domingo, 23 de novembro de 2014

"Tempo nunca foi a minha praia
Agora eu tenho tudo, exceto você
Você saiu do meu coração, ainda sinto a ferida
Eu daria tudo para estar ao seu lado..."
- Oh, Cecilia (The Vamps)



Me levantei sem fazer barulho e subi as escadas até o quarto de hospedes, uma luz azul estava acesa no meu celular, indicando alguma notificação, peguei-o e rapidamente desbloqueei a tela, encontrei três ligações perdidas e dois e-mails, todos do Justin.

                                                                         

De: Justin Clay
Para: Anna Walker
Assunto: E a viagem?

Ei, amor,
Espero que tenha feito uma boa viagem, como foi?
Ansioso para vê-la no domingo.
Te amo,
J.C.

                                                                         


De: Justin Clay
Para: Anna Walker
Assunto: Tá tudo bem?

Anna? Por que não me atende?
Você chegou? Tá viva? Me dê uma luz, pelo amor de Deus.
De seu noivo furioso e muito preocupado,
J.C.


Ainda colocando os pensamentos em ordem, digitei uma reposta para ele, que deve estar surtando por eu não ter respondido, ou atendido.
Já até sei o quanto ele deve estar bravo, vou ouvir até o próximo milênio.

                                                                         

De: Anna Walker
Para: Justin Clay
Assunto: Mantenha seus preciosos fios de cabelo no lugar...

... eu estou bem, só esqueci o celular no quarto, não se descabele ainda, quero te ver no domingo e encontrar esses fios na sua cabeça, tudo bem?!!
Desculpe, fui muito irresponsável por não te ligar, nem avisar que cheguei bem.
Espero que me perdoe.
Como foi seu dia?
Com todo amor do mundo,
Sua Anna.


Respirei fundo e deixe o celular em cima da cama, peguei uma toalha e segui para o banheiro, a fim de tomar um banho e me despertar mais um pouco.
Depois do banho chequei meu celular, mas Jus ainda não respondeu, então procurei uma roupa na mala e me vesti, só então meu celular apitou, avisando a chegada de um e-mail.

                                                                         

De: Justin Clay
Para: Anna Walker
Assunto: Okay.

Tudo bem, estou indo para uma reunião agora.
Te ligo quando acabar e, por favor, atenda.
J.C.


Ah, merda! Ele está muito bravo, e tão seco, tenho vontade de voltar voando para casa e fazê-lo relaxar um pouco, para que não me trate com tanta frieza.
Guardei o celular no bolso traseiro do meu short e puxei meu cardigã, a frieza de suas palavras me deixa tensa e, o pior de tudo, me dá medo, tanto que todos os ossos do meu corpo estão tremendo, mas temo não ser de frio.
Desci as escadas e, cabisbaixa, me encaminhei para a cozinha, onde encontrei Liam preparando café.

— Ei, bom dia — cumprimenta ele, alegre e simpático. — Você adora cardigãs, não é?
— Sim, minha peça de roupa preferida, esquenta e ainda dá certo estilo — murmuro forçando um sorriso, ele percebe a minha apreensão e rapidamente sua feição fica séria.
— Tá tudo bem? — pergunta ele, todo preocupado.
— Não, claro, tá sim, é só que... — respiro fundo, tentando colocar meus pensamentos em ordem e forço mais um sorriso. — O Jus, eu ainda não falei com ele desde ontem, é só saudade.
— Ah, entendo — concorda ele, mas não parece convencido. — Café?
— Claro, por favor — aceito rapidamente, agarrando essa mudança de assunto como uma tábua de salvação.

Liam andou pela cozinha e pegou duas canecas roxas no armário de copos, ele encheu as duas com café preto e me entregou uma delas, em seguida colocou um pote de açúcar em cima da mesa, junto com um vidro de adoçante, uma colher e uma jarra de leite, completei meu café com um pouco de leite e adoçante, em seguida mexi bastante, enquanto pensava distraidamente.
Liam se sentou ao meu lado e bebeu um longo gole de café, em silêncio ele estudou meu rosto, quando levantei meus olhos para encará-lo ele sorriu inocentemente, me fazendo rir.

— Tudo bem, eu sei que não é só saudade, mas eu vou respeitar sua privacidade — murmura ele, com um ar sábio, o que me fez rir mais ainda.
— Obrigada, acho que só preciso de um tempo — sussurro, tentando controlar meu inapropriado ataque de risos.
— Tudo bem, aqui você pode se perder e ter o tempo que quiser, ninguém vai te achar, vai por mim, falo por experiência própria, já cheguei a ficar escondido por 12 horas e ninguém me achou — conta ele e eu rio mais um pouco, quase deixando o café com leite escapulir pelo meu nariz, Liam gargalhou alto e me passou um guardanapo.
— Obrigada — murmuro envergonhada, ele ri novamente.
— Sem problemas, isso acontece direto comigo.

Ficamos em silêncio por um longo tempo, apenas bebericando o café, quando meu celular começou a vibrar, ambos quase pulamos de susto, rapidamente peguei meu celular e olhei o visor, Justin Ligando, vi a hora e me assustei ao perceber que já se passou mais de 1 hora desde que lhe enviei um e-mail.
Atendi a ligação e pousei a caneca na mesa, Jus suspirou e eu pude visualizar ele passando a mão pelos cabelos, essa lembrança me fez sorrir.

— Ei — sussurrei docemente, pude ouvir sua risada.
— Oi — respondeu ele. — Como está?
— Bem... Melhor agora, e você? — perguntei, brincando com os fios do meu cardigã.
— Mais tranquilo, como se o peso do céu tivesse saído dos meus ombros — sussurrou ele.
— Ah, não, por favor, Atlas¹, não se atreva a quebrar a coluna, preciso de você inteiro — brinquei, ele riu, uma risada curta mas reconfortante.
— Vou ficar inteiro, mas não me deixe tão preocupado assim novamente, estou furioso — falou severo, me encolhi visivelmente com suas duras palavras.
— Eu sei, me desculpe, eu devia ter ligado — sussurrei e vi Liam arquear uma sobrancelha.
— Sim, devia, mas tudo bem — murmurou ele, soltei um suspiro aliviado e ele riu.
— Sinto sua falta! — murmurei exasperada, com raiva da distância entre nós dois.
— Eu também sinto a sua, mas isso é culpa sua, não se esqueça disso — provocou ele.
— Ah, cale a boca, bobão — resmunguei, fazendo-o rir mais ainda.
— Nos vemos amanhã, tenho outra reunião agora, dia cheio — falou ele, em um tom cansado.
— Tudo bem, tenha um bom dia, querido, eu amo você.
— Eu também amo você, comporte-se, eu ligo à noite.
— Vou esperar — garanti e quase pude sentir o seu sorriso magnífico.
— Amo você, tchau! — gritou ele e então desligou.

Encaro meu telefone e vejo o reflexo de uma retardada rindo feito uma idiota, talvez esse seja o efeito do amor, não! Esse é o efeito Justin Clay, só ele é capaz de deixar alguém tão zonza e boba assim, e ele é meu.
Levanto meu olhar e encontro Liam sorrindo, ele parece querer dizer algo para me provocar, mas sabiamente deixa a boca fechada, se limitando a dizer:

— Uau!
— O que foi? — perguntei, reprimindo uma risada.
— Você tá apaixonada mesmo — murmurou, como se isso não fosse óbvio.
— Achou que era só por causa do dinheiro? — provoquei arrogantemente, ele riu e negou com a cabeça.
— Não, claro que não, só não imaginei que veria o Justin com alguém que realmente goste dele, ele sempre foi tão... Fechado emocionalmente, e agora toda vez que o vejo eu sempre presencio o bendito brilho no olhar e o sorriso besta que ele esboça quando menciona você. Você o pegou de jeito — falou Liam, sorrindo delicadamente e levantando o polegar.
— Ao contrário, meu querido, foi ele quem me pegou de jeito — corrigi e me levantei, Liam riu e abaixa a cabeça, batendo-a na mesa.
— Sim, claro, isso também — concordou ele.

Saindo da cozinha eu tenho um pequeno vislumbre de Louis se levantando do chão, com a cara toda amassada e fofa, ele me viu rir e acenou distraído, coçando os olhos.

— Vamos correr? — perguntou ele, se encaminhando para as escadas.
— Correr? — perguntei intrigada.
— É, na floresta, correr pelas trilhas, curtir o ar livre, essas coisas — murmurou ele, subindo os degraus de costas, olhando para mim.
— Ah.. Claro, por que não?! — concordei e ele sorriu.
— Ótimo, vou me arrumar, já volto.

Louis correu escada à cima e eu segui para a sala, me sentei no sofá, onde há pouco Liam estava dormindo com Sara, e ela acordou, depois de resmungar algumas palavras sem nexo ela bufou e se sentou, os cabelos estavam bagunçados e só Deus para desembaraçar aquele ninho de rato, os olhos estavam levemente inchados e com uma remela no canto, ri da cara de zumbi e ela me deu um tapa forte demais.

— Que cara é essa? — guinchou ela, apertando meu nariz com o dedo fino dela.
— Que cara? — perguntei olhando para seu dedo no meu nariz e ficando vesga, ela riu debilmente.
— Você está radiante, suas bochechas estão até mais rosadas — provocou ela, enfiando o dedo na minha bochecha.
— Esse é o efeito Justin — murmurei docemente, pestanejei para ela e ela revirou os olhos.
— Seu noivo tem um efeito muito positivo em você — falou ela, em um tom brincalhão, quase zombeteiro.
— Falem mais baixo, ou vão acordar os pombinhos aí —sussurrou Liam, apontando para Zayn e Bexxa, e Lia e Niall.
— São quase 8 horas, já passa da hora deles acordarem — bufou Sara, Liam riu mas continuou andando na ponta dos pés.
— Deixem eles em paz, por que não vamos lá fora um pouco? O dia está lindo — tentou Liam, mas Sara dispensou e foi para o quarto, eu decidi acompanhá-lo.
— Então, o que planejam pra hoje? — perguntei, o seguindo até o jardim da frente.
— Ainda não sei, vamos esperar os rapazes acordarem, então decidimos — respondeu ele, jogando um pedaço de muffin de blueberry na boca. — Quer? — me ofereceu.
— Não, obrigada... O Louis já acordou — murmurei pensativa, chutando a grama verde.
— Já? O que ele disse? — perguntou, chutando um montinho de areia próximo.
— Me convidou para correr — murmurei indiferente,
— Ele gosta de correr pelas trilhas da floresta de manhã, é a melhor hora do dia pra correr, mas eu prefiro no fim da tarde, é a hora mais fresca do dia — contou ele, distraído.
— Aqui é muito bonito — sussurrei, olhando a floresta logo em frente, basta atravessar a rua de terra e a floresta está logo ali.
— Sim, adoramos esse lugar, por isso moramos aqui na maior parte do tempo, vamos para Londres só quando precisamos trabalhar — confessou ele, com um meio sorriso divertido dançando nos lábios.
— Os pais de vocês não ligam? — perguntei em um tom provocativo, ele riu.
— Tá brincando? Eles dão graças a Deus todos os dias desde que saímos de casa — murmurou ele, divertido. — E os seus pais? Não ligam de você se casar com um cara que só conhece há 3 meses?
— Conheço ele há quase 7 meses — corrigi-o docemente, ele ri. — E não, eles não ligam, francamente, desde que meu tio faleceu eles não ligam pra muita coisa, meu tio era muito especial para nós e... Bom, foi um choque e... Eles ainda estão de luto, então eles não ligam muito para o que eu faço — confesso sinceramente, Liam fica boquiaberto com a minha confissão, mas logo se recompõe.
— Nossa, eu sinto muito, eu... Paul Walker, eu admirava demais ele, eu sinto muito — gaguejou ele, todo envergonhado.
— Vamos mudar de assunto? — perguntei docemente, tentando conversar sobre algo menos doloroso.
— Claro, com certeza — concordou ele, voltando a olhar para o montinho de terra sob seus pés.

Depois de uns 5 minutos de conversa fiada, Louis apareceu, ele estava vestindo uma calça de moletom cinza e uma camiseta surrada, que deixa seus braços e parte das costas torneadas à mostra, ele não é muito musculoso, mas tem um físico bem bonito, ele tinha uma toalha de rosto em volta do pescoço e os cabelos estavam bagunçados e molhados, estava sexy.

— Vamos? — convidou ele, sorrindo largamente.
— Claro, vamos sim — concordei e Liam ergueu o olhar.
— Quer deixar o cardigã? Você vai suar — ofereceu Liam.
— Não, tô bem, vou convencer o Louis a caminhar — sussurrei um pouco alto demais, para provocar Louis, ele riu.
— Não conte com isso — brincou Louis.

Louis começou a correr, ele atravessou a rua a pegou uma trilha pelo meio das árvores, acenei rapidamente para Liam e corri atrás dele.
Louis diminuiu o passo e correu devagar até que eu estivesse ao seu lado, aproveitando que ele diminuiu o ritmo eu tirei meu cardigã e o amarrei na cintura, ele sorriu todo arrogante e jogou a toalha para mim, a agarrei antes que caísse no chão.

— Devia ter deixado com o Liam — falou ele.
— Ah, não me diga — ironizei, ele gargalhou.
— Você não é uma pessoal muito matinal, é? — brincou ele.
— Tá brincando? Eu sou muito matinal, acontece que não é todo dia que eu saio correndo feito uma louca pela floresta com um maluco do meu lado, não podemos caminhar? É melhor — tentei persuadi-lo, mas só consegui fazer ele rir.
— Desista, mocinha, vamos correr, talvez na volta caminhar seja uma opção — cantarolou ele, se divertindo com a minha irritação.
— Então podemos correr até uma cafeteria? Estou a fim de um frappuccino agora, com bastante espuma e biscoitos com gotas de chocolate — murmurei quase choramingando.
— Ei, vamos correr, quem sabe depois eu te pague um frappuccino, mas vou logo avisando que a cafeteria daqui não tem nada de Starbucks — provocou ele.
— Não que eu odeie Starbucks... — falei em um tom conspiratório, ele riu. — Não tenho nada contra, o café de lá é fantástico, mas prefiro cafeterias mais descontraídas, menos públicas e mais acolhedoras.
— Eu também! — exclamou ele, levemente surpreso. — O que mais temos em comum? Além de gostar de filmes de terror, de céus estrelados, por-do-sol, cafeterias rústicas e tal... — falou ele, deixando a frase inacabada.
— Acho que temos em comum a mesma afinidade por manhãs gloriosas em uma floresta e corridas sufocantes. Um tempo por favor — implorei parando de correr e me curvando para segurar os joelhos, a fim de deixar o ar deslizar para meus pulmões.

Louis gargalhou e parou de correr, ele voltou até onde eu parei e colocou as mãos na cintura, respirando ofegante.
Enxuguei o suor do meu rosto e ele estendeu a mão, pedindo a toalha, joguei a toalha para ele, que parou de rir tempo o suficiente para respirar fundo.

— Sarcasmo é o pior tipo de humor, sabia disso? — provocou ele, com um tom divertido.
— Não foi sarcasmo, sou apaixonada por manhãs lindas como essa, assim como sou apaixonada por ar puro, árvores, floresta e tudo mais — esclareci, recuperando o fôlego lentamente. — Só estou meio enferrujada, faz tempo que não corro, culpe o Justin por isso, desde que fui morar com ele que não visito mais o Hyde Park pela manhã, sinto falta disso — murmurei com uma voz nostálgica.
— Parece que temos pensamentos afins, em relação a natureza — falou ele, levemente impressionado com isso.
— Sim, parece — concordei, me esticando e respirando fundo uma última vez, ele sorriu de forma angelical e eu não consegui deixar de espelhar o seu sorriso.
— Vamos, mais 10 minutos e atravessamos a floresta, então posso te pagar um frappuccino — chamou ele, jogando a toalha no ombro.
— Sim, vamos.

Louis continuou me olhando de uma forma intensa e constrangedora, então, para fugir desse momento embaraçoso, eu comecei a correr, deixando-o para trás, ele reclamou mas riu enquanto tentava me alcançar.
Dez minutos mais tarde nós chegamos ao final da trilha e eu pude ver um mercado, uma cafeteria bem simples, uma loja de roupas e uma simples ruela que abre lugar para várias lojas e mercearias; é um centro pequeno mas muito aconchegante, às vezes eu queria que Londres fosse pequena, mas acho que não se pode mudar Londres, seria quase um pecado mudar uma cidade tão linda.
Louis secou o rosto e jogou a toalha para mim, tentei me recompor da corrida e prendi o cabelo em um rabo de cavalo, sequei meu rosto e desamarrei meu cardigã da cintura, vesti-o e então já estava mais apresentável, Louis riu enquanto me assistia tentar ficar apresentável.
Joguei a toalha de volta para ele e ele a pendurou no pescoço, segurando as pontas, então caminhamos lentamento até a rústica cafeteira.
Assim que Louis abriu a porta e me deixou entrar eu já me apaixonei pelo lugar, é simples e aconchegante, o tipo de lugar no qual eu perderia um dia inteiro dentro.
Escolhi uma mesa de dois lugares junto à janela, uma janela grande e com vista para a ruela da cidade, Louis se sentou na minha frente e olhou pela janela, assim como eu, quando voltou a me olhar ele tinha um sorriso largo nos lábios.

— Um frappuccino e biscoitos com gotas de chocolate, vou buscar — falou ele e se levantou.
— Obrigada — sussurrei quando ele já estava indo em direção ao balcão.

Louis retornou logo com uma pequena bandeja, dentro dela tinha um prato com alguns biscoitos, duas xícaras — uma de café preto e uma de frappuccino —, dois cupcakes e um açucareiro; ele colocou a bandeja em cima da mesa e se sentou novamente, com o mesmo sorriso largo e encantador com que saiu.

— Trouxe cupcake, você tem que provar, são os melhores de todo o Reino Unido — falou ele, todo animado.


                                                     

¹- Atlas foi um dos Titãs da mitologia Grega. Depois dos Titãs serem destronados pelos filhos de Cronos, Atlas foi resignado a segurar o peso do céu sobre suas costas, para que este não colidisse com a Terra.



Hey girls,
espero que estejam todas bem.
Muito obrigada por todos os coments, adorei.
Não tenho nenhum recado, então...
Comentem pra mim, amo vcs <3


5 comentários:

Sou como uma escritora, lanço o livro para ser comprado;
Vocês são os compradores e os comentários o pagamento u.u
Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3

Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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