quarta-feira, 15 de abril de 2015

"Ela não é bonita?
Verdadeiramente a melhor dos anjos
Cara, estou tão feliz
Estamos sendo abençoados
Eu não acredito no que Deus fez
Através de nós ele deu a vida a alguém
Mas ela não é adorável? Feita de amor..."
— Isn't She Lovely (Stevie Wonder)



Sentei-me no sofá da sala e tive um vislumbre rápido de Mavis se contorcendo ao meu lado e rindo, rindo por causa das cócegas que eu fazia-lhe em seus pés, como na última noite que passamos juntos.
Fechei os olhos com força e quando os abri novamente ela já não estava mais ao meu lado, isso tem se repetido diariamente, tem virado rotina vê-la ao meu lado em todos os cantos da casa.
Faz dois dias que eu trouxe Megan para casa, ela está com 15 dias de vida e conseguiu recuperar o peso e o tamanho de um bebê normal surpreendentemente rápido.
A doutora Clay, que veio acompanhando ela desde o começo, disse que foi um completo milagre ela ter nascido saudável e sem nenhum problema genético — ela sabia o quão próximos Mavis e eu éramos geneticamente —, mas eu não achava um milagre, em parte sim, claro. Mas principalmente, eu achei justo que, tirando a Mavis de mim, Ele me desse uma filha saudável, pra mim foi uma troca justa e acho que Mavis acharia o mesmo.
A babá eletrônica, que estava em cima da mesinha de centro, começou a emitir um chorinho fraco com interferência e eu corri para pegar a minha filha.
Anne e America, as vovós do ano, passam a maior parte do tempo no meu apartamento, cuidando de Megan e, consequentemente, de mim também. Eu fico feliz quando elas estão aqui, porque elas me ajudam com a Megan, já que eu ainda não sei tudo para ser um bom pai, além do mais, quando elas estão aqui eu não tenho alucinações.
Os rapazes também aparecem diariamente, mas o que mais fica aqui é o Chase, ele tem sido um ótimo amigo, ele e Mellie me ajudam muito.
Abri a porta lentamente e entrei no quarto de Megan, tive um vislumbre de Mavis ajeitando as cobertas do berço, como quando ela fazia quando estava decorando o quarto, olhei para o berço e tentei ignorar todo o resto. Megan mexia os bracinhos e chorava baixinho, mas parou de chorar quando eu a peguei no colo.

— Acordou princesinha? Mas você dorme muito pouco — murmurei com uma voz suave e brincalhona, ela piscou lentamente, ainda com sono.


— Vamos jogar vídeo-game com o papai? Vamos lá, amor.

Segurando Megan nos braços, eu a levei até a sala, liguei o playstation e peguei o controle sem fio, deitei no sofá e coloquei Megan sobre meu peito, ela adormeceu rapidamente enquanto eu começava o jogo.
Joguei um pouco e, depois de perder uma partida, eu fiquei olhando distraidamente para minha filha dormindo, então eu me lembrei de 10 dias atrás, do enterro de Mavis.

—————

Abri o primeiro botão da minha camisa social preta e desfiz a gravata, tudo me sufocava, desde a gravata até o caixão fechado à minha frente. 
Eu vi lágrimas por toda parte, em cada rosto desfigurado pela tristeza de se perder alguém querido, mas para mim todos pareciam querer chorar, mas não choravam realmente.
Eu continuei seco, prendi as lágrimas o máximo que pude e permaneci assim pelo resto do funeral, eu não queria que me vissem chorar, isso é uma coisa pessoal demais.
Havia tantas pessoas ali, eu não conhecia nem metade delas, mas a única pessoa que me fez querer vomitar foi Des, ele estava ali, depois de tudo o que fizera ele teve coragem de vir ao enterro de Mav. Eu queria matá-lo.
Des estava sentado ao lado de America, abraçando-a e chorando. Eu queria apagar seu rosto da minha memória, não queria me lembrar do grande babaca chorando na frente de toda essa gente, foi ele quem me ensinou a não ser fraco na frente das pessoas, agora até ele estava se desfalecendo em lágrimas.
Depois que o padre terminou o discurso — do qual não ouvi nem uma palavra, mas mesmo assim pra mim soou tudo absolutamente falso —, Niall tocou meu braço e mostrou o violão, assenti e ele se sentou em uma cadeira próximo ao caixão de Mavis, eu toquei o caixão e Niall começou a tocar a música que eu lhe dissera alguns dias antes que cantaria para ela.


If I Die Young é uma música que ela adorava e, eu me lembro, uma vez nós estávamos escutando-a e ela me disse: "Sabe, eu gostaria que você cantasse essa música no meu enterro, mesmo se eu morrer velha.", era uma brincadeira, ela só gostava da música e achava-a bonita, assim como eu acho.
Mas para mim essa música significa muito mais do que uma canção triste e bonita.
Eu cantei If I Die Young em seu enterro, porque eu fui o cara que segurou sua mão, que lhe prometeu amor eterno. Mas meu amor não acabou quando ela se foi, ele durará para todo o sempre, como eu lhe prometi.
Todos ficaram em silêncio quando os últimos acordes finalizaram, eu pude ouvir a respiração e as lágrimas de todos. Mas eu não chorei. Eu fechei meus olhos e sofri calado. Pois ninguém poderia fazer nada para me confortar. Ninguém poderia trazê-la de volta para mim, então de que adiantaria chorar na frente deles?
Niall e eu voltamos a nos sentar nas nossas respectivas cadeiras, enquanto o padre voltou a assumir o controle do funeral. Niall chorava, eu vi, ele a conhecia há mais tempo que eu.
Mas ele não a amava como eu a amo.


—————

Megan não estava no funeral, nem poderia, ela tinha dois dias de vida e ainda lutava para recuperar o peso e o tamanho de um bebê saudável.
Eu desliguei o playstation e acomodei-me melhor no sofá, então adormeci com a minha filha sobre mim. Ela sempre será um pedacinho da única mulher que eu amo.

♫♫♫

Senti o peso sobre mim se evaporar e eu acordei apavorado, temendo que Megan tivesse caído, mas Mellie estava segurando-a delicadamente e me tranquilizou com um olhar simpático.

— Você não deveria dormir com ela assim — sussurrou Mel, ninando Meggie de um lado para o outro.
— Eu durmo feito pedra, nem ao menos me movo, não tem perigo — murmurei sentando-me sonolento.
— Mesmo assim — sussurrou ela em reprimenda.
— E o Chas? — mudei de assunto vendo-a balançar Meggie.
— Está na cozinha desembalando o jantar. Vou colocá-la no berço — avisou Mel.
— Okay. Traga a babá eletrônica — pedi, ela assentiu e sumiu pelo corredor com a minha filha nos braços.

Eu me levantei relutante e cambaleei até a cozinha, onde encontrei Chase colocando macarrão em três pratos e despejando molho branco por cima, me lembrei do meu trabalho e que logo eu teria de voltar a trabalhar para sustentar minha filha e eu.
Me sentei em uma das quatro cadeiras que havia ao redor da mesa e apoiei minha testa nas mãos, Chase jogou uma gota de molho branco no meu rosto e eu ri.

— A cena mais fofa que já vi em toda a minha vida foi vê-lo dormindo com a Meggie — brincou Chase, me provocando.
— Você precisava ver nós dois jogando vídeo-game. Bem, eu joguei, ela dormiu — murmurei dando de ombros, ele riu.
— Ela é absolutamente adorável — falou Chase, sorrindo largamente.
— Sim. Ela me lembra tanto a Mavis — resmunguei escondendo meu rosto nas mãos.
— Sim, é verdade — concordou Chas, concentrando-se na comida, mas seu tom de voz era melancólico.

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— Eu acho que... Bom, acho que ela dormirá pelo resto da noite — disse Mel entrando na cozinha. — Que horas você trocou a fralda dela? — perguntou a mim.
— Eu não sei, acho que por voltar das seis horas — murmurei tentando me lembrar da hora.
— Antes de ir dormir tem que trocar mais uma vez — avisou ela. — E a mamadeira, alimentou-a que horas?
— Às seis também, vou dar novamente às oito, falando nisso, que horas são? — perguntei.
— Sete e quarenta e cinco — respondeu Chase.
— Ei, não coma isso, Mel, isso é meu — reclamei vendo Mel pegar o meu último pedaço de chocolate meio-amargo, ela o comeu mesmo assim e virou-se para me mandar um beijo.


— Já era... — murmurou Chas divertido.
— Agora eu vou ter que ir ao mercado... Amanhã... — resmunguei.
— Vamos, comam logo que eu quero ver um filme que vai passar na tevê, e você tem que dar a mamadeira para a Meggie — disse Chase, colocando um prato na minha frente.
— Sim, senhor!

Mellie se sentou à minha frente e Chase ao lado dela, então jantamos e conversamos durante quinze minutos, que foi quando eu me levantei para esquentar a mamadeira de Meggie e fui até o quarto dela.
Puxei a poltrona de veludo para mais perto do berço e deixei a mamadeira em cima da cômoda enquanto tirava Meggie do berço, ela ainda dormia profundamente e suspirou quando eu me sentei com ela nos braços.
Ela tomou todo o leite especial que a médica indicou para ela, em menos de dez minutos eu já estava trocando sua fralda e deixando-a dormir em paz no berço.
Virei-me para fechar a porta e tive um visão de Mavis olhando o berço, então eu tive certeza de que minha filha estaria bem, a mãe está cuidando dela.
Voltei para sala e Chase e Mellie estavam assistindo um filme de comédia, Juntos e Misturados. Me lembrei que uma vez, quando Mavis se preparava para se encontrar com o Liam, nós fomos ao shopping e assistimos a esse filme, foi um dia ótimo, a não ser pela parte do encontro dela.

♫♫♫

Anne andava pelo apartamento eufórica, ela passava o aspirador de pó no apartamento — mesmo que eu já tivesse feito isso pela manhã — e tirava o pó dos móveis — o que eu também já tinha feito. Minha mãe não sabia mais o que fazer enquanto esperava a chegada de Des, meu pseudo-pai.
Essa é a primeira vez que verei meu pai desde o fiasco depois da notícia do meu namoro com Mavis, o vi no enterro dela, mas não lhe dirigi a palavra e nem permiti que ele olhasse para mim ou fosse visitar Megan.
Ele tentara se desculpar comigo, implorara a minha mãe para que ele pudesse ver a neta, mas eu não permiti. Ele não é meu pai, deixou de ser quando disse que não se considerava mais pai de Mavis e eu. Então ele não é avô da Megan.
Mas minha mãe enfim conseguiu me convencer a perdoá-lo, não que eu vá fazer isso mesmo, mas vou tentar tolerá-lo por Megan, Anne conseguiu colocar na minha cabeça que "conhecer o avô fará bem para a menina". Ah, bendito aquele que inventou essa regra.
Megan abriu os olhos e mexeu os bracinhos, ela estava bem acomodada no bebê conforto que eu uso para levá-la a qualquer lugar, não somente para sair de carro.
Minha mãe parou um nanosegundo para cheirar seus cabelinhos escuros, então voltou a passar o aspirador de pó pela sala.

— É, princesinha, a vovô está surtando. E por causa de um verme feito o seu avô — murmurei com a voz suave que costumo falar com Megan.
— Não fale isso para a menina, Harry! — repreendeu minha mãe, dei de ombros e beijei a mãozinha de Megan.
— A filha é minha e eu ensino a ela sobre o reino dos vermes a hora que eu quiser, mamãe. Com todo o respeito — acrescentei antes que ela me desse uns tapas por ser ignorante com ela.
— Não fale assim do seu pai e não ensine coisas feias para a Meggie, dê um bom exemplo à ela, Harry — falou em tom de reprimenda, bufei e fiz uma careta para Megan, que continuou olhando-me fixamente e chupando os dedinhos.
— Ah! Ele chegou — berrou minha mãe quando o som da campainha ecoou por todo o apartamento, assustando Meggie.

Indiferente, balancei devagar o bebê conforto para que Megan não chorasse, ela voltou a ficar quietinha enquanto chupava o dedo. Mare diz que não posso deixá-la fazer isso por causa dos germes, mas ela é tão fofa que eu acabo deixando.
Minha mãe foi abrir a porta e eu estendi uma manta fofinha em cima do sofá, suavemente tirei Megan do bebê conforto e a deitei na manta, ela dormiu automaticamente, desde que nasceu tudo o que ela faz é dormir.


Ouvi um suspiro vindo da porta e vi Des paralisado olhando para Megan, senti vontade de protegê-la do olhar dele, mas não consegui me mexer, fiquei inutilmente paralisado enquanto ele olhava a minha filha.

— Meu Deus, Harry... Ela é... Ela é tão linda — sussurrou ele, extasiado.
— Sim, ela é — resmunguei secamente, ele não notou meu tom de voz.

Des se aproximou lentamente e se ajoelhou ao lado do sofá, olhando fixamente para Megan, tive de resistir à vontade de empurrá-lo para longe, minha mãe nos vigiava à distância, atenta como um falcão vigiando uma presa.

— Eu posso... Posso segurá-la? — pediu Des e me olhou esperançoso, quase pidão. Resisti a tentação de lhe negar esse pedido, mas Anne respondeu antes de mim.
— Claro, claro que pode. Ajude-o a segurá-la, Harry — ordenou ela, uma ameaça velada por seu tom de voz doce e maternal.

Des se sentou ao meu lado no sofá e, muito relutante, eu ergui Megan e a coloquei em seus braços, ele a segurou firme, porém suavemente. Ela sorriu durante o sono e ele ergueu a cabeça com um sorriso abobalhado para mim.


— É, de vez em quando ela ri enquanto dorme — murmurei, comovido com a minha filha, não com o verme que a segurava.

Megan abriu seus grandes olhos verdes — como os meus —, rapidamente peguei sua pequenina chupeta e a coloquei em seus lábios, para que ela não chorasse, Des desviava seu olhar de Megan para mim e vice e versa. Megan olhou para Des enquanto mexia as mãozinhas.


— Meu Deus, filho. Eu nunca pensei que o veria responsável por uma vida que não fosse a sua. Agora vejo que Megan o tornou um adulto — falou Des, revirei os olhos enojado.
— Não foi Megan que me tornou um adulto, e sim Mavis, Megan está me ajudando a aprimorar essa coisa toda. — resmunguei irritado, Des abriu um meio sorriso. — E eu não sou seu filho, esqueceu? — falei secamente, o meio sorriso sumiu de seus lábios, para o meu contentamento.
— Me desculpe, Harry, se eu soubesse... Nunca na minha vida teria proibido vocês dois. Estou tão arrependido de ter perdido-a e nem ao menos ter tido seu perdão — murmurou ele, a voz melancólica e arrependida, a minha repulsa por ele só aumentou.
— Você não a perdeu! — gritei irritado, assustando Megan, então me recompus e tirei minha filha dos braços dele. — Você não a perdeu, fui eu, eu a perdi e não você — sibilei baixinho entre dentes, deitei Megan no sofá e bati levemente em sua coxa, balançando-a para que ela adormecesse. — Quem a perdeu fui eu! Você não tinha mais nada haver com ela, seu verme. Você nos menosprezou e nos abandonou, você não merecia o perdão dela, assim como não merece o meu e nem o da Megan.

Des se levantou e se afastou de mim, dando um tempo para que eu respirasse fundo e tentasse controlar a vontade de gritar com ele. Eu não poderia me descontrolar na frente da Megan e assustá-la, ela é apenas um bebê, não merece ser perturbada tão cedo com uma briga repetitiva como essa.



OLá girls,
peço perdão pela demora dos caps. anteriores, meu pc estava estragado e eu estava postando pelo celular (Deus abençoe os androids).
Mas agora estou de volta kkk
Anônima, por favor, não fique de mal comigo kkkkk Eu ri tanto lendo esse coment. kkkk
Então comentem que ainda têm 3 caps. bônus para vcs =)
Kisses divas, amo vcs <3


2 comentários:

Sou como uma escritora, lanço o livro para ser comprado;
Vocês são os compradores e os comentários o pagamento u.u
Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3

Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

Sinopse
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