sábado, 6 de setembro de 2014


"Nós não podemos parar o mundo
Mas existe muito mais que nós podemos fazer
Você não pode impedir essa garota
De se apaixonar ainda mais por você..."
- Stop The World (Demi Lovato)






— Qual seu nome? — perguntei de repente e ele franziu a testa.
— Você sabe meu nome, é Ansel — respondeu sorridente.
— Não, seu nome completo, preciso te conhecer direito antes de parar pra tomar café — murmurei, brincando com o pacotinho de açúcar, então só ouvi a risada de Ansel.
— Claro, porque café é muito mais perigoso que um simples drink, não é? — ri e ele assentiu com a cabeça. — Me chamo Ansel James, tenho 25 anos e já sou formado, tanto no ensino médio quanto na faculdade de Administração, não sei meu tipo sanguíneo e se quiser posso te fornecer uma cópia da minha certidão de nascimento e ficha criminal — brincou e eu ri mais ainda.
— Você tem ficha criminal? — perguntei divertida.
— É claro, persegui uma garota, depois de duas semanas passei a chamá-la de minha namorada — falou e fixou seus olhos nos meus. — Mas terminamos, ela queria ir pra Ibiza e meu lugar é aqui em Londres — continuou e o clima de repente ficou tenso. — Agora é você, já fiz um resumo da minha vida, agora é sua vez — falou e jogou um saquinho de açúcar em meu rosto, ambos rimos.
— Bom, me chamo Evie Grey, como você já sabe, tenho 18 anos e meu irmão é famoso, mas isso não importa, meu pai se casou há  sete anos com a mãe dele e desde então eu tenho uma família grande, alegre e unida. Também não sei meu tipo sanguíneo e não tenho ficha criminal, mas tenho uma carteirinha de estudante, acho que ainda funciona, já que terminei o colegial há menos de três meses — respondi e ele riu.
— Menina comportada e direita, acho que acabei de me meter em uma encrenca.
— Por quê? — perguntei indiferente, ele me lançou outro olhar sexy.
— Porque eu geralmente me dou mal quando me envolvo com garotas boazinhas — respondeu, me fazendo rir.
— Se envolver? Estamos nos envolvendo? Eu pensei que você só estivesse me seguindo, não estava levando isso a sério — desdenhei e ele riu.
— A parte de te seguir quer dizer que sim, estou a fim de me envolver com você.
— Ótimo, acho que podemos resolver essa questão, tem algo em mente?
— Que acha de sair comigo? — perguntou de repente, me fazendo engasgar com minha própria saliva.

Pensei um pouco no seu pedido, mas antes que eu pudesse responder a voz de Gemma atravessou a cafeteria me fazendo olhar para a mesa onde as garotas estavam, me levantei rapidamente, a fim de encontrá-las, mas Ansel se levantou junto comigo e segurou minha mão, me impedindo de ir.

— Você não respondeu — cobrou, ainda me segurando.
— Sair com você? Claro, por que não? Vai ser ótimo — respondi nervosa, mas não sei o motivo.
— Amanhã à noite?
— Sim, com certeza, tenho certeza de que você vai me encontrar — brinquei e pisquei para ele, que riu em resposta.
— Com certeza encontro, amanhã à noite, às sete.
— Às sete — repeti e ele me soltou. — Nos vemos às sete.

Dei um breve aceno para ele e me apressei para voltar à mesa onde as meninas estavam me esperando, me sentei novamente ao lado de Gemma e sorri para todas elas.

— Quem é? — perguntou Gemma, olhando sorrateiramente para a mesa onde Ansel estava, agora ele está falando com um garçom.
— Ansel James — falei, lhe lançando um olhar misterioso e ela riu.
— Ah, sim, claro, Ansel — concordou ela, se lembrando do breve relatório da noite passada, no que, por acaso, Ansel estava envolvido.
— Já resolveram o que fazer? — perguntei, desviando a atenção das garotas para mim.
— Ah, sim, claro — respondeu Amy. — Gem prometeu manter o bom humor se nós a livrarmos mais cedo do jantar.
— Perfeito e quando vai ser o jantar?
— Os rapazes ainda vão marcar, vamos voltar pra casa do Harry, onde os garotos estão, e vamos resolver o horário e o dia — explicou Lea.
— Então vamos — declarou Becka e todas nós nos levantamos.

Antes de sair do Starbucks eu dei uma olhada na mesa aonde Ansel estava, ele levantou a mão e acenou para mim, acenei de volta e corri para alcançar as garotas.
Gemma engatou seu braço no meu e fomos andando pela calçada atrás das meninas, todas conversando sem parar e rindo, acho que podemos nos tornar boas amigas, elas são legais.
Gemma digitou o código no portão e então pudemos entrar, Gemma e eu fomos à frente e as garotas nos seguiram, entrando em casa eu já pude ouvir as risadas e a conversa dos rapazes, me soltei de Gemma e me sentei no sofá ao lado de Zayn, as meninas cumprimentaram os namorados e me senti um pouco deslocada, principalmente quando vi Niall e Amy, Zayn me olhou de soslaio e colocou a mão no meu joelho, olhei para ele e esbocei um sorriso deprimente, ele franziu a testa e riu.

— Tudo bem? — perguntou, aparentemente preocupado.
— Eu sabia que ele tinha namorada, se é o que está querendo saber — respondi indiferente e ele riu.
— Ele te contou hoje de manhã?
— Sim, o filho da mãe me fez perder o sono — bufei irritada e Zayn riu novamente, ele é bem risonho, mais que eu.
— Ele devia estar se sentindo culpado — tentou, mas eu ri desdenhosa, culpado? Ele deve estar mais ainda então.
— Preciso de uma bebida — falei me levantando e Zayn me seguiu até a cozinha.
— Bebida? Não é cedo demais?
— Não. Se eu quiser sobreviver a esses casais na sala eu terei de ter ao menos um copo de whisky na mão — falei, pegando um copo no armário e a Jhonny Walker na geladeira, Zayn segurou a garrafa antes que eu despejasse o liquido no copo.
— É cedo demais, Vee.
— Me acompanha? — perguntei docemente e pisquei meus cílios para ele.
— Vou me arrepender, sei disso — respondeu sorridente.

Zayn pegou outro copo no armário e despejou o whisky nos dois copos, me sentei na ponta da mesa e virei meu copo, bebendo todo o whisky, o líquido desceu rasgando pela minha garganta e espremi meus olhos, fazendo uma careta, só pude ouvir a risada de Zayn.
Quando enfim abri meus olhos o Zayn já havia bebido o seu whisky e me ofereceu mais, estiquei meu copo e ele encheu até a metade, desta vez bebi um gole pequeno e mantive meus olhos no Zayn, que estava parado na minha frente, ele virou o copo e espremeu os olhos quando o líquido desceu pela sua garganta.
Comecei a sentir minha cabeça girar quando a garrafa estava pela metade, já havia tomado uns cinco copos, Zayn havia tomado seis, mas a garrafa ainda estava pela metade e Zayn e eu não queremos deixá-la pela metade, bebê-la toda parece um bom negócio, olhei para Zayn, me senti meio grogue e minha cabeça girou, escutei o barulho do seu copo se chocar contra a mesa e senti o vento bater em meu rosto, caí no ombro de Zayn, estava macio e parecia um bom lugar para dormir, ele não parecia estar alterado ou bêbado, mas eu sou fraca para bebidas.

— Menina, se não aguenta para que bebe? — perguntou divertido e eu levei minha mão até seu rosto, acariciei sua barba por fazer e virei minha cabeça para olhá-lo, ele estava sorrindo e se divertindo com meu estado.
— Tem um gosto bom — respondi grogue, ele riu novamente. — Sua boca também tem um gosto bom? — perguntei, olhando fixamente para sua boca, estava vermelhinha e ele acabara de mordê-la.
— Eu não sei, deve estar com gosto de uísque, eu nunca me beijei para saber — brincou e passou um braço em volta da minha cintura, me impedindo de cair. — Eu acho que é melhor te levar para o quarto antes que alguém te veja nesse estado.
— Você não está bêbado, por que você não está bêbado? — perguntei, me divertindo ao vê-lo me pegar no colo, repousei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos, ele é forte e não está bêbado, ele aguenta beber, eu não.
— Não estou bêbado porque eu sei beber, você não — respondeu docemente, sua voz quase me fez adormecer de tão suave.
— Sua voz é bonita, ela me faz querer dormir — murmurei contra seu pescoço, aproveitando a proximidade eu o beijei, seu pescoço é macio.
— Não é minha voz que te faz querer dormir, é a bebida. Você fica tão dócil quando bebe, acho que vou te embebedar mais vezes — murmurou e eu olhei em volta, estamos subindo as escadas.
— Estou sempre disponível, Sr. Malik. Pare de morder o lábio, eles parecem macios e me dão vontade de morder também — sussurrei, vendo seus dentes pressionar seu lábio, minha boca e minha mente não conseguem funcionar direito, então estou dizendo tudo o que me vem à cabeça.
— Harry me mataria se soubesse que embebedei a irmã dele — murmurou e olhou para mim, seus olhos cintilaram e um sorriso nasceu no canto de sua boca vermelha e macia.
— Harry não está nos vendo agora, então você ainda tem alguns minutos de vida.
— Poucos, mas ainda tenho — concordou e se contorceu para abrir a porta do meu quarto sem me colocar no chão.

Não falei mais nada, meu nariz estava tão perto de seu pescoço e eu pude sentir o seu cheiro — maravilhoso, é só o que tenho a dizer —, respirei fundo, memorizando seu cheiro e fechei meus olhos, minhas pálpebras estão pesadas e minha cabeça roda, seus braços são muito confortáveis, mas eu agradeci mentalmente quando senti o conforto da minha cama.
Zayn puxou o cobertor até meu queixo e eu o puxei para deitar ao meu lado, me virei de lado e puxei sua mão, de modo que ela contornou minha cintura e eu entrelacei nossos dedos, só quero ter algo seguro perto de mim até que eu adormeça.



Ele tem razão, eu fico muito dócil quando bebo, mas também fico carente e muito insegura, tê-lo perto de mim vai me ajudar a dormir mais rápido e assim o efeito do álcool vai diminuir, então quando eu acordar vou ter que lidar com a enxaqueca e a vergonha por quase atacá-lo.
Zayn apoiou a cabeça no meu ombro e suspirou, seu corpo colado ao meu estava me esquentando mais que o cobertor, sua mão na minha ainda estava me mantendo lúcida e seu suspiro próximo ao meu ouvido me fez acordar, mas logo minha mente lutou para descansar e deixar o álcool me abandonar, então eu fechei meus olhos e dormi...

||||

Pisquei repetidas vezes até me acostumar com a luz solar que invadia o quarto, praguejei baixinho ao notar a cortina aberta, me virei de lado e encontrei Zayn dormindo, rapidamente busquei em minha mente os últimos minutos antes que eu adormecesse.
Jonny Walker, bêbada, Zayn me carregando, meu flerte com o Zayn, meu Deus, eu flertei com o Zayn? Que vergonha.
Me levantei da cama lentamente, sem acordá-lo, e me direcionei até o banheiro, por incrível que pareça minha cabeça não está doendo, nada de ressaca, isso é algo inédito.
Tirei meu casaco e o pendurei no gancho de toalhas, lavei meu rosto com água gelada e retirei a pouca maquiagem que estava usando, meu hálito cheirava a álcool e nem eu mesma quero senti-lo, então coloquei pasta de dente na minha escova e escovei meus dentes, quando acabei voltei ao quarto e procurei o meu celular, estava em cima da mesinha de cabeceira.
A tela do meu celular piscava indicando algumas mensagens e várias ligações perdidas, o relógio digital marcava 5:45p.m., tão tarde assim? Dormi à tarde inteira? Eu deveria estar muito mal mesmo.
Me sentei na ponta da cama e cutuquei Zayn, ele resmungou algo inaudível e se virou para o outro lado, dorminhoco, o cutuquei novamente e em seguida o balancei, então ele acordou, me lançou um olhar cauteloso e bocejou.

— Que horas são? — perguntou finalmente.
— Quase seis da tarde, pode levantar? Estão nos procurando — murmurei, lendo as mensagens no meu celular.
— Como assim? Quem está nos procurando?
— Harry, os rapazes, as garotas, todos eles — respondi impaciente e Zayn se levantou.
— O que diz ai? — perguntou, tentando ler o sms.
“Onde diabos você e o Zayn se meteram?” — li o sms de Harry em voz alta. — Isso soa como um Harry bem zangado — murmurei pensativa e Zayn concordou.
— Sim, um Harry muito zangado, vamos descer.

Zayn abriu a porta do meu quarto e esperou que eu saísse, então ele saiu e fechou a porta atrás dele, seguimos lado a lado até a sala, mas só quem estava lá era a Amy e o Niall, ambos abraçados e conversando, enquanto assistiam a um filme na tevê.
Niall se virou para trás ao escutar nossos passos e rapidamente se levantou, vindo ao nosso encontro.

— Aonde vocês estavam? — perguntou bravo.
— Dormirmos, foi mal — desculpou-se Zayn, escondendo as mãos no bolso da calça jeans.
— Dormiram? Simplesmente dormiram? Todos estão preocupados com vocês dois e vocês simplesmente dormiram? — ele bufou indignado. — Ligue para o Harry, ele foi até o apartamento do Zayn ver se encontrava vocês — ordenou Niall a mim.
— Vou ligar no caminho — falei, caminhando em direção à porta.
— Aonde você vai? — guinchou Niall.
— Vou a algum lugar, não precisa se preocupar comigo.

Deixei-os dentro de casa e segui até o portão, quando me vi fora da propriedade de Harry eu caminhei na direção oposta a do Starbucks, me lembro de alguma coisa que eu goste nessa direção, mas não me lembro de que coisa é essa.
Disquei o número de Harry e ele atendeu no segundo toque.

— Mas que merda, onde você está? Por que você some do nada? — gritou aborrecido.
— Estou andando um pouco, pode ir para casa e ficar tranquilo, Zayn está lá com o Niall — murmurei, ignorando sua raiva.
— Ande vocês estavam? Pode me dizer? — tentou novamente.
— Estávamos dormindo no meu quarto, você procurou lá? — perguntei retoricamente, já sabendo sua resposta.
— Como dormindo?
— Dormindo, sonhando, roncando, contando carneirinhos e todas essas baboseiras ligadas a sono — desdenhei, perdendo a paciência.
— Tá, entendi, vou perguntar ao Zayn quando eu chegar, mas aonde você vai?
— Eu não sei, estou andando sem rumo, quando eu achar que é hora eu volto para casa, até mais Hazza.
— Tome cuidado, até mais.

Guardei o celular no bolso da minha saia e continuei andando, alguns comércios já estão fechando as portas, mas outros não, andei por mais umas duas quadras e então avistei o letreiro “Sunshine kids” , aquele lugar me chamou a atenção e então eu segui diretamente para lá.
Abri a porta e entrei, não havia recepção ou algo que pudesse me fornecer instruções, mas um moça cruzou meu caminho justo na hora em que eu entrei, ela sorriu para mim e educadamente me cumprimentou.

— Boa noite, deseja algo?
— Boa noite, na verdade... Bem, o letreiro me chamou a atenção, mas não sei o que realmente é aqui — murmurei constrangida e ela sorriu.
— Um orfanato, abrigamos crianças carentes e cuidamos delas para que pais adotivos possam encontrá-las aqui.
— Ah, sim — murmurei, olhando em volta. — Posso... Ah, conhecer o local?
— Claro, por favor me acompanhe — pediu e seguimos pelo corredor.

Ela começou a me explicar sobre as salas e a finalidade que elas possuíam, conheci todo o orfanato antes dela me levar ao refeitório, aonde as crianças estavam jantando, ela me apresentou algumas funcionárias e por fim nos sentamos junto de algumas crianças, me senti comovida pela história de algumas delas e rapidamente senti um enorme afeto por todas as 40 crianças que ali estavam.

— Eu gostei muito daqui — murmurei para Sophie, a funcionária que me apresentou o orfanato.
— Jura? É tão raro alguém que não esteja interessado em adotar entrar aqui, mas quando acontece é bom ver o quanto a pessoa se apaixona pelo lugar, pelas crianças — falou docemente acariciando os cabelos de uma menininha sentada ao seu lado.
— Vocês aceitam voluntários? — perguntei, ajudando o pequeno Geoff, de 5 anos, a comer sem se sujar.
— Sim, claro, mas temos tão poucos, atualmente o máximo que temos são 3 voluntários nos ajudando, só estamos mantendo o orfanato pela ajuda generosa de um morador, ele ajuda muito o orfanato — explicou.
— Eu quero ser voluntária, o que tenho que fazer? — perguntei animada e Sophie riu.
— Basta comparecer e ajudar, não precisa ser todo dia no mesmo horário, basta querer estar aqui e vai ser bem-vinda a qualquer hora.
— Vou ser voluntária, o que acha Geoff? — perguntei bagunçando os cabelos dele e o mesmo riu.
— Eeee — comemorou ele de boca cheia, Sophie e eu rimos.
— Quer me ajudar a colocá-los na cama?
— É claro — respondi animada e me levantei. — Até mais Geoff — falei lhe beijando a cabeça e seguindo Sophie.

Um sinal tocou e as crianças se levantaram, aguardei ao lado da porta de saída junto de Sophie e vi cerca de 40 crianças desde os 2 anos de idade até os 10, 12 anos, passarem por mim, logo depois que todas as crianças seguiram junto de outras inspetoras Sophie me levou ao berçário, a área reservada em que ela trabalha e onde vou ajudá-la.
O berçário era o local mais silencioso de todo o orfanato, o silêncio só era quebrado pelos poucos choros de bebê que me fizeram lacrimejar, adoro crianças.
Sophie me explicou tudo o que ela faz no berçário, me apresentou os 4 bebês, Mel, Hank, Fred e Leslie, não tem como esquecer seus nomes, já que todos têm pulseiras nomeadas.
Leslie é a mais nova dos quatro bebês, ela tem apenas 1 mês e foi deixada na portaria do orfanato há pouco mais de 2 semanas.
Me aproximei do bercinho de Les e a olhei atentamente, tão pequena, tão linda, é a bebê mais bonita que já vi, com um olhar inocente e tão frágil, senti vontade de pegá-la nos braços e jamais soltá-la novamente.


— Leslie — chamei baixinho, memorizando seu nome.
— Nome bonito, não é? Foi escolhido pelo nosso bem feitor, Les é a princesinha dele.
— Como assim? — perguntei olhando para Sophie e ela sorriu ternamente.
— O rapaz que ajuda o orfanato vem aqui duas vezes por semana, ele faz trabalho voluntário e ajuda e cuidar das crianças junto conosco, quando Leslie foi deixada no orfanato ele estava aqui e foi um dos primeiros a segurar a Les, ele lhe deu o nome e desde então ele vem aqui quase diariamente para cuidar dela e ficar com ela, é realmente muito bonito o que ele faz por essas crianças e é evidente a afinidade que ele desenvolveu por Leslie, acho que se ele não fosse tão novo ele a adotaria — explicou, acariciando a face pequena e rosada de Leslie.
— Qual o nome dele? Do rapaz?
— Eu não sei ao certo, mas ele não parece ser britânico, eu o vejo raramente, eu só o vejo quando ele vem ao berçário no meu turno, é tão adorável o quanto ele é carinhoso com Leslie, ele a trata como uma princesinha e é o que ela é, não é Les? — brincou, chamando a atenção de Leslie.
— Ela é tão adorável — murmurei, apaixonada pela bebê.
— Sim, ela é.
— Posso segurá-la? — perguntei, encarando Sophie com expectativa.
— É claro que pode.

Sophie retirou Leslie do bercinho e a colocou cuidadosamente em meus braços, ela é tão pequena, tão molinha e frágil, sinto como se estivesse segurando uma boneca de porcelana nos braços.
Sophie se afastou para ninar Hank, o outro bebê que acabara de chorar, e me deixou sozinha com Les, movi meu corpo de um lado para o outro e cantei uma canção de ninar para Leslie, ela balançou as mãozinhas e coçou os olhinhos, então, vagarosamente, ela foi fechando os olhinhos e adormecendo nos meus braços.
É impossível acreditar que alguém tenha tido coragem de abandonar uma criança tão adorável e pequena, pensar em alguém tão irresponsável a ponto de largar um bebê na porta de algum lugar, como se a criança fosse capaz de cuidar de si mesma, dá vontade de matar esse alguém.
Segurei Leslie por mais um longo tempo, Sophie já havia acabado de colocar todos os bebês para dormir e tinha ido tomar café quando eu coloquei Les no bercinho novamente, fiquei olhando-a por um longo tempo, então tirei uma foto dela para mostrar a Harry e Gemma, me apaixonei por essa menina, disso não tenho dúvidas.
Sophie voltou 20 minutos depois e eu me despedi de Les, Sophie me levou de volta à porta da frente, já se passava das 9 da noite.

— Amanhã eu volto — falei ao me despedir de Sophie.
— Vou esperar, não se preocupe, Les ainda vai estar aqui quando você retornar — falou calma e sorridente.
— Obrigada, até mais.

Acenei para Sophie e segui pela rua pouco iluminada, andei mais duas quadras até parar em frente ao portão de casa, digitei o código no teclado e o portão se abriu, corri pelo gramado e entrei em casa ofegante, Harry e Gemma estavam na sala, acompanhados por Niall e Zayn, os demais já haviam ido embora, me sentei no sofá entre Harry e Gemma e procurei no meu celular a foto de Leslie.

— O que aconteceu? Pra que tanta animação? — perguntou Harry.
— Onde estava durante todo esse tempo? — perguntou Gemma.
— Eu estava em um orfanato, há duas quadras daqui — murmurei, procurando a foto, enfim a achei e Harry e Gem se inclinaram para vê-la.
— Que linda. Ah, meu Deus, que linda Vee, como se chama? — sussurrou Gemma encantada.
— Você não está pensando em adotar um bebê? Está Vee? — perguntou Harry.
— Não, a partir de hoje sou voluntária no orfanato e eu conheci essa menina linda, se chama Leslie e ela é tão adorável, ela tem apenas um mês de vida e é uma anjinha, vocês precisam conhecê-la — murmurei, admirando a foto.
— Como se chama o orfanato? — perguntou Zayn, se aproximando para ver a foto.
— Sunshine Kids — murmurei, Niall se engasgou e começou a tossir, mas ignorei ele e continuei a falar. — As crianças são tão educadas, adoráveis, mas Leslie é apaixonante, é a bebê mais linda que já vi.
— O que pretende com isso? — perguntou Harry intrigado.
— Nada, eu sou voluntária agora e pretendo visitar Leslie frequentemente, quero cuidar dela, eu quero estar presente e quero ajudá-la, vou arrumar um emprego e vou cuidar dela, eu quero e vou fazer isso — murmurei pensativa.
— Você é nova demais para adotá-la — interrompeu Harry.
— Eu sei, por isso não estou pensando em adoção, eu quero cuidar dela, mas por enquanto tenho que me contentar em visitá-la no orfanato.
— Eu quero ir nesse orfanato, talvez eu me torne voluntária também, eu adoro crianças — se empolgou Gemma.
— Você pode ir amanhã comigo, é meu primeiro dia e vou tentar ficar na área do berçário, para ficar mais tempo com Les.
— Qual os requisitos que eles cobram para uma adoção? — perguntou Harry.
— Ser maior de 24 anos, ser casado, ter um emprego bom, uma casa própria e tem que aguardar em uma lista de esperar, mas o orfanato é pequeno, então a lista de espera não é muito grande — murmurou Niall distraído e todos nós o encaramos.
— Como sabe? — perguntei, depois de um curto silêncio.
— Eu só sei — murmurou dando de ombros.
— Niall? — insisti querendo uma resposta e ele bufou.
— Já fui voluntário lá, conheço algumas das crianças e sou amigo da dona do orfanato, eu os ajudo de vez em quando — murmurou e desviou seu olhar para mim. — Eu conheço a Leslie e eu já tentei adotá-la, mas sou novo demais, não tenho uma esposa, se eu tivesse uma esposa ou fosse maior de 24 anos, com toda certeza eu teria adotado ela, mas não posso — continuou tristemente.
— Você é o rapaz que ajuda o orfanato, me falaram de você, mas eu não sabia que era você — falei assustada e Niall assentiu. — Você deu o nome a ela e você a visita frequentemente, não é? — perguntei surpresa e ele assentiu.
— Sim, quase todos os dias eu passo no mínimo 20 minutos com ela, sempre que posso eu estou lá, eu me apaixonei por ela desde a primeira vez que a peguei em meus braços e no fundo eu sei por que eu gosto tanto dela — respondeu e suspirou.
— Por quê? — perguntei, ainda o olhando fixamente.
— Porque ela me faz lembrar você, quando éramos pequenos você era tão amável e tão frágil, eu te apertava em meus braços e eu sentia que estava segurando o mundo inteiro, eu sentia que qualquer movimento brusco destruiria todo o seu mundo, o nosso mundo, você era pequena e cabia perfeitamente entre meus braços — ele parou apenas para respirar. — E quando estou segurando a Leslie e ela começa a chorar eu me lembro do última dia que te vi. Eu me lembro de você chorando abraçada a mim e me lembro do nosso mundo desabando, como se eu tivesse me inclinado e deixado você cair, mas na verdade foi o seu pai que nos deixou cair, aquele foi o pior dia da minha vida, foi o dia em que você me deixou e desapareceu, quando eu estou com a Leslie é como se eu tivesse uma parte de nós de volta, as últimas três semanas me fizeram sentir melhor em relação à sua partida, quando ela me olha com aqueles incríveis olhos azuis eu imagino que uma parte de você está comigo, mas agora você inteira está aqui e eu não posso, simplesmente não posso, me aproximar de você, é como se você tivesse criado uma barreira em sua mente que te proíbe de se lembrar de mim, que me deixa afastado de você. Eu me apeguei à Leslie, assim como me apeguei à lembrança que trago de nós dois — ele finalizou com um suspiro longo e cansado, meus olhos estavam fixos nele e minha cabeça estava rodando com tanta informação em tão pouco tempo.

Niall Horan, preciso me lembrar de você, por favor, preciso me lembrar.
Mas algo em minha cabeça não me permite me lembrar da minha vida antes de chegar à casa de Anne, ele tem razão, por algum motivo eu bloqueei essa lembrança, mas agora eu quero me lembrar, quero me lembrar dele e saber do que ele está falando.
Ele parece tão sincero ao dizer isso, eu me sinto tão tonta por não poder me lembrar dele, se eu gostava tanto assim dele, por que eu me esqueci disso? Por que não me lembrei dele quando o vi pela primeira vez?
Niall se levantou de repente e atravessou a sala, se ajoelhou na minha frente e nivelou nossos olhares, eu preciso me lembrar dos seus olhos, não é possível que eu tenha me esquecido de algo como seus olhos.

— Você não se lembra, não é? — perguntou tristemente.
— Eu quero muito me lembrar, mas... — lamentei.
— Por que você esqueceu? O que aconteceu? Por que se esqueceu de nós? — perguntou indignado e senti ódio de mim mesma por permitir-me esquecer disso.


Hey girls,
Quero agradecer pelos comentários anteriores,
mas também quero que saibam que eu sei que alguém comentou mais de duas vezes fingindo ser outra pessoa kkk
Eu percebo isso.
Mas obrigada mesmo assim, é muito bom ver vcs comentando.
Não tenho muito tempo, então, apenas obrigada
E eu amo vocês <3


9 comentários:

Sou como uma escritora, lanço o livro para ser comprado;
Vocês são os compradores e os comentários o pagamento u.u
Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3

Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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