sábado, 26 de setembro de 2015

"Não preciso de você para me dizer, eu sei que eu sou boa
Eu estou arrasando, querido, então, chame isso de crime
Yeah, podem ver, eu estou roubando meu tempo
Já disse antes que grandes garotas não choram..."
— Party People (Fergie)



Eu pensei que a tensão do fim das aulas era a que mais me irritaria em toda a minha vida. Errei feio!
A tensão que mais me irrita na vida é a da Neev com medo de não conseguir um emprego, ela é simplesmente insuportável quando fica paranoica, dá vontade de pegar aquele pescocinho branco e retorcer várias vezes.
Eu fiz a minha primeira entrevista de emprego, gostei do lugar, das pessoas, mas não sei se eu escolheria trabalhar ali. A minha segunda entrevista é na semana que vem, até lá eu tenho que sobreviver à paranoia de Neev.
Keny está tranquila, ela já estagia na empresa do pai desde que começamos a estudar juntas, ela já prometeu que conseguirá um emprego pra Neev lá, mas até agora Neev não consegue acreditar nisso.
Portanto, pensando em distrair Neev dessa loucura da vida pós-escola, Keny e eu a levaremos para uma noitada na balada, para ver se ela relaxa um pouco.
Desfilei pela casa dos meus pais com meu roupão de banho, meus cabelos estavam enrolados em bobes e minha mãe estava na cozinha, preparando o jantar pro meu pai e meu irmão, olhei bem para ela e suspirei alto, chamando a atenção dela.

— O que foi, querida? — ela perguntou sem desviar os olhos da panela no fogão.
— Vou sair com as meninas, vou passar a noite na casa de Neev, tudo bem? — murmurei docemente, minha mãe finalmente me olhou.
— O que pretendem fazer? — ela perguntou desconfiada.
— Ah, vamos à balada, descontrair Neev, depois vamos para casa — falei em um tom inocente, minha mãe riu.
— Vá contar seus planos ao seu pai, se ele deixar, por mim tanto faz — ela deu de ombros e voltou a se concentrar na panela.

Deixei a cozinha bufando e segui para a sala, aonde meu pai assistia ao noticiário da noite, ele abaixou o volume da tevê quando eu parei em frente a ele e coloquei as mãos no quadril, ele chegou a sorrir ao me ver fazer bico.

— O que há agora, doçura? — ele perguntou divertido.
— Quero sair com as garotas, o senhor deixa? — perguntei fazendo a típica carinha de inocente, ele ergueu uma sobrancelha e acenou com a mão, me incitando a dizer mais a respeito. — Vamos dar uma passada em uma balada, dançar um pouco, depois vamos dormir na casa de Neev, nada demais, papai — murmurei docemente.
— Quem vai? — ele perguntou secamente, respirei fundo e revirei os olhos, mas ele não percebeu, por sorte.
— Neev, Keny e eu, apenas.
— Leve Noah com vocês, então pode ir — ele falou sem deixar brecha para discussão, bufei irritada e concordei.
— Arr... Tanto faz... — resmunguei e deixei a sala.

Andei pelo corredor até chegar no quarto do meu irmão, bati uma vez e abri a porta, ele estava jogando vídeo-game com um amigo, Jason Phelps. Noah pausou o jogo e os dois se viraram para me olhar.

— Olá Jas — cumprimentei-o com um sorrisinho, ele balançou a cabeça e sorriu também. — Noah, papai disse que eu só posso sair com as garotas se você for junto — falei pidona, Noah revirou os olhos.
— Nem vem, Allin, não estou afim de ser babá hoje — ele reclamou, eu fiz biquinho, Jason riu, mas Noah permaneceu sério.



— Por favor, maninho. Nós vamos ser boazinhas, eu prometo. Eu até deixo você dar uma fugidinha com a Neev, ela está precisando mesmo se distrair um pouco — apelei, Jas encarou Noah como se ele fosse um animal extraterrestre. Ambos sabemos que Noah e Neev se pegam, mas não na minha frente, porque eu tenho ciúmes do meu irmão e da minha amiga. Noah coçou a nuca pensativo.



— Ah, caramba... Ligue pro irmão da Keny, se ele for Jas e eu também iremos — disse Noah, enfim se rendendo, Jas deu tapinhas no ombro dele, como se o parabenizasse por ter resistido tanto.
— Obrigada, eu amo você — falei e mandei-lhe um beijo no ar.



Em seguida deixei o quarto correndo e voltei ao meu, me joguei na cama e peguei meu celular, disquei o número de Keny rapidamente e ela atendeu depois do terceiro toque.

— Allin? O que foi? Estou me arrumando, seja rápida — ela falou apressada.
— Tem alguma possibilidade do Will ir conosco? — perguntei indecisa, Keny suspirou.
— Você só vai se o seu irmão for? — ela perguntou retoricamente, gesticulei uma concordância. — Vou tentar convencer o Will, nos vemos daqui a pouco.
— Tá bom, beijo, linda.

Desliguei e gritei na direção do quarto de Noah para que eles se arrumassem, Jas gritou algo de volta, mas eu não ouvi, pois já estava com a cara dentro do meu guarda-roupas, procurando um vestido para usar.
Uma hora depois eu já estava arrumada, maquiada e perfumada, Jason e Noah estavam há meia hora batendo na porta do meu quarto, ambos impacientes.

— É sério, Allin, se você não sair nos próximos quinze segundos nós vamos desistir — gritou Noah, pela enésima vez.
— Okay, estou pronta, maninho. Podemos ir agora — falei abrindo a porta de repente, Noah caiu para frente, mas conseguiu se equilibrar, olhei para Jas e ele ergueu as sombranchelhas ao me olhar dos pés a cabeça.



— Bem, eu devo estar arrasando para arrancar essa reação de você, em Jas — brinquei tocando o queixo dele, ele corou, mas logo se recompôs.
— Jason que é babão de nascença — provocou Noah, cutucando-o com o cotovelo.



— Cala a boca, Noah, ninguém te perguntou — resmungou Jas, devolvendo a cotovelada.
— Vamos logo, rapazes, depois vocês brigam — murmurei agarrando o braço de cada um deles e os puxando em direção à sala.

Meu pai ainda estava assistindo ao noticiário, mas agora minha mãe estava acomodada ao lado dele no sofá. Noah falou com eles que estávamos saindo e não sabíamos a que horas estaríamos de volta, meus pais acenaram e nós saímos de casa. 
Bem, com Noah eu posso sair e voltar na semana que vem. Sem Noah eu não posso nem ir à esquina. Mas que chatice!
Nós pegamos um táxi até a casa de Neev, chegando lá eu vi o carro de Will estacionado em frente à casa, o que significa que ele e Keny já estavam lá.
Will Turner é o irmão mais velho de Keny. Ele é bonito, charmoso, um pouco menos mimado que a irmã e é muito gente boa, eu o adoro.
Noah pagou o táxi e eu toquei a campainha da casa de Neev, não demorou muito para que os três aparecessem, Keny e Will vieram logo atrás de Neev, todos estavam maravilhosos, principalmente Will, porque não tem cabimento eu achar mulheres mais bonitas que homens.

— Noah! — guinchou Neev, se jogando nos braços do meu irmão, encarei os dois meio estarrecida, Jas colocou a mão no meu ombro e me ensinou como respirar para manter a calma.
— Respire fundo, querida. Assassinatos só depois de algumas doses de tequila — ele aconselhou sabiamente, me fazendo rir.
— Oi, amiga. Como vocês demoraram! — reclamou Keny, me dando um abraço rápido, Will se aproximou junto com ela.
— Baixinha! — cumprimentou Will, eu o abracei forte, ficando de costas pra Noah e Neev, que ainda conversavam em tom enamorado.
— Acho que baixinha eu estou longe de ser, ao contrário de você, em rapaz — brinquei, ele fica mais baixo que eu quando uso salto, mas ele insiste em me chamar de baixinha.
— Nos menores vidros contém os melhores perfumes, querida — ele falou galanteador, tocando meu queixo e piscando para mim, contive um sorriso deslumbrado, os olhos dele são lindos.
— Acredito em você — murmurei quando consegui encontrar minha voz novamente, ele riu.

Quando voltei minha atenção para o grupo eu percebi que todos conversavam entre si, Keny com Jas e Neev com Noah, este último estava com a garota pendurada em seu pescoço, revirei os olhos, o que causou diversão em Will.

— Ciúmes do irmão? — ele perguntou.
— Sempre. Mais do que deveria, para ser franca — confessei, não contendo uma risada. — Acho que da amiga também, por isso fico mais ciumenta que o normal quando os vejo juntos.
— Normal, eu também sinto ciúmes da minha irmãzinha — ele falou apontando para Keny com a cabeça, ele franziu a testa ao ver que ela sorriu toda faceira para Jas, que correspondia o flerte.
— É melhor nós entrarmos no carro — falei secamente, Will concordou veemente com a cabeça.
— Cambada, entrem no carro, a menos que queiram ficar — gritou Will rudemente, todos nos encararam confusos, Will desarmou o carro e eu corri para me sentar na frente com ele.

Keny ficou resmungando por ter que se espremer atrás com os outros, mas Neev se acomodou no colo de Noah e Keny conseguiu ficar confortável ao lado de Jason.
Eu liguei o rádio e Will ligou o carro, escolhi uma estação de rádio e fui cantando ao longo do caminho junto a todos, que entraram no clima e começaram a cantar comigo.
Ao chegar em frente à balada que costumamos ir, Will entregou as chaves para o manobrista e nós enfrentamos uma fila rápida para conseguir entrar. Noah e Neev logo se perderam por entre as muitas pessoas que estavam na pista de dança, Will e eu nos sentamos em uma mesa, para guardar os lugares, e Keny e Jason foram ao bar buscar bebidas.
Quando o casal retornou, Will pegou dois copos pequenos contendo um líquido com cheiro forte e colocou um dos copos na minha frente, ele pegou também um saleiro e duas rodelas de limão com eles, me entregou um pedaço de limão e sujou o dedo de sal.

— Agora, eu vou te ensinar uma coisa maravilhosa — ele falou divertido.
— Vá fundo! — concordei, aproximando o copo dos lábios, ele agarrou minha mão antes que eu bebesse.
— Vai com calma, deixe-me te explicar antes. Você toma um gole, então chupa o limão e em seguida o sal, entendeu? Vou fazer uma demonstração, puxa o cabelo para o lado — ele pediu, juntei todo o meu cabelo e joguei pro lado, deixando meu pescoço à mostra, Will sorriu maliciosamente ao passar sal no meu pescoço, encarei-o curiosa. 

Will bebeu um gole de seu copo, em seguida fez uma careta ao chupar o limão e então, rapidamente, afundou o rosto no meu pescoço, senti seus lábios contra minha pele e quase gemi ao sentir sua língua acariciar e fazer cócegas no meu pescoço, sem falar na sensação gostosa do sal arranhando minha pele e ardendo por causa da mistura de tequila e limão.

— Meu Deus — murmurei timidamente, Will riu ao ver meu rosto ficar vermelho.
— Não fique tão envergonhada, vá, faça o mesmo comigo — ele pediu e inclinou a cabeça para o lado, deixando o pescoço a minha mercê.

Sujei o dedo de sal e passei em seu pescoço, Will sorria maliciosamente e assistia os meus movimentos bem atento, encarei meu copo antes de criar coragem e beber um longo gole, rapidamente chupei o meu limão e então fiz o mesmo com o pescoço de Will, ele segurou minha nuca enquanto minha boca ainda estava em sua pele, eu o mordi levemente, apenas para provocar, ouvi sua doce risada e ele puxou minha cabeça, para então colar seus lábios nos meus.
Fiquei surpresa inicialmente, nunca imaginei que algum dia iria beijar Will Turner.
Mas quando tive consciência de seus lábios sobre os meus, eu fechei os meus olhos e deixei que ele puxasse ternamente os cabelos da minha nuca e me beijasse com vontade.
Com uma pegada rude e ao mesmo tempo doce, o beijo de Will era a melhor coisa que eu já havia provado, seu hálito fresco com gosto de limão, sua língua macia acariciando a minha, sua mão em minha nuca e a outra em minha cintura; eu tive consciência de cada pequeno movimento nosso, e fiquei completamente entregue a ele. 
Quando nossos lábios se separaram, eu o encarei estupefata, ele parecia contente e esboçava um adorável sorriso cafajeste, acabei sorrindo também, quase não contendo o impulso de pular em seus braços novamente. Mas a única coisa que eu disse foi:

— Bom, não vá se acostumando com isso — falei sarcástica e virei-me para pegar meu copo, Keny e Jas nos encaravam boquiabertos, acenei com a mão em desdém e bebi o resto do líquido que havia no meu copo.
— Bem que eu adoraria — ele falou malicioso e também bebeu o resto de sua bebida.

Droga, eu mal havia chegado e já havia beijado o irmão da minha melhor amiga! Eu havia entrado em um terreno perigoso esta noite, perigoso demais pro meu gosto.
Levantei-me disposta a manter alguma distância de Will e seus lábios hipnotizantes, então fui ao bar buscar mais bebidas, peguei um balde de cervejas Budweizer e voltei para a mesa, coloquei o balde com gelo e cervejas em cima da mesa e peguei uma das garrafas, segui para a pista de dança, mal notando que estava sendo seguida por Will.
Misturei-me a multidão, com Will em meu encalço, encontrei Noah e Neev grudados ao som da música eletrônica pulsante, mas decidi não atormentá-los, fiquei a uma distância segura com algumas pessoas me empurrando vez ou outra, até Will parar em minha frente e me dar aquele sorriso cafajeste novamente.
Mas, antes que eu estivesse nos braços de Will mais uma vez, eu senti mãos em minha cintura que me giraram com tamanha destreza ao som da música que eu tenho certeza ter parecido uma dançarina profissional.
Dei de cara com um par de olhos castanhos claros ardentes, apoiei-me no peitoral do rapaz para conseguir equilíbrio, ele continuou com as mãos em minha cintura, me guiando ao som da música pulsante, eu senti que pela primeira vez estava conseguindo dançar direito, mas era por causa daquele homem, um belo moreno, de cabelos negros e pele branca, tatuagens nos braços, sorriso cativante, que indicava perigo, mas eu ignorei o aviso implícito em seu sorriso e deixei que ele me girasse e me movesse como bem queria.
Até que me lembrei de Will, movi a cabeça, procurando ao redor, mas meu corpo continuou colado ao cara, que começou a se incomodar com a minha procura. Encontrei Will bem próximo a nós, ele estava com uma ruiva nos braços e os dois dançavam agarrados, dei de ombros e voltei minha atenção para o rapaz.
Olhei em seus olhos novamente, estávamos tão perto que eu percebi que os olhos dele eram tão claros que podiam se passar por dourado.

— Quem é você? — perguntei com a boca junto à orelha dele.
— Eu sou quem você quiser que eu seja, garotinha — ele sussurrou, minha pele ardeu e se arrepiou quando seu hálito me tocou, sua voz era grossa e melodiosa, me deixando um pouco mais derretida.
— Pois bem, eu quero que você seja você mesmo. Diga-me agora qual o seu nome — pedi, retomando a razão e concentrando-me em outra coisa que não suas mãos em minha cintura e seu hálito em minha pele.
— Joshua Mayhen, mas pode me chamar de Sr. Mayhen — ele falou secamente, me olhando fundo nos olhos, sua arrogância era palpável, indicando que eu devia conhecê-lo, mas eu não conhecia. No entanto, levantei o nariz e respondi com a mesma arrogância imposta por ele.
— Bem, eu prefiro Josh. Mas você pode me chamar de Srta. Hanks, Allin Hanks — ele abriu um sorriso sarcástico, balançou a cabeça e paramos de dançar, éramos os únicos parados no meio da pista de dança.
— Allin, se me der licença, eu vou à procura de alguma moça que respeite as minhas vontades — havia um desafio imposto em seu olhar, seu sorriso indulgente indicava que ele não estava brincando.
— Fique à vontade, Josh, não é como se você não aguentasse o tranco de ter uma mulher de verdade, você apenas prefere as patricinhas sem personalidade que fazem tudo o que você manda — falei acidamente, então sorri docemente e pisquei algumas vezes antes de virar as costas e me afastar do Sr. Todo Poderoso.

No fundo eu sabia que não me safaria tão fácil dele, o cara estava me testando, e eu fiz exatamente o que ele queria. Devolvi a sua grosseria. Aceitei o seu desafio.
Nem consegui sair da pista de dança até ele agarrar o meu pulso e me puxar para ficarmos cara a cara novamente, segurei em sua nuca por reflexo e nós ficamos muito próximos, próximos demais pro meu gosto.

— Aonde vai, garotinha? Você provocou o escorpião, agora aguente o seu veneno — ele falou sorrindo maliciosamente, puxei os cabelos de sua nuca, impedindo que ele aproximasse a boca da minha.
— Você insultou a dama, então se curve e deixe-a partir — reclamei cerrando os dentes, mas não resisti ao ver sua boquinha vermelha se entreabrir para puxar o ar.
— Boa tentativa, mas não.
— Eu realmente preciso ir agora, pode me soltar, por favor? — ordenei mais do que pedi, ele apenas sorriu e seus dedos afundaram em minha pele por cima do vestido.
— Desista, garotinha. Eu sei o que eu quero, e, nesse momento, eu quero você.






2 comentários:

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Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

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