bravo que isso e eu não fiz a proposta a vera.
— Sem gracinhas, Hayley.
— Qual é, Zayn! Se você for me encher o saco porque eu estava com o.. — ele me interrompeu com um resmungo raivoso:
— Com o Louis, aquele babaca!
— Então eu vou embora — continuei. — Não estou no clima pra isso.
— Não, tudo bem.Vamos deixar isso pra lá — recuou Zayn, segurando minha mão e me puxando para seus braços, sorri aliviada e o abracei. — Mas eu acho que você deveria pensar bastante em uma coisinha.
— O quê? — perguntei receosa, Zayn me deu um sorriso malicioso e cheio de si, aí têm!
— Você pode ficar com quem quiser, mas no fim do dia você sempre volta pros meus braços. Isso não significa nada pra você? — ele disse e eu me afastei um pouco dele. 

Ele está certo. Talvez seja por isso que ele ache que têm direito a ter ciúmes, porque eu dou motivos!
Que droga, não. Eu volto pra ele depois de um dia cheio porque ele é o meu melhor amigo, ele me ouve e me aconselha e me abraça, me dá um carinho especial que eu amo. É só isso!

— Não força a barra — sussurrou James para Zayn, que o encarou confuso, mas assentiu.
— Você é o meu melhor amigo, é só isso, Zayn! — murmurei me apoiando no balcão e olhando para as minhas mãos, ouvi Zayn bufar de indignação.
— Que porra de amigo eu sou, Hayley?
— Você é o meu amigo, deixa as coisas assim, que merda! — esbravejei impaciente, James se encolheu visivelmente.
— Você enrola a gente, Hayley. Tem medo de compromisso e se envolve com o máximo de caras possível para que os outros não te obriguem a assumir um relacionamento. Mas me diz, qual é a dificuldade em me assumir como seu amigo? — perguntou Zayn, esperando que eu respondesse.
— Nenhuma.
— Então por que é tão difícil dizer namorado ao invés de amigo?
— Porque eu não quero! — gritei secamente, Zayn ficou quieto. — Isso não é pra mim, você sabe melhor que ninguém, então para de me pressionar! Não funcionou com os outros e não vai funcionar com você. Aceite ou me deixe, simples assim.

Zayn balançou a cabeça e voltou à suas anotações no caderno do bar. Eu, por minha vez, procurei uma garrafa de tequila embaixo do balcão e encontrei uma aberta, enchi um copo de shot para mim e o virei, James ficou me assistindo quietinho, enquanto Zayn continuava a escrever e escrever no bendito caderno. Quando eu já enchia o meu terceiro shot, James tirou a garrafa da minha mão e bebeu o copo que eu enchi, o encarei magoada e ele deu de ombros.

— Já chega, você está com pontos aí na sua barriga, isso não vai te fazer bem.
— Pelo contrário, me faria muito bem! — resmunguei.
— Chega! Eu vou deixar você em casa antes que seus pontos rompam por causa da bendita tequila — disse Zayn emburrado, ele guardou o caderno e a papelada que estava mexendo e pegou as chaves do carro e do bar.
— Mas eu não quero ir para casa — rebati, James revirou os olhos e tampou a garrafa de bebida.
— Que parte do: Você tem que ficar de repouso, você ainda não entendeu, Hayley? — perguntou Zayn.

Com muita relutância eu deixei que Zayn me levasse para casa. James recusou a carona e disse que ia visitar uns amigos, então Zayn e eu, ambos mortalmente calados, fomos para a minha casa sozinhos.
Por mais bravo que Zayn estivesse, eu sabia que ele não me deixaria sozinha, ficaria comigo até a hora que ele teria que voltar ao bar. E por mais brava que eu estivesse, não pediria que ele fosse embora e não deixaria ele ir sem que eu fosse junto.
Por isso, assim que entramos em meu apartamento, ambos já tínhamos esquecido que estávamos bravos um com o outro. Nos deitamos em meu sofá e ficamos abraçados o dia inteiro assistindo à comédias românticas na tv. E foi como se nunca tivéssemos brigado. Como sempre.


♂♀♂♀

A campainha tocou e eu acordei, estava sozinha na minha sala, tinha um bilhete curto em cima da minha mesinha de centro: "Bar. Até à noite. xx Z", ouvi batidas na porta. Me levantei com dificuldade, pois meus pontos ardiam, e fui atender.
Liam estava parado do outro lado do corredor, encostado na parede, aguardando. Sorri ao vê-lo e ele retribuiu o sorriso, se aproximando para me cumprimentar.

— Oi — ele disse sorridente.
— Olá, quer entrar? — perguntei, ele assentiu.
— Está sozinha?
— Completamente — ri e fechei a porta, apontei para o sofá e ele se acomodou, subi as escadas até a cozinha, mas no primeiro degrau eu soltei um gemido involuntário.
— O que houve? — perguntou Liam em alerta.
— Nada demais, só os meus pontos que estão doendo um pouco — murmurei abrindo a geladeira e pegando uma lata de suco e uma garrafinha de cerveja. Chega de bebida alcoólica para mim, acho que a tequila foi o suficiente para me deixar com dor.
— Deixe-me dar uma olhada — ele pediu quando eu lhe entreguei a cerveja.

Levantei a minha blusa e Liam se aproximou para ver os meus pontos, ele respirou fundo e balançou a cabeça.

— Estão inflamados, você tem álcool 70? — assenti e me virei para ir buscar, mas ele segurou minha mão.
— Deite e fiquei quietinha, eu vou buscar. Aonde está?
— No espelho do banheiro, a primeira porta à esquerda no corredor.

Liam seguiu pelo corredor e voltou minutos depois com algodão, o álcool e analgésicos. Ele sentou na ponta do sofá ao meu lado e levantou minha blusa novamente, expondo os 17 pontos em minha barriga. Liam ensopou o algodão com álcool e passou sobre o meu ferimento, apertei seu braço e prendi a respiração, ardia demais!

— Shiiiu! Quieta, moça. Você vai ficar bem logo — ele murmurou docemente e me deu um selinho demorado antes de se levantar e ir até a cozinha.

Liam parecia tão à vontade, ele circulava tranquilamente pelo meu apartamento como se conhecesse o lugar muito bem. Esse parecia o lugar ideal para ele.
Ele voltou logo com um copo de água em uma mão e os analgésicos na outra, ele me fez tomar dois comprimidos e depois pegou sua cerveja e se acomodou ao meu lado.
Na tv passava um filme antigo da década de 80, Clube dos Cinco. Eu amo esse filme. Liam também. Nós comentamos o filme do começo até o fim e rimos bastante, quando o filme acabou os meus pontos já não ardiam tanto e estavam bem menos avermelhados.
Liam ligou para um restaurante chinês e nós jantamos às 1 da manhã, rindo e brincando como se nos conhecêssemos há anos e não há poucos dias.

— Sabe, eu percebi que em casa é quase impossível você ficar de repouso — ele murmurou e jogou parte do seu biscoito da sorte na boca, franzi a testa e ri.
— Como assim? Eu estou de repouso agora — defendi-me, ele sorriu e balançou a cabeça.
— Você me entendeu! — ele disse. — Você está com esses pontos há um dia e meio e já conseguiu inflamá-los.
— Tudo bem, doutor. O que me sugere?
— Vamos acampar? Eu conheço um lugar ao Norte que seria maravilhoso. Eu peguei minhas duas semanas de férias e estava pensando em ir acampar na beira do lago, você pode ir comigo e descansar... ficar de repouso... me beijar — ele murmurou erguendo uma sobrancelha e sorrindo.
— Me parece um bom plano, mas se eu quiser passar duas semanas com você de pés pro alto, então eu preciso voltar na segunda e pegar um novo atestado — falei não contendo um sorriso.
— Podemos partir amanhã de manhã, ou hoje — nós rimos, já passava de 2 da manhã —, e voltamos na segunda, aí se quiser podemos escolher outro lugar para acampar.
— Parece ótimo, vamos acampar onde? — perguntei animada.
— Em Ambleside, no condado de Cumbria, são seis horas de viajem, mas vale a pena — ele sorriu largamente e juntou o nosso lixo. — Great Langdale.
— Dizem que é um dos locais de acampamento mais romântico — falei divertida erguendo as sobrancelhas, Liam ficou um pouco corado, mas logo levantou-se e foi até a cozinha jogar nosso lixo na lixeira.
— Pois é. Então, eu posso passar aqui para buscá-la amanhã? — ele perguntou, me olhando por cima do balcão da cozinha.
— Claro que sim, que horas?
— Às 9, aí a gente chega lá por volta das três ou quatro da tarde. Antes de sairmos da cidade podemos passar em algum supermercado e comprar algumas bobagens e tal.
— Vai ser ótimo — falei sorridente, então me lembrei de James. — Uh, meu irmão pode ir conosco? 
— Claro, pode sim, eu acho que o lugar é grande o suficiente para nos perdermos e ficarmos sozinhos um pouco — ele piscou para mim e eu ri.

Liam não passou a noite comigo, o que eu não gostei nem um pouco, a noite fora muito solitária e James só chegara às 7 da manhã com uma cara radiante de quem havia transado. Harry e Zayn chegaram junto com ele e eu não pude dar atenção a nenhum deles, pois estava arrumando a minha mochila gigante de acampamento.

— James, arrume uma mochila, vamos acampar e só voltamos segunda — gritei jogando alguns casacos na mochila, Harry e Zayn, que se davam bem, estavam conversando na sala e ambos me olharam de olhos arregalados quando eu disse isso.
— Que história é essa, Ley? — perguntou Harry.
— Eu vou acampar em Great Langdale, meu amor — falei animada e lhe dei um beijo no rosto.
— Mas você precisa ficar de repouso, garota! — reclamou Harry, Zayn riu e caiu preguiçoso em meu sofá.
— E eu vou justamente para ficar de repouso, já que em casa eu não paro um segundo.
— No bar muito menos — concordou Zayn, Harry balançou a cabeça em descrença.
— E quem vai te levar? — perguntou Harry, ainda relutante em concordar.
— Liam vai conosco, ele conhece o lugar e foi ele quem propôs que fôssemos — murmurei dobrando uma calça de moletom e guardando na mochila.
— O bombeiro? — guinchou Zayn, empertigando-se rapidamente e me lançando um olhar irritado. Lá vamos nós de novo...
— Ele mesmo. Rapazes, vocês podem por favor me ajudar ao invés de me atrapalhar? — pedi jogando um par de sapatos para Harry, ele me encarou irritadiço mas guardou-os dentro da mochila.
— Então você vai passar a semana inteira com ele em Cumbria? — perguntou Zayn.
— Sem dúvidas, querido — concordei passando ao lado dele e dando-lhe um beijo na cabeça.
— Ele ao menos sabe da sua vida? De como você controla os seus relacionamentos? — quis saber Zayn, apontando para si mesmo e Harry, bufei e revirei os olhos, que droga.
— Sim, ele sabe. E, assim como vocês, aceitou e concordou com o meu estilo de vida. Vamos ver se ele aguenta mais tempo que vocês antes de começar a me encher o saco — murmurei irritada.

Os dois continuaram reclamando em meu ouvido, até que eu terminei de arrumar a minha mochila e fui tomar banho antes que Liam chegasse.
Quando terminei de me arrumar, James já estava com a própria mochila na sala e uma garota também estava com ele e os rapazes. Logo descobri que ela se chamava Anne Berry, que meu irmão tinha passado à noite na casa dela e que ela iria acampar conosco. Achei ótimo, mais companhia para nós. James foi tomar banho e terminar de se arrumar enquanto esperávamos Liam chegar.
Harry e Zayn, por sua vez, passaram os longos minutos tentando me fazer mudar de ideia e ficar em casa, mas eu os expulsei antes que Liam chegasse. E ficamos apenas Anne e eu conversando na sala e nos conhecendo melhor, aparentemente ela e meu irmão estão saindo há alguns meses.
Eu peguei a minha câmera Nikon na minha bolsa e pedi a Anne para tirar uma foto dela. Tenho um hobbie que sempre me acalma e esse hobbie é fotografia, com o dinheiro do meu primeiro salário eu comprei uma câmera profissional e desde então não me desgrudo mais dela.
A campainha tocou e eu fui atender ainda com a câmera na mão, quando vi o sorriso de Liam o primeiro impulso que tive foi de tirar uma foto dele, o segundo foi segurar o grande Husky Siberiano que pulara em meu colo todo animado.

— Uau! Que lindo, quem é esse garotão? — perguntei divertida, entreguei minha câmera para Liam e me abaixei para acariciar e brincar com o cachorro.
— Esse é o Zeus, e ele te amou, esse é um bom sinal — Liam piscou para mim e se sentou no sofá oposto ao que Anne estava, apresentei os dois e Zeus me deixou para pular no sofá ao lado de Liam. Aí outro que se sente à vontade em minha casa!
— Anne vai conosco, tudo bem? — perguntei pegando a minha câmera com Liam e ajustando o zoom para tirar outra foto dele com Zeus.
— Sem problema! — ele sorriu e beijou Zeus, eu bati a foto na hora certa.
— Ótimo, vou chamar o James — deixei os dois e fui até o banheiro, bati na porta algumas vezes e James saiu já pronto.

Liam pegou a minha mochila, James a dele e a de Anne e nós descemos, o carro de Liam estava estacionado junto à calçada e assim que ele abriu as portas Zeus correu para dentro e aconchegou-se em cima de um cobertor no banco de trás.
Depois de guardar as mochilas no bagageiro, Liam e eu nos acomodamos nos bancos da frente.

— Zeus, abra espaço pro casal — disse Liam, Zeus ergueu a cabeça, em seguia a abaixou novamente, relutante. — Zeus!



Por fim Zeus cedeu e James e Anne acomodaram-se ao lado dele, e nós pudemos começar a viagem.


♂♀♂♀

Liam e James terminaram de montar as barracas, enquanto Anne e eu estávamos muito bem acomodadas em cadeiras reclináveis com um cobertor grosso nos aquecendo. Anne era uma garota muito doce e legal; ela é um furacão, conversa e pula e ri e é a animação em pessoa, ao contrário do meu irmão, mas eu acho que James acalma o furacão que é Anne, porque quando ele se aproxima, Anne fica calma e sossegada. No entanto, quando James está por perto, todos ficam calmos.
O sol estava se pondo quando decidimos dar uma olhada nos arredores de onde nossas barracas estavam. Encontramos uma cachoeira maravilhosa, que eu prometi a mim mesma que pularia nela no dia seguinte; encontramos também um riacho bem próximo às barracas, onde poderíamos aproveitar a água para beber e cozinhar.


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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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