sexta-feira, 12 de junho de 2015

"Você sabe que o tempo dará e o tempo tirará
Todas as memorias serão esquecidas
Mesmo que nós mudemos, eu continuo aqui contigo
Se você ouvir bem, ouvirá os sons de todos os fantasmas que nos derrubam..."
— Ranging Fire (Phillip Phillips)



— Quem estava com você? — Charlie perguntou segundos depois que fechei a porta.
— Como sabe que eu estava com alguém? — ri admirada.
— Ouvi barulho de sapatos e tenho a leve impressão que não são seus, afinal, você usa salto alto, não é? — ele falou orgulhosamente, me fazendo rir novamente.
— Nossa, você é bom. Mas não vou te dizer quem estava comigo, você vai ficar irritado — murmurei enquanto jogava os saltos no chão.
— Aquele cara, não é? Te pedi pra não ficar sozinha com ele — Charlie resmungou.
— Mas eu não estava, você estava ao telefone comigo e, anteriormente, o motorista estava conosco no carro — falei rapidamente, ele resmungou alguma coisa incompreensível.
— Mesmo assim. Bom, tanto faz agora. Você está sozinha, não é? — ele perguntou.
— Sim, estou. Sozinha e pronta para dormir, estou exausta — murmurei prendendo o celular entre o ombro e a orelha e tentando tirar o vestido.
— Acho melhor você ir descansar então, ligo pra você amanhã — ele murmurou.
— Tudo bem, vou esperar. Boa noite, Charlie.
— Boa noite, minha linda. Bons sonhos.

Ficamos os dois mudos por algum tempo, até começarmos a rir, então nos despedimos novamente e enfim desligamos. Nesse meio tempo eu havia me despido e tirado a maquiagem, então me joguei na cama e me preparei para apagar durante umas boas 10 horas.


         MAS EU não dormi as 10 horas que pretendia. Antes disso eu fui acordada por um ser humano muito sem-noção que pulara na minha cama até que eu abrisse os olhos e tentasse acertá-lo com um vaso de fores muito pesado que estava na minha mesinha de cabeceira. Não passava de 7 da manhã e eu ainda estava exausta, mas Lenna não.

— Pelo amor de Deus, Lenna. Eu não dormi nem três horas direito — resmunguei cobrindo meu rosto com um travesseiro.
— Fala sério, Ava, nós vamos embora em 1 hora e você não quer nem aproveitar seu irmão e seus amigos? Vamos lá, cara — reclamou Lenna, tirando o travesseiro da minha cara, eu bufei e ela riu.
— Nós voltaremos no fim de semana que vem, então pra quê tanto drama? — murmurei impaciente, Lenna me beliscou nas costelas e eu dei um salto para fora da cama, xingando mais que o Louis em um jogo do Doncaster Rovers.
— Vai tomar um banho, estão todos te esperando no saguão-restaurante pra tomar café — avisou Lenna, resmunguei mais uma centena de palavrões e fui pro banheiro.

Acordar de mal-humor é a pior coisa, mas ser acordada por uma pessoa de bom-humor é pior ainda, principalmente se eu não dormi o suficiente.
Quando entrei embaixo da água morna eu pude relaxar um pouco, mas ainda proferi vários palavrões contra Lenna, a festa de ontem à noite e a dor de cabeça que eu sentia — acho que é ressaca, só pode ser ressaca! — acabaram comigo.
Ao sair do banheiro eu me sequei e vesti a primeira coisa que apareceu na minha frente — que calhou de ser um vestido básico, amarrei um cinto fino na cintura e calcei uns Vans que combinavam com o vestido —, prendi o cabelo em um coque desarrumado, passei um lápis de olho e, antes de sair do quarto, vesti um cardigan, pois meu vestido estava muito curto, então peguei meu celular, óculos escuros e desci mal-humorada até o saguão-restaurante.

— Meu Deus, estou toda de rosa — resmunguei ao me olhar no espelho do elevador, uma senhora que estava ao meu lado me olhou como se eu fosse louca. — Rosa, que nojo, entendeu? — gesticulei para ela, apontando para meu cardigan, vestido e sapatos.

A senhora olhou para a porta do elevador e ficou imóvel, enquanto eu tentava não rir de sua cara de assustada. Quando o elevador enfim parou no primeiro andar ela saiu correndo e olhando para trás, como se eu estivesse perseguindo-a. Francamente, esses Japoneses!
Segui rindo em direção ao restaurante e, quando cheguei lá, fiquei na ponta dos pés para procurar o pessoal, rapidamente avistei a cabeleira de Harry, ele era o mais alto ali, então segui em direção a ele.
Lenna me viu chegar e abriu um gigantesco sorriso ao ver minha roupa.

— Sem comentários, por favor — pedi já irritada, ela fingiu não me ouvir.
— Awn, mas que linda, está tão girlie, que fofa, que tal uma fita cor-de-rosa para amarrar em seu cabelo? Vai ficar mais linda ainda — guinchou Lenna, sua voz mais doce e enjoativa que o normal, o pessoal riu quando eu revirei os olhos, enojada.
— Eu disse: sem comentários! — resmunguei impaciente e me sentei entre Liam e Gemma.
— Está mal-humorada hoje? — Liam perguntou ao passar o braço ao redor dos meus ombros.
— É, parece que uma certa pessoa não me deixou dormir o suficiente — reclamei fuzilando Lenna com os olhos —, sem falar na dor de cabeça que estou sentindo.
— Quer um remédio? Isso deve ser ressaca, consequência da grande quantidade de vinho e champanhe que você bebeu ontem — murmurou Louis, já levantando a mão para chamar o garçom.
— Obrigada, você é muito atencioso, Louis — murmurei e forcei um sorriso simpático, ele riu.

Quando o garçom se aproximou, Louis o pediu para trazer comprimidos para dor de cabeça, um copo de água gelada, torradas com geleia de morango, suco de manga — o meu favorito —, café preto e pão francês fresco; o garçom assentiu e se retirou rapidamente, Louis me encarou inocentemente e eu ergui uma sobrancelha.

— Como sabe o que gosto de comer no café? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
— Nós convivemos com você há 5 anos, acho que todos sabemos o que você gosta de comer no café, no almoço, na hora do chá e até mesmo no jantar — falou Louis, em um tom meio sarcástico e divertido.
— Não gosta de chá, somente de café preto, talvez com um pouco de leite. Você é obcecada por cafeína — murmurou Zayn, eu o encarei cética, em parte por ele ter acertado em cheio. — E toma de vez em quando chá preto, só para não perder o costume britânico.
— Odeia culinária japonesa, chinesa, ou o que quer que tenha frutos do mar, principalmente crus — continuou Niall e abriu um sorrisinho orgulhoso.
— Você adora beber, mas, quando pode, evita cerveja e opta por vinho, você acha o gosto da cerveja muito amargo — disse Harry, eu assenti lentamente, contente por eles me conhecerem tão bem.
— E você adora doces, principalmente chocolate, você poderia viver comendo chocolate vinte e quatro horas por dia, mas tem medo de engordar, sendo que isso é quase impossível, sua genética é ruim demais pra te permitir engordar — finalizou Liam, eu estava de olhos levemente arregalados e marejados, é comovente ver o quanto eles me conhecem.
— E... — falou Gemma, chamando a atenção de todos. — Agora o Sr. Charlie Bernardini a conhece muito bem, porque ele está ouvindo tudo — Gemma mostrou o celular com a chamada rolando, ela colocou no viva-voz. — Então, Charlie, anotou tudo?
— Anotei sim, agora eu sei o que minha garota gosta de comer — ele murmurou e percebi o quão sonolento ele estava.
— Charlie, são três e meia da manhã em Londres, por que está acordado? — perguntei preocupada.
— Em parte porque Gemma me acordou e em parte porque eu comecei a ouvir e queria saber mais de você — ele murmurou e eu encarei o celular atônita.
— Gemma, você não presta, deixe-o dormir! — sibilei tentando conter a emoção.
— Não se preocupe com isso, querida. Eu estarei de pé antes de você chegar aqui, eu prometo — ele falou em um tom tranquilo e sereno, meu coração deu um salto.
— Antes que desligue — falou Liam em direção ao celular de Gemma. — Aqui é o Liam, irmão da Ava. Eu gostaria de te convidar para ir ver o nosso show no próximo fim de semana com a Ava, será na Tailândia. Na verdade, eu quero é te conhecer. Nossos pais estarão lá e nós poderíamos almoçar para nos conhecermos, se você estiver disponível, é claro — tagarelou Liam e eu o encarei estupefata, ele deu de ombros inocentemente. — O Peter pode ir também, ele é um cara legal.
— Ah, vai ser legal! Eu vou, quer dizer, nós vamos, com certeza — concordou Charlie, não senti nada anormal em sua voz, então decidi que estava tudo bem.
— Ótimo, depois acertamos tudo então — falei rapidamente, antes que Liam falasse mais alguma coisa. — Acho que é melhor você voltar a dormir, descanse bastante, ok? Até à noite, baby — continuei, porém com a voz mais suave e afável, pude ouvir o sorriso dele entranhando em sua voz.
— Obrigado, até mais tarde, querida. Tchau pessoal.
— Tchau — responderam todos em coro, menos uma pessoa, que revirava os olhos e parecia ter comido algo com um gosto muito ruim, Niall estava com um tom de pele levemente esverdeado e parecia muito bravo.

O garçom chegou com os pedidos de Louis antes que alguém pudesse comentar algo sobre Charlie, mas quando ele se retirou, toda a atenção dos rapazes caiu sobre mim.
Eu me encolhi, visivelmente incomodada com tamanha atenção, mas todos continuaram me encarando, Gemma se encolheu ao meu lado, mas foi para rir, assim como Lenna.

— O que foi, gente? — sussurrei constrangida, então bebi um longo gole da minha caneca de café, em parte para me esconder atrás da caneca, em parte para umedecer a minha garganta seca.
— Vamos querer conhecê-lo — alertou Harry.
— Eu não os culpo por isso — concordei com um aceno de cabeça.
— Ele é o seu chefe? Irmão do Peter? Bem, parece um cara legal — Zayn deu de ombros.
— Tá brincando? O cara pode ser um marginal, vocês nem o conhecem, parem de tirar conclusões precipitadas — gritou Niall inconformado, a única reação geral foram sorrisos maliciosos.
— Isso é ciúme? — provocou Louis.
— É claro que não! — vociferou Niall.
— Então cale-se se não têm nada de útil a dizer — reclamou Liam.
— Arr... Que se foda, então — resmungou Niall e se levantou tempestuosamente, em seguida deixou o restaurante, mas levou consigo seu copo de suco e dois sanduíches de peito de peru.
— Bem, pelo menos ele não é do tipo que perde a fome — murmurou Perrie, deixando o clima mais leve ao fazer todos rirem.


           DEPOIS DO café da manhã, todos nós subimos para o quarto de Liam e conversamos um pouco, Niall apareceu vinte minutos depois e continuava emburrado.
Faltando 20 minutos para às nove, as meninas e eu começamos a nos arrumar e partimos para o aeroporto, nos despedimos dos rapazes no hotel mesmo, pois ficaria muito tumultuado se eles fossem nos deixar no aeroporto. 
Eu consegui até dar um abraço rápido em Niall, ele pareceu desolado quando eu não lhe dei muito papo, mas eu precisava fazer aquilo para ele perceber que eu não gostei do que ele me fez. Em um dia faz juras de amor a mim, no outro aparece com uma biscate qualquer, tenha dó!
Chegamos no aeroporto faltando 5 minutos para a saída do avião, nós não precisávamos despachar malas, o que ajudou muito, e conseguimos correr o suficiente para não nos atrasarmos.
Assim que sentei em minha poltrona, eu tive que esperar os procedimentos padrões, depois que já estávamos no céu e eu já pude tirar o cinto de segurança, eu rapidamente abri a minha poltrona, transformando-a numa cama, coloquei os fones de ouvido e dormir metade da viajem, acordando apenas para comer e ir ao banheiro, então voltei a dormir pelo resto da viajem. Lenna me acordou meia hora antes de pousarmos, o que me deu chance de ir ao banheiro, tomar um belo banho e me arrumar para sair com Charlie e as garotas. Por sorte na minha mochila eu havia colocado roupas para sair, como não usei no Japão, coloquei-as para sair com o pessoal.
Sentei-me em minha poltrona no exato instante em que o piloto anunciou pelos auto-falantes que chegamos a Londres e que poderíamos colocar os cintos para pousarmos, abotoei meu cinto e arrumei meus pertences enquanto sentia o avião inclinar.
Depois de 15 minutos entediantes que levamos para sair de dentro da aeronave, Gemma, Lenna e eu suspiramos aliviadas ao sair pela porta de desembarque, as primeiras pessoas que entraram em meu campo de visão foram Charlie, Peter e um desconhecido ao lado deles, um desconhecido muito bonito, por sinal. A medida que nos aproximamos dos rapazes eu pude perceber algumas semelhanças entre os rapazes e o desconhecido, exceto pelos olhos, os olhos do rapaz eram claríssimos.

— Ei, olá, minha linda — cumprimentou Charlie, desviei meu olhar do desconhecido e me joguei nos braços de Charlie, que me abraçou apertado. 
— Olá, Charlie, senti sua falta — murmurei e lhe dei um beijo demorado, ele sorriu.
— Eu também senti a sua. — ele disse, então olhou para os outros e, sem me soltar, disse a eles — Garotas, esse é o nosso primo, Ryan Clayton. Ryan, essas são Gemma, Lenna, e, a minha suposta namorada, Ava Payne — Charlie olhou para mim e ergueu uma sobrancelha, mas ele parecia divertido com isso.
— Você viu algo a respeito? — perguntei envergonhada, ele riu.
— Se eu vi? Só uns 5 jornalistas me encontraram desde que você falou sobre mim no Red Carpet do evento beneficente — ele contou, com um lindo sorriso indulgente dançando em seus lábios, eu fiz uma careta.
— Me desculpe, eu não falei o seu nome, não sei como o encontraram — murmurei levemente irritada.
— Não se preocupe, está tudo bem. Além do mais, irei conhecer sua família na semana que vem, sem pressão, não é? — ele brincou, Peter riu e eu também.
— Vamos logo, antes que Ava procure um buraco onde enfiar a cabeça — falou Lenna, rindo da minha cara, que idiota...

Charlie me deu um beijo na bochecha e entrelaçou nossos dedos, então nós seguimos o pessoal por entre as muitas pessoas que andavam apressadas pelo aeroporto, na saída tivemos alguns problemas com dois fotógrafos, mas conseguimos chegar ao carro de Charlie.
Depois de algum tempo de conversa, enfim decidimos ir a um bar perto de onde Peter e eu moramos, o bar é simples, também serve como lanchonete e restaurante, mas a partir das 10 da noite é conhecido por bar. 
No bar nós encontramos uma mesa vazia e a ocupamos, o garçom cuidou para manter nossas mãos sempre com garrafas de Heineken cheias e nossa noite se foi assim. Conversamos, rimos, brincamos; as meninas e eu contamos sobre o baile, os rapazes comentaram sobre o fim de semana chato deles e, pela primeira vez desde que conheço 'a banda One Direction', eu me senti normal. 
Ali estava um novo círculo de amizades longe dos rapazes, por um lado me senti triste por eles não estarem ali comigo, rindo e brincando, mas por outro lado eu me senti livre e independente, senti que possuía uma vida além dos cinco caras que eu conheço a quase 6 anos, fora o meu irmão, que eu conheço a vida inteira.
Eu percebi que podia sim me divertir sem eles, que podia me apaixonar e conhecer novas pessoas, que minha vida não estava restringida apenas a eles. Mas nunca me disseram o contrário, eu sempre induzi a mim mesma a ficar com eles, a rir com eles, a me apaixonar por um deles... Esse foi o meu erro, achar que na minha vida só havia espaço para aqueles cinco caras.
Eu parei por um segundo e olhei para os três novos caras que entraram tão de repente na minha vida; Peter havia sido o primeiro, me conquistou apenas com um dança. Seu carisma, sua simpatia e sua generosidade fizeram eu me apaixonar imediatamente por ele, agora ele é como um irmão pra mim. E Charlie, bem, no começo eu tinha ficado insegura com ele, achava que ele não era um cara legal, digamos que eu me enganei muito. Agora eu sinto que ele tem potencial para ser realmente meu namorado, ele está me conquistando aos poucos e eu gosto disso, gosto do fato dele me fazer esquecer o Niall quando estamos juntos. Acho que esses Bernardini's foram feitos para mim. Sem falar no Ryan, conheço ele há poucas horas, mas é evidente que ele é divertido e carismático como os primos, sem falar que Lenna gosta dele, o que já um grande passo.

— Tudo bem, amor? — perguntou Charlie, tirando-me de meus devaneios.
— Sim, sim. Tudo bem — murmurei, notando que estava olhando fixamente para Peter, que estava sentado à minha frente.
— Está cansada? Podemos ir embora, já está tarde — ele falou olhando no relógio de pulso.
— É, amanhã acordamos cedo, mas eu não quero estragar a diversão de ninguém — falei vendo os casais conversarem entusiasmados.
— Ah, não se preocupe, eles pegam um táxi depois — disse Charlie, Peter olhou-nos tempo o suficiente para concordar com um aceno de cabeça, então voltou sua atenção para Gemma.
— Então vamos, ou vou passar a semana inteira com sono — falei já me pondo de pé.

Nos despedimos do pessoal, Charlie deixou algumas notas de libras com Peter para pagar nossas cervejas e então voltamos para o carro dele.
Foram curtos 5 minutos até o apartamento que divido com Pete, Charlie concordou em entrar para que eu não ficasse sozinha, e nós ficamos na sala assistindo filme até altas horas da madrugada, mas nos pegamos mais do que assistimos.
Quando Peter chegou com Gemma, por volta das 5 da madrugada, nós ainda estávamos no sofá, mas Charlie já dormia profundamente e eu estava divagando entre o sono e a realidade, então preferi acreditar que Peter e Gemma estavam se pegando em meu sonho, porque foi uma cena explícita demais para que eu quisesse acreditar ser real.


        A SEMANA foi longa, a minha rotina se repetiu como na anterior, e percebi que se repetiria até que eu mudasse o roteiro, trabalhei com Charlie de dia e, à noite, nós ficamos em casa. Mas, na terça-feira, ele me levou para jantar, esse foi o nosso primeiro encontro. Foi um jantar romântico e típico de um primeiro encontro, depois do jantar nós passeamos pelo Saint James Park, no fim da noite ele me deixou em casa e foi para a própria, foi o único dia da semana em que ele não dormiu comigo. Na quarta-feira ele chegou um pouco mais tarde lá em casa, ficara supervisionando a obra da cafeteria e estava tão empolgado que perdera a hora. Na quinta assistimos filmes com Peter, Ryan, Gemma e Lenna. Na sexta trabalhamos o dia inteiro e à noite marcamos de nos encontrar no aeroporto para viajar até a Tailândia, onde encontraríamos os rapazes, no sábado almoçaríamos com os meus pais e assistiríamos ao show dos rapazes à noite. Eu estava mais nervosa que o Charlie.
Gemma, Lenna e Peter viajaram conosco, nós desembarcamos na Tailândia de madrugada. No aeroporto havia um segurança à nossa espera. Preston é o substituto do Paul  que era o meu segurança favorito, mas ele decidiu se aposentar —, desde então ele vem sendo o meu novo favorito, ele é legal e é o que mais interage comigo.

— Prest, como estão os garotos? — perguntei quando todos já estávamos acomodados dentro do carro e seguíamos para o hotel.
— Ah, muito bem, querida. Eles estão animados com o recesso que vão ter depois desses shows aqui na Tailândia, Harry pretende passar algumas das três semanas em Los Angeles, enquanto Louis, Liam, Niall e Zayn só querem voltar à Londres e descansar — ele contou sem me olhar, pois estava dirigindo. Gemma revirou os olhos ao ouvir a parte do irmão.
— Ele só vive em Los Angeles agora, nem parece que tem família em Londres — resmungou ela.
— Meus pais já chegaram? — perguntei, ignorando o mini ataque de Gemma.
— Sim, seus pais e sua irmã Nicola. Ruth não pôde vir — disse Preston. — Niall também está com visitas essa semana — ele murmurou e olhou pelo retrovisor para conseguir me ver, arregalei os olhos subitamente, mas Charlie inclinou a cabeça para ver minha reação e eu tive que tentar parecer normal.
— Ah, é? Quem estará conosco, então? — perguntou Gemma, notando que eu não faria a pergunta premiada.
— A tal Melissa Whitelaw, parece que, o que quer que esteja rolando entre eles, está sério. Ela está aqui desde quarta-feira e parece que vai ficar até a próxima quarta — falou Preston, revirando os olhos em seguida.
— Ah, que ótimo — murmurei sentindo a irritação me abater, Charlie franziu a testa para mim, mas eu deitei minha cabeça em seu ombro e entrelacei seus dedos nos meus, isso pareceu distraí-lo, pois ele levou minha mão à boca e beijou meus dedos.
— Mas então, rapaz, dê-me um bom motivo pra gostar de você — falou Preston para Charlie, ele era o único acordado, Peter ressonava baixinho junto a Lenna.
— Ah... Eu... — gaguejou Charlie, apertei sua mão levemente e ele riu. — Bom, eu faço a Ava feliz, eu acho...
— Sim, ele faz! — concordei, Preston riu.
— Já tem um ponto a seu favor — Prest falou a Charlie, ele sorriu.
— É, talvez — murmurou Charlie e me deu um beijo na testa.

Chegando ao hotel, Preston nos levou aos nossos quartos e contou que Liam fez questão de reservar um quarto para Charlie bem distante do meu, Lenna desapareceu no próprio quarto, Gemma e Peter também, cada um em um quarto separado, e eu fiquei no corredor com Preston e Charlie.

— Preston, você não vai checar se a Lenna já dormiu? — perguntei sutilmente, ele riu e sumiu pelo corredor, deixando Charlie e eu sozinhos no corredor.
— Bom, estamos sozinhos agora... — murmurou Charlie, olhando em volta.
— Sim, eu acho que precisamos dormir, os rapazes vão me acordar cedo amanhã, o que consequentemente me fará acordar você também — murmurei envolvendo seu pescoço com meus braços, ele abraçou minha cintura e beijou meu pescoço.
— Sim, caramba. Não quero dormir sem você, mas tenho que dar uma boa impressão pro seu irmão — ele murmurou, ainda beijando e mordiscando o meu pescoço, fechei meus olhos e suspirei.
— Eu concordo, então só me beije e vá pro seu quarto — pedi —, antes que Preston volte.
— Seu pedido é uma ordem, querida.

Charlie me encostou na parede e me beijou, seus lábios grudaram aos meus suavemente, sua língua tocou o canto da minha boca e eu entreabri os lábios, permitindo que ele aprofundasse o beijo. O toque suave e amável do começo se transformou em algo cálido e sensual quando suas mãos puxaram minha cintura para mais perto de si, acariciei sua nuca e puxei levemente seus cabelos macios, enquanto sua língua acariciava a minha rápida e sofregamente, como se necessitasse de mim a qualquer custo.



— Certo, vocês já podem desaparecer agora, antes que eu seja obrigado a acordar um certo cara, chamado Liam Payne — avisou Preston brincalhão, Charlie riu entre o beijo.
— Tudo bem já nos separamos — disse Charlie ao me soltar.
— Ótimo, vão dormir — ordenou Preston.
— Bom noite, rapazes — murmurei ao entrar no quarto, eles acenaram.

Joguei minha mochila em cima da cama e tirei minha camiseta, peguei um robe de seda lilás de dentro da mochila e o vesti, em seguida tirei minha calça, dobrei as roupas e as coloquei em cima de uma poltrona. Joguei-me na enorme cama, me enrolei e rapidamente adormeci.


♫♫♫

Como eu disse a Charlie ontem à noite, eu fui acordada logo cedo por Liam, ele pulou ao meu lado na cama e me abraçou, em seguida me fez cócegas até que eu estivesse acordada e irritada.

— Merda Liam, cócegas não é engraçado, é irritante, e eu vou chutar a sua cara — reclamei me cobrindo com o cobertor, ele riu e tirou o cobertor da minha cara.
— Vamos lá, maninha, já passa das 9 da manhã. Você já dormiu o suficiente, porquê não se arruma e vai acordar o seu namorado? Eu estou realmente a fim de conhecê-lo — disse Liam, eu o encarei inexpressiva, então suspirei e assenti.
— Tudo bem, mas ele ainda não é meu namorado, estamos saindo, só isso — murmurei exausta, Liam assentiu, embora estivesse com uma expressão sarcástica e duvidosa no rosto. — Niall trouxe a tal Australiana?
— Sim, ela está aqui há três dias. É uma garota legal. Mas eu acho que ele só a trouxe porque você iria trazer o Charlie, sabe... — confessou Liam, revirei os olhos e me levantei.
— Tanto faz. Eu vou me arrumar agora, desço em meia hora — avisei já seguindo pro banheiro.
— Tá legal, até mais.

Liam levantou-se em um salto e desapareceu, eu entrei no banheiro, despi-me e entrei embaixo da água morna do chuveiro. Depois de alguns minutos eu já estava seca e quase pronta.
Alguém bateu na porta e eu fui abri-la enquanto ainda penteava o cabelo. Era Charlie. Ele estava lindo e parecia feliz.

— Bom dia, flor do dia — ele me cumprimentou e me roubou um beijo rápido, me fazendo sorrir.
— Bom dia, meu anjo.

Deixei a porta aberta e voltei para a frente do espelho, ele me seguiu e se sentou na cama enquanto me assistia.

— Eu acho que esse vestido está muito curto, mas você está muito linda — falou Charlie, sorri contente pelo elogio e lhe mandei um beijo pelo espelho.
— Obrigada. Eu gosto desse tempo ensolarado, é bom deixar as pernas de fora de vez em quando, mas eu prefiro o frio de Londres — murmurei enquanto passava lápis de olho.
— Eu também prefiro o frio, apesar de gostar muito de ver suas belas pernas — ele comentou malicioso e acariciou minha perna, dei-lhe um tapinha brincalhão na mão e ele riu.

Quando enfim saímos do meu quarto nós encontramos Louis no corredor, ele estava acompanhando Lenna até o elevador, nos juntamos a eles e eu apresentei ele a Charlie.

— Louis, esse é Charlie — apresentei-os, Lenna sorriu e apertou o botão do primeiro andar.
— Ah, então você é o famoso Charlie, prazer em te conhecer, cara — eles apertaram as mãos e Louis sorriu.
— Eu sou famoso? Bem, não tanto quanto você, não é? — brincou Charlie, isso com certeza ajudou ele a subir no conceito de Louis. Ele tem o dom de usar as palavras certas nas horas certas.
— É, vamos lá. Você tem mais quatro caras pra bajular — brincou Louis saindo do elevador.








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Um Amor Real

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