quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"Me dê um sussurro
E dê-me um sinal
Dê-me um beijo antes de
Me dizer adeus..."
— Don't Cry (Guns N' Roses)




— Vou levar o Harry embora, agora! Vocês estão passando tempo demais juntos — falou Des. — Eu não vim aqui pra isso, mas já que presenciei esse apego de vocês, acho que é melhor Harry ir pra casa.
— Eu não vou! — vociferou Harry.
— Ah, mas é claro que vai, filho — disse Des calmamente.
— Papai, não, por favor — pedi docemente e pisquei os cílios repetidas vezes, como sei que ele não resiste. — Espere pelo menos até o jantar, ou até amanhã.
— Olha... — Des gaguejou, então suspirou e pareceu dar-se por vencido. — Tudo bem, arrume suas coisas, Harry, vamos depois do jantar.
— Sonha — sussurrou Harry irritado e se jogou na cama, caindo de costas.
— E você? Desça, mocinha — falou apontando para mim.
— Mas papai, estou tão cansada, ah, acho que posso vir a desfalecer a qualquer momento — dramatizei tocando a testa como uma donzela e deixando-me cair na cama ao lado de Harry, Des bufou indignado.
— Você poderia ser atriz, sabia disso, Mav? — resmungou Des. — Deixem a porta aberta — gritou antes de sair do quarto.

Harry me puxou para seus braços e tocou seu nariz no meu, sorri largamente, feliz pela vitória nessa discussão, mas talvez mais tarde eu não possa impedir ele de levar o Harry.


— Às vezes eu não suporto o nosso coroa — resmungou Harry.
— Ele ficou bem desconfiado — murmurei pensativa.
— É, ficou — concordou Harry, igualmente intrigado.
— Talvez seja melhor você passar alguns dias em Cheshire, não? — sussurrei com um aperto no peito.
— Nem pensar — negou veemente, senti um imenso alívio. — Ele não vai me levar daqui nem sob custódia da polícia.
— Tenho medo que ele possa vir a descobrir — murmurei temerosa, acariciei ternamente o rosto de Harry, ele fechou os olhos e suspirou.


— Eu também tenho, mas vamos ter cuidado — garantiu ele.

Durante alguns minutos nós apenas nos encaramos, apenas olhando um para outro, olhos azuis e olhos verdes se encarando, inclinei a cabeça sutilmente e nossos narizes se tocaram, apesar de conhecê-lo melhor que ninguém eu tentei memorizar cada pequeno detalhe de seu rosto. Fechei os olhos e cochilei por alguns curtos minutos, então escutei o barulho da porta batendo na parede, mas a mesma já estava aberta, então foi um barulho sutil e quase inaudível.
Abri os olhos e Harry estava com o pescoço esticado, olhando para minha mãe, que nos encarava na porta, imaginei que meu pai havia contado para ela sobre o que havia presenciado. Ela estava séria, mas não parecia brava ou desconfiada, acho que ela me viu dormir nos braços de Harry, não há muita coisa para desconfiar, ela já nos viu juntos inúmeras vezes.

— Des está exagerado — falou ela, então fechou a porta e foi embora.

Harry relaxou a cabeça no travesseiro e olhou para mim, seus olhos quase se fechando, acho que ele também cochilou.

— Você dormiu também? — sussurrei.
— Sim, acordei com o barulho da porta — respondeu ele no mesmo tom.
— Ela não pareceu se importar...
— Papai vê problema em tudo — respondeu Harry.
— Ela está acostumada com nosso apego — murmurei sonolenta.
— Sim, ela está — concordou Harry, acariciando ternamente minha bochecha.

Depois de meia hora nós escutamos minha mãe anunciar o jantar, então descemos relutantes para encontrar Des sentado à mesa, Harry e eu nos sentamos lado a lado, a frente do meu pai, e minha mãe sentou-se ao lado dele.
O clima ficou tenso de repente, meu pai cruzou os braços e encarou Harry e eu fixamente, como se pudesse enxergar a situação e descobrir o que estava acontecendo apenas se nos encarasse. Mamãe serviu o jantar e tentou puxar conversar, mas Des continuou sério e pensativo durante todo o jantar.

— Mãe, Mellie e Chase podem ficar aqui até encontrarem um apartamento para morar? — perguntei lembrando-me da conversa com Mel.
— É claro, será ótimo vê-los novamente, quando eles chegam? — perguntou mamãe animada.
— Depois de amanhã.
— Preciso arrumar o quarto de hóspedes, não se importa de levar suas coisas pro quarto da Mavis, não é Harry? — America encarou Harry em expectativa.
— Claro que não, Mare, já conversamos sobre isso e eu não vejo problema — respondeu Harry.
— Vocês vão dormir juntos? — perguntou Des, erguendo as sobrancelhas surpreso.
— Eles dormem juntos, qual o problema? — perguntou America.
— Por que dormem juntos se tem o quarto de hóspedes? — questionou Des, começando a se irritar.
— Bem, agora não tem mais — Harry sorriu sarcástico.
— Pois bem, vamos pra casa hoje mesmo — respondeu Des, sério e irrelevante quanto a provocação de Harry.
— Você vai embora hoje — corrigiu Harry, perdendo a paciência.
— Nós! — afirmou Des friamente.
— Ei, parem os dois, qual o problema? Por que não deixa o Harry ficar? Ele chegou ontem — perguntou minha mãe. Vai lá America, use seu poder.
— Com todo o respeito: Não se meta, Mare, meu filho precisa aprender o significado de limites e eu tenho que fazê-lo entender o que isso quer dizer — respondeu Des, todo arrogante e irritado, meu pai consegue ser muito grosso quando quer, mas minha mãe não se abalou com seu ataque, ela raramente se abala.
— Bom, Des, acho que Harry já tem idade o suficiente para saber o significado de limites, você está exagerando muito — comentou minha mãe, mantendo sua concentração em seu copo de suco.
— Pois eu acho o contrário, vai ser bom separar os dois por algumas semanas — insistiu Des.
— Com licença, mas os dois estão bem aqui — irritei-me.
— Não acho que seja uma boa ideia — prosseguiu America.
— Você não tem que achar nada — respondeu Des.
— Não é você que vai ter que lidar com uma garota triste e rabugenta trancada no quarto o dia inteiro por sentir falta da companhia do irmão — esbravejou minha mãe, fiquei chocada por ouvi-la levantando a voz.
— Acredite, eu não me importo, eles precisam de espaço, pelo amor de Deus, estão grudados vinte e quatro horas por dia — falou Des no mesmo tom alto e rude.
— Porque eles precisam da companhia um do outro, eles passaram dezesseis anos da vida deles sem se conhecerem, eu não os culpo por desejarem recuperar a merda do tempo que você roubou — gritou America, olhei de soslaio para Harry e ele encarava minha mãe orgulhoso.
— Não! Eu não roubei nada, eu só queria saber que ambos estavam prontos para se conhecerem sem que me julgassem por isso — esbravejou Des levantando-se de repente e batendo com o punho fechado na mesa, toda a louça tremeu com sua força.
— Pois o que mais você merece é o bendito julgamento que tanto teme — desabafou minha mãe, olhando ameaçadoramente para meu pai, me encolhi visivelmente, incomodada com essa briga.
— Vamos — sussurrou Harry em meu ouvido.

Ambos nos levantamos ao mesmo tempo e saímos de fininho da sala, os dois continuaram discutindo intensamente, Harry me guiou até a porta de saída e nos sentamos na varanda debaixo do céu estrelado do crepúsculo recém-chegado.
Ainda podíamos ouvir as vozes dos dois discutindo, aposto que os vizinhos também, Harry me abraçou e segurou minha mão, ele levou-a aos lábios e beijou ternamente, em seguida ofereceu-me um sorriso tranquilizador, deitei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos, tentando ignorar a gritaria vinda de dentro de casa, não é a primeira vez que os dois discutem.
Harry começou a cantar baixinho uma música que ele me mostrara há um tempo, composta por ele mesmo, a música me ajudou a ignorar o que acontecia dentro de casa.


Quando ele terminou de cantar as vozes já haviam cessado, agradeci mentalmente por essa pequena distração e beijei a bochecha de Harry.

— Vamos lá ver se eles não se mataram — murmurou Harry.

Harry se levantou e estendeu a mão para me ajudar, ele passou o braço pelos meus ombros e subimos os degraus da varanda até dentro de casa, encontramos minha mãe na cozinha colocando a louça suja na máquina de lavar louças, não havia sinal do papai em lugar algum.

— Mãe? — Murmurei cautelosa, ela virou a cabeça e sorriu para nós.
— Ele foi ao banheiro. O pai de vocês é um cabeça dura, não tem jeito — ela deu de ombros e sorriu tristonha.
— Você está bem, Mare? — perguntou Harry.
— Claro, amor, não se preocupe comigo.

Me sentei em uma cadeira e Harry continuou em pé ao meu lado, Des apareceu no corredor e, com a expressão séria, apontou um dedo acusador para Harry.

— Vá pegar suas coisas, vamos embora agora mesmo — falou rudemente.
— Pai... — começou a falar Harry.
— Não, cale-se, só vá pegar suas coisas agora! — interrompeu Des.

Harry respirou fundo para se controlar e subiu as escadas irritado, meu pai olhou para mim de forma fria e eu virei o rosto, contendo as lágrimas.


— Mavis, não fique brava — falou ele, o tom rude se desmanchando ao falar comigo.
— Não o leve e eu não fico brava — respondi secamente.
— Você terá tempo para se recompor até eu voltar — falou dando de ombros e saindo da cozinha.
— Eu o odeio! — resmunguei irritada quando ele saiu, ouvi minha mãe rir.


— Não odeia não — ela cantarolou divertida. — Não se preocupe, ele volta em uma semana no máximo — comentou resignada.

Harry voltou à cozinha trazendo sua mochila nas costas, ele esfregou o rosto e bufou irritado, eu o olhei preocupada e me levantei, aconcheguei-me entre seus braços e inalei seu perfume, ele me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça.
Quando ele me soltou eu pude perceber, pela sua expressão, que ele não estava bem, seus olhos estavam levemente avermelhados e eu percebi a fúria palpável que inalava dele. Harry bagunçou os cabelos e abaixou a cabeça para disfarçar.


— Daqui a pouco você está de volta, querido, não se preocupe — falou minha mãe.
— O quanto antes, Mare — concordou ele.

Ele deu um beijo na bochecha da minha mãe e seguiu para o corredor, mas parou antes de desaparecer de vista, virou-se para trás e estendeu a mão para mim, convidando-me a acompanhá-lo, o segui tristemente pelo corredor silencioso.
Antes de virar-se para mim mais um vez, ele olhou para os lados e conferiu que ninguém estava à vista, então tomou-me em seus braços e me deu um beijo de despedida que — juro — só de me lembrar eu já fico com as pernas bambas.


Ao se afastar Harry umedeceu os lábios e saiu pela porta para o jardim da frente, apoiei-me nas colunas da varanda e vi ele entrar no carro do meu pai, ambos foram embora sem trocar olhares ou se falarem, e eu fiquei com um peso enorme no coração.
Continuei parada na varanda por um longo tempo, senti a brisa fresca se tornar congelante e vi os vizinhos desligarem as luzes da varanda, mas eu continuei parada, sentindo que em todas as inúmeras vezes que Harry partira antes, nenhuma nunca me deixara tão temerosa e desolada. E, principalmente, o medo de sermos descobertos pelo meu pai se tornou crescente, medonho, martelando em minha cabeça a cada segundo.
Só entrei quando minha mãe avisou que se passava das onze da noite e que eu pegaria um resfriado se continuasse exposta aos ventos congelantes da noite.

♫♫♫

Acordar pela manhã foi chato, a cama estava fria do lado que Harry costumava dormir e ninguém fez palhaçada para que meu mau-humor matinal sumisse, ninguém olhou o sol brilhando pela janela comigo, ninguém me acordou com um bom-dia harmonioso, eu estava sozinha e ainda sem notícias do Harry.
Estiquei a mão e peguei meu celular em cima do criado-mudo, apertei o botão para desbloquear a tela e tinha dois sms e uma ligação perdida. Abri os sms e ambos eram do Harry.

"Ei amor, cheguei em casa, consegui não matar o Des durante o trajeto, mas ainda estou tentando me controlar. Preciso ouvir você, pode me atender agora?" — ele mandou o sms por volta das uma e meia da madrugada, em seguida ligou, como não atendi ele mandou outro sms: "Bom, já está tarde, espero que você esteja dormindo, tenha bons sonhos, amo você."

Disquei o número dele e chamou duas, três, cinco vezes... Ele não atendeu.
Vi que não passava das oito da manhã, sem dúvidas ele ainda está dormindo.
Me levantei relutante e segui para o banheiro, tomei um banho bem demorado para me despertar e vesti algo quente, pois apesar do sol, o inverno está chegando e os dias estão sendo frios.
Quando peguei meu celular novamente havia uma chamada perdida, bufei de raiva por não ter atendido Harry novamente, ele vai ficar furioso. Retornei a ligação. Enfim ele atendeu.

— Nossa, como é difícil falar com você, em — falou ele, mas percebi que não estava bravo.
— Bom dia, meu amor, dormiu bem? — falei em tom de provocação, ele riu.
— Dormi muito mal, tentei até abraçar a merda do meu travesseiro, que saco — ele bufou e eu ri, também não tive uma noite gloriosa.
— Tome uma caneca de café bem forte e você nem se lembrará de uma noite péssima — aconselhei, ele riu.
— Eu sei de uma coisa, digo: uma pessoa, muito mais eficaz a me fazer esquecer uma noite péssima — murmurou ele. — Mas nem sei quando vou poder te ver de novo, talvez semana que vem, eu queria voltar amanhã, mas acho meio impossível.
— Amanhã a Mellie e o Chase chegam — lembrei, ele riu mas sem achar graça.
— Por isso mesmo, quem é esse tal Chase afinal? — perguntou em um tom azedo. — E ainda tem o babaca do Payne, que merda, eu havia me esquecido dele. Se ele se aproximar de você eu quero que me diga, entendeu? — ele soou autoritário e ciumento, meu coração se encheu de alegria.



Olá gente,
então, acho que os comentários estão entrando em extinção, não é?
Devido a escassez de comentários, eu acho que vou ter que me sentar em um cantinho escuro e chorar, até vocês terem pena de mim e voltarem a ativa =)
Hehe
Bom, obrigada a Bibi e a Mia, que comentário no cap. anterior.
Adoro vocês, queridas <3


4 comentários:

Sou como uma escritora, lanço o livro para ser comprado;
Vocês são os compradores e os comentários o pagamento u.u
Faço isso de coração e amo, mas preciso do seu comentário <3

Por: Milinha Malik. Tecnologia do Blogger.

Um Amor Real

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